quarta-feira, 30 de novembro de 2011

DESCONTRAÇÃO...

Um dia destes,  duas amigas propuseram-me que fizesse um teste de português. Avisaram que era difícil, mas nem liguei muito e, descontraída, respondi às 45 perguntas de escolha múltipla logo de rajada. Não usei dicionários, nem fiz nenhuma pesquisa ao meu alcance, convencida que estava que sairia limpinha (ou sem grandes impurezas) do teste. Puro engano!

No final, só me faltou pintar a cara de preto - 82%, foi a magnífica pontuação! Quem manda ter manias e tanta descontração? Se quiserem experimentar, podem:


Claro que na segunda vez, agora que estava a verificar se era este o link certo (uns dias depois), já me saí melhor, que as perguntas são sempre as mesmas. Mas, mesmo assim, o resultado ainda foi fracote: 90%. Resultado esse, que não será difícil de ultrapassar... 

DIVIRTAM-SE E TENHAM UM BOM FERIADO!
(já que, no próximo ano, tudo indica que a data da Restauração da Independência desaparecerá do "mapa")


(Obrigada, Isa e Nilzinha!)
Imagem da net.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

QUAL É O PERFIL?

Atrás de cada teclado, há sempre alguém que o dedilha. Traçar o perfil das personalidades que se "escondem" neste mundo virtual - através dos conteúdos que publicam - dava pano para mangas e inúmeras classificações. Em caricatura e sintetizando, resulta mais ou menos na seguinte:

OS SÉRIOS - focam apenas um tema, eventualmente um leque restrito, e aprofundam o assunto até à exaustão; escrevem bem, são informados e não querem ser confundidos com os meninos de escola; por vezes são um bocado chatos, sempre a insistir na mesma tecla, mas têm a calma e a serenidade suficiente para não desistir, mesmo que os comentários sejam poucos - a paciência para comentar trivialidades alheias também é igual a zero; quase todos já ultrapassaram os 40 ou 50 anos;

OS BRINCALHÕES - brincam com tudo: política, religião, sexo, características da sociedade, vivências próprias ou alheias, enigmas ou desafios à desgarrada e por aí adiante; chatice é que quando falam a sério (mesmo que em tom de brincadeira), ninguém acredita muito neles; além de aparecerem sempre uns indignados, sem um pingo de sentido de humor, a criticar; mas não têm muito que se queixar, nunca lhes faltam comentadores; não têm idade definida pelo tempo, mas por vezes possuem um "timing" próprio para brincar...;

OS ANSIOSOS - têm muito que contar ou ensinar à malta, mas se - após a publicação de um novo post - ao fim de 5 minutos não obtiverem pelo menos um comentariozinho na caixa, desatam a enviar mails a todos os familiares, amigos, conhecidos e spam a todos os bloguistas de "vai ver o meu blogue"; tanto faz serem 3 da tarde ou 4 da manhã: ansioso que se preze não liga a esses pormenores e até estranha se alguém lhe pergunta "enviaste-me uma mensagem para ir ler o teu blogue às 5 da matina?"; a tendência, claro, é a desistência... (quem sabe se à força de calmantes?!?);

OS INDIGNADOS - as indignações são tantas, mas tantas, com o frio ou o calor, com o vento ou a chuva, com a crise ou as medidas governamentais, com a burrice do chefe ou do colega, com o vizinho que lhes pisou o dedão grande do pé ou a fulaninha que os ultrapassou na fila do supermercado, que ninguém tem muito a comentar: "Ah, que chato e tal" e pouco mais; mudam de "casa" com frequência, mas a indignação (e a rezinguice) não acaba nunca!;
 
OS PROBLEMÁTICOS - certezas são à fartazana, uma delas é a de encontrar uma conspiração em cada esquina; são intransigentes com opiniões diferentes, insultam os próprios comentadores com o que apelidam de "franqueza"; julgam escrever muito bem, mas dão erros e calinadas atrás umas das outras; situam-se em duas faixas etárias distintas - entre os 20 e os 30 e picos ou os de mais 60, eventualmente reformados; uns e outros giram à volta do seu umbigo e das suas crises existenciais, mas tendem a ser conflituosos;

OS SIMPLES - escrevem em estilo diário ou do-que-hoje-me-passou-pela-cabeça; não estão à espera que o mundo se renda aos seus pés (ou à sua escrita), mas apreciam a interatividade e costumam responder a todos os comentários; de vez em quando, carregam na tecla do lamechas; mas simples não é sinónimo de simplório, aqui e ali vão-nos ensinando qualquer "coisinha", nomeadamente em termos de simpatia - são conciliadores, por natureza;

OS SNOBS - consideram-se o supra-sumo-da-beterraba, criticam tudo e todos, só eles e os amigos de eleição são pessoas de bem; as suas opiniões e convicções são lei e adoram comentadores bajuladores (que se penduram nas suas lapelas, com sofreguidão);  fazem sempre questão de divulgar a sua cultura, "canudo(s)", berço e por aí fora; tratam todos por você, com a arrogância e a sobranceria de gente "chic"; não são de temer, são de fugir...

Esta brincadeira surge para comemorar os 5 anos  do Quiproquó - que se completam hoje (nem todos  por aqui, mas isso agora não interessa nada!) - e não pretende criticar ninguém: cada um é livre de escrever o que (e como) bem lhe apetecer e... ainda bem!

A todos os comentadores, visitantes, curiosos ou passageiros da blogosfera que por aqui têm circulado e demonstrado que vale sempre a pena, desejo deixar apenas duas palavras:

MUITO OBRIGADA!
   
Imagem da net.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

PICANTE

"Picante - Histórias que ardem na boca" é um livro de contos de Alice Vieira, Catarina Fonseca, Leonor Xavier, Maria João Lopo de Carvalho, Maria do Rosário Pedreira e Rita Ferro, que se lê de um só fôlego.

Já o referi quando foi lançado, portanto desta vez vou limitar-me aqui a colocar algumas passagens das escritoras. Quem, melhor do que elas, para dar um "cheirinho" deste "Picante"?

"Ensinavam-lhes ainda que a noite de núpcias era sempre uma experiência traumática porque «os homens são violentos por natureza», e que a única maneira de lhe sobreviver e ser feliz era fechar os olhos com muita força e pensar em Nossa Senhora e na pátria." 
Alice Vieira

"Araminta fora corrida - enfim, transferida, que os ricos não são corridos de lado nenhum - do sanatório infantil a alguns quilómetros, no outro lado da montanha, por contar histórias de terror às crianças e ajudar a matá-las mais depressa. [...] Semeávamos o pânico como quem semeia feijão, contou Araminta a Godofredo Honório, apesar de nunca nenhum deles ter alguma vez semeado feijão. Era uma espécie, disse Araminta, de garantia de imortalidade. Aqueles vão-se lembrar de nós para sempre."
Catarina Fonseca

"Entre a bainha da calça preta e a sandália de salto alto, reparei-lhe no traçado do tornozelo. Perfeito. Confesso-me pedólatra, vítima de cegueira súbita e vício de adorador. Sempre que contemplo pé e tornozelo em mulher morena, perco-me e mergulho de cabeça nesta adição."
Leonor Xavier

"A conversa fluía vagueando entre interesses sem interesse, diriam elas: o jogo da véspera, o último modelo da Mercedes, as ações a caírem na bolsa, o ginásio. Almoço rápido a meio de uma quarta-feira de trabalho. sempre o mesmo restaurante, sempre o mesmo prato - cozido à portuguesa. E falavam daquilo que os homens falam, entremeando as carnes com as couves, as batatas com os enchidos, o vinho com as palavras. As mesmas, provavelmente. Falta de imaginação, diriam elas."
Maria João Lopo de Carvalho

"Mas, afinal, de que lhe serviam tantas qualidades se, nos últimos anos, não arranjara um único companheiro com quem pudesse manter uma conversa por mais de um quarto de hora sem ele se referir lascivamente aos seus lábios cheios, às coxas bem desenhadas, aos seios que, até por isso, trazia todos os dias mais escondidos? Estava farta. Farta de burgessos e de passar as noites sozinha."
Maria do Rosário Pedreira

"Tão chic como a casa da Reis Torgal havia só uma, a da Antónia Moreno, com duas entradas distintas: uma, pela rua do Norte; outra, pelo número 53 da Rua das Gáveas, onde o preço variava consoante o acesso. Pelo Norte entravam os marinheiros, cocheiros, carvoeiros e trolhas; pelas Gáveas, fidalgos, magistrados, conselheiros e comerciantes abastados, dizendo-se até que havia edifícios diferentes para uns e outros, o que era falso: tanto pobres como ricos se satisfaziam nas mesmas camas e com as mesmas messalinas, embora a preços distintos e a horários desencontrados."
Rita Ferro

Seis escritoras com estilos de escrita muito diferentes e seis histórias mais ou menos apimentadas, que certamente agradarão à maioria dos leitores. Gostei, evidentemente!

Note-se ainda, como curiosidade, que as quatro primeiras escrevem segundo as regras do novo acordo ortográfica e as duas últimas seguem as da antiga ortografia.

(e desta não se aceitam reclamações de que vos enganei com o título, que já tinha anunciado que falaria do livro depois de o ler, OK? :))  
 

domingo, 27 de novembro de 2011

A TORCER PELO FADO

A primeira vez que tive vontade de ouvir fado, era ainda adolescente. Até então nunca tivera apetência por aqueles trinados que competiam com as guitarras portuguesas e violas, em que pairava no ar um som pungente e nos versos o desalento de amores não correspondidos. Surpreendentemente, ali não havia nada disso: a pequena tasca, numa rua de Albufeira de outras eras, estava apinhada e uma multidão rodeava a porta pretendendo entrar. Não havia silêncio, como manda a tradição! A cada quadra seguiam-se sonoras gargalhadas, partilhadas pelos clientes efetivos e por todos os que estavam no exterior - cantava-se à desgarrada, com humor e brejeirice q.b.! Lógico que me fiquei pela vontade...
  
Uns anos mais tarde, um grupo de amigos que queria mostrar a Lisboa típica a umas turistas irlandesas, convidaram-me para uma noite de fados, desta vez no "Luso". Aquele fado à séria, com mulheres enroladas em xailes pretos, que de cabeça erguida, arremedos dramáticos e voz sonante iam desfiando os seus rosários de amargos destinos? Não me apetecia nada, não conhecia as tais irlandesas nem  mais gordas nem mais magras, recusei com a desculpa que um jantar no famoso restaurante estava fora do meu bolso de estudante. Ripostaram que não, que não íamos jantar mas só petiscar, caldo verde, uns chouricinhos assados e mais umas coisinhas, que saía tão caro como uma boatada e sempre era um programa diferente (ainda pensei: "pois, mas na boîte sempre danço", mas já não tinha como recusar). Preparei-me para um grande frete, mas adorei cada minutinho dessa noite! Comovi-me com alguns poemas e vozes e até dancei... com um rancho folclórico.

Fiz as pazes com o preconceito de "detestar fadunchos", embora ainda pense que grande parte da sua mística se perde fora dos ambientes noturnos e nostálgicos onde ele tem lugar cativo, à media luz, entre alguns petiscos ou umas boas garfadas numa refeição da cozinha tradicional portuguesa, simultaneamente bem regados. Só aí soa bem e "cheira" a Lisboa!

Voltei algumas vezes (poucas) a esses ambientes, em terras algarvias nunca mais lhe vi a cor.  Aliás, a tal tasca deixou de existir há muito e, talvez uns 15 anos depois dessa primeira apetência, encontrámos por lá um grande cartaz à porta de um outro estaminé, anunciando a atuação de uma artista. Não me lembro ao certo do seu nome artístico, mas era qualquer coisa como Lolita Amália, uma "fadista salerosa" que cantava o fado vestida de sevilhana, enquanto dançava salero ou flamenco ao som das castanholas. Rimos até às lágrimas, mas resistimos à "tentação" de assistir ao espetáculo...

Já agora, sabem quem pintou o quadro, não sabem?

Imagem da net, do quadro de José Malhoa, "O Fado" (1910), como todos sabiam. (ADENDA a 28/11/2011, a vermelho)

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

ÀS QUINTAS... POIROT!

Não costumo perder, em direto ou gravado! A reposição dos episódios da série "Poirot" passa na RTP Memória todas as quintas-feiras (por volta das 22h30m) e  repete às sextas, desta vez lá para a 1 da manhã. Dois episódios, com cerca de 50 minutos cada, esporadicamente o segundo sendo continuação do primeiro.

Para que não restem dúvidas, os policiais de Agatha Christie são, de longe, muito superiores à série, que nem sempre os segue à risca, talvez até devido ao limite da metragem. Por vezes até entediam ligeiramente, cingindo-se à ação principal e aos tiques do detetive belga. Mas David Suchet compõe o Poirot  mais credível que já vi - uma figura caricata num ambiente muito próximo ao criado pela escritora, a maior parte deles desenrolados numa Inglaterra preconceituosa e conservadora, no seio de uma elite social meio decadente, dos anos 30/40/50 do século passado. Ou seja, geralmente, os traços primordiais do enredo estão retratados...

Ontem, tive a primeira grande desilusão! Encaixaram Poirot (à força?!) num livro onde não marca presença, adulteraram o enredo com cortes nas personagens e a inventar outras tantas, que, se não fosse a semelhança dos crimes e do modus operandi do criminoso, diria que me faltava ler esse! Ora a "tia" Agatha nunca se repetiu, embora as motivações humanas para cometer um crime possam ser quase sempre as mesmas - desespero, ganância, amor ou ódio e por aí adiante (mas não muitas mais). Pior é que, alterando o raciocínio lógico da autora, perdeu-se o sentido do argumento em si, nem sequer deu para perceber o porquê de enfiarem para lá uma revolução sul-americana pelo meio, mudarem de criminoso e, consequentemente, os seus objetivos. Resumindo: um fiasco!

BOM FIM DE SEMANA PARA TOD@S!
(sem fiascos, claro!)

ADENDA A 26/11/2011: o episódio intitula-se "The Yellow Iris" e descobri agora que foi baseado num folhetim radiofónico de 1937 da escritora, que não obteve grande sucesso; nunca foi publicado e tinha como ponto de partida um outro conto, mas posteriormente Agatha Christie desenvolveu a história e publicaria "Sparkling Cyanide" (entre nós, intitulado "À Saúde... da Morte" ou "Um Brinde à Morte") em 1945; portanto, fica o esclarecimento que os argumentistas da série britânica não alteraram deliberadamente o argumento, apenas se basearam no folhetim radiofónico - o que não invalida que o livro tenha um enredo mais bem conseguido.

Imagem da net.
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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

AQUI VAI O LENÇO...

Hoje é dia de greve geral! Haverá quem a faça pretendendo dar um sinal inequívoco do seu descontentamento com as medidas do atual governo ou quem prefira aventurar-se no meio do trânsito - que se prevê caótico, especialmente nas grandes cidades - para cumprir o seu horário laboral. É uma opção individual, consoante a consciência política ou a avaliação das próprias circunstâncias pessoais. Que nem todos terão de tomar: os desempregados fazem greve a quê? A esses ficará a dúvida se alinhariam na greve ou não, mas entrar em cenários hipotéticos é pura perda de tempo...

De uma coisa tenho a certeza: greve ao blogue não faço! O blogue não é trabalho é lazer - só publica quem quer, se e quando lhe apetece! A rapaziada cá de casa também pode ficar descansada, que aqui a "fada do lar" (odeio esta expressão!) não vai deixar de tratar do almoço e do jantar.

Quem não se lembra daquela brincadeira infantil, de uma roda de crianças, em que uma corre no seu exterior com um lenço na mão (enfim, dos de assoar) cantarolando a ladainha de "aqui vai o lenço"? Até que por fim deixa-o cair atrás de um dos meninos e acrescenta "aqui fica o lenço", enquanto foge para não ser apanhado por ele e ao completar a volta toma o seu lugar na roda? Deve ter sido inventada por algum político, só pode!

Bom, mas como já não somos crianças, deixo aqui algumas sugestões para a raparigada usar um lenço (desta vez de pescoço). Para todos, digo-lhes o que faria com um lenço branco: acenava com ele da janela até o braço me doer, ao jeito dos adeptos dos clubes futebolísticos quando os treinadores lhes desagradam, em singela manifestação do que penso sobre os governantes nacionais e estrangeiros dos últimos anos...
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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

COLA TUDO!

O humor é alheio, limitei-me a colar uma imagem com um vídeo publicitário! Sem intenção de ofender ninguém nas suas crenças religiosas, logicamente...


A publicidade parece que já é antiga (de 1992, ou coisa), mas não me lembro minimamente dela. Será que já nessa época não ligava muito à televisão? Fez-me sorrir, só isso!


(Obrigada, Palicha!)
Imagem da net.
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terça-feira, 22 de novembro de 2011

CARTAS DE IWO JIMA

Não costumo gostar de filmes de guerra, mas há exceções e este foi uma delas! Realizado por Clint Eastwood em 2006, tem a particularidade de focar o ponto de vista dos japoneses que combateram no confronto de Iwo Jima (uma pequena ilha vulcânica), quase no final da II Guerra Mundial. Ou o que a argumentista Iris Yamashita concebeu como próximo da realidade...

Além das características pouco apelativas de ser quase inteiramente falado em japonês, das tonalidades cinzenta ou sépia da maior parte das imagens, onde só as explosões e o disco vermelho no centro da bandeira japonesa se destacam, e da longa metragem de duas horas e vinte minutos, não tinha muito para me emocionar ou cativar. Puro engano!

As atrocidades da guerra são sempre chocantes, quaisquer que elas sejam, neste caso específico o código de honra japonês da época impedia os soldados de se renderem: o mote era o de lutar até ao fim e matar dez inimigos antes de morrer ou, na falta de outra possibilidade, suicidar-se!

Apesar desse código rígido, certo é que as perspetivas são diferentes consoante as personagens: o general Kuribayashi (Ken Watanabe) sabe que não vai sobreviver, mas planeia a sua estratégia de resistência com mais empenho e inteligência que o seu antecessor, que escavava trincheiras na praia - as escavações passam para o interior do monte Suribachi, onde constroem uma espécie de "bunker" de túneis e galerias, que lhes permite uma defesa mais eficaz; os tenentes estão determinados em cumprir e fazer cumprir as suas ordens, não se coibindo de chibatar os soldados ou de dar um tiro em qualquer desertor, mas Baron Nishi (Tsuyoshy Ihara), um ex-atleta olímpico, tem outra visão do mundo mais humana do que o rigoroso código militar, carreira que não seguiu por opção; por seu turno, Saigo (Kazunari Ninomiya), um humilde jovem padeiro transformado em soldado por força da defesa da pátria, quer sobreviver para voltar à sua família e conhecer a filha que não viu nascer, mas não sabe como - tanto os próprios companheiros de armas não permitem a rendição, como não é garantido que, mesmo que se renda desarmado, não seja abatido a tiro por algum soldado inimigo.

Qualquer que seja o lado da barricada, a guerra é sempre violenta! Neste filme, apesar da mortandade, há um traço ternurento e comovente que liga o princípio ao fim, num golpe de génio... Qual o "tesouro" que enterraríamos na areia, se vivêssemos com os minutos contados deste modo?

ADOREI! Obrigada, Clint!

Imagem de cena do filme da net.
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domingo, 20 de novembro de 2011

ISTO-É-UMA-ESPÉCIE-DE-JORNALISMO?

Imaginem que alguém pretende demonstrar um ponto de vista - o de que os atuais estudantes universitários  portugueses são uma cambada de ignorantes! Para tal, arranja uns parceiros para acompanhar com câmaras vídeo e fotográficas e, munido de 2 inquéritos, com 10 perguntas básicas cada, resolve entrevistar 100 alunos. Para evidenciar a seriedade do que se propõe revelar ao mundo, circula à volta de algumas universidades lisboetas onde estudantes nunca faltam e - com o que eles gostam de ser filmados e fotografados - a tarefa não é muito árdua e decorre num clima informal, como convém. As perguntas são tão fáceis (segundo julga!), que a obrigação deles é acertar à primeira. Mas não: aqui e ali hesitam, erram, têm lapsos de memória ou não sabem de todo.

Mesmo assim, após analisar as 2000 respostas (ou um pouco menos, já que uma aluna desistiu de responder a meio), a prestação dos jovens não se revelou tão elucidativa quanto esperava. Então o que fazer com os resultados? Pois, um videozinho com algumas das gaffes mais estapafúrdias e toca de o colocar no Youtube - 4 minutos de risota garantida... Mas, não contente com isso, ainda um artigo numa revista de projeção nacional e parcialmente on-line, evidenciando as falhas dos estudantes, que intitula "A ignorância dos nossos universitários". Demonstrou... ou não?!?

Essa ideia tão "fantástica" passou pela redação da revista "Sábado", que encarregou os redatores  André Barbosa e Tânia Pereirinha de prestar esse extraordinário "serviço informativo" à nação: o vídeo foi um sucesso de indignação no facebook, sendo divulgado e partilhado até à exaustão, com muitos comentários jocosos à mistura.

Mas, como há sempre o reverso da medalha, João Ladeiras (um dos jovens alvo deste inquérito) tem outra versão: respondeu às 10 questões corretamente, mas cometeu uma gaffe ao declarar ser Miguel Arcanjo o pintor do teto da capela Sistina (confusão devida ao externato que frequentou com o mesmo nome). O que emendou de seguida, ao dar-se conta do erro, como alguns colegas puderam testemunhar. Claro que a correção foi omitida tanto no vídeo como no artigo em si. Ora se o procedimento jornalístico com ele foi esse, terá sido diferente com os restantes alunos? Tinham de acertar à primeira e... mainada!

Antes de desancarem os "ignorantes", já pensaram se esta "moda" pega? Se de hoje para amanhã resolvem repetir o "método" em salas de professores, gabinetes médicos, tribunais ou ordens profissionais, por exemplo? Um erro momentâneo e... TARUZ, vira-se motivo da chacota nacional?!? Curioso, já agora,  seria elevar um bocadinho o nível das questões e inquirir os jornalistas da "Sábado", não para "avaliar" a  sapiência que reina naquela espécie-de-magazine-repleta-de-cultura-e-inteligência, mas para nos pasmarmos todos com tanta erudição...

Lamento, mas "jornalismo" desta laia não merece aqui mais que comiseração! (e não, não conheço nenhum dos intervenientes no  inquérito, pessoal ou sequer vagamente, a queixa do estudante encontrei no FB!)

Imagem de uma cena do filme "O Padrinho" (1972), da net, onde Marlon Brando protagoniza o principal papel. (o ator abandonou a carreira em 1980, regressando mais tarde - em papéis secundários e esporádicos - devido a dificuldades financeiras). Como é que estudantes que rondam os 20 anos vão saber disso, se não forem cinéfilos empedernidos?
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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

DEBAIXO DE ÁGUA...

Para sobreviver debaixo de água é preciso:

PAIXÃO,

SERENIDADE,

ALEGRIA,

SONHO E...

FANTASIA,

para encantar tudo e todos com talento e criatividade. Tudo isso que Zena Holloway consegue com as suas fotografias subaquáticas, aliadas a outras técnicas que entretanto desenvolveu e utiliza com frequência em publicidade e moda. Mas deixa de ser arte? A amostra é breve, mas podem ver mais no seu site aqui.

Entretanto, aproveitem para ter um...

MAGNÍFICO FIM DE SEMANA!
(mesmo que naveguem noutras "águas"...)

(Obrigada, Michel!)
Imagens de Zena Holloway, via net.
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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

CONTOS... PICANTES!

O convite foi... picante! Claro que não podia faltar ao lançamento do livro "Picante - Histórias que ardem na boca", que reúne 6 escritoras portuguesas e 6 contos em volta de 6 receitas culinárias - picantes, como não poderia deixar de ser! 
A apresentação esteve a cargo de João Gobern, que aguçou o apetite aos presentes na livraria lisboeta para a sua leitura, com muito humor, no ambiente informal e animado habitual. Não se queixou de crises, austeridades e troikas, mas lamentou o facto das escritoras o convidarem sempre que as histórias envolvem crime ou picante, esquecendo-se dele quando escreveram sobre chocolate. Coitado, que injustiça...
Alice Vieira, Catarina Fonseca e Leonor Xavier responderam com o mesmo tom e à letra, até que chegou a vez do "vulcão" Rita Ferro se pronunciar:

- Somos 5 histéricas, sempre à gargalhada! - começou.
- 5? - perguntou uma das outras, espantada - Mas somos 6!
- Sim - disse ela - somos 5 histéricas... e uma poetisa! - revelou, acenando na direção de Maria do Rosário Pedreira.
As gargalhadas estenderam-se à plateia, mas ela ainda se atreveu a confessar que há muito desistiu de tachos e panelas, desde que resolveu assar um frango - que em vez de cru, comprou já assado (???) - e que terminou  no forno com a carcaça em tamanho de codorniz esturricada...
Maria João Lopo de Carvalho foi a oradora que se seguiu a afirmar que de culinária também percebia zero e, pasmem-se (ou não), Maria do Rosário Pedreira confessou o mesmo e que a "sua" receita foi tirada da Internet, alterando-lhe o português tosco (eheheh, editora é assim!). 
(Hummm... esqueçam o que escrevi ali acima sobre receitas culinárias: as "receitas" são de escrita! Tenho a certeza que são boas e, para mim, chega!)
Reunir todos os oradores numa só foto demonstrou ser missão impossível - 6+2 até é mais do que o Tom Cruise já conseguiu na "saga" cinematográfica - de modo que limito a este momento de boa disposição, entre 4 escritoras e 2 das suas editoras:

De caminho também adorei rever uma "velha" amiga e de conhecer outras duas facebookianas, "viciadas nos livros".  Irmandades...
Obviamente, sobre o livro em si só opinarei depois de ler!
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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

INVISÍVEL

Paul Auster tem fãs incondicionais espalhados por todo o mundo, enquanto outros leitores não apreciam particularmente a sua escrita. Sendo este o primeiro livro que li do escritor, não fiquei com uma opinião definida ou definitiva: longe de me tornar fã, mas sem me recusar a ler outro dos seus variados títulos.

O enredo em si pareceu-me bastante inverosímil: Adam Walker, um estudante de 20 anos com pretensões a poeta, encontra numa festa um casal que já passou os 30 e, enquanto metem conversa e vão ingerindo várias bebidas, o homem (Born, professor universitário) sugere-lhe que elabore um projecto para uma revista literária de poesia, que financiará, se lhe agradar; o rapaz não tem nada a perder com a tentativa, embora duvide de se tratar de uma proposta séria ou apenas motivada pela bebedeira, mas Born afiança-lhe que não quando o volta a contactar; entretanto, este tem de se ausentar para o estrangeiro durante alguns dias  e Adam envolve-se sexualmente com Margot, a companheira francesa do homem; após essa "traição", ela decide regressar à sua terra natal abandonando ambos, mas a situação não parece alterar a embrionária relação profissional entre eles; até que um dia os dois homens são assaltados na rua por um jovem delinquente, mas o professor reage e esfaqueia o assaltante...

Resumidamente, trata-se apenas do primeiro dos quatro capítulos que se desenrolam ao longo das 236 páginas do livro. Que não me entusiasmou por aí além, não só pela pouca credibilidade de uma sequência de acontecimentos destes - enquadrados em 1967 e nos EUA - como pela ambiência algo sombria que rodeia  o protagonista (em particular, mas também as restantes personagens em geral), excessivamente ensimesmado em sentimentos de culpa e recordações do passado. O que prossegue nos capítulos seguintes, se bem que o enredo entretanto dê várias reviravoltas e cambalhotas, ao jeito filosófico do  "nada que parece, é"! Aliás, quem lê fica até na dúvida de se tratar de um texto ficcional ou de se basear em factos reais.

A "discussão" no Clube de Leitura não foi unânime, uma parceira adorou o livro e deu-lhe uma interpretação que nenhuma de nós vislumbrou nas palavras do escritor, outra comentou sobre a crítica do "The New York Times" estampada na capa desta 2ª edição: "Epá, se este é o melhor, escuso de ler os outros!" Francamente, suponho que as editoras deveriam ser mais cuidadosas na forma de vender promover os seus livros...

CITAÇÕES:
"Devia ter agido e não agi, e essa é a coisa mais repreensível que jamais fiz, o ponto mais baixo da minha carreira como ser humano. Para além de ter permitido que um assassino permanecesse em liberdade, a inacção a que me remeti teve o insidioso efeito de me forçar a um confronto com a minha própria fraqueza moral, ao reconhecimento de que, afinal, eu nunca fora a pessoa que pensava que era, de que, afinal, eu era menos bom, menos forte, menos corajoso do que imaginara."

"Porque a triste verdade é esta: há no mundo muito mais poesia que justiça."

"É o fim que conta, pois o fim provoca em ti algo que é absolutamente inesperado, pois o fim abate-se sobre ti com a força de um machado derrubando um carvalho."

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A próxima sessão do Clube de Leitura foi agendada para dia 14 de Janeiro, desta vez com o último livro de Pepetela, "A Sul, O Sombreiro".
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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A TECLA DOS FERIADOS

Detesto aquele insistente carregar na mesma tecla, em que os políticos são exímios. Esta de acabar com alguns feriados já "tem barbas" e de vez em quando vem à baila. No ano passado, já vos perguntei quais eliminariam do calendário e, mesmo que a amostra fosse pequena, não houve consenso: uns valorizam mais umas tradições que outras, são mais católicos ou menos, entendem que algumas datas históricas já perderam significado na atualidade ou não e por aí adiante. 

Com a fúria legislativa dos atuais governantes - empenhada em castigar os "poltrões" dos trabalhadores que deviam produzir muito mais - os cortes nos salários, subsídios, direitos adquiridos e o aumento dos impostos sucederam-se, lógico que a eliminação dos feriados não poderia faltar ao "festim". Estabeleceram então que quatro dos feriados nacionais iriam eclipsar-se: dois católicos e dois civis. Numa sociedade laica, faz sentido: há que não desagradar à Igreja! (que por sinal desenvolve obras sociais que competiam ao Estado, mas das quais este já se demitiu há muito, não justificando os impostos que pagamos... mas essa é outra conversa!) Então os bispos portugueses reuniram-se e chegaram à conclusão dos dois feriados que tirariam do seu calendário, caso os governantes fizessem o mesmo com dois civis - a saber, Assunção de Nossa Senhora (15 de agosto) e Corpo de Deus (feriado móvel entre maio e junho, 60 dias após o domingo de Páscoa). 

O ridículo desta história é que o próprio governo ainda não decretou que feriados vai escolher como alvo a abater - hesitante entre o da Restauração (1 de dezembro), o da Implantação da República (5 de outubro) ou, pasmem-se, o de Portugal e de Camões (10 de junho) - mas já decidiu que os restantes (25 de abril, 1º de maio, etc. e tal) vão ser celebrados ao domingo ou colados ao fim de semana! Ahn? Como é que é? Então para quê esta discussão?!? Botem todos ao domingo e... fim de converseta!

Acaba o TUM-TUM-TUM do bater na mesma tecla, que não é música que agrade a ninguém, e sempre nos traz um sorriso aos lábios, ao recordar as consequências do Carnaval de 1993...

Imagem da net.
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domingo, 13 de novembro de 2011

OS IDOS DE MARÇO

George Clooney e Ryan Gosling a contracenar no grande ecrã? Pois, era imperdível! Diga-se em abono da verdade que estas tramas políticas não fazem muito o meu género: grandes ideais proclamados aos sete ventos em discursos empolgados, a intransigência na defesa da democracia, da liberdade, da honestidade e da integridade, na teoria, e depois na prática de bastidores destas campanhas eleitorais renhidas... pois... ah! Traições, jogos políticos, pressões, chantagens, ilegalidades, há sempre um enorme cardápio para escolher. E este filme não é excepção, nesse aspecto não é especialmente inovador! Pode-se dizer que é até um déjà vu! Mas vale pelas interpretações, tanto dos dois protagonistas, como de Philip Seymour Hoffman, Paul Giamatti, Marisa Tomei e Evan Rachel Wood.

Num breve resumo, Stephen Meyers é o jovem e ambicioso segundo assessor de imprensa, na primeira volta da campanha às presidenciais do partido Democrático, do governador Mike Morris e é convidado pelo assessor do outro candidato a fazer parte da sua equipa (revelando as estratégias já delineadas, obviamente). Entretanto envolve-se sexualmente com Molly, que lhe revela um segredo...

Et voilá, temos filme:


Devo acrescentar ainda que há atrizes com muita sorte e Jennifer Ehle é uma delas: em 1995 casou com Colin Firth na série televisiva "Orgulho e Preconceito", no ano passado era a mulher Geoffrey Rush em "O Discurso do Rei" e agora é a primeira dama de George Clooney... Ai, ai!   

Imagem da net, dos dois atores na estreia, em Beverly Hills.
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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

PÉS DE SALSA

Já fiz a experiência em tempos e resultou. Quer dizer, mais ou menos, porque depois tinha pena de cortar os pés de salsa que plantei e vi crescer. Tanto que alguns deles acabaram por murchar no próprio vaso! O que também não deixa de ser um destino inglório...

Mas os tempos estão difíceis - se, noutros, a salsa e os coentros eram oferecidos aos clientes que fizessem compras na mercearia (o que ainda acontece em algumas e na praça), nos super ou hipermercados ela é paga... a preço de bife da vazia! Ah, pois é, a questão é fazer as contas: se 50 gramas de salsa, lavada, empacotada ou embrulhada custa  89 cêntimos, a como é o quilo? Nada mais nada menos que 17,80 €. Evidentemente, ninguém compra um quilo de salsa, porque os tais 50 gramas dão para vários dias e refeições - aí depende do cardápio e do número de comensais -, mas certo é que em cerca de uma semana também murcha (se não for congelada, mas aí parte do seu paladar também se perde, no meu modesto entender). Portanto, se todas as semanas comprarmos um raminho, no final do ano "voaram" 46,28 €, sem percebermos como!
 
Se bem pensei melhor o fiz, toca de ir buscar o vaso sem uso, a terra e as sementes comprei por cerca de 3 €. Devo esclarecer que o jeito é pouco para estas lides de jardinagem, numa segunda tentativa a coisa não correu nada bem - suponho que afoguei a terra e as sementes com tanta água, às tantas parecia mais um pantanal num vaso do que uma sementeira. Com mosquinhas minúsculas num festim em volta...


O ritual foi executado em silêncio: demolhar as sementes, colocar a terra no vaso, abrir alguns sulcos e, mais tarde (não, não foram 24 horas de molho, mas semente tem relógio?), espalhar os grânulos nas fileiras e cobrir com mais terra, regando com água abundante... esperemos que não excessiva.

Agora só me resta apelar aos deuses da salsa - se é que os há! - para please, please, please, não me deixarem ficar mal. Nem à salsa!

EXCELENTE FIM DE SEMANA PARA TODOS!
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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

SIMPLES


Imagem de Charles Schulz, via facebook.
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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

HÁ DIAS ASSIM...

A intenção era boa: aproveitando esta 3ª edição de bookcrossing, visitaria a biblioteca de Telheiras, deixaria lá o livrinho e voltaria feliz e contente para casa. Mas como a vida nem sempre corre como planeamos,  coincidiu que estivesse um dia chuvoso, com greve de transportes à mistura, além de que o homem que veio arranjar o estore avariado no quarto do rapaz aconselhasse a sua substituição. Combinámos que esta solução seria preferível, dado as respetivas tabuinhas já denunciarem a sua grande longevidade. Claro que entretanto ele teria de sair para ir buscar um novo ao armazém (calculou que demoraria cerca de uma hora ou pouco mais) e eu teria de levantar dinheiro para lhe pagar.

Sendo assim, o espaço de manobra foi mais curto do que imaginava (trocar a fita partida e endireitar as réguas parecia-me mais rápido, para quem percebe do assunto), pelo que lá me dirigi à biblioteca Orlando Ribeiro, deixei o livro na recepção - visitas e informações adiadas para outro dia -, passei pela caixa multibanco e preparava-me para regressar a casa quando o meu filho telefona: o homem já tinha voltado e montado a persiana. Tempos somados, incluindo o escrever a nota para colocar na primeira página, tirar 4 fotografias, trânsito e restante circuito,  nem 45 minutos tinham passado... " Pede ao senhor para esperar 15/20 minutos ou então que volte mais tarde para receber" - respondi.

A entrada da biblioteca

O livro que lá deixei: não sendo o melhor de Sepúlveda, divertiu-me bastante e era um dos que tinha para oferecer.

De volta ao "bólide" (qual a alternativa?) arranco e os limpa-para-brisas resolvem trocar e desentender velocidades entre eles, esbarram um com o outro, até que o da direita atropela o parceiro da esquerda duas vezes e este "morre". Mas pronto, lá segui a velocidade de caracol, no meio do trânsito e da chuva, reclinada para a direita (não tem premonição nisto, certo?) para obter uma melhor visibilidade...

Agora certeza só tenho uma, por mais louvável que seja o bookcrossing (ou outras iniciativas): em dia de greve dos transportes acompanhada por fortes chuvadas... JAMÉ!

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terça-feira, 8 de novembro de 2011

ENCANTADORES BICHINHOS!

Uma amiga contou-me deleitada a maravilhosa experiência que teve este fim de semana, ao visitar uma exposição de répteis vivos, suponho que para os lados da Torre de Belém. Como a afluência não era muita (será que não sou só eu?!), meteu conversa com o tratador da bicharada, que lhe ensinou imenso sobre estas adoráveis criaturas, enquanto uma cobra trepava gentilmente pelo braço da minha amiga ... Ui, que emoção!!!

Aí lembrei-me novamente destas peripécias (já aqui relatadas em 2008, mas ocorridas anteriormente): na época, costumávamos passar férias no Sul de Espanha e um dos locais a que tinhamos de ir obrigatoriamente - por exigência das crianças, está bom de ver - era uma espécie de quintarola onde, para além dos animais habituais, também existiam crocodilos, cobras, lagartos e demais répteis e ainda outros bichos como avestruzes e lamas. Quem quisesse, podia pendurar uma cobrinha ao pescoço e tirar uma foto ou filmar a cena para a posteridade, demonstrando a sua valentia. Por mim, não fiz questão nenhuma e pirei-me logo dali para fora! Outra curiosidade consistia em serem os próprios visitantes a alimentar os animais: davam-nos milho, pão e biberons de leite para alimentar os cordeirinhos pequenos e aí estávamos nós armados em campesinos e a adorar a experiência. Depois de galinhas, patos, perús, porcos, ovelhas e cabras, passaram-nos à sessão seguinte e depositaram-me uma quantidade de pão nos braços. Não estava a ver para quê, que não via ali nenhum animal por perto. Eis que abrem lá um outro portão e vemos uma série de lamas a correr desembestadamente na nossa direção.

Coragem não é, nem nunca foi, o meu forte! Quanto mais os lamas aceleravam, mais eu me assustava, ainda por cima quando um deles me fixava e corria ao meu encontro. Alguma vez viram uma mulher carregada de pão a correr à frente de um lama??? E o bicho, acham que desistia? Não tivesse encontrado um homem desprevenido no meio da correria, a quem entreguei atabalhoadamente o pão, ainda hoje lá estaria a treinar para Obikwelu...

E claro, o que o lama (recuso-me a chamar-lhe laminha, que ele, não sendo dos maiores, era bem mais alto do que eu!) tinha, era fome! Mas pronto, as criancinhas continuaram a lá ir passear todos os verões, os adultos também, infelizmente passei a ter compromissos inadiáveis, precisamente nesses dias e horas! C'est la vie!

Imagem da net (como não poderia deixar de ser)!
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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

3ª EDIÇÃO DE BOOKCROSSING

Mais uma vez foi o Rui da Bica a chamar-me a atenção para esta iniciativa de bookcrossing, na qual tenciono participar. Já se sabe que a ideia é largar um dos nossos livros num local público, com uma nota escrita na página inicial, referindo que "este livro não está perdido, mas é destinado a quem o queira ler", se possível fazendo-o circular do mesmo modo após a leitura. 
Contudo, por mais meritória que seja, gosto demasiado dos meus livros (mesmo que repetidos - e é um desses que tenciono usar!), para abandonar um aí ao Deus-dará. E se chove e ninguém lhe liga nenhuma e fica esquecido num banco de jardim, até se tornar imprestável? E se o empregado do café o guarda numa gaveta, sem sequer abrir a primeira página, até que alguém o vá reclamar? E se algum vândalo o resolve rasgar ou emporcalhar só porque sim?
Por estas e outras hesitações é que no ano passado desisti à última hora. Acontece que este ano a Luma Rosa (que suponho ser uma das mentoras da iniciativa) avançou com estas sugestões de locais onde o bookcrossing é frequente, consoante a cidade onde vivemos, e fica descartada a possibilidade de o livro ir parar ao lixo!
Simultaneamente, também estou bastante desapontada: um dos livros de bolso que comprei na Feira do Livro de Lisboa deste ano, tem uma letra tão minúscula, que se torna ilegível. Pelo menos para mim, que não tenho olhos (ou óculos) de lince! De modo que sobre leituras - esta vivamente aconselhada pela Tons de Azul e pelo Manuel Cardoso - só voltarei a falar para a semana que vem, quando acabar de ler o que se seguiu após este fiasco... (se alguém me souber explicar porque é que se editam livros baratuxos, mas ilegíveis, agradeço!)

BOAS TROCAS E LEITURAS!

Imagem de Luma Rosa.
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domingo, 6 de novembro de 2011

CURTO-CIRCUITO MUSICAL

Já vos aconteceu um dia estarem a fazer qualquer coisa e, de repente, na rádio ou na TV, ouvirem uma música que parece ter saído diretamente do vosso baú? E de não saberem nem o como nem o porquê de apelar à vossa memória auditiva, com uma sensação de prazer?
Apesar da música ter sido um sucesso, esvai-se a noção da emoção que nos trouxe. Que regressa, assim que a ouvimos novamente...:


Creio que há sons que não se perdem com o tempo e a não ser a única encantada com vozes do passado... (Ana e Maria, esta é dedicada a ambas, na versão completa e isenta da publicidade que a acompanha - muito bem pensada, por sinal!)

Imagem da net.
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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

UMA CASA NA ÁRVORE...

A RTP estava a exibir uma série da BBC sobre a vida nas florestas tropicais. Que não deve ser nada fácil, como é lógico! Logo de início percebi que focava essencialmente uma tribo, que vivia em casas construídas nas copas das árvores e que se dedicava à caça. OK, é uma questão de sobrevivência, mas não me apetecia verificar os métodos dos caçadores apanharem macacos desprevenidos a saltitar de galho em galho, com zarabatanas de setas envenenadas. Desisti de ver!
Alguns minutos depois voltei à sala e oiço uma mulher a afirmar, ufana (em inglês ou traduzido em voz off, não me recordo...): "O meu marido é o melhor! Os meus filhos nem se afligem, têm muito orgulho no pai, quando o veem apontam e dizem: 'Ena, lá vai ele!'". Olhei para o ecrã e vi o homem, grande orgulho de toda a família, a trepar a uma árvore...
Nem imaginam a risota!

Curioso também é que não encontrei na net nenhuma cabaninha que se assemelhasse às da tribo da série televisiva. Mas encontrei esta - suponho que numa foto da autoria de Allison Shelley - da residência de um casal americano (Erica e Mathew Hogan), que resolveu encontrar um modo de estar na vida alternativo, cujo site podem encontrar aqui.

É, ainda há gente que me espanta, pelo lado positivo... (e sim, essencialmente o trepador de árvores, que afinal ia catar o mel às colmeias de abelhas, anichadas no topo do arvoredo, para adoçar a boca à sua tribo!)

BOM FIM DE SEMANA!
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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

UMA PROFISSÃO DE FUTURO...

Sentada à sua secretária, ela esboçava as primeiras linhas em traços largos, depois vincava os contornos e delineava os pormenores, colorindo os modelos de vestidos, saias, calças, blusas, casacos e jaquetas numa multiplicidade de tons garridos. À medida que ia avançando no trabalho, ia apreciando os seus progressos. Sabia que os seus esboços ainda não estavam perfeitos, teria de se empenhar cada vez mais.
A decisão de vir a ser uma grande estilista tinha sido a mais importante da sua vida: agora não podia desistir! Ao dar os últimos retoques àquele longo vestido vermelho, o seu preferido da coleção, imaginava-o envergado por uma elegante mulher de carne osso, a desfilar numa passerelle, enquanto o público aplaudia entusiástico e os flashs dos repórteres fotográficos disparavam incessantemente. No final, evidentemente, todas as modelos voltavam ao desfile e iriam trazê-la dos bastidores para a boca de cena, onde lhe entregariam um enorme ramo de flores e ela agradeceria emocionada a todos os presentes, no meio de uma nova saraivada de palmas e de flashs.
Nos dias seguintes todos os jornais e revistas - em particular, as de moda - divulgariam o enorme sucesso do acontecimento, suceder-se-ia uma chuva de convites para entrevistas ou apresentações televisivas, possivelmente até para algumas festas, onde muitos famosos do jet-set nacional e até estrangeiro marcariam presença...
A mãe entrou no quarto nesse preciso momento e interrompeu-lhe o devaneio. Ao mirar os desenhos espalhados em cima da secretária, perguntou, de sobrolho franzido: "Joaninha, não tens teste de matemática amanhã?"
Ela resolveu ignorar a pergunta e declarou: "Eu vou ser estilista!"
- Ah!!! Então vou-te inscrever num curso de costura...
- Costura?! Para quê?
A mãe sorriu à filha de 11 anos e rematou: "Sim, minha querida, porque tu nunca coseste sequer um botão! Ou julgas que não é preciso?"
(história vagamente baseada num episódio verídico)
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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

FILETES COM MOLHO DE COGUMELOS

Para não dizerem que sou como os outros, que prometo e não cumpro, aqui segue a receita de "filetes com molho de cogumelos", livremente adaptada de um livro de culinária coordenado por Maria de Lurdes Modesto. Já a experimentei com vários tipos de filetes congelados, com pescada não dá que tem muitas espinhas, só lá mais para os de linguado ou de palmeta (num hipermercado perto de todos). Portanto, é refeição que sai carota, mas cá em casa todos adoram, mesmo que só de vez em quando!

Ingredientes:
Um filete grande de peixe por pessoa (depende do apetite de cada um);
Uma chávena de vinho branco;
Um cubo Knorr (ou outro) de caldo de peixe;
100 gramas de cogumelos brancos frescos laminados (meia embalagem);
25 gramas + 15 gramas de margarina;
3 colheres de sopa de farinha (25 gramas);
3 colheres de sopa de polpa de tomate;
Uma chávena de natas (+ ou - meio pacote);
Sal e pimenta a gosto.

Costumo partir os filetes em três pedaços, cubro de água, junto a chávena de vinho branco e o cubo de caldo de peixe, ponho ao lume e deixo ferver durante 8 minutos. Em simultâneo, numa frigideira com 15 gramas de margarina frito os cogumelos, em lume brando até ficarem tostados.
Derreto a restante margarina e junto a farinha, mexendo sempre com as varas. Entretanto, já passei uma chávena da água/vinho de cozer o peixe pelo passador (que escorro logo de seguida), onde junto a polpa de tomate, mexendo bem e adicionando ao preparado anterior, continuando a mexer. Adiciono os cogumelos já prontos, junto as natas e tempero com sal e pimenta. 
E pronto, é só servir os filetes cobertos com o molho, com acompanhamento de feijão verde, brócolos, batata cozida, ao gosto do freguês... Uma delícia, garanto!

post-scriptum - este post estava escrito há muito tempo e "perdido" pelos rascunhos,  talvez não seja o momento mais indicado para o publicar; mas promessa é promessa, para gente de bem...
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terça-feira, 1 de novembro de 2011

PURGA

Há estórias dentro da História impressionantes. Dramáticas. Violentas. Como as dos povos que as viveram na própria pele. No caso desta peça - atualmente em cena na sala azul do Teatro Aberto - podemos vislumbrar o lado negro da história da Estónia, palco de várias invasões ao longo de todo o século XX, através das duras experiências de Aliide e da sua família.
Em 1992, ano da independência da Estónia do longo domínio soviético, a velha Aliide encontra Zara, uma jovem prostituta perseguida pelas Máfias que então dominam essas redes de prostituição, esgotada, ferida e quase desmaiada à porta de sua casa, para onde a leva. À medida que a rapariga vai relatando parte das circunstâncias que ali a levaram, ela vai recordando a sua própria juventude, no início dos anos 50, e a luta que manteve pela sobrevivência, levando-a a casar com um homem que não amava e a trair os que a rodeavam...
Obviamente não vou divulgar o enredo, mas posso avisar que é brutal! O que aliás podia ter lido no próprio site do Teatro Aberto (a fotografia também é de lá), se não me limitasse a ler a sinopse da peça escrita pela finlandesa Sofi Oksanen
Irene Cruz, Ana Guiomar e Patrícia André (da esquerda para a direita, na foto) protagonizam os papéis principais, mas não são as únicas a eletrizar o palco: Carlos Malvarez, Hugo Bettencourt, Alberto Quaresma e Rui Neto também atuam neste drama, cuja encenação, realização (de vídeos), cenários (em colaboração com António Casimiro) e banda sonora está a cargo de João Lourenço.
O público - numa sala meio cheia ou meio vazia, dependendo da perspetiva - aplaudiu de pé, está claro! E sim, estes meninos da geração "Morangos com Açúcar" ainda têm muito a aprender sobre os "desafios" ou "bichinhos" da representação, de que tanto gostam de falar...

post-scriptum - como vou pouco ao teatro, nunca tinha visitado estas instalações do Teatro Aberto (só as anteriores), que são fantásticas; o mesmo já não se pode dizer dos acessos, rodeados de escadarias por todo o lado, que calcorreei em busca da entrada - não me pareceu que pessoas em cadeiras de rodas ou com dificuldades de locomoção o possam frequentar! E é pena!
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