quinta-feira, 31 de maio de 2012

PROSAS, CARDOS E ROSAS...

Na última semana tenho tido dificuldade em colocar aqui fotografias ou imagens, quer sejam da net ou dos meus ficheiros fotográficos. Não sei se é a minha habitual imperícia informática, se algum problema do blogger, certo é que escolho uma, clico no add, a doida desaparece, depois volta a aparecer, seleciono novamente e volto a clicar e, após repetir o processo teimosa e repetidamente, por fim lá entra. Se alguém souber porquê, agradeço que me explique...

Não costumo verificar estatísticas (desde aquela desilusão de descobrir que anda uma pessoa aqui a escrever sobre livros, filmes, artes, leis, casos de vida e tal e depois era um sobre unhas que estava no top, a mais do dobro dos restantes), mas quando estes desentendimentos mulher-PC-blogger acontecem, tento averiguar o que se passa. E durante essa pesquisa, que normalmente não revela nada que entenda, descobri que o meu blogue está "cotado" num site brasileiro. Com valor por visita e tudo, como se estivesse na bolsa de valores. Há coisas estranhas, não há?! Bom, pelo menos deu para perceber porque é que de vez em quando sou insultada num único post (num total de 1230, até ontem) - é um dos indicados lá nesse site, se bem que os comentários insultuosos não provenham de brasileiros, a avaliar pelo modo como escrevem, porque evidentemente são quase todos anónimos. 

Entretanto, em "navegação" e de descoberta em descoberta, constatei que as unhas já não tocam guitarra lá no topo, destronadas por um título sugestivo, que envolve dragões. Por acaso a propósito de signos chineses e não de preferências clubísticas, mas pronto, igualmente reveladores do que a malta investiga...  

"Porquê as rosas de santa Teresinha para ilustrar este texto?", podem perguntar os mais inquisidores. Não tem nada a ver, pois não, trata-se apenas de uma singela homenagem virtual às aniversariantes de hoje: a querida Teresa, do blogue Ematejoca Azul, e a igualmente querida Paulinha, amiga pessoal. Para ambas também fica uma musiquinha, que espero tenham prazer em voltar a escutar:


FELIZ ANIVERSÁRIO PARA AMBAS E BOM DIA PARA TODOS!

quarta-feira, 30 de maio de 2012

DESVENTURAS EM CABELEIREIROS?

O homem era alto, grande, gordo e careca, possuía uma voz tonitruante e dava pelo pomposo nome de Augusto. Era o dono do cabeleireiro de bairro mais fashion da zona, naquela época. A mulher era manicure e a filha de ambos deambulava habitualmente pelo salão, sendo unanimemente considerada por toda a clientela como a menina mais prendada de Lisboa e arredores. A rapariga era feia que nem um trovão e desde pequena que se interessava por crochet, tricot, costura e bordados, aos 10 anos já ensinava algumas madames a fazer uns pontos mais complicados. Uma pespineta chata de nariz empinado, talvez devido à sua "fama", mas, pensando mais friamente no caso, a miúda tinha de se entreter com qualquer coisa...

A verdadeira "pérola" do salão era a cabeleireira ajudante (que de ajudante não tinha nada, mas pronto!), que era o oposto da família: mais nova que os patrões, era elegante, gentil e bonitinha, tinha uma fala dócil e meiga com as clientes. Constava que estava lá há muitos anos, que começara novinha a lavar cabeças e aos poucos se tornara numa profissional. Senão encartada, pelo menos devido à experiência. Certo é que, por essa altura, já muitas senhoras preferiam a Amélia ao Augusto, cujos penteados e cortes saiam todos iguais - curtinhos e muito ripados, ao estilo de capacete!

Como crianças íamos lá pouco, à exceção de acompanharmos a nossa mãe ou avó. E esta quase deixou de lá ir, quando o dito homem inventou de lhe pôr um plix no cabelo, supostamente para se manter estático durante mais tempo, para lá da laca. O plix era de uma tonalidade roxa, o cabelo grisalho saiu de lá lilás. O que só piorou com o período de férias à beira-mar que se seguiu...

Entretanto, eu e a minha irmã já tínhamos sofrido (no cabelo, não na pele) uma experiência avassaladora: não sei porquê, os meus pais acharam que nos deviam cortar as franjas, em casa. Quer dizer, imagino o porquê, mas agora não interessa nada denunciar a sovinice! A minha mãe estava hesitante, que nós mexíamo-nos muito e tal e lá aparece o meu  pai, disposto a  dar utilização à tesoura. Com o espírito "científico" que o caracterizava até nestes pequenos pormenores, considerou que a tarefa sairia facilitada com uma folha de linhas em frente à nossa cara, que aí bastava cortar a direito pela linha. Confiantes e incautas, até lhe fornecemos a folha, retirada de um dos nossos cadernos. Não sei ao certo o que é que correu mal com a primeira cobaia (a minha irmã), se ela se mexeu ou se ele errou na linha! Lembram-se da Beatriz Costa? Pois, a dela ficou mais à Santo António! Claro que depois de ver o resultado já não queria que me cortassem franja nenhuma, mas naquele tempo as crianças não tinham voto na matéria. A minha não acabou tão curta, mas também não pude rir muito - não escapou a um ziguezague, que até o Augusto fazia melhor.

A última vez que visitei o tal salão de bairro, a indignação fervilhava em todas as conversas: a Amélia, aquela ingrata, tinha casado e abandonado a profissão. Os ex-patrões e a idiota da filha (cada vez mais mandona na coitada da rapariga que lavava as cabeças) não se calavam com tamanha ingratidão e a clientela anuía e concordava. Francamente, nem sei se por ironia. "Vai-se arrepender!" ou "Tinha aqui um belo futuro!", vaticinavam. A minha mãe lá estava, calada, até que disse ao Augusto, quando ele se preparava para me cortar a farta cabeleira, neste estado de exaltação: "corte à rapaz!" Garanto que foi um trauma que me ficou para a vida inteira... Não voltei àquele cabeleireiro, nem nunca mais admiti palpites da minha mãe sobre o assunto!

Imagem da net.      

terça-feira, 29 de maio de 2012

UM OUTRO OLHAR SOBRE LISBOA...

A Teresa, do blogue "Os meus óculos do mundo", já tinha divulgado um vídeo, um pouco longo, sobre a presença de Anthony Bourdain em Lisboa e a reportagem que efetuou no seu programa "No Reservations". Desta vez foi um colunista do "The New York Times", Frank Bruni, que passou por cá e escreveu um artigo que elogia os múltiplos encantos da capital. Podem ler o artigo na íntegra aqui, mas aviso desde já que é bastante longo e, obviamente, está em inglês. Ou, muito resumidamente, na revista "Visão" on line.

O curioso da história é que Frank só estava de passagem por Lisboa, durante umas meras 24 horas, antes de seguir para o Porto, onde iria realizar uma reportagem gastronómica e de prova de vinhos (pelo que se deduz), o verdadeiro objetivo da viagem. Fez um voo noturno desde Nova Iorque e quando pensava ir descansar de uma noite em claro no hotel lisboeta, negaram-lhe a entrada, que a reserva era só para umas horas depois. Com esta receção pouco auspiciosa, o mais natural é que banisse para sempre o nome da cidade do seu roteiro de férias. E aí talvez resida a diferença entre quem é cidadão do mundo ou um turista ocasional - como não havia volta a dar ao assunto, resolveu dar um passeio pela cidade... 

Ele e o seu companheiro, Tom (e não me perguntem se de viagem ou de vida, que não sei, nem quero saber), não tinham mapa, roteiro ou agenda que lhes guiasse os passos, mas os seus olhos incidiram lá no alto da colina onde se ergue o castelo de São Jorge e, intuitivamente, seguiram na sua direção. A calçada lisboeta em "mosaicos de pedras brancas e pretas", os azulejos coloridos nas frontarias dos edifícios foram uma "revelação",  "como se Lisboa usasse as jóias a que as outras cidades nem ligam". E quando chegaram ao topo da colina, com a vista panorâmica sobre os telhados vermelhos e o azul do rio Tejo, Frank prometeu ao companheiro: "Eu vou voltar!"

Dois anos volvidos sobre esse fascínio que Lisboa exerceu sobre ele logo de início, já regressou em duas ocasiões - em setembro do ano passado e em abril deste ano. No artigo dá dicas sobre os locais a visitar, entre miradouros, museus, igrejas, restaurantes e até uma livraria sui generis, mas aprecia a liberdade de não ter uma agenda quase que obrigatória para seguir um roteiro turístico, como acontece noutras capitais europeias. Segundo ele, conforme se deseja um momento de maior serenidade ou diversão, assim se ruma em direção a cada colina ou local. E não é que concordo inteiramente?

Pergunto também aos meus botões, fechos éclair ou colchetes porque é que ando há tanto tempo a adiar uma (re)visita ao castelo, quando um estrangeiro não a deixa escapar? Será preguiça de palmilhar a encosta, pouca vontade de me levantar cedo a um fim de semana ou por saber que está logo ali ao virar da colina? Ah, pois é, qualquer dia já não há pernas para lá chegar...

segunda-feira, 28 de maio de 2012

MORTE NAS RUÍNAS

Já cá faltava o último policial que comprei na Feira do Livro de Lisboa do ano passado, de Ruth Rendell... para ser muito "original"! E isto porque gosto de variar leituras e não ler sempre o mesmo autor de seguida, porque já se sabe que adoro o género e a escritora, digna sucessora de Agatha Christie, no meu modesto entender...

Este não foi exceção! Com o título original de "No More Dying Then", nem se entende muito bem a tradução. O enredo centra-se no desaparecimento de duas crianças, no espaço de poucos meses, no início dos anos 70, quando naquela pequena cidade inglesa de Kingsmarkham (fictícia, segundo a wiki) os catraios ainda brincavam uns com os outros nas ruas ou nos parques, sem a vigilância atenta de nenhum adulto: a primeira, uma rapariga de 12 anos, quando sai de uma aula de equitação e regressa a casa, recusando a boleia de um vizinho, apesar da chuva; o segundo, o pequeno John, de apenas 5 anos, num parque infantil e após um pequeno desentendimento com os seus companheiros de brincadeira. Factos inusitados até então, que envolvem investigações policiais minuciosas e buscas que empenham (quase) toda a população local. Será que os dois casos estão relacionados?

Escrito em 1971, este é mais um livro da série protagonizado pelo inspetor-chefe Reginald Wexford e pelo seu subordinado Mike Burden - quando este último se encontra fragilizado pela recente morte da mulher, com dois filhos para criar, delegando a tarefa na cunhada (que, para tal, prescinde da sua vida profissional e pessoal) e enquanto mantém o primeiro relacionamento "extra-conjugal", precisamente com uma das mulheres ligadas à própria investigação. Logo o antiquado e retrógrado detetive, que parece ter nascido no século XIX... 

Gostei muito, para não variar!

Citações: 
"- Não tenho trabalho nenhum para fazer, infelizmente.
Ele tinha querido dizer trabalho de casa, limpar, arrumar, coser, tarefas que ele considerava, naturalmente, como sendo de mulheres e havia ali muito para fazer, mas não era capaz de lho dizer."

"Uma cena emocional entre dois homens normalmente não emotivos, tem como consequência um profundo e triste embaraço."

"- Mesmo que não se tivesse sido muito feliz - disse ela - não se sente só falta da pessoa, sente-se falta do amor."

domingo, 27 de maio de 2012

ONE NIGHT ONLY...

... foi suficiente para me convencer que Luciana Abreu tem uma voz FABULOSA! Num momento único televisivo, que fez justiça ao seu vozeirão no concurso da TVI, "A Tua Cara Não Me É Estranha":

É verdade que vejo pouca televisão e seguir concursos musicais ainda menos. Imagino que já muita gente tenha reparado no talento vocal de Luciana, esquecendo que anteriormente interpretou Floribela para um público juvenil ou participou aí nuns programas televisivos a dar para o pimba. So what?! Querem lá ver que foi a única...

Estas descobertas nunca deixam de me espantar, tendo em conta a quantidade de cantores existentes no panorama nacional  que, pura e simplesmente, não cantam nada!

Imagem da net.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

IMARCESCÍVEL PRIMAVERA...

Nunca se sentiram "perseguidos" por uma palavra invulgar, que tilinta em certos neurónios, recordando um livro que se leu e o seu autor, quem o emprestou ou todas as (poucas) vezes em que a  viram escrita? Para lá de outras associações de ideias, como esta do parte-placas. (já adivinharam onde, não?)

Temo que imarcescível não seja nada original, para quem tem estas "pancadas", que no meu caso não será a única. Mário-Henrique Leiria escreveu, em nota introdutória ao conto d' "O Bode Imarcescível":

"É o que lhes digo.
Com esta idade e nunca o usei.
Há cerca de trinta anos apareceu-me uma oportunidade de o fazer, mas senti certas dúvidas e tive receio.
No entanto, ultimamente tenho-o lido com bastante frequência nos discursos que quotidianamente vejo nos jornais.
Já não sou criança e não quero deixar este mundo sem o usar pelo menos uma vez.  É um vocábulo realmente impraticável, verão, mas mesmo assim vou usá-lo. Imarcescível. Aí está! espantoso, não acham? Imarcescível. Alucinante! Por isso lhes conto"
 
Contudo, o significado de imarcescível pode variar consoante o contexto onde se insere. Assim e para mim a primavera é imarcescível, quer chova ou o sol nos ilumine, mesmo que pequenas flores murchem nas calçadas: de algum modo, quase impercetível, elas reflorescem com as sementes que lançaram à terra...

Outra associação a estes "Contos do Gin-Tonic" foi o fantástico quarto round que efectuei numa noite da Feira do Livro deste ano, na chamada hora H ou "happy hour", em que, ao fim de tantos anos, os comprei (este e os "Novos Contos do Gin"!) por um preço muito acessível! Na excelente companhia de uma amiga tão amante de livros quanto eu, debaixo de uma lua de verão, como se estivéssemos a viver uma meia-noite em Paris, ao sabor desta música:



FELIZ FIM DE SEMANA PARA TODOS!

quinta-feira, 24 de maio de 2012

QUEM CONTA CADA CONTO?

Imagem de Peter H. Reynolds

Hoje o desafio é literário e tão simples como identificar o autor de cada uma das citações destes contos. Se possível sem batotas, mas cada um sabe de si. Os três escritores são portugueses. E digo são, embora já todos tenham falecido, porque os grandes escritores não morrem enquanto os seus livros forem lidos...

"E a mão trémula e enrugada poisou os dois cheques em cima da mesa.
O Dono da Casa olhou o gesto com um misto de furor, espanto e indignação. O Bispo, aquele prelado tão polido, estava a trair as regras do jogo. Às regras da boa educação respondia com problemas de consciência. Acusava-o a ele, Dono da Casa, de fazer negócios inconfessáveis e confusos. Acusava-o em palavras claras, inconfundíveis. Nem ao menos se exprimia indirectamente e por meio de alusões. E, no fundo da sua alma, teve grande vontade de receber o dinheiro e de dar ao Bispo uma resposta crua."
Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Jantar do Bispo", "Contos Exemplares" 

"Mas realmente o que o encantava era o bode. Trouxera-o para casa ao voltar de umas férias na montanha. O bode acompanhara-o sem fazer questão e isso comovera Julião. Era um bode jovem, mas já com barba digna, que ficava a olhar para tudo com desdém, como prevendo inúmeras desgraças. Afeiçoaram-se um ao outro. Julião esmerava-se no tratamento e o bode, compreendendo que estava numa casa de respeito, passara a marrar apenas em polícias e cobradores. Mas comia, comia muito, comia tudo."
Mário-Henrique Leiria, in "O Bode Imarcescível", "Contos do Gin-Tonic"
 
"A rainha tomou a mão da serva. E sem que a sua face de mármore perdesse a rigidez, com um andar de morta, como num sonho, ela foi conduzida para a Câmara dos Tesouros. Senhores, aias, homens de armas, seguiam num respeito tão comovido que apenas se ouvia o roçar das sandálias nas lajes. As espessas portas do Tesouro rodaram lentamente. E, quando um servo destrancou as janelas, a luz da madrugada, já clara e rósea, entrando pelos gradeamentos de ferro, acendeu um maravilhoso e faiscante incêndio de ouro e pedrarias! Do chão de rocha até às sombrias abóbadas, por toda a câmara, reluziam, cintilavam, refulgiam os escudos de ouro, as armas marchetadas, os montões de diamantes, as pilhas de moedas, os longos fios de pérolas, todas as riquezas daquele reino, acumuladas por cem reis durante vinte séculos. Um longo ah, lento e maravilhado, passou por sobre a turba que emudecera. Depois houve um silêncio, ansioso. E no meio da câmara, envolta na refulgência preciosa, a ama não se movia... Apenas os seus olhos, brilhantes e secos, se tinham erguido para aquele céu que, além das grades, se tingia de rosa e de ouro. Era lá, nesse céu fresco de madrugada, que estava agora o seu menino. Estava lá, e já o Sol se erguia, e era tarde, e o seu menino chorava decerto, e procurava o seu peito!... Então a ama sorriu e estendeu a mão. Todos seguiam, sem respirar, aquele lento mover da sua mão aberta. Que jóia maravilhosa, que fio de diamantes, que punhado de rubis, ia ela escolher?"
Eça de Queiroz, in "A Aia"

ADENDA a 25 de maio de 2012: a identificação de cada autor e texto a sublinhado! Obrigada a todos pela participação e parabéns aos que acertaram e/ou pesquisaram!

(Obrigada, Tons de Azul!)

quarta-feira, 23 de maio de 2012

CIBERBULLYING

Dharun Ravi, um ex-estudante da universidade de Rudgers, nos EUA, foi condenado a 30 dias de prisão, por ter divulgado via internet imagens do seu companheiro de quarto (Tyler Clement) a beijar um homem, levando-o a cometer suicídio.  

A notícia do "Expresso" (que podem ler aqui) não revela se o estudante indiano tinha conhecimento que Clement se iria encontrar com um homem ou com uma mulher - quando este lhe pediu para deixar o quarto livre - mas manifesta que houve intenção de Ravi visionar o acontecimento, ao deixar "discretamente" a câmara do computador ligada. Mais provado ainda pelo uso que fez do que viu! Será que seria diferente caso fosse uma mulher? Provavelmente, porque um beijo entre um homem e uma mulher não costuma ser novidade...

Em tempos, numa universidade portuguesa, um estudante pediu a um colega se lhe emprestava o portátil para fazer qualquer coisa e o outro acedeu. Acontece que, no dito computador, estava uma filmagem do rapaz com a namorada numa cena de maior intimidade, que o fulano foi bisbilhotar. Não sei se o filme chegou a ser exibido na net, mas teve projeção na sala de convívio perante toda a população universitária (leia-se, professores, alunos e restante pessoal). Escusado será dizer que a rapariga foi apelidada de tudo e mais alguma coisa... como se fosse a única protagonista! 

Espreitar pelo buraco da fechadura está fora de moda, definitivamente! Agora há que arranjar subterfúgios e modos modernos de dar a conhecer ao mundo privacidades alheias, quem sabe se perpetrando alguma vingança por questiúnculas anteriores, ou se apenas por aquela inveja típica de quem leva uma vidinha monótona e sem graça.

Resumindo: face à permissividade generalizada das leis atuais por comportamentos deste tipo - que só contribuem para infernizar a vida dos outros - estes TRASTES ainda se ficam a rir! Pelo menos cá, porque espero bem que os gays da prisão onde Ravi vai cumprir os 30 dias de pena bulam com ele o "suficiente" para lhe servir de lição...

(Obrigada, Vi!)
Imagem da net.

terça-feira, 22 de maio de 2012

COLINA DO SOL


Quando casei fui viver para a Colina do Sol! O que assim à partida soa lindamente, mas na realidade era uma urbanização da Amadora, na freguesia da Brandoa, que posteriormente (e até hoje) passou a ser conhecida como Alfornelos. A casa não era nova, mas relativamente recente e com boas áreas, apesar de ser apenas um T2 (mas alguém precisa de mais, no início de uma vida em comum?). Num 9º e último andar, o primeiro problema que topámos é que sol... batia lá pouco! Com todas as janelas viradas para as "traseiras", ainda usufruía de uma esplendorosa vista para um bairro clandestino, onde as barracas alastravam  diariamente... como cogumelos!

A vizinhança, já se sabe, era um baú de surpresas: havia gente de todas as idades, tamanhos, credos, escolaridade, profissões, cores e feitios, para além de um grau de civismo muito variável. Por coincidência, uma grande amiga nossa também morava lá e sempre nos ia fornecendo umas pistas sobre as particularidades de cada vizinho, embora mantivéssemos com todos a cordialidade do "bom dia!" (ou tarde ou noite, consoante a hora do encontro casual).

Portanto, a cegada era mais notória a nível de reuniões de condóminos: ninguém queria ser administrador do condomínio, mas também ninguém queria pagar administrações profissionais, de modo que voluntária ou involuntariamente eram "eleitos" dois por ano. A primeira decorreu sem percalços de maior e aí tive a ideia (parva!) que o melhor era despachar logo a nossa prestação, a que não foi alheia a noção de que alguns problemas do prédio precisavam de soluções urgentes, aparentemente negligenciados. Na segunda, os administradores defenderam-se das duras críticas, explicando que após conversarem com um dos anteriores, descobriram que o saldo bancário já não existia  - o outro tinha largado a mulher e o filho e, de caminho, levado a "continha"  no bolso... Duas ou três horas depois, discussões acabadas e tudo decidido, chega a tal criatura abandonada pelo companheiro, completamente bêbada, mas toda aperaltada no alto dos seus saltos agulha, e toca de vociferar com todos, que tinham decidido sem a presença dela, mas que ela era jurista, que nos esmagava a todos debaixo do seu sapato! (poupo-vos ao "retrato" de uma gaja completamente grogue, a tentar demonstrar com o salto agulha como realizaria a operação...)

O outro candidato à nova administração era um recém-reformado, picuinhas até mais não, que obviamente não queria cá conversas comigo: mulher não percebe dessas coisas! Telefonava ou batia à porta, se o maridão não estava, voltava a outra hora. Confesso que não nutria nenhuma simpatia por ele - sempre detestei gajos machistas! Certo é que conseguiu pôr as contas todas em ordem, que não se inibia nada de andar atrás dos vizinhos, para pagar a prestação ou por qualquer outra razão. Mas havia quem o odiasse, quem se encarregasse de gamar sistematicamente todas as lâmpadas dos elevadores - que "circulavam" permanentemente às escuras - e quem brindasse a sua caixa de correio com "recheio" de iogurtes azedos ou ovos podres.

A nossa participação foi bastante mais apagada! Mesmo assim, numa manhã de sábado em que estávamos apressados e de saída para mais um casório, toca a campainha e era uma vizinha chorosa - o "esposo" tinha saído de casa de pistola em punho, para matar um outro não-sei-porquê, pretendia que o fôssemos acalmar! Quoi?!? O fulano era conhecido por estes "impulsos" rocambolescos, adorava exibir o seu "pistolão" frente à cara de quem o irritava, o que já sabíamos de antemão. O maridão, mais paciente, ainda a tentar sossegar a mulher e eu já a pegar na pochette: "está a ver que estamos de saída?". Claro que não matou ninguém, mas também foi a nossa última oportunidade de protagonizarmos um filme desta categoria...

Apesar destas e doutras circunstâncias, fui muito feliz na Colina do Sol! Agora não me digam que não sei o que é "peixeirada" na vizinhança, OK?

Imagem da net, de Fagal.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

O TEU ROSTO SERÁ O ÚLTIMO

Ao ler o rasgado elogio que a Teresa Dias teceu a este livro, fiquei curiosa. E com vontade de dar uma espreitadela. Comprei-o na Feira do Livro, no intuito de o oferecer a uma amiga, mas comecei a folheá-lo e a gostar do que lia, de modo que as 207 páginas "voaram"...

O romance começa no dia 25 de abril de 1974, com a fatídica morte do Celestino lá "naquela pequena  aldeia com nome de mamífero, encalacrada num sopé da Serra da Gardunha", que acaba por ser a notícia que mais emociona a população local. O tempo, indefinido, desenrola-se algures entre a I Grande Guerra Mundial e a queda do muro de Berlim ou, provavelmente, até bastante depois disso. O espaço intemporal vagueia da aldeia para Queluz, para Angola, passando por várias outras cidades do mundo, nomeadamente.um museu de Viena e um hotel de Buenos Aires.

Duarte é neto do médico Augusto Mendes - que um dia acreditou que o seu futuro estava naquela pequena aldeia, comprando a casa de família que o seu ex-colega Policarpo herdara, quando este se prepara para abandonar o país, desiludido - e tem um dom para a música como poucos, interpretando ao piano Beethoven e Bach, embora nutra uma especial embirração por Mozart. As cartas que ao longo de quarenta anos o avô troca com Policarpo, que lhe vão dando notícias do mundo além fronteiras, as imaginariamente sangrentas comissões em Angola que o pai nunca lhe revelou, a orfandade muda da sua mãe, o professor de piano fascinado pelo seu talento e por um quadro de Bruegel, vão moldando a sua personalidade. Uma noite, sonha que incendiou a sua vasta coleção de partituras...

A História contemporânea delineada pela memória de quem a viveu (mesmo que meio alheada da realidade ou por interposta pessoa), transforma-se quase sempre numa agradável leitura. Como é o caso! 

João Ricardo Pedro, por favor, continua a escrever!

Citações (para não repetir as da Teresa Dias):

"Falarem-lhe de alemães ou de homens com trinta cabeças ia a dar no mesmo. Pisar a Lua era tão irreal como receber a visita dos doze apóstolos num domingo de Páscoa."

"[...] E, se era certo que cada nova carta de Policarpo era recebida com sincero entusiasmo, assim que terminava a sua leitura, os olhos revestiam-se-lhe de uma indisfarçável nostalgia. Talvez porque lhe relembrassem a sua condição de exilado. Mais: talvez porque lhe relembrassem as razões desse mesmo exílio."

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Curiosamente, fiquei com a sensação que aquela tirada patética (para não dizer pior!) de PPC sobre "o desemprego poder ser uma oportunidade para mudar de vida" tinha a ver com o prémio LeYa 2011, que João Ricardo Pedro ganhou. Contudo, não deixa de ser patética, porque tal como uma árvore não faz a floresta, não é um  desempregado (dois, três, dezassete, trinta e oito ou cinquenta e nove!) - engenheiro e com gosto pela escrita e leitura - que pode servir de exemplo a cerca de 1 milhão de portugueses na mesma situação...

domingo, 20 de maio de 2012

QUASE COMO O WALLY...

Li num livro uma descrição tão pormenorizada deste quadro, que o procurei na net até encontrar. Claro que sabia o nome do pintor, mas encontrar a mulher de muletas, sem uma perna e de barrete (ou touca) azul demorou mais tempo...

Sobre o livro segue post, amanhã ou depois, mas para já fica o desafio:

1. Quem pintou o quadro?
Pieter Bruegel, o "Velho", e intitula-se "Le Combat de Carnaval et le Careme"/"The Fight Between Carnival and Lent", o que traduzido significará qualquer coisa como "O Combate entre o Carnaval e a Quaresma"

2. Encontraram a mulher de muletas, sem uma perna e de barrete (ou touca) azul? 
Quase no centro do quadro, um pouco mais para a esquerda.

3. Sabem de que livro se trata? (dica: de um muito recente autor português)
"O Teu Rosto Será o Último", de João Ricardo Pedro, prémio LeYa 2011.

Aceitam-se todas as pesquisas e "batotas", até porque não pretendo ir mais além do de um mero passatempo. Para os menos apressadinhos, está claro, não para os imitadores do sempre atrasado coelho... (o da Alice naquele maravilhoso país, nada de confusões!)


Adenda a 21 de maio de 2012: tudo o que está escrito a castanho.

Imagem da net.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

BREJEIRICES... NO FB!

OK, Carlos Ruas publica estas tirinhas no seu blogue "Um Sábado Qualquer", que já conheço há bastante tempo (ali enfileirado nos "espreitados"), mas que não visito com tanta frequência assim, porque já se sabe que ele rareia. O tempo, não as tirinhas! O que é uma chatice, dado que umas boas gargalhadas são sempre bem-vindas! De qualquer das formas, garanto que encontrei a imagem no facebook, possivelmente partilhada por algum dos seus múltiplos fãs.

Desta e das seguintes não faço a menor ideia de quem são os respetivos autores, mas se alguém souber agradeço que me elucidem, que terei todo o prazer em identificar quem me faz rir ou sorrir...

Oh, oh, isto é que é frontalidade!

Esta ainda vai pagar pela língua...

Sempre as mesmas desgraçadas!

Assim uma espécie de kamasutra... à japonês!

Oops, ca ganda susto!

Terminada esta vigorosa rigorosa seleção, vou ali esconder-me num cantinho envergonhada, não vá alguém vociferar prái que este blogue é uma badalhoquice pegada... atrevendo-me apenas a sussurrar:

DIVIRTAM-SE!

É necessário repetir que as imagens são do facebook? Não, pois não?!

quinta-feira, 17 de maio de 2012

MERCEEIROS

O senhor Vaz era um homem baixo e magro de bigode farfalhudo e grisalho, certamente já entradote na faixa dos "enta", que era dono da mercearia de bairro onde quase toda a vizinhança da rua se abastecia. A mulher, que o auxiliava no atendimento ao balcão, parecia ter o dobro do seu tamanho - mais alta e forte, para não dizer cheiinha de abundantes carnes - e dominava o espaço, já de si acanhado. A loja tinha um cheiro indefinível, numa mistura de desagradáveis odores a bacalhau seco e queijos de várias origens, "açucarados" pelo da fruta variada.

Era homem que tinha vindo das beiras em novo e por cá fizera vida, tendo um jeito especial para vendedor, adulando a clientela enquanto pesava a farinha, o açúcar ou o feijão depostos nuns cartuchos cinzentos de papelão, que equilibrava na balança à medida do pedido da freguesa, sem esquecer de chamar a atenção para outras especialidades à venda ou de oferecer uns rebuçadinhos aos putos, quando a compra era avultada. Para as entregas ao domicílio (que já as havia, especialmente porque a maioria dos prédios daquela rua não tinha elevadores) tinha um muito jovem marçano oriundo lá da terra, que passava a vida a alancar com grandes cestos de vime ao lombo. Em tempos áureos até chegou a ter dois, um porque dentro em breve seria chamado para a tropa (e guerra do ultramar) e o rapazola que o iria substituir. Viviam em casa do senhor Vaz e da mulher, algures para Sete-Rios, constava até que no dia do tremor de terra de 1969 tinham saído todos desalvorados para a rua, em pelota! O que motivou inúmeras galhofadas durante uns tempos...

Outra circunstância que se conhecia, era o ódio visceral e mútuo que o senhor Vaz nutria pelo senhor Emílio, o proprietário da mercearia mais próxima, espaçosa e próspera da zona, que não se coibia nada de fazer graçolas em relação ao concorrente das 'berças'. Ambos autênticos produtos da época e de uma Lisboa de outros eras, em que prevalecia o espírito da aldeia, tão magistralmente caricaturado por Camacho Costa, nos "Malucos do Riso".

A rivalidade entre um e outro não valeu de muito, porque o primeiro supermercado da zona instalou-se bem no meio dos dois, com preços mais baixos e maior variedade de produtos, e ambos começaram a perder a clientela habitual. Curioso é que tanta coisa mudou - e para melhor - mas a mentalidade dos merceeiros... nem por isso!

Imagem da net.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

A MELHOR MPB

Em 2009, e em jeito de comemoração do seu aniversário, a revista "Rolling Stone Brasil" resolveu eleger as 100 melhores músicas populares brasileiras de sempre, o que é sempre tarefa ingrata! Com que critérios se estabelece um top desses? Votação do público, de críticos, dos redatores ou de familiares e amigos mais à mão? E, já agora, se hoje respondêssemos a um inquérito desses, daqui a três meses (para não dizer amanhã ou depois) seria exatamente igual? Não creio!

A "vencedora" dessa eleição foi esta música de Chico Buarque (que adoro, mas esta não é certamente a minha preferida, embora me pareça igualmente difícil escolher uma, na sua vasta obra musical):


"Águas de Março", de Elis Regina, e "Carinhoso", de Pixinguinha, obtiveram o segundo e terceiro lugar neste top, que podem verificar completo aqui, já que não encontrei o link da revista.

Este tipo de eleição ou votação é curioso, mas não para ser levado demasiado a sério.  Além dos gostos pessoais serem diversificados, nunca se sabe ao certo se não existiram outras motivações ou influências a gerir os resultados. Dou um exemplo: aqui há muitos anos e em Portugal, naquelas eleições de top+ semanais, os dados de vendas seguiam das editoras discográficas para uma empresa de informática e os funcionários desta tinham como missão introduzi-los no computador; então, constou que os ditos operadores embirravam com um cantor popular qualquer que estava na berra, que consideravam saloio, e toca de lhe dar duas entradas diferentes...

Se me perguntassem quem era o meu intérprete preferido de MPB, sem dúvida que responderia Maria Bethânia. Chico, Caetano, Gal, Elis, João e Rita também constariam dos favoritos. Mas esses gostos acabam por ser geracionais, a anterior geração vibrava mais com Roberto, a atual com Vanessa, Maria Rita ou Maria Gadú, por exemplo. Mas pronto, fica a pergunta, para quem gostar de MPB: quem é o vosso artista preferido? E, se se conseguirem decidir, qual a música dele/a que mais vos encanta?

Imagem da net.

terça-feira, 15 de maio de 2012

ESPERANÇA


Fotografia de Ian Britton

Tantos anos vividos na demanda de um “príncipe encantado”, para chegar à conclusão que afinal tal personagem não existia? Eram apenas rapazes e homens de carne e osso, com as suas qualidades e defeitos, como ela própria, muito longe de qualquer magia ou fidalguia...

No dia e hora em que percebeu que esses heróis estavam reservados para os contos de fadas, sentiu-se livre! Esqueceu deceções, ciúmes, mentiras, deslealdades e traições, passou a viver a vida como cada momento fosse o último. Talvez a inesperada morte do pai e a da avó, poucos meses depois, tivessem contribuído para esse modo de estar. Certo é que as noites eram tão longas quanto os dias, em danças, contradanças e copanadas, até o sol raiar! O cometa Halley teve influência nesse comportamento estranhamente desvairado? Ainda está por apurar, mas loucura era, de certeza!

A irmã e a maior parte dos amigos mais antigos casaram, alguns tiveram filhos, ainda os encontrava de vez em quando. Já não tinham a mesma pedalada para as noitadas, nem as conversas sobre fraldas e afins lhe interessavam por aí além, mas gostava de os rever, embora já a considerassem como a “solteirona” de serviço...

Os convites para casamentos não faltavam e, no de uma dessas amigas de longa data, ali para os lados de Azeitão, reencontrou quase todos. A cerimónia religiosa (em que o padre proibiu os noivos de se beijarem no final, porque “na minha Igreja, não!”) e o copo d'água que se seguiu proporcionaram-lhe momentos de agradável convívio. Até que a páginas tantas, um ex-namorado (já casado) a arrastou pela sala, para ir passar a mão na careca de um tio da noiva que, segundo rezava a lenda, era prodigiosa para arranjar casamento rapidamente. Recusou, mas o tio garantia que sim, que resultava e não se importava nada, e incentivada por outros amigos em redor, lá fez o papelão mais humilhante da sua vida. (perdoou tudo a esse ex, menos essa humilhação!)

O cometa já tinha desaparecido do horizonte, as noites já não eram tão longas e também serviam para dormir, o trabalho obrigava a esse descanso. As férias eram passadas em Caminha, num pequeno apartamento familiar. Nesse mesmo ano, em que decidira cultivar mais a amizade do que qualquer perspetiva amorosa, rumou ao norte conjuntamente com outra amiga solteira. Nem se lembram como, mas tiveram conhecimento de uma tradição local, em que bastava pôr uma velinha numa capela específica, para o casório estar à vista. Riram e gostaram da ideia: mal não fazia, de certeza! E lá foram as duas depositar uma velinha nesse altar, apesar da fé diminuta...

E não é que resultou... para ambas?

"Esperança" é o terceiro tema da blogagem coletiva da série "Amor aos Pedaços", numa iniciativa conjunta dos blogues da Luma Rosa, da Rute e da Rosélia.

domingo, 13 de maio de 2012

A SUL DA FRONTEIRA, A OESTE DO SOL

Apesar do título deste livro conter o de um tema musical de Nat King Cole -"South of the Border" (que não encontrei no YouTube, interpretado por ele) - entendo que a sua temática se prende mais com este "Star-Crossed Lovers", que Duke Ellington e Billy Strayhorn compuseram em 1957, que também é mencionado nas suas páginas, como uma das melodias preferidas do narrador/personagem. E que, segundo ele, significa "amantes nascidos sob uma má estrela". Fica, para quem quiser ouvir um jazz pianinho, enquanto lê o post:


À partida, há alguns pontos de contacto entre Haruki Murakami e Hajime (o dito narrador/personagem), mas nada que nos leve a crer que o livro seja autobiográfico, como já li por aí. De qualquer modo, confesso desde já que é apenas o segundo livro que leio do escritor e que o meu conhecimento sobre a sua vida se cinge à wiki....

Hajime nasce "na primeira semana, do primeiro mês, da segunda metade do século XX" (ou seja, a 4 de janeiro de 1951), daí o seu nome significar "princípio". Filho único, numa época em que era pouco vulgar, só encontrou uma rapariga, Shimamoto, que durante os primeiros seis anos escolares partilhava o mesmo estatuto: "Tornámo-nos bons amigos e falávamos de tudo e mais alguma coisa. Entendíamo-nos às mil maravilhas. Podia até dizer-se que estava apaixonado por ela." Longas horas a ouvir os mesmos discos na aparelhagem do pai dela, a discutir livros ou assuntos diários, colmatavam a timidez e a sensação de solidão que ambos sentiam. Contudo, aos 12 anos, o pai de Hajime é transferido para outra cidade e a família vai com ele. E o contacto perde-se!

O jovem Hajime tem uma nova escola e novos colegas, quando encontra a simpática Izumi, com quem mantém o primeiro namoro, que não passa de umas carícias mais íntimas, embora ele, como todos os adolescentes daquela idade, deseje sexo. A traição acontece e Izumi não lhe perdoa, mas entretanto ele segue os estudos universitários e muda-se para Tóquio. O curso não o entusiasma por aí além, o primeiro emprego onde permanece durante 8 anos é completamente entediante, Hajime continua solitário, rodeando-se de música e de livros. Porém, um dia conhece Yukiko, com quem acaba por casar e ter duas filhas. O sogro incentiva-o a iniciar um negócio próprio e ele abre um bar de jazz e depois outro. O sucesso dos bares desperta o interesse de uma revista cor-de-rosa e ele é entrevistado. Muitos antigos amigos e colegas vão visitá-lo a "Robin's Nest", até que um dia Shimamoto se senta ao balcão...

Não me restam dúvidas que, ao ler este livro, cada leitor vai ter uma interpretação diferente. Algumas até fantásticas ou fantasmagóricas. Mas uma coisa fica clara: apesar da época e da cultura diferente, os sentimentos e as emoções de crianças e adolescentes não divergem assim tanto cá ou naquele canto do planeta. E mesmo em adultos, não sei, não... ADOREI! 

Citações:

"As pessoas vêm aqui para tomar uma bebida, ouvir música, trocam dois dedos de conversa e depois regressam a casa. Tudo pessoas dispostas a gastar o seu dinheiro para se deslocarem até aqui só para beber um copo - e sabes porquê? Porque toda a gente, em maior ou menor grau, anda em busca da mesma coisa: um lugar imaginário, o seu próprio castelo no ar, um lugar que lhes garanta uma atmosfera de sonho e fantasia."

"Há muitas maneiras de viver. Há muitas maneiras de morrer. Isso, porém, não tem qualquer importância. No fim, fica apenas o deserto. Só o deserto permanece verdadeiramente vivo."

"Chegara à conclusão de que o trabalho não passava de uma obrigação mecânica e entediante e que a única coisa a fazer era desfrutar ao máximo da vida empregando o tempo livre da melhor forma possível."

xxxxxxx

Desta vez, não houve unanimidade no Clube de Leitura, a não ser em relação à escrita do autor, que se lê muito bem. Desde adorar (como eu e outra participante), até ao bom, assim-assim, considerar o final "a despachar" ou "quase um romance de cordel", não faltaram opiniões diversificadas...

A próxima sessão ficou agendada para dia 7 de julho, com "O Retorno", de Dulce Maria Cardoso

sexta-feira, 11 de maio de 2012

MAFALDINHA NO FB

Ah, pois é, a Mafaldinha também faz a sua aparição no facebook, com todas as suas dúvidas existenciais acerca do mundo que a rodeia, pela mão (ou deveria dizer teclado?) dos muitos fãs de Quino.

Sempre direta e sincera, mas sem obter as respostas que procura...

... ou ouvindo apenas a explicação rápida (e eficaz?!?) do seu amigo Filipinho, que não está nada virado para resolver problemas de nível mundial. Tem razão! É apenas uma criança, mais tarde terá muuuuuito tempo para se preocupar com o assunto. De qualquer forma, ela alerta:

Para já, só estou a pensar que vos desejo a todos um...

EXCELENTE FIM DE SEMANA PRIMAVERIL!!!

Imagens do facebook, segundo Quino.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

OS SNOBS DO COSTUME...


Imagem de Ian Britton
(alvorecer, em Praga)

Por muito que se pretenda disfarçar, a blogosfera não deixa de refletir a personalidade dos seus escrevinhadores que, tal como no mundo real, não se cinge ao preto no branco: há malta com feitio para tudo, incluindo o de atazanar a vida dos outros!

Se, à primeira vista, não simpatizamos com os temas ou opiniões aflorados num blogue, não voltamos lá, certo? Hummm... acaba por não ser exatamente assim, até porque a tendência é a de visitar quem nos comenta ou os amigos que fomos fazendo por aqui. Uma discordância ou outra acontece inevitavelmente, por vezes até "discussões" mais renhidas, porque não pensamos todos da mesma maneira, nem temos os mesmos gostos. Felizmente...

Portanto, confesso ter um certo horror a gente "iluminada", arrogante ou moralista, cujo intuito blogosferante parece ser o de influenciar ou de subordinar todos os outros às suas pouco humildes opiniões. OK, cada um faz o que bem entender no seu canto, nada contra! Mas "policiar" os alheios, porque não estão conformes com o que consideram correto, pela forma ou conteúdo, arvorando-se de maior cultura ou "experiência de vida" (leia-se, idade)? Epá, não há pachorra!

Já há vários anos que deixei de ter aqui a hora dos comentários, à conta de uma sujeita que me enxofrou, por ter feito um tardio, num post alheio igualmente tardio. Pergunto eu: apita alguma buzina no ouvido do bloguista, quando entra um comentário na caixa, que o acorde sobressaltado e o faça sair da cama num pinote, para responder? A duração e o horário do merecido descanso está longe de ser igual para todos...

Também é um facto que me estou nas tintas para pipocas e afins, mas se estão felizes e contentes, o que é que tenho a  criticar? Pior, muito pior até, parecem-me os tais críticos "iluminados" (será inveja?)! Certa vez, uma delas escreveu uma barbaridade deste calibre (mais coisa, menos coisa): "Há uma gentinha que coloca fotografias maravilhosas de um pôr-do-sol paradisíaco, de um local onde nunca porá os pés, para depois debitar para lá uns poemas manhosos ou umas lamechices." E então, o que é que a fulana tinha  a ver com isso? 

Last but not least, nunca visitei Praga, nem tenciono visitar em breve, mas gostei da fotografia. Cruxifiquem-me!

quarta-feira, 9 de maio de 2012

AS NOSSAS PRAIAS

Está a decorrer o concurso "7 Maravilhas - Praias de Portugal", para eleger as melhores do país, segundo 7 categorias de praias: de rios (não exclusivamente fluviais, podem ser num estuário), de albufeiras e lagoas, urbanas, de arribas, de dunas, selvagens e de uso desportivo. Das pré-selecionadas 70, já apenas estão a concurso 21. 3 por categoria, portanto!

Bom, nenhuma delas se incluirá nas "praias da minha vida" e nos critérios de seleção parece que não consta o item de temperatura média da água. Essencial, para quem prefere não congelar ao primeiro mergulho! Mas aí a comparação também seria injusta, para todas as que não se encontram no litoral algarvio...

A votação, via net, já  está em curso e poderá ser efetuada até 7 de setembro - os resultados serão anunciados no dia seguinte, na RTP.

E agora, em que praias vamos votar? Venham daí as vossas sugestões... (mesmo tendo em conta que raramente conhecemos todas) 

A fotografia é da praia de Arrifes, que conheço como a palma das mãos (... e da planta dos pés, que esfolei lá muitas vezes, nas rochas!), e não participa  no concurso, obviamente!

terça-feira, 8 de maio de 2012

EMOÇÕES MUSICAIS?

A última vez que vi um gira-discos a funcionar senti uma forte comoção. A música em si não me lembro qual era, sei que dos Beatles! Dos quais não fui fã quando apareceram - só alguns anos mais tarde e até hoje - mas também recordo que foi dos primeiros discos que recebi de presente, embora na canção muito pouco inspirada (e provavelmente uma das piores) Obladi-obladá.

Bom, mas se me comovi com o aparelhómetro, tal não costuma acontecer com a música. Apesar de ouvido duro, adoro música! Na maior parte das vezes não conheço cantores, compositores, intérpretes, grupos ou orquestras, ainda menos os títulos ou álbuns em que foram inseridos em vinil, CD ou DVD. Salvo raríssimas exceções, muitas das quais já publiquei aqui, quase todas do tempo da "maria cachucha" (nem me interessa nada se se escreve caxuxa, o corretor diz que não)!

Entretanto, um dia destes (ou seja, uma noite destas!) um amigo facebookiano resolveu perguntar quais eram as músicas que nos faziam chorar (?) e decidiu explicitar quais eram as dele - barulhentas q.b., porque ali era um baixo que tocava, que aqueloutra só podia ser ouvida de auscultadores XPTO e mais não sei o quê. Fartei-me de rir e de ser insultada, quando comentei que só me lembrava de ter chorado no "Edelweiss", no filme "Música no Coração", quando era miúda... De campónia para baixo, mas não vou esclarecer os restantes epítetos...

Dito isto, fiquei a matutar que as "músicas da minha vida" me fazem lembrar essencialmente momentos e pessoas, que oiço com prazer (e, por vezes, com uma certa nostalgia!), nunca à conta de um baixo, alto, comprido ou curto, ainda menos pela tal aparelhagem topo de gama onde se ouve a melodia na perfeição.

Salvo erro, nesse primeiro EP oferecido nos meus 8/9 anos de idade, também constava esta faixa dos Beatles, de que gosto muito mais do que do tema principal:


Mas fiquei curiosa: há muita gente a chorar ou a emocionar-se com as suas canções prediletas? Com quais, sem pretender ser indiscreta?

Imagem da net.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

2º E 3º ROUND!

Na Feira do Livro de Lisboa, está claro! Sábado era só para reencontrar a minha amiga Tons de Azul, que veio de propósito do Algarve para o evento, e, de caminho, comprar o livro que a minha mãe me tinha pedido e que mentalmente anotei como presentinho para o Dia da Mãe. 

Magotes de gente em fila de espera por um autógrafo de José Luís Peixoto ou Mia Couto (entre outros que nem vislumbrei, atrás daquela onda humana), a menina algarvia foi dar a sua volta pelos stands e eu ia só passar para abraçar a Alice Vieira, antes de voltar a casa. Mas palavra puxa palavra, com ela e outras amigas, fui ficando até ao entardecer...

Day after - depois de um magnífico almoço de favas com chouriço a comemorar o dia da Mãe, em família - lá rumei novamente para a Feira, para o que se supunha ser a apresentação do mais recente livro do Rafeiro Perfumado. Afinal, o "cartaz" era este:

Só coincidia o dia, porque de resto nem a hora marcada, nem a inexistente apresentação (decisão bizantina, à conta da crise?). Mas as expetativas não foram totalmente goradas, uma vez que o autor esteve lá a autografar até esgotar o stock, além da presença e dos "dois dedos de conversa" que se trocaram com outros bloguistas, nomeadamente Fatifer, Gata Verde, Vício e Cleo. É sempre um prazer rever "velhos" amigos virtuais (e não só)!

Este 3º round ainda deu para fotografar estes senhores em amena cavaqueira (não disse já que a Alice Vieira está lá sempre?), voltar à sessão de autógrafos anterior em fim de stock e para o aplauso final, quando o último exemplar foi comprado e devidamente autografado.

Ah, e agora dizem vocês: "quem corre por gosto não cansa." Mentira! Estou aqui com os meus pezinhos que nem posso, mas muito feliz por todos estes sucessos e (re)encontros...

sexta-feira, 4 de maio de 2012

PARA OS MAIS DISTRAÍDOS...

...  a apresentação do livro "Agarrem-me ou dou cabo desses palhacitos!", do (nosso) amigo Rafeiro Perfumado é já no próximo domingo, 6 de maio, no stand da Bizâncio da Feira do Livro de Lisboa, pelas 16 horas e 32 minutos.

A sessão é aguardada com grande expetativa por uma imensidão de bloguistas ansiosos e sedentos deste terceiro volume de crónicas humorísticas e bem humoradas, a que o autor já nos habituou nos anteriores, pelo que se prevê uma verdadeira enchente, não só no espaço como na própria feira!

Avisam-se ainda os menos acostumados a estas lides que o livro será vendido a um preço módico, mas sem descontos de 50%, pelo que não valerá a pena açambarcar os exemplares das estantes, andar à chapada por uma cadeira ou para ser o primeiro da fila a levar o autógrafo...

Resumindo: lá estarei para assistir e aplaudir este grandioso evento cultural (OK, talvez seja um bocadinho de exagero!), comprar o livro, enfileirar na fila de autógrafos e pespegar duas beijocas nas barbas do Rafeiro! (já vos disse que escritor sofre, na Feiro do Livro?) E (re)encontrar velhos e novos amigos virtuais (e não só!), evidentemente!

Incerto, ainda, será o duche grátis, por obra e graça do São Pedro! Mas já viram a poupança, nos tempos que correm?!? 

FELIZ FIM DE SEMANA PARA TODOS!

Imagem do facebook, via Rauf, está claro!

quinta-feira, 3 de maio de 2012

LADRÃO DE CADÁVERES

Comecei a ler este livro cheia de gás, mas a verdade é que a vontade foi esmorecendo à medida que as páginas iam avançando. 202, para ser mais exata! A primeira razão, é que nesta série que a Quetzal designou "língua comum" prevalece o "brasileirês", tanto devido à escritora ser brasileira e usar palavras que praticamente só ouvimos em telenovelas, como porque nem houve o cuidado de alterar aquilo em que a língua portuguesa ainda difere ("rolimã", "gênero", "ducha", "dezesseis", "quilômetro" "fusca", entre tantas outras!), após acordo ortográfico. Aliado a isto, o desconhecimento do léxico não comum, se bem que não perturbe a compreensão, atrasa o ritmo de leitura.

Mal "resolvida esta parada", o próprio narrador e protagonista tem tendência a meter-se em "encrencas" umas atrás das outras: gerente de telemarketing numa central de São Paulo, vive um dia a dia alucinado e stressante, até que se descontrola e "estapeia" uma funcionária inexperiente, vindo esta a suicidar-se pouco depois, o que determina a perda do seu emprego; vale-lhe um primo, que lhe dá guarida na sua casa de Corumbá, onde ele se enrola com a companheira deste, apesar de namorar a "policial" Sulamita; desempregado, uma tarde está a pescar no rio Paraguai quando vê um avião cair e corre em auxílio do piloto, que acaba por falecer; dentro do avião encontra uma mochila com um pacote de cocaína e aí adeus boas intenções, toca de marchar dali para fora, levando consigo a preciosa carga... 

Como bola de neve a rolar encosta abaixo, a ambição, a ganância, a traição e a deslealdade agigantam-se num rol de mentiras infindável, até chegarmos à conclusão mais elementar - o fulano é um autêntico "cafageste", sem pingo de ética, moral ou humanidade.

Em suma, Patrícia Melo não me seduziu com este policial (?!?) e muito menos o acho aconselhável a quem ainda tem pruridos sobre o AO - a editora poupou em qualquer tipo de revisão! O que me leva a pensar que, se por um lado é uma poupança para as editoras, por outro pode ter o efeito de se começar a evitar ler autores de outras nacionalidades de língua oficial portuguesa: corremos o risco de não perceber patavina!


Citações:

"Durante muito tempo, acreditei que a maldade era um aprendizado lento. Naqueles dias, compreendi finalmente que é a bondade que se aprende com dificuldade, com exercícios diários, que as pessoas, por vezes, chamam de Deus ou de Buda, dependendo de suas crenças. A maldade, essa, já nascemos com ela inoculada dentro de nós, como um vírus inativo, que apenas espera o momento de aflorar."

"A verdade é que os mortos precisam de morrer de verdade.  Precisam de ser colocados no caixão e enterrados. Ou incinerados.  Você tem de estar lá quando jogarem a última pá de areia."

quarta-feira, 2 de maio de 2012

PRIMEIRO ROUND!

Fim de tarde, na Feira do Livro! Muito bom para retemperar irritações, com as notícias que nos chegavam de confusões com campanhas de promoções, que nos retiraram ilusões... Adiante!

Certeza, apenas a de encontrar este escritor, que tinha sessão de autógrafos programada:

Joaquim Almeida Lima não é muito conhecido - publicou recentemente o seu terceiro romance - mas estou convencida que vai ser. Ou, pelo menos, gostei tanto do único livro que li dele, que aproveitei para comprar o anterior e o último. Simpático, prestou-se a este retrato de amadora... Até me esqueci de lhe referir que frequentámos simultaneamente o mesmo liceu, se bem que, na época, seríamos cerca de 2500 alunos repartidos por três turnos...  

Depois de um abraço a Alice Vieira (mulher incansável, está lá sempre!), que conheço de outras festas, a passear entre stands, tive a boa surpresa de encontrar este grande mestre da escrita angolana:

Ia lá deixar passar a oportunidade de lhe pedir um autógrafo? Pepetela, ao vivo e a cores? Nem a de lhe dizer pessoalmente que gostei de todos os quatro livros que li dele, que este seria o quinto. Ainda lhe pespeguei duas beijocas nas barbas! (escritor sofre, na Feira do Livro!) O entusiasmo foi tal, que após o autógrafo, já saía disparada sem pagar o livro, com ele na mão. Nem o segurança percebeu porque é que aquela geringonça estava a apitar e eu para ele: "Fui eu, fui eu!" Qué verguenza!

A pedalada foi decrescendo, o entusiasmo nem por isso, porque a perspetiva de tanta gente na Feira do Livro, num dia frio, ventoso e meio pardacento, fez esquecer outras mais inglórias...

A passeata acabou aqui, a comer uma fartura e a beber uma imperial, onde ainda vislumbrámos Simão Rubim (e não, com ele não falámos, que só o conhecemos do palco e do facebook!) e encontrámos uma amiga de longa data, em passeio com o filhote (completamente lambuzado, com uma maçã caramelizada...), em clima de alegria.

Sabiam que a Feira do Livro também serve  para (re)colocar os neurónios no sítio certo?

terça-feira, 1 de maio de 2012

MANIFESTAÇÕES... PATRONAIS!

Os hipermercados estão abertos a domingos e feriados, salvo as exceções de 25 de dezembro, 1 de janeiro e, até ao ano passado, 1º de maio, dia do trabalhador. Aí, um patrão considerou abusivo que os seus trabalhadores gozassem este último feriado (de outra maneira que não fosse a trabalhar!) e toca de o retirar do calendário de "folga". Logo outros patrões do setor lhe seguiram as pisadas, com maior precaução, mas seguindo a mesma linha. Estava bom de ver o que aconteceria este ano, não estava?

Nem vale a pena referir que os sindicatos convocaram uma greve para este feriado, para depois acusarem o patronato de impedir o direito à greve. Mas quer dizer, se a maioria dos trabalhadores está em situação precária, não podendo recusar-se a ir trabalhar num feriado, como é que declara que afinal aderiu à greve? Uns e outros armados em brincalhões... com vidas alheias!

Mais caricata ainda é a notícia que a Bulhosa Livreiros suspendeu um dos seus empregados, por se ter manifestado contra o atraso prolongado do seu salário - conjuntamente com outros colegas e na abertura da Feira do Livro de Lisboa - e ter prestado declarações à SIC. "Suspensão imediata e sem perda de retribuição", alega a Bulhosa. Mas qual retribuição, se o protesto do(s) trabalhador(es) foi devido à falta dela?!?

Melhor estarão os funcionários de uma empresa portuguesa, que não gozaram o feriado do 25 de abril, por supostamente terem concordado em fazer a "ponte" a 30.  Até podia desenhar o "boneco" do que lhes prevejo para 2013...

BOM FERIADO PARA TODOS! 
(para quem o puder usufruir, evidentemente...) 

post-scriptum - podem ler a notícia sobre a Bulhosa, no "Expresso", mas li-a pela primeira vez aqui, no blogue "Página a Página".

Imagem do facebook.