segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

UMA QUESTÃO DE CLASSE

Mais uma sessão do Clube de Leitura, desta vez com o último livro de Joanne Harris publicado em Portugal: "Uma questão de honra".

A história decorre no tradicional colégio de St. Oswald, onde um novo diretor e a sua equipa preparam mudanças que, para alguns professores da velha guarda, são demasiado radicais: admissão de raparigas, novas tecnologias, reduzir o tempo de aulas, como o Latim, e conceitos de psicologia mais modernos. Um dos professores que não está nada agradado com estes novos ventos é precisamente o velho professor de Latim, Roy Straitley, que vê a sua posição b sempre contestada por esta nova equipa, liderada por Johnny Harrington, um ex-aluno seu em 1981, com o qual embirrava particularmente, pois passava a vida a fazer queixinhas aos pais (e estes à escola). O pior é que está toda a gente fascinada pelo diretor, só Straitley parece saber ler o que lhe vai na mente mesquinha. E desconfia que não é nada de bom: "Mas as pessoas raramente mudam nos aspecto essenciais, apenas na crescente sofisticação dos seus vários disfarces."

Pessoalmente, adorei o livro, Como escrevia uma das minhas companheiras, tem uma grande reviravolta a meio com piada, o ambiente do colégio está muito bem caracterizado nas diversas fases, a personagem do velho professor  está bem caçada, as mudanças temporais exigem que se tenha alguma atenção, para não nos confundirmos. Como aconteceu com outra das nossas companheiras, que ainda não o acabou, mas diz não estar a gostar - a meio da discussão percebemos que não estava a perceber patavina do que estava a ler. Mas também quem é que se lembra de ir ler um livro destes, em simultâneo com outros dois, um deles o último da Ferrante em inglês?!? Não foi a única, outra também considerou o livro um pouco confuso. Mas pronto, no geral a malta gostou. Eu aproveitei para encomendar o livro anterior (outra história, que se passa no mesmo colégio, imagino que apenas com a personagem principal do professor), que estava em promoção na FNAC...

E sim, trata-se de uma fase muito diferente da de "Chocolate", de "Sapatos de Rebuçado" ou de "Cinco Quartos de Laranja". Aí todas concordámos! Mas se ela escrevesse sempre a mesma coisa, qual era a graça?

CITAÇÕES:
"[...] comportamentos que lhes teriam merecido uma repreensão, um castigo ou até uma régua naquele tempo, foram agora identificados como sinais de dificuldades de aprendizagem, hiperatividade, dislexia ou Deficit de Atenção (aquilo a que nós, nos velhos tempos menos compreensivos, chamávamos Falta de Atenção) todas as condições que exigem um tratamento sensível em vez de um chuto no rabo. " (pág. 51)

"Ele vê a aproximação da reforma com o entusiasmo desenfreado do capitão do Titanic quando avistou o icebergue pela primeira vez." (pág. 376)

"A história - disse - não é mais que a versão contada pelo lado que tem melhores registos. São os vencedores que escrevem os livros de história. Os vitoriosos pintam a verdade." (pág. 479)

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A próxima reunião terá lugar no dia 25  de Março, com o título "Deixei-te ir", de Clare Mackintosh.

sábado, 28 de janeiro de 2017

EFEITO APAZIGUADOR...

Há certas coisas que por vezes nos dão um um efeito apaziguador inesperado (ou não), para mim, fotografar é garantido que me acalma. Não me perguntem porquê, que não sei: é assim e pronto! Acontece que a máquina fotográfica foi a arranjar (e ainda cheia de sorte, que me queriam cobrar uma lente nova - cerca de 150 euros, metade do custo da câmara - por um arozito que perdi na tampa da lente e afinal consegui outro preço, por outra via...) e lá se foi o efeito apaziguador. Mais, encontrando a cada esquina algo que queria tanto fotografar...

Como se isso não bastasse, desde o início de Dezembro que os vizinhos de cima estão com obras daquelas que envolvem partir paredes, substituir canos, trocar cozinha e casas de banho, afagar o chão e nem sei que mais. Sei que aquelas duas alminhas, um ucraniano e um africano, não nos deixam sossegar um bocadinho o dia inteiro, desde então: entre as 9 e as 6 da tarde já sabemos que o batuque é infernal. Juro que um dia destes até julguei que era um tremor de terra, fiquei a saber posteriormente que tinham estado a serrar uma banheira(?!?). A única esperança é que cumpram o prazo previsto e no fim deste mês acabem a obra.

Enfim, facto é que tenho andado um bocado enervada, a máquina da roupa a cuspir espuma por todos os lados não ajudou nada à festa. Lá chamei o técnico, que veio ontem ao final da tarde, entretanto olhei para o meu vaso da salsa vazio e resolvi que estava na altura de a plantar novamente. E espanto dos espantos, quando o técnico apareceu, estando eu no final da tarefa ainda com as luvas e o chão da cozinha cheio de terra, estava com muito melhor disposição. Lá lhe pedi desculpa pela confusão - estava à espera dele mais tarde - e a conclusão dele foi rápida: excesso de detergente. Porquê? Porque estando esgotado o detergente que habitualmente usamos, comprámos outro. Da marca branca do Continente. Que por sinal serve para lavagem à máquina e à mão e, segundo o técnico, estes fazem muito mais espuma, logo tem de se usar uma menor quantidade. E o excesso de espuma pode introduzir-se no motor e tal... e adeus máquina! Resolveu-se a tempo, felizmente!

Certo é que vou para o fim de semana muito mais serena e bem disposta, devido ao efeito apaziguador de plantar salsa (e não só!). Espero que o vosso fim de semana seja simplesmente... 

MARAVILHOSO! 

domingo, 22 de janeiro de 2017

HARLEM 1958

Nunca poderia ter tirado esta fotografia, de autoria de Art Kane, até porque no dia e hora ainda não era nascida - 12 de Agosto de 1958, por volta das 10 da manhã. Em frente a um edifício de Harlem, Nova Iorque, retratando 57 músicos de jazz. Não tirei, mas tenho pena!

O insólito da foto não foi apenas reunir tantos músicos, mas a hora "madrugadora" em que foi captada. Tendo em conta que a maior dos músicos trabalhava em bares noite dentro até de madrugada, raramente estando "acordados" e disponíveis para o smile tão cedo. Mas parece que o fotógrafo freelancer lá os convenceu e certo é que ficou para a posteridade.

E não, as criancinhas sentadas na borda do passeio não faziam parte de nenhuma banda, eram apenas miúdos das redondezas que resolveram juntar-se ao grupo... porque sim! Consta que o fotógrafo, que já estava com dificuldade em agrupar os adultos, preferiu não fazer mais ondas...

Bom, mas se há fotografias com história, esta é uma delas, mesmo que atualmente só 2 dos 57 músicos ainda sejam vivos. Consegue aquela magia de nos transportar para um tempo que não existe mais, em que o mundo parecia mais simpático e inocente, e bastante menos perigoso. Será mera ilusão? 

Com ou sem música, tenham um...

ÓTIMO DOMINGO!

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

ABRAÇO

Tal como o autor explica nas notas finais, este livro é composto por crónicas publicadas em diversos jornais e revistas ao longo de 10 anos - entre 2001 e 2011, para ser mais precisa. 

Os temas são bastante variados, vão desde recordações de infância a uma velhice imaginada, passando por inúmeros locais, desde a terra natal de José Luís Peixoto e o Alentejo, até a muitos dos sítios por onde viajou. Aqui e ali, especialmente nessas memórias mais antigas, fez-me lembrar um Portugal há muito desaparecido, onde existiam cabines telefónicas, peixeiros, padeiros e leiteiros de porta em porta e crianças a jogar à bola nas ruas, por exemplo. Se o amor aos filhos, aos pais, à família, às mulheres da sua vida tornam alguns textos mais ternurentos e intimistas, noutros cinge-se a factos ou conversas, num intuito provavelmente mais informativo. A literatura está muito presente, o dia a dia também, a série de pensamentos que suscitam podem ser triviais ou completamente "out of the box", como dizem os ingleses.

São 655 páginas que se podem ir lendo aos poucos, já que as crónicas são naturalmente curtas e não seguem exatamente uma sequência. Gostei muito, como de tudo o que li dele até hoje!

CITAÇÕES:
"Desde que cobri o braço esquerdo com tatuagens que sei aquilo que sentem as mulheres com decotes." (pág. 333)

"Hoje, ao contrário de quase sempre, parece-me que há mais verdade no pessimismo dos velhos do que no optimismo dos adolescentes." (pág. 405)

"Às vezes, esqueço-me de que posso morrer todos os dias." (pág. 492)

domingo, 15 de janeiro de 2017

OS PRIMEIROS DO ANO!

Patos para a coleção, claro! Fazem ideia da quantidade de fotos de patos que tenho? Não?!? Nem eu! Sei que são muitas, que a mania é antiga. Muitas delas só das penas do rabo, que os  malandros não me ligam nenhuma e viram-me costas com o maior dos desplantes.

Por curiosidade, fui dar uma vista de olhos aos álbuns de fotografias do ano passado e encontrei uma boa dúzia deles. Até há um que fala holandês, imaginem:

Com ou sem patos, tenham...

UM EXCELENTE DOMINGO!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

LION - A LONGA VIAGEM PARA CASA

Baseado numa história verídica, "Lion" conta a história de um rapazinho indiano de 5 anos, Saroo, que se perde do irmão numa estação de comboio e inadvertidamente entra num comboio desactivado que o larga, muitas horas e muitos quilómetros depois, na caótica cidade de Calcutá. O percurso do menino será idêntico ao de cerca de 80 mil crianças que se perdem na Índia todos os anos. Mas Saroo, que não sabe explicar o nome da terra onde nasceu, nem sabe o nome da mãe teve sorte, e acabou por ser adoptado por um casal australiano e viveu na Tasmânia, sem grandes preocupações, até aos seus 25 anos.

Já depois do curso de gestão hoteleira acabado e de ter iniciado uma relação amorosa com Lucy, ele começa a ficar obcecado por encontrar a sua mãe biológica, que ele acredita que junto ao seu irmão Guddu o tem esperado pacientemente durante todos estes anos. Será?

(para os mais sensíveis, é aconselhável um fornecimento extra de lenços de assoar...)

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Assisti à 74ª edição dos Globos de Ouro hollywoodescos, na madrugada de dia 9, na SIC Caras. Suponho que a gala terá muito interesse para americanos, ingleses e afins, mas para os portugueses já é mais duvidoso: muitos dos filmes ainda não estrearam cá, as séries nem se sabe se algum dia serão exibidas nos nossos canais televisivos. 

Se bem que Jimmy Fallon tenha imprimido um bom ritmo à cerimónia, esta não teve grandes brilharetes: foi uma Meryl Streep muito afónica quem mais se destacou nos discursos, quando recebeu o prémio Cecil B. De Mille, apresentado por Viola Davis; a entrada com mais piada foi a de Steve Carrel e Kristen Wiig ao apresentarem o melhor filme de animação ("Zootopia"); "La La Land" foi o filme musical que varreu todos os 7 Globos para que estava nomeado, mas não é garantido que seja uma obra-prima - já se sabe do gosto que os americanos têm por estas cantorias. Estreia dia 26 deste mês, mas só vou se for arrastada, que pessoalmente detesto o género...

Mas pronto, agora é aguardar que dia 6 de Fevereiro sejam conhecidas as nomeações aos Oscars, pois é expectável que a gala de 26 de Fevereiro já não nos apanhe tão fora do circuito  cinematográfico.

Imagem de cena do filme da net.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

LEITURAS DE 2016

Em 2016 li 43 livros, mas nem todos foram boas escolhas. Descontando até aquele policialzeco que se lê porque é o que cabe melhor na mochila, quando sabemos que vamos "secar" na sala de espera do dentista - e depois, já agora, queremos ler o final - houve outras desilusões com livros até mais ou menos badalados: "A Rapariga Dinamarquesa", "As Gémeas de Gelo", "Solar", etc. e tal. Sobre eles escrevi na devida altura, não vale a pena bater mais nos "desconchavadinhos". 

Sobre outros nem me dei ao trabalho, mas aviso todos os leitores incautos que os dois policiais que li de Dick Haskins foram simplesmente para esquecer: datados e sem ponta por onde pegar, com finais completamente estapafúrdios e sem nexo. Claro que só custaram 50 cêntimos cada um, mas tenham dó!

No entanto, estou aqui para falar do melhor que li e não do pior. E neste capítulo não posso deixar de referir a tetralogia de Elena Ferrante:

Na verdade, aqui só dei a minha opinião sobre o primeiro volume "A Amiga Genial", até  porque não consegui encontrar um modo de falar dos restantes sem revelar demasiado sobre o desenvolvimento dos diversos enredos (em causa estão várias famílias ao longo de cerca de seis décadas), o que eventualmente desinteressaria futuros leitores. Não é pior que bater na avó, mas anda lá perto... No geral posso dizer que foi das melhores leituras do ano, mas por vezes tive de parar a leitura, para retomar o fôlego da emoção e da intensidade dramática que transborda. Aqui e ali também uma conversa mais chatóide sobre política italiana (quase sempre), mas que não tira o mérito e o interesse ao restante conteúdo. Sei é que é uma leitura séria, mesmo com vontade de ler o volume final deixei-o para depois de férias, pois não combinaria com a descontração desejada para as mesmas. Ah, e claro, não sei ao certo se devo classificar a tetralogia de romance ou biografia, na volta é um híbrido...

Se me perguntarem qual foi o romance que mais gostei em 2016, não tenho dúvida em responder que foi "A Peregrinação do Rapaz sem Cor", de Haruki Murakami. Logo seguido de "Amores Secretos" de Kate Morton - que deve ter sido a autora que mais li este ano, a par de Mary Higgins Clark - e de "A Decisão Final do Major Pettigrew", de Helen Simonson. Todos muito diferentes, o primeiro atual a abordar um dos nossos piores medos - o da exclusão - o segundo um romance que entrelaça o presente e segredos do passado, o terceiro já mais leve, até com laivos de comicidade, sobre o amor na terceira idade.

Como policial, "O Domador de Leões", de Camilla Läckberg levaria a taça, se taças houvesse a distribuir, seguido de perto por Jo Nesbo e o seu fenomenal "O Fantasma", cuja continuação (?!?) saiu agora em Novembro e já estou "em pulgas" para ler...

Em 2016 só li três livros lusófonos, dois do Jô Soares - que são mais uma paródia do que outra coisa - e com os quais me diverti enormemente e este de João Pinto Coelho, o qual foi uma surpresa de que gostei bastante, à exceção de um segmento final. Portanto, "Perguntem a Sarah Gross" faz parte deste "ramalhete", digamos assim.

Resumindo: se decisões de início de 2017 houvesse aqui para estas bandas, não seria ler mais, mas ler melhor!

Agora quero ver aí o feedback desse lado e saber qual foi o livro ou livros que cada um de vós mais gostou em 2016. E não venham com a conversa mole de ando sem vontade de ler, não me lembro do título, etc.e tal. Se não leram, não leram, se leram satisfaçam a minha curiosidade...

BOAS LEITURAS
e
BOM FIM DE SEMANA!

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

2017 JÁ CHEGOU!

Posso afirmar que 2016 foi um bom ano aqui para nós - à exceção das últimas 3 semanas com gripalhadas atrás de gripalhadas, mas isso foi igual a pelo menos metade da população portuguesa, portanto, queixarmo-nos de quê? - com a concretização de alguns sonhos antigos. O meu, o de visitar Keukenhof, o do maridão o de correr a maratona, que por acaso calhou ser a de Valência. E aproveitámos para visitar as duas cidades, tanto esta como Amesterdão. Adorámos, cada uma à sua maneira!

Também passámos dois períodos de férias no Algarve, em família, o que é sempre uma animação.

Comprámos um carro novo, mas essa teve menos piada, porque o anterior (da empresa da cara metade), deixou-nos a meio caminho na autoestrada entre Lisboa e o Algarve e já não teve arranjo possível - quer dizer, o arranjo era superior ao valor do carro. Mas pronto, tudo acabou por se arranjar, embora fosse um despesão inesperado.

Por outro lado, o filhote também está a trabalhar numa empresa da área que escolheu e gosta e entretanto vive mais tempo em casa da namorada do que na nossa, anda feliz e satisfeito. Que mais pode um pai ou uma mãe desejar?

Ah, e a nível nacional este ano a rapaziada da bola ganhou o campeonato europeu de futebol, o que deu uma enorme alegria à malta. Politicamente ainda nos livrámos da "múmia paralítica" de São Bento, substituída com grande vantagem pelo tio Marcelo - e não sou suspeita, que nem sequer votei nele...

E agora, 2017? Pois,é uma grande incógnita, se bem que o cenário mundial não possa dar azo a grandes otimismos. 

Certo é que é já a 28 deste mês que terá início o ano do Galo de Fogo (terminando a 15 de Fevereiro de 2018) do horóscopo chinês e as previsões genéricas que li até são bastante auspiciosas. Mas pronto, vale o que vale!

Não cheguei a fazer os habituais balanços de livros, fotos ou filmes de 2016, mas a disposição não era nenhuma, não achei simpático atamancar posts às três pancadas. Com calma, o dos livros sairá de certeza,  os restantes logo se verá. No entanto, e antes de tudo o mais, queria desejar a todos...

UM BOM ANO DE 2017!