segunda-feira, 25 de julho de 2011

POR UNANIMIDADE

De início, supunha-se que a discussão iria ser acalorada, que se levantariam vozes contra e a favor. Mas quando a gerência, os técnicos  e os restantes trabalhadores se reuniram, a unanimidade prevaleceu - foram decretados alguns dias para descanso de todo o pessoal do Quiproquó!  
Na acta dessa reunião, com 2746 páginas impossíveis de reproduzir aqui, constam as seguintes expressões, elucidativas do voto unânime:
- Já não era sem tempo!
- Só agora?
- IUPIIIIIII!
- Ah, dolce farniente...
- Mare nostrum!
- É hoje, é hoje!!!
- RonrrrronrRReeennrrronRRoonnnRRRRRRrrrrrr (a ronronar como o gato da foto...)
Qualquer prevaricação a este decreto deverá ser tida como uma espreitadela esporádica por blogues alheios ou a algum arroubo blogosférico de algum membro desta grande equipa, que, atempadamente, finalizou a referida acta com um voto para todos:
FIQUEM BEM!!!

Fotografia de um postal de John Copland.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

CITAÇÕES... EM ARCO-ÍRIS!

Uma amiga enviou-me um mail com um desafio literário e, satisfeita, pensei que seria boa ideia colocá-lo aqui no blogue. Quando respondi - através de uma citação era suposto adivinhar qual era o escritor e o livro, num estilo de teste americano - fiquei bastante desiludida com o resultado, mesmo tendo acertado em 6 das 10 questões. Uma por mero acaso e exclusão de partes, diga-se em abono da verdade. O teste era brasileiro, centrava-se essencialmente na literatura brasileira, embora surgissem outros escritores como Eça de Queiroz, Anne Frank ou Milan Kundera, por exemplo. Desisti da ideia, mas fiquei a matutar em como realizar um desafio deste género aqui. Há solução para isso, mas para já não resisto a uma brincadeira! Alguém se lembra quem são os autores destes livros, sobre os quais já escrevi no Quiproquó, através das citações?
"Tinha um trabalho de título pomposo, salário modesto, apropriações ilícitas e horário elástico: director de Informação da Rádio Pan-Americana. Consistia em recortar as notícias interessantes que apareciam nos jornais e maquilhá-las um pouco para que fossem lidas nos noticiários."  
"A Tia Julia e o Escrevedor", de Mario Vargas Llosa

 "[...] Ao meu lado sentou-se uma jove muito bem fornecida de glândulas mamárias (aquilo era no mínimo uma copa J), só que aquilo não lhe fez muito bem à saúde. Quando chegámos ao ponto mais alto, ainda as suas amigas cá estavam em baixo, e vice-versa, pelo que quando saiu de lá só faltou metê-las às costas. Tenho a certeza que se aquilo abanasse para os lados em vez de na vertical, ainda hoje me estavam a tentar reanimar, a mim e a mais uns quantos à volta dela..." 
"Are you ladrating to me?!?", de Rafeiro Perfumado
"E aquilo que mais o surpreendia era a indiferença com que os juízes, perante hematomas e equimoses, por vezes ferimentos profundos, decidiam o caso sem que passasse pela cabeça de algum fazer a simples pergunta: «Como é que isso lhe aconteceu?»"
"Mataram o Sidónio!", de Francisco Moita Flores
"Como podiam detestar tanto quem fazia aqueles fabulosos filmes de acção e escrevia os melhores livros policiais? Ó gentinha ignorante, rancorosa e invejosa. Então não eram os americanos os melhores amigos do mundo, sempre prontos a defender a democracia, mesmo que às custas de uns quantos bombardeamentos selectivos?"
"Jaime Bunda e a Morte do Americano", de Pepetela
"Suspeitou-se dos ciganos. Podia esperar-se tudo dos ciganos. Era do conhecimento geral que os ciganos faziam tapetes com pedaços de roupa velha, que utilizavam cabelos para encher almofadas e fabricavam bonequinhas com a pele e os dentes das suas vítimas. Um crime tão perverso apenas podia ser cometido pelos ciganos. Só que naquele momento não havia rasto de cigano numa distância de léguas em redor; fora em Dezembro que os ciganos haviam atravessado a região pela última vez."
"O Perfume", de Patrick Suskind
"A mãe pousou o livro nas mãos do filho. [...] Que mistério. O rapaz não conseguia imaginar um propósito para o objecto que suportava. Pensou em cheirá-lo, mas a porta do quintal estava aberta, entrava luz, havia muita vida lá fora. O rapaz tinha seis anos, fugiu-lhe a atenção, distraiu-se [...]"
"Livro", de José Luís Peixoto
"O professor contou que iniciara a moça do ônibus no sexo tântrico, no qual ele fora um pioneiro no estado, e a levara ao delírio várias vezes por dia. No fim de três dias surgira um desentendimento quanto a dinheiro, que a moça mal-agradecida insistia em receber apesar dos seus orgasmos múltiplos, enquanto a tia Loló ameaçava chamar a polícia, e o professor se vira obrigado a pagar e sair."
"Os Espiões", de Luis Fernando Verissimo
Mas pronto, enquanto vou espevitar os neurónios para outras bandas, espero que se...

DIVIRTAM!

ADENDA a 23 de Julho 2011 - respectivos autores e livros de cada uma das citações, a sublinhado; a NINA acertou em 6 e deu pistas aos restantes comentadores, o RAFEIRO PERFUMADO "desconfiou" da tal "francesa" (eheheh!), o RUI DA BICA acertou todas e, claro, o PAULOFSKI também conhecia o livro que faltava. Obrigada a todos pela participação!
 

quinta-feira, 21 de julho de 2011

AMIGO TEM DIA?

Não sabia, mas tem! Foi ontem... 
Provavelmente também existirão os dias dos bebés-proveta, dos calos nos pés, do salmão grelhado e por aí adiante. Não ligo muito a esses festejos, mas no caso da amizade comemora-se a cada encontro. Ou encontrão, se for um amigão! (já li isto em algum lado, será que é plágio?)
Quando andava no liceu circulavam uns livrinhos de autógrafos, não especialmente destinados a celebridades, mas para os colegas de turma e os professores da nossa preferência assinarem. E a frase infalível era "sem dedicatória, mas com dedicação". (epá, lá estou a copiar novamente!)
Assim, no teu dia (que não foi ontem, mas é hoje) segue uma musiquinha um bocado lamechas - que me fez chorar as pedrinhas da calçada noutros tempos, ai, ai - mas com performance dos Marretas:


Muito obrigada, pá!

Imagem da net, de Jim Davis, evidentemente!

quarta-feira, 20 de julho de 2011

MALAS E BAGAGENS

O meu pai sempre foi a organização em pessoa, com horários muito rígidos que lhe permitiam conseguir o tempo necessário para levar avante todos os seus projectos, quer laborais ou de lazer. Mas, no que tocava a férias, essa característica eclipsava-se completamente...
Se bem que os hotéis algarvios já estivessem fora do alcance da sua bolsa no início dos anos 70 do século passado, o mínimo seria que se informasse atempadamente das condições e preços de apartamentos que albergassem quatro pessoas. Nada disso! Deixava para a última hora e depois perguntava a alguns dos seus colegas ou parceiros desportivos se sabiam de algum, preferencialmente baratinho.
Assim, às vezes íamos passar férias a verdadeiros tugúrios: "uma casa de pescadores junto à praia" não passava de um túnel dividido com cortinas e um sótão, que nem janelas tinha, apenas a porta da frente e das traseiras com um postigo cada uma (nem os ditos "pescadores" lá viviam, servia para alugar a papalvos); "apartamento ultra-moderno com piscina" traduzia-se num apartamento tão moderno que ainda estava em semi-construção, com as camas, cadeiras, mesas e luzes mínimas atiradas lá para dentro, a famigerada piscina sem água, a uns 2 ou 3 quilómetros da praia; "nova urbanização turística com piscina, bar e boite", aí é verdade que tinha isso tudo e até seria aprazível, caso a água corresse nas canalizações, o que só acontecia 3 horas por dia, quase por obséquio. Pior, houve um ano em que por falta de marcação prévia, andámos a saltitar de apartamento em apartamento. Quer dizer, os meus pais andaram, que eu e a minha irmã fomos convidadas por uma amiga para ir para Armação de Pêra, depois das primeiras "mudanças" ficámos descansadas o resto das férias, que por sinal foram bem divertidas!
Desses tempos, recordo também a tralha toda que levávamos no porta-bagagens (e não só!) da carripana: na dúvida, eu e a minha irmã emalávamos quase toda a roupa, afinal adolescente que se preze nunca sabe do que vai precisar para estar à altura da ocasião; o meu pai, que já praticava pesca submarina e ténis, tinha um malão com os apetrechos da pesca, que incluíam fato e espingardas, vá que não possuía botijas de oxigénio e as raquetes e bolas arrumavam-se em qualquer cantinho; a minha mãe, depois de vários desaires em apartamentos mal equipados, transportava metade da cozinha atrás, onde até não faltava a panela de pressão, para além da cadeira de praia, do chapéu de sol, da geleira, etc. e tal.
Em 1977, de regresso a Lisboa num Domingo à tarde, o Morris 1100 teve um treco às portas de Castro Verde - qual autoestrada, qual carapuça? - esparramou as rodas traseiras com o eixo partido e ali ficámos os quatro. Vale que estávamos perto de um posto de gasolina, mas mecânicos só no dia seguinte e em Beja, o carro teve de ser rebocado - depois de tirarmos de lá o que nos fazia mais falta (sem panela de pressão incluída). Conseguimos arranjar  uma pensão para pernoitar, onde em cada quarto ainda existia uma daquelas bacias de cerâmica com jarro de água a condizer, montados num tripé de ferro, para realizar a higiene pessoal. Com um calor do caraças, comprámos o bilhete da camioneta para eu e a minha irmã voltarmos a casa no dia seguinte (sem o nosso peso e depois de um "remendo" provisório, talvez os meus pais conseguissem regressar a Lisboa com toda a bagagem) e  passámos o resto da tarde à sombra de uma esplanada, onde a minha mãe se indignou com a muita cerveja que os alentejanos bebiam!
Por mim, só estava preocupada se chegaria a tempo de ver um dos últimos capítulos da telenovela "Gabriela, Cravo e Canela", que na época passava na RTP. "Eu cresci assim..."

terça-feira, 19 de julho de 2011

O SENHOR DA CHARNECA

Stephen Whalby tem a estranha mania de passear pela charneca de Vangmoor a horas em que habitualmente não avista vivalma e é num desses passeios madrugadores que encontra o corpo de uma jovem estrangulada, cujo cabelo loiro foi rapado. Alertada a polícia local, esta considera o seu comportamento suspeito, mas para além desse seu gosto de deambular pelo campo nada mais tem a apontar ao homem, que leva um vida pacata e banal junto à sua mulher Lyn e trabalha na empresa da família como estofador.
Contudo, à medida que vamos desfolhando as 163 páginas deste livro de bolso (nada contra, mas onde mais uma vez abundam as letras minúsculas, que dificultam bastante a leitura!), também vamos descobrindo que a aparente normalidade familiar não passa disso mesmo: de aparência! Stephen é completamente obcecado pela charneca, que conhece como ninguém e que, de certo modo, considera como propriedade sua, tendo inclusive uma coluna no jornal local sobre a região. Por seu turno, Lyn, com quem casou há cerca de meia dúzia de anos, não partilha desse seu fascínio e a óbvia indiferença do marido por uma vida sexual activa leva-a a envolver-se com um jovem veterinário. Mas esses não são os únicos segredos que o casal e quase todas as restantes personagens ocultam...
Mais descritivo do que o habitual, só não entendi o "mapa" da charneca nas páginas iniciais - no meu caso, não atrasou nem adiantou para a compreensão do livro. As descrições das paisagens desérticas, inóspitas e pantanosas assemelham-se vagamente à solidão que reina entre a população das três vilas, sem grandes perspectivas de um futuro mais sorridente. Mas serão todos potenciais assassinos?
Como sempre, a escritora brinda-nos com um final inimaginável, depois de várias "cambalhotas" no enredo, a apontar em várias direcções. Bom, para todos os amantes de policiais! (embora longe de alcançar os meus preferidos, da mesma autora...)
.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

PARABÉNS A MANDELA!

Nelson Mandela completa hoje 93 anos de idade, tendo dedicado grande parte da sua vida à luta contra a segregação racial e o apartheid na África do Sul, terra onde nasceu. Combater pelos seus ideais valeu-lhe quase 28 anos de prisão, em Rodden Island. Tempo esse que nunca poderá ser recompensado, mesmo que o reconhecimento internacional como grande leader africano e os vários prémios e homenagens recebidos - entre eles o Nobel da Paz em 1993 (em conjunto com Frederik Willem de Klerk) - possam reflectir a grande admiração que grande parte da humanidade nutre por este homem.
Claro que o racismo continua a existir, um pouco por todo o lado, como todos sabemos. Mas quando, em Portugal, uma professora universítária entrega um trabalho a um aluno e lhe diz que ele merecia 13 mas só lhe deu 11, "porque é preto" (perante toda a turma e sem reacção aparente de ninguém), com evidente satisfação, algo nos diz que a avaliação de professores é necessária e até urgente. E não deve cingir-se ao ensino primário e secundário, o universitário também está muito carente!
Parabéns a Mandela! Tomara que muitos lhe seguissem o exemplo de coerência e de defesa dos seus ideais, mas criaturas mesquinhas desta laia nunca lhe chegarão aos calcanhares...

Imagem da net.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

O NINHO DA CEGONHA...

... estará aqui por perto do rio Arade! Francamente, custou-me a acreditar que as bloguistas algarvias não reconhecessem de imediato, possivelmente haverá por lá muitos mais ninhos, mas imagino que numa chaminé destas não serão assim tantos...

OK, por vezes quem está mais longe vê de mais perto - e contra mim falo, que aqui em Lisboa há muita coisa que me passa ao lado, que nem sei que existe! Mas a cegonha aninha-se próximo do local onde irá ter lugar a Feira do Livro de Portimão 2011, que este ano abrirá portas a 23 de Julho e encerrará a 21 de Agosto. Espero dar por lá uma "voltinha"!
Também é por ali que costumo ir petiscar umas belas sardinhas assadas, com saladinha algarvia, a gastronomia regional dispensa apresentações e é uma delícia, sobretudo em peixe, mariscos e doçaria. Mas como sempre há que estar alerta, mesmo que a embalagem possa ser cativante:

Se o "souvenir" já soa tão foleiro como o "recuerdo", que dizer do reverso da embalagem?

Leram bem?! Ah, pois é, os figos são da Turquia, o miolo das amêndoas peladas dos EUA, o cesto sabe-se lá de onde, tudo comercializado por uma empresa de Torres Vedras, que ainda tem a grandiosa lata de lhe aplicar no código de barras o 560 nacional! Com empresas (e empresários) destas vamos longe, vamos...

BOM FIM DE SEMANA, para quem está a trabalhar!
ou

BOAS FÉRIAS, para quem está a passear!

As últimas duas fotos foram recebidas por mail.
(Obrigada, Michel!)

quinta-feira, 14 de julho de 2011

BEIJA-MÃO!

Certa vez, já há bastantes anos, o patrão lá da tasca queixava-se a alguns dos seus clientes mais antigos: "É uma chatice, só vêm aqui comer caracóis, durante o resto do ano nem aparecem!" E alguém, em tom de brincadeira, respondeu: "Ainda bem, é sinal que gostam dos caracóis cá da casa!" Mas o homem continuava irritado e insatisfeito, em parte com razão, porque a sua mulher que trabalhava (e trabalha) o dia inteiro na cozinha também era (e é) boa cozinheira  de outros petiscos...
Com o tempo a tasquinha também teve de sofrer as suas remodelações, tanto o patrão como a patroa tiveram os seus achaques, que isto de passar todo o dia em pé ao fogão ou ao balcão é difícil para todos. A segurar as pontas estava o filho, rapaz simpático e conversador com todos os clientes e, por vezes, a filha, estudante universitária.
Mas a famigerada "crise" operou milagres no comportamento do homem, que além de já não se queixar de "clientes sazonais a mais", ainda adiou as férias do tasco até ao final da época do caracol. Exagerando no que antigamente era mera irritação, ainda recentemente o vi comprar uma rosa para cada uma das mulheres a aguardar mesa junto ao balcão, do "qué fror" do costume. Faz até questão de cumprimentar os clientes de saída com um aperto de mão. E, qual não é o meu espanto, quando um dia destes, seguindo em fila logo atrás do maridão, em vez da "bacalhauzada" recebi um beija-mão. Mãozinha essa ainda a cheirar ao tempero dos caracóis...
Não sei como contive o riso no momento, certo é que vim a rir até casa!
 
Imagem da net.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

EMBALAR A TROUXA E ZARPAR...

... é o que nos está a apetecer a (quase?) todos! Um cansaço de um ano inteiro, que nem um ou outro fim de semana chegou para recarregar baterias. Com politiquices ao rubro, que raramente nos alegraram, nem no todo nem em parte...
É nestas alturas que gostaria de voltar a ter a idade do meu filho, que esta semana me anunciou que ia passar uns dias a Tomar, uma hora depois estava de mochila às costas e de partida! Sem complicações algumas, mas certo é que não tinha a mesma facilidade na minha juventude - autorização paternal era imprescindível e as explicações de para onde e com quem ia também. E vá que os meus pais não eram nada chatos, algumas amigas minhas nem permissão para ir a uma matiné de cinema conseguiam. Em Lisboa!
Enquanto se contam os dias que faltam para as férias, vamos notando que a blogosfera também já está a meio gás - uns já foram e já voltaram, outros estão na mesma contagem decrescente, todos sem grande vontade de dar ao teclado. É assim todos os anos: os posts, as visitas e os comentários diminuem, (re)descobre-se que há uma vida lá fora para além da virtual. Portanto, é "laissez faire, laissez passer", lá para o final do Verão logo se vê quem regressa, quem desiste, quem (re)começa...
Eheheh, bem vistas as coisas, todos temos saudades daquelas férias quando éramos crianças, que duravam três meses inteirinhos!
Para quem ainda não tem destino certo, segue um vídeo promocional do turismo de Portugal, que considero particularmente apelativo, para portugueses ou estrangeiros: 


Ah, e sim, quando for de férias, o que ainda não é para já, vou rever aquela cegonha da fotografia. Onde será que ela está?!

terça-feira, 12 de julho de 2011

AMOR E CHOCOLATE

A capa é gira! A publicidade é imensa: Dorothy Koomson escreve best-sellers, com inúmeros fãs pelo mundo inteiro. Seria de esperar, portanto, que abundassem críticas ou análises sobre "Amor e Chocolate" na net, dando a conhecer as impressões mais marcantes para cada leitor. Nada disso! Salvo raríssimas excepções, só se encontra a chapa nº 5 (leia-se, o resumo da contracapa) e pouco mais!
Saliento desde já que só procuro essas opiniões quando já tenho a minha formada, pela curiosidade de saber se alguém a partilha...
Quanto ao livro propriamente dito, parece um diário emocional de uma rapariga de 13 anos, o que inicialmente pode ter a sua piada. Mas Amber Salpone já ultrapassou a "barreira" dos trinta, é a grande amiga de Jen e quando esta começa a namorar Matt, conhece o melhor amigo deste, Greg (podre de bom, como não poderia deixar de ser), um mulherengo incorrigível. Mas como ela já se decidiu pelo celibato, torna-se grande amiga deste também, safando-o de muitas outras mulheres que almejam prendê-lo nas suas "garras" - o "pobre" coitado só quer sexo, sem compromissos!
Os problemas, dilemas ou trilemas começam quando após uma noite de copanada os dois se envolvem madrugada adentro no maior deleite sexual que já tiveram na vida. Ela pouco experiente, ele o sabe-tudo-sobre-o-assunto, mas disposto a tentar um namoro. A partir daí ela fica permanentemente ciumenta e desconfiada, ele a tentar provar-lhe que mudou, ambos os amigos convenientemente mantidos fora desse segredo, que ela receia não durar mais de duas semanas. Contudo a situação mantém-se, com muitos beijos e sexo-do-melhor-que-há sempre que se encontram. Mas quer dizer, quando ainda não chegámos à página 100 e ainda faltam mais 309 disto, é óbvio que a autora tem de inventar lá mais umas zangas, amuos e mal-entendidos para tentar desinstalar a monotonia já existente. Fui ler o fim. Ora, pois, o velho caso da amiga que sente ciúmes do namorado dela, por receber menos atenção, e inventa uma maneira de os separar. Um "clássico"! Sem qualquer subtileza...
Só li as páginas de permeio, porque ia  ser tema de discussão no "Clube de Leitura" (desta vez com menos quórum, devido a férias e tal). Não houve discussão nenhuma, a unanimidade foi total: o pior livro que já lemos no âmbito do grupo! Nem o chocolate, a classificação dos amigalhaços em  marcas de chocolate ou o andar a farejar os ditos no supermercado trouxe grande graça ao enredo - a personagem principal parece  sempre tonta! E os familiares e amigos também!. A ser chocolate, este livro é daqueles que sabe a ... sabão!
*******
A próxima reunião do "Clube de Leitura" foi agendada para dia 17 de Setembro, com o livro "Raposas de Fogo", de Joyce Carol Oates.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

LARRY CROWNE

Ver dois dos meus actores preferidos a trabalhar no mesmo filme é uma oportunidade rara, de modo que a aproveitei assim que pude. E não estou nada arrependida, que o filme dispõe bem!
Larry Crowne (Tom Hanks) trabalha como vendedor numa grande superfície, tendo até recebido nove prémios como melhor trabalhador do mês, quando é surpreendido com o despedimento - os seus chefes alegam como motivo o facto de não ter um curso universitário. Ora isso atrapalha imenso os planos de Larry, que após se ter divorciado está a pagar sozinho o empréstimo da casa e não tem outros meios de subsistência. Enquanto não resolve o problema do emprego, resolve matricular-se em duas cadeiras da universidade: Oratória e Economia. Para as deslocações ele arranja uma lambreta, para tornar as viagens mais económicas e é assim que conhece Talia (Gugu Mbatha-Raw), uma jovem que pertence a um bando de "lambreteiros", que o convence a aderir ao grupo. Por seu turno, a professora de Oratória (Júlia Roberts), está a passar uma fase difícil na sua vida - não só se encontra desmotivada para o seu trabalho, como o seu casamento está a dar as últimas, com o marido todo o dia em casa supostamente a escrever, mas secretamente (ou nem tanto assim) a passar o dia a ver sites porno. Mercedes Tainot, assim se chama a professora, exagera na bebida e tem tendência a ser um pouco ríspida com os alunos. Mas pronto, já se está mesmo a ver o que vai acontecer...
O argumento é fracote e banal, mas vale sempre a pena ver estes actores em acção. Tom Hanks assina também a realização e é co-argumentista, enquanto a sua mulher na vida real, Rita Wilson, também consta do elenco, num papel secundário. Curiosamente, a IMDb tem o casting errado neste filme, facto que é inusitado. Aqui fica um "cheirinho" desta comédia romântica:


Imagem da net.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

ESPANTALHOS NÃO!

"Seremos tudo o que disserem
por ganância ou especulação:
caloteiros dromedários,
fogueiras de exibição,
vigaristas primários
com dívidas de mão em mão,
manhosos perdulários,
malabaristas sem perdão.
Seremos tudo o que disserem:
Espantalhos não!"
(adaptação livre do primeiro  verso do poema de José Carlos Ary dos Santos, "Poeta Castrado", by myself)
Gentilmente dedicado a todas as agências de rating, que não gosto de ser sectária!
Convém salientar que adorei o espantalho da foto, carinhosa e habilmente efectuado pelas mãos das crianças de uma escola, para proteger uma das árvores do seu recreio. Na realidade podem chamar-nos tudo o que quiserem, mas há coisas que não nos podem tirar, por mais que insistam e lhes tentem pôr um preço em cima...
Como o velho Satchmo, desaparecido há 40 anos (mas ainda vivo na memória de todos os apreciadores de jazz), já sabia e tão bem cantava conjuntamente com Ella Fitzgerald:


UM MAGNÍFICO FIM DE SEMANA PARA TODOS!

quinta-feira, 7 de julho de 2011

UM AUTÊNTICO FILME DE TERROR!

Não sou adepta do género e nunca vi este filme! Nem vou ver.
Mas ao passearmos por esta zona, tão simpática, prazenteira e plena de história, não fazemos ideia do que estas paredes podiam confessar, se falassem. Mas não, permanecem no silêncio sepulcral das pedras de que são feitas. Por seu turno, os manuais escolares não contam todas as histórias, apenas as que dignificam reis, rainhas e poderosos, guerras e lutas, conquistas e descobrimentos, actos heróicos de um modo geral - dos fracos, não rezam!
Por isso fiquei completamente petrificada ao conhecer esta, até então desconhecida. OK, são "águas passadas", quiçá lendas ampliadas pelo passa a palavra do tempo, ou pela imaginação prodigiosa de um realizador. Sim, porque não se deve acreditar em tudo o que diz a net, especialmente quando não se encontra descrito nos grandes e conceituados livros dos historiadores. Ou, pelo menos, dos que existem cá por casa...
Pior é que não se trata da criatividade de ninguém (podendo aqui e ali conter alguns exageros): foram factos reais! Como sei? Porque ainda hoje existe uma prova inequívoca desses acontecimentos. E essa deixou-me simplesmente ATERRADA! Sabem que filme estou a referir? E que prova é essa? brrrr...

ADENDA A 11/07/2011 - O filme, mudo, intitula-se "Os Crimes de Diogo Alves" e é uma curta-metragem de João Tavares, estreado em 1911. Nele se relatavam os crimes de Diogo Alves (de sua alcunha o "Pancadas"), personagem real, que entre 1836 e 1839 assaltou e matou várias pessoas no Aqueduto das Águas Livres (ficando por isso conhecido como o "assassino do aqueduto)", atirando as suas vítimas de cerca  de 65 metros de altura, constando ainda que instigado pela sua companheira Gertrudes (a "Parreirinha"). Viria a ser preso por assaltar e matar a família de um médico, pelo que foi condenado à morte, sendo a pena executada a 19 de Fevereiro de 1841, tornando-o num dos últimos condenados à morte da História de Portugal (crê-se que o último terá sido Francisco Matos Lobo, a 16 de Abril de 1842).
Mas esta tétrica história não acaba aqui, depois de enforcado alguns médicos conseguiram permissão para lhe decepar a cabeça e assim estudarem se haveria alguma causa física para a sua malvadez. Certo é que a cabeça ainda se encontra conservada num recipiente de vidro e numa solução de formol, no teatro anatómico da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Brrr...

quarta-feira, 6 de julho de 2011

MORTE NO FUNERAL

Realizado em 2007 por Frank Oz, esta comédia não agradará a todos: usa e abusa do típico humor britânico, onde também figura uma boa dose de non-sense.
Acaba de morrer o patriarca de uma família aparentemente tradicional e cabe a Daniel, um dos seus filhos, receber o caixão com o corpo, esperar os familiares para o velório e fazer o discurso de homenagem. Mas tudo começa a correr mal quando o cangalheiro entrega outro morto por engano, quando o noivo da prima toma um alucinogénio em vez de um calmante, quando o seu famoso irmão chega de Nova Iorque e se recusa a comparticipar no funeral, quando um amigo hipocondríaco se vê obrigado a empurrar a cadeira de rodas de um velho tio quezilento ladeira acima, quando um palerma comparece para reconquistar a mulher com a qual teve uma aventura de uma só noite. E como se tudo isso não bastasse, um anão desconhecido explica a Daniel o que pretende: se este não lhe entregar quinze mil libras, revelará a todos os presentes um segredo comprometedor sobre o seu pai. Que decidir, nestas circunstâncias?
O elenco é liderado por Matthew Macfadyen, Peter Dinklage, Ewen Bremner, entre tantos outros, sem esquecer Peter Vaughan, que tem uma invejável carreira no teatro, na televisão e no cinema de mais de 60 anos, tendo já completado 88 de vida!
Bom, dito isto, achei o trailer mal feito: a ideia não é dar um relance do filme para o tornar apetecível para possíveis espectadores? Em casa ou no cinema? Se é demasiado esclarecedor, o filme perde  o factor surpresa. Ou seja, como os ingleses dizem, é um spoiler. Mesmo assim, se estiverem interessados, podem visionar o trailer aqui.
No canal Hollywood... perto de (quase) todos! (não confundir com o remake americano de 2010; mania de copiar sucessos alheios...)

Imagem da net.

terça-feira, 5 de julho de 2011

MUITO QUE PEDALAR...

Fotografia de Ian Britton

... têm as repartições de Finanças, para conseguirem um serviço minimamente eficaz e aceitável!
Há muitos anos que não precisava de lá ir e a última vez não deixou saudades: uma dívida irrisória com mais de 10 anos em cima, obrigou, salvo erro, a cinco deslocações, entre a repartição da área da minha residência e a de Chelas, onde decorria o processo de liquidação. Mas então porquê, se o montante era irrisório? Ah, esse não tive dificuldade em pagar, mas acontece que eles tinham de verificar se existiam outras dívidas - como se me achassem com cara de caloteira - e o sistema informático... estava em baixo!
Entretanto, a semana passada recebemos uma daquelas cartinhas das Finanças, de teor mais agradável que as habituais (desta vez sem montante a pagar!), a declarar oficiosamente a cessação da actividade (recibos verdes). OK! Mas com data a partir de 31/12/2010?! A que propósito, já que o último recibo foi passado mais de 7 anos antes?
Escusado será dizer, que a repartição estava a abarrotar: gente enfileirada ou encostada às paredes, dentro e fora do edifício, cadeiras de espera todas ocupadas, e o plim plim do quadro a decorrer lento. Mais uma vez, para pagar era relativamente rápido, mas o atendimento era a passo de caracol... A quantidade de contribuintes era acrescida pelo número de acompanhantes, pois muitos dos presentes já denotavam idade avançada nas suas cabeças brancas ou calvas - dificuldades de locomoção, essencialmente, ou uma certa distracção (nem todos reparavam quando eram chamados). Mesmo assim, uma das funcionárias ainda perguntou a um velhote de canadianas se não tinha Internet, ao que ele se riu, com um "isso já não é para mim!". Como, aliás, estava mais que na cara! Uma sexagenária perorava sobre o doloroso momento em que ela e as amigas tinham sabido da morte de Sá Carneiro, como tinham ido logo vestir luto, etc. e tal. 
Hora e meia depois, chegou a minha vez. Adivinham qual foi a resposta? (a. Volte amanhã; b. Estamos sem sistema informático; c. A culpa não é de ninguém; d. Ou todas elas?)

segunda-feira, 4 de julho de 2011

TRÊS HORAS DE CASAMENTO

Sábado passado a RTP dedicou três horas da sua emissão ao casamento do príncipe Alberto do Mónaco com Charlene Wittstock. Não é um exagero? Ah, OK, há sempre umas meninas sonhadoras e umas "cotas" mais cuscas que adoram ver esta espécie-de-conto-de-fadas-sem-levantarem-o traseiro-do-sofá-lá-de-casa. Mas três horas?! E pode-se dizer que isso é serviço público? Adiante!
Após uma noite (muito) mal dormida e já a digerir o almoço, estendi-me no sofá e abri a televisão. Nem sabia do casamento principesco mas, depois de um breve zip-zap, concluí que não havia nada de jeito nos outros canais, de modo que lá ficou na RTP! E aqui era a parte em que eu (cóf, cóf) devia afirmar que, aborrecida com o fausto e tanta futilidade da nobreza europeia a pavonear-se na passadeira vermelha qual autêntica feira de vaidades, virara imediatamente de canal para a RTP 2, onde vira um documentário interessantíssimo sobre a música barroca no século XVIII. É fixe dizermos que vemos imensíssimo a RTP2, confere-nos logo uma aura muito mais intelectual. Nem se percebe como, com tanta gente a adorar esse canal, é o que tem as piores audiências da televisão nacional...
Mas não, fiquei mesmo ali: vi o vestido Armani da noiva (gostei, apesar do exagero da cauda), os das manas do noivo e da sobrinhagem, um ou outro de restantes convidadas, bati a pestana e... aterrei! Talvez até tenha ressonado, mas espero que eles não tenham ouvido - era uma vergonha! Enquanto dormia pensei ouvir Andrea Bocelli, mas tanto pode ter sido real como no sonho! Acordei precisamente quando a apresentadora agradecia às 'madames' do jet-set pela sua colaboração e encerrava a emissão! Concluíram que foi uma rica festa. Preferi a minha rica sesta...

Imagem da net.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

IMPOSTO EXTRAORDINÁRIO?!?

Em Portugal há uma extraordinária capacidade de se aceitar o improviso, o que foi escrito em cima do joelho, discursos aparentemente sóbrios e pacatos que referem a impossibilidade de decidir de outra maneira, provisoriamente! Como se a memória se esvaísse de todo um povo, que devia saber de antemão que neste país tudo o que é provisório rapidamente se torna definitivo...
Para quem não se lembra, o Imposto Complementar também surgiu como medida provisória (salvo erro, quando Medina Carreira era Ministro das Finanças), que realmente desapareceu para dar lugar ao actual IRS. Mudam-se os nomes aos impostos, mas vem a dar no mesmo. Mais aprimorados até, com retenções na fonte (ou seja, no salário de cada um), que o boom da informática permitiu. Para evitar calotes!
A maior desfaçatez é a de afirmar que dois terços dos pensionistas não vão ser afectados! Traduzindo por "miúdos", todos os que não auferem pensões superiores ao ordenado mínimo nacional de 485 euros, certo? O que só por si é assustador...
Acabar com o Natal de tantas famílias portuguesas assim de uma "penada", no final de Junho, é capacidade única que reconheço ao novo galo no poleiro, inquilino de S. Bento!

FIQUEM BEM!
(que hoje não consigo escrever melhor, depois das contas feitas...)