sexta-feira, 28 de novembro de 2008

DÉJÀ VU!

Fotografia de Ian Britton

O texto que se segue NÃO É verídico (nem original)!

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Todos nascemos livres, é certo, mas é fundamental que o saibamos.

Maria tinha sido criada pela tia Antonieta, desde a mais tenra infância. Passaria horas a vê-la trabalhar na sua arte, de bordadeira, enquanto contava os tostões para ver se o dinheiro chegava até receber outra vez! Em criança, só a aterrorizava a tesoura de Antonieta, que insistia em cortar-lhe o cabelo curto, enquanto as suas colegas de escolas exibiam tranças compridas e gozavam do seu aspecto de "maria-rapaz". Com os olhos húmidos, perguntava à tia: "O cabelo cresce, não cresce?" A velha senhora expunha um sorriso benévolo, dava uns tapinhas de leve na sua cabeça e confirmava.

Por sorte, a vida de ambas melhorou ao receberem uma herança familiar. Reunida toda a família, os protestos e reclamações sucederam-se, havendo quem contestasse também a sua parte ou pedinchasse qualquer coisinha. Ingénua, Maria, já concordava que lhe parecia justo e sempre alegrava a malta, mas a tia permanecia inabalável: "Dinheiro atirado ao vento! E mais não conto!" Será que tinha razões para isso? Por vezes não estamos preparados para ir nesse sentido. E o veneno destilado pelos familiares funcionou na mente da adolescente. As histórias têm estado, desde sempre, ao serviço do poder e da ganância.

"Onde estão os meus 18 anos? O que farei para me salvar? Afinal, quem melhor que nós mesmos para nos conhecermos a fundo?" Todos temos as nossas fases... Há sinais evidentes que nos mostram a necessidade de conhecer por dentro a arte da guerra. Naquele dia, acabara de almoçar e chegara-se à janela. Já antes de comprarem a moradia estava ali o pinheiro e a macieira. A tia trincava uma das maçãs da árvore e comentava vagamente: "É um belo fruto!" Não sabia confirmar há quanto tempo se apercebera do seu interesse pela vida, que não era aquela. Como é que acabou? Fez a mala e partiu! Já era qualquer coisa... Tinha de enfrentar os seus próprios medos!

Um dia recebeu uma carta de Antonieta, que confessava sentir-se doente, triste e cansada. Foi preciso dizer mais? Voou para junto dela apesar da distância, contou-lhe sobre a sua vida, riram e comoveram-se juntas. Cada olhar representava uma prova de amor. "O amor verdadeiro é isto e existe", considerou Maria. Cansada daquela emoção inesperada, a idosa recolheu ao seu quarto e adormeceu profundamente. Sozinha na sala, a sobrinha escutava o assobiar do vento na encosta do monte. Há anos que não o ouvia... mas que belas noites de sonhos de adolescente, em que alguns até se realizaram... Já estava mais descontraída. Não pedira desculpas, porque se há forma errada de corrigir um erro, é cometer outro propositadamente para justificar o primeiro.

Mas a velha senhora não voltou a acordar! Se calhar tinha morrido sem obter esse perdão ambicionado. Não sabia ao certo como matar os fantasmas que assolavam à sua porta. Sentou-se por uns instantes muito breves, no cemitério a observar o céu azul. Um pássaro estendia as asas e soltava um grito de liberdade. Levantou-se, sacudiu os ombros e recordou a antiga máxima inglesa: "Good girls go to heaven, bad girls go everywhere!"
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Qual é a curiosidade deste texto (um pouco lamechas, é certo)? Apesar das necessárias adaptações em sujeitos e predicados, dos elos para o construir, foi elaborado a partir de frases que li esta semana em todos os vossos cantos. Para comemorar os dois anos de actividade na blogosfera, que se completam amanhã!!! Plágio, moi? Ná!

E agora, alguém reconhece a frase que escreveu?

Bom fim de semana e DIVIRTAM-SE a adivinhar (ou não)!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

SMIRT

Smirt é a palavra que os ingleses usam para um novo convívio social: os fumadores que se juntam na rua em torno de um cinzeiro e acabam por meter conversa uns com os outros! Engraçado é que, especialmente nas empresas, conhecem-se colegas de cuja existência nem se suspeitava - cada um enfurnado no seu próprio gabinete, contactando apenas as pessoas com quem trabalha directamente - no Reino Unido como cá. Daí a origem da palavra fazer todo o sentido, numa mistura de smoke com flirt. Curioso ainda é que alguns não fumadores, de vez em quando, também se dirijam ao local, para dois dedos de conversa ou para o perigoso vício de lamber um chupa-chupa... (sabiam que também faz mal aos triglicéridos e coisas desse género?!)

Bom, tinha prometido a mim mesma não voltar ao tema do anti-tabagismo nos próximos meses - escrevi aqui sobre ele - mas já decorreu quase um ano.

Um ano em que se mudaram hábitos: não o de fumar, mas o dos locais que frequentava. Há que séculos que quase todas as sextas-feiras à noite ía com um grupo de amigos beber umas cervejas e petiscar qualquer coisa, enquanto tagarelávamos, a uma pequena cervejaria de bairro. O proprietário acatou a proibição, tivemos pena, mas obviamente deixámos de lá ir. Aliás, em Benfica existia apenas um único bar com etiqueta azul e esse nem tinha petiscos.

No Califa, uma das maiores e conceituadas pastelarias da zona, numa noite em que fui lá comprar tabaco, uma mulher comentava com um dos sócios: "Mas isto está às moscas! Será por causa da nova lei?" E ele, impante, em alto e bom som, suponho que propositadamente para eu ouvir, uma vez que não havia mais ninguém por perto: "Paciência! As pessoas têm de se habituar!" Pensei: "Hummm... este gajo não deve estar a ver bem o filme, que o café ao lado tem a esplanada cheia de gente, apesar do frio!" Até para o tabaquito deixei de ser cliente...

Claro que as "happy hours" de sexta-feira não terminaram, embora a organização já dependa de alguns telefonemas: em casa ou noutros sítios mais permissivos! À conta disso, conhecemos vários outros locais, bem mais aprazíveis (e baratos) do que o antigo poiso.

Para rematar, o Califa esteve fechado para obras durante meses (as "más-línguas" dizem que foi a ASAE, mas disso não tenho a certeza), ao fim de cerca de 40 anos de serviço de restauração. Reabriu na semana passada e, espanto dos espantos, até tem uma esplanadinha cá fora, para os fumadores inveterados... sem lugar vago, no dia em que cusquei, se quiserem saber!
(nem tinham alternativa, que entretanto abriram outros espaços que não discriminam tabagistas...)

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Foto da Kavewall.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

JÁ NÃO HÁ ESTRELAS NO CÉU?

Fotografia de Ian Britton
(Ponte de Rialto, Veneza)

Quase todos os adolescentes acreditam que o primeiro amor é eterno. Que só acontece enquanto são jovens e belos, vêem estrelinhas a brilhar no céu e ouvem o chilrear dos passarinhos ou o tanger dos violinos, em momentos de puro devaneio amoroso...

PIIIIIII!!! Acordem, que esse género de pensamentos só acarreta desilusões! A imagem pode ser muito veiculada por poetas e cantores, mas está longe da realidade. Embora não seja de agora, como podem ver no clip de Janis Ian, em "At Seventeen", que me foi oferecido por uma amiga em single de vinil, no dia em que fiz 17 anos:



Um dos casais mais amorosos que conheci (já eram os dois "entradotes", ou, pelo menos, assim me parecia) dava pelos lindos nomes de Alda e Possidónio. Gente remediada, que não tinha carro, mas nem por isso deixava de visitar familiares e amigos de transportes públicos. Ela era careca devido a uma doença infantil, usava uma daquelas cabeleiras antigas que terminavam em rolo na testa e uns óculos de lentes grossas, mas tinha um espírito muito alegre e falador. Ele também era careca, mas bastante calmo e pacato, os seus olhos azuis brilhavam mais quando observava a mulher. Como se conheceram? Pois, por várias razões nunca encontraram o amor na juventude, mas a solidão começou a pesar e vai daí... anúncio no jornal! Casaram tardiamente, não tiveram filhos, mas ninguém conseguia duvidar do amor, da ternura e da cumplicidade entre os dois, permanentes em gestos e olhares. Sexo desbragado? Talvez não! Mas a quem é que interessa, se ambos estavam em perfeita sintonia?

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Relembrei este casal, depois de ter lido os inspirados posts do Crest e da Pax!

terça-feira, 25 de novembro de 2008

TERMINOU O VERÃO QUENTE!

Fotografia de Ian Britton

O "Verão Quente" de 1975 terminou nesta data. Para os muitos que não vivenciaram o conturbado período do PREC, em causa estava uma luta pelo poder político entre militares e partidos, extremando-se posições radicais, o que deu azo a toda a espécie de abusos: saneamentos, ocupações, greves, nacionalizações, expropriações, manipulação dos orgãos de comunicação, ameaças e atentados bombistas. Para além dos oportunistas que surgem sempre nestas ocasiões e dos "retornados" que regressavam aos magotes das ex-colónias, muitos sem ter para onde ir...

Bom, na época frequentava o liceu e não há dúvida que os estudantes da UEC dominavam, até porque eram os únicos a ter uma estrutura organizada. Decidiam tudo: reuniões, convocações de greve (nem me lembro que motivos alegavam, mas tal como os alunos de hoje, desconfio que a gazeta não era muito mal vista), etc. Até que um dia lembraram-se de proibir o uso de emblemas de partidos "fascistas" - JSD e JC. Tal como os cachecóis ou barretes de uma claque de futebol actual, em 1975 muitos alunos costumavam exibir nas lapelas dos casacos ou nas camisolas o emblema da sua filiação partidária. Assim, organizados num piquete mais ou menos numeroso, os jovens comunistas circulavam pelo liceu verificando quem eram os prevaricadores e exigindo que os retirassem. Claro que havia quem recusasse e a cena caíu mal entre todos os restantes alunos, com ou sem partido, aventando alguns que o que eles queriam era apalpar as mamas às meninas "desobedientes". Ainda houve uns estalos para cá e para lá, nada de muito grave.

No dia da Independência de Angola (a 11 de Novembro desse ano), a malta da UEC programou uma comemoração num dos pátios, com o içar da bandeira angolana, logo pela manhã. Acontece que apareceram muitos alunos com os emblemas "proibidos" ao peito a urrar "Huh! Huh! Huh!" e um espertinho cortou a corda que içaria a bandeira, de modo que ela ficou a meia haste, com muita malta a aplaudir e aí começou mesmo uma trolha da grossa. Tanto que nem houve mais aulas, os UECs presentes tiveram de se refugiar na sala dos professores, apedrejados por todos os lados. Quando cheguei ao liceu, ia-me dando uma coisinha má: estava fechado, mas dois dos meus melhores amigos estavam lá barricados! A situação resolveu-se graças à grande organização do PCP da época: próximo estava um núcleo de trabalhadores do Metro, que se dirigiu à escola, alguns munidos com umas barras de ferro, entraram e o pessoal foi todo atrás, conseguindo resgatar a rapaziada apavorada da sala dos professores. Uma cabeça partida e um susto enorme para todos, sendo que alguns vândalos se entretiveram a partir vidros, no meio da confusão!

A última reunião de alunos convocada pelas "forças de esquerda" deu-se precisamente há 33 anos, em que se instigava a malta a ir para a rua gritar a favor da democracia. Pois, OK, já todos conhecíamos como é que ela funcionava para estes esquerdistas radicais! Quase bati palmas nessa noite, quando o barbudo do Duran Clemente foi retirado do ecrã da TV, substituido pelo Danny Kaye nos estúdios do Porto!

Enfim, o Clemente ocupou a RTP com a tropa, mas não percebo como o Dias Loureiro ou o Victor Constâncio conseguem ocupar o prime time da televisão pública nos últimos dias, só para confirmar a sua inocência e ignorância relativamente a todos os escândalos do BPN... Que armas é que eles usam???

domingo, 23 de novembro de 2008

COMER, ORAR, AMAR

Uma mulher de 31 anos acorda a meio de quase todas as noites, para chorar amargurada no chão da sua casa de banho - não se sente feliz! Porquê? Fácil, fácil de adivinhar: tem uma carreira de sucesso, vive num casarão nos arredores de Nova Iorque e está casada com o seu companheiro de há 8 anos, numa perspectiva de constituir família. Só que já não lhe apetece continuar casada, muito menos ter filhos! OK, todos têm direito a mudar de ideias...

É este o ponto de partida de "Comer, Orar, Amar", o livro de Elizabeth Gilbert recomendado pelo Oprah Book Club. Convém salientar esta recomendação, porque até nos livros a moda tem a sua influência, e este, definitivamente, virou uma. De todas as críticas que li (americanas, note-se!) concordo com uma única: "Uma cativante contadora de histórias."

Escrito quase em forma de diário, a escritora relata o desmoronar do seu casamento, uma nova e conturbada relação amorosa que termina em fiasco e a depressão que se instala no seu espírito, fazendo com que entenda essencial conhecer-se melhor a si própria, enquanto, simultaneamente, busca o divino. Assim, quando uma editora lhe adianta a verba para escrever um livro, parte rumo a Itália, Índia e Indonésia, tudo países cujo nome se inicia com a letra I (vaga simbologia do seu "Eu"), numa viagem com a duração de um ano. Não fosse o seu talento como contadora de histórias, a minha passagem pelas 372 páginas deste livro teria sido breve, porque para além do desequilíbrio próprio de alguém que passa por várias crises amorosas - semelhante ao de uma adolescente imatura, como chega a admitir - a sua ansiedade em entrar em domínios espirituais ou sagrados transforma-a numa crente compulsiva, em que coloca no mesmo saco todos os misticismos existentes no planeta. Assim, as várias religiões, a astrologia, a numerologia, o ioga, a meditação e a quiromancia assentam arraiais nestas páginas, numa espécie de festim de deuses, gurus e curandeiros, em que as contradições se sucedem, chegando por vezes a ser anedóticas.

Uma americanice pura, dando a sensação que a grande viagem da escritora foi em torno do seu próprio umbigo, sendo que simultaneamente parece honesta ao querer partilhar as suas experiências "espirituais", numa espécie de manual de auto-ajuda. Que está em voga, entre os americanos...

CITAÇÕES:

"Esta observação é confirmada por estatísticas alarmantes que mostram que muitos americanos se sentem mais felizes e realizados no seu local de trabalho do que nas próprias casas. É claro que todos trabalhamos sempre demasiado, acabamos por ficar esgotados e por isso a ter de passar o fim de semana inteiro em pijama, a comer cereais directamente da caixa e a olhar fixamente a televisão num suave coma (que é o oposto de trabalhar, mas não exactamente a mesma coisa que prazer)."

"Ela vai percorrendo as páginas, mostrando-me umas espantosas fotografias antigas de Itália e, de repente, damos com a foto de um italiano muito giro, em Veneza. Eu pergunto-lhe: - Gale, quem é esta brasa? - e ela responde: - É o filho dos donos do hotel onde ficámos em Veneza. Era meu namorado. E eu digo: - Teu namorado? - E a doce esposa do meu avô olha para mim com um ar tímido, e os seus olhos ficam todos sexy como os de Bette Davies, e diz: - Estava farta de ir ver igrejas, Liz."

"Elaboradas cerimónias para apaziguar os espíritos são levados a cabo durante toda a vida, de forma a proteger a alma dos 108 vícios [...], que incluem itens como a violência, o roubo, a preguiça e a mentira."

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A próxima sessão do Clube de Leitura terá lugar a 24 de Janeiro, com o livro "A minha ama veste calças", de Holly Peterson.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

O ÚLTIMO...

Fotografia de Ian Britton

... desafio veio da VAN (desafiadora nata!) e consiste numa série de perguntas, que passo a TODOS que o queiram aceitar:

1. A última pessoa com quem falaste hoje:
Com o maridão.

2. A última coisa que falaste:
"Xi, é verdade, esqueci-me!" (nada de más interpretações, que era apenas uma trivialidade da vida doméstica)

3. O último pensamento:
Será que tenho tempo para fazer tudo amanhã?

4. A última pessoa com quem brigaste:
Com o filhote! (que não se cala com a porcaria do futebol, quando estou a ver TV)

5. A última pessoa com quem te reconciliaste:
Com a mamã. Dois dias sem telefonar, dá-lhe tendência para amuar...

6. A última pessoa que falou de Deus contigo:
Não sei! Mas não é conversa que me agrade muito, que todos têm a mania que nos vão converter aos seus próprios credos...

7. O último lugar onde gostarias de estar:
Na morgue!

8. O último filme a que assististe:
"Sem Reserva", uma comédia romântica com Catherine Zeta-Jones e Aaron Eckhart, em DVD.

9. O último livro que leste ou estás a ler:
"Comer, Orar, Amar" de Elizabeth Gilbert.

10. O último presente que ganhaste:
Os três últimos livros que saíram na revista "Sábado", oferta da mamã.

11. A última coisa que gostarias de estar a fazer:
Contas à vida! Infelizmente, é frequente...

12. O último telefonema feito ou atendido:
Para uma amiga, a confirmar uma combinação.

13. O último conselho que deste e para quem:
"Boa! Continua assim!" (o rapaz teve 17 a MACS)

14. A última vez que choraste e porquê:
Ontem. O raça da cebola era ácida...

15. O que farias se hoje fosse o teu último dia de vida:
Uma série de coisas, como, por exemplo, sair, dançar e empanturrar-me de chocolates. Assim como assim, amanhã não tinha dores de barriga...

BOM FIM DE SEMANA PARA TODOS!

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

AGATHA CHRISTIE

Já aqui escrevi sobre vários escritores, nunca desta grande mestra da literatura policial, da qual sou fã incondicional. A razão é simples: suponho que li o grosso da sua obra -vasta, por sinal, com cerca de 80 policiais, 6 romances assinados com o pseudónimo de Mary Westmacott e várias peças teatrais - já há largos anos!

Ah, que não é literatura, pouco filosófico, etc. e tal? E eu com isso? Deu-me, e ainda dá, um enorme prazer de ler e reler! Ou julgam que o quadro da foto (OK, não é um quadro, é um puzzle emoldurado) está pendurado no meu escritório porquê? Adoro aqueles enredos burilados, aqueles limites nunca anteriormente ultrapassados do possível e impossível, os caricatos e insuspeitos investigadores, os diversos palcos onde se agitam mistérios, segredos e preconceitos, a par da visão das várias evoluções que o século XX viveu. É que Agatha Mary Clarissa Mallowan (Christie, após o primeiro casamento), nascida em 1890, escreveu quase ininterruptamente desde 1920 até à data da sua morte, em 1976.

Os críticos literários costumam apontar "O Assassinato de Roger Ackroyd" (The Murder of Roger Ackroyd), como o seu maior sucesso e, de facto, foi o livro que a catapultou para a fama mundial, em 1926. Como mera fã, prefiro "A Última Razão do Crime" (Crooked House -1949) ou "Convite para a Morte" (Ten Little Nigger/And Then There Were None - 1939), em cujas páginas finais se encontram surpresas igualmente arrepiantes.

Poirot, Miss Marple, Tommy e Tuppence, Ariadne Oliver, entre tantas outras personagens imaginadas pela prolífica autora, continuam a viver nos seus livros e em filmes e séries que retratam um passado não muito distante. Como grandes protagonistas de muitas e deleitadas horas de leitura, é a eles e à extraordinária Agatha Christie que presto homenagem, no 300º post do Quiproquó!

terça-feira, 18 de novembro de 2008

SEM PALAVRAS!!!



Obrigada, Inês!

domingo, 16 de novembro de 2008

TÍTULOS DIFÍCEIS!

Existem desafios mais complicados que outros e este é um deles, pela simples razão que não tenho boa memória para títulos de temas musicais. A Safira, o Vício e o Rafeiro deixaram-no nos seus cantos, para quem o quisesse apanhar (ou não). Mas a Van tratou de instigar todos os seus visitantes a fazê-lo! E consiste no seguinte:

Em primeiro lugar, colocar uma fotografia nossa...

(pronto, não se trata de uma nova versão do "Menina estás à janela", apenas de um cuscar a vizinhança, eh, eh, eh!)

... e depois escolher um músico da nossa preferência, para responder às seguintes questões, com os títulos das suas canções. No caso, escolhi Maria Bethânia!

1ª És homem ou mulher?
"Terezinha" chega para elucidar, não?
2ª Descreve-te!
"De todas as maneiras" ninguém consegue construir fielmente o seu "Lado quente do ser", o seu "Drama" ou "Grito de alerta"! Parabéns, aos que se aproximarem...
3ª O que as pessoas acham de ti?
"Alguém me avisou" que viver, sem esquecer de brincar, é bom. "Brincar de viver" é o título que mais se aproxima, com um significado quase oposto, aqui segue um protesto veemente por não se terem lembrado que viver de brincar dava mais jeito para a resposta ao desafio! Grumpfsss!!!
4ª Como descreves o teu último relacionamento?
Qual último? Aqueles lá para trás do sol posto, nas fases estudantis? Se forem esses, "Cansei de ilusões", de mentirosos e aldrabões, também! Esperem lá, mas estes não são título de nenhuma canção...
5ª Descreve o estado actual da tua relação.
"Doce mistério da vida", mas sempre de "Olhos nos olhos".
6ª Onde gostarias de estar agora?
"Da cor brasileira", que lá deve estar mais caliente, ou a "Caminho das Índias", numa perspectiva literária... De volta ao meu aconchego também estava bom, mas essa parece-me que não é dela!
7ª O que pensas a respeito do amor?
"Diamante verdadeiro", por vezes entrecruzado com "Um jeito estúpido de (te) amar".
8ª Como é a tua vida?
"Tocando em frente" em "Todas as horas", que não vejo maneira de poder ser diferente para alguém...
9ª O que pedirias se pudesses ter só um desejo?
"Esse sonho vai dar"! Mas, se não der, paciência: "Sonho meu", ninguém me vai tirar!
10ª Escreve uma frase sábia.
"Começaria tudo outra vez".

E pronto, o desafio segue como as "pombinhas da Catrina", para quem o quiser apanhar, de caminho fica apenas um destes temas da Bethânia...




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Adenda a 17:

PARABÉNS, PASCOALITA!!! Hoje e sempre, que dias bons se repitam sucessivamente...

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

VÁRIOS EMBRULHOS!

Fotografia daqui.

Por mais organizada que tente ser, bem sei que há sempre qualquer coisa que corre mal nos preparativos natalícios. Por enquanto está tudo a correr sobre rodas, ainda faltam umas lembranças (sim, são mais isso que presentes, que milionários não moram aqui), mas já vou iniciar a fase dos embrulhos. Que, por sinal, gosto de fazer pessoalmente!

Mas tal como a Ebenezer Scrooge, assombram-me sempre "fantasmas" de natais passados, especialmente os vividos cá em casa - o que acontece normalmente de 3 em 3 anos, que a rotatividade passa pela casa da minha irmã e da minha cunhada.

Por exemplo, num ano resolvi comprar uma árvore verdadeira. Venderam-me a ideia que eram "recicláveis", só precisava de comprar o vaso (ou não, se já o tivesse para aquele tamanho), depois das festas devolvia o abeto e eles o dinheiro que tinha pago pelo empréstimo, que a árvore seria replantada no seu habitat natural. Pois! Ainda não tinha colocado a primeira bola e já ela se tinha começado a despir despudoradamente. Caruma pelo chão, a ter de varrer ou aspirar diariamente, na noite da consoada encontrava-se semi-nua. No prazo de entrega, já não restava um resquício de verde para amostra, era só tronco e ramagens, qual era a devolução possível? Lição aprendida, é certo!

Outro ano, reparei que as séries de luzes pifaram, não deu para comprar umas novas a correr, depois procurei e não encontrei. Solução: loja de chineses (ainda por cima tão baratinhas)! Funcionaram lindamente, só que no Natal seguinte provocaram um enorme curto-circuito, com estouro e flash e tudo, tudo, ainda hoje a tomada tem vestígios desse "acidente"... Não aconselho este tipo de iluminação!

Ainda numa outra consoada, atarefada a ultimar os "requintes" das entradas na cozinha, com o rapaz aos pulinhos e satisfeito enquanto ajudava a pôr a mesa, velinhas acesas por toda a casa que os restantes convivas estavam prestes a aparecer, oiço gritos de "Fogo! Fogo!", enquanto tocavam à campainha. Felizmente o fogo era apenas um guardanapo de papel a arder, que o estouvado do miúdo passou demasiado perto de uma vela, mas quando abri a porta ainda tinha as pernas a tremer...

Pois é, alguns "fantasmas" também me assustam!

Bom, tenham um EXCELENTE fim de semana, que vou ali embrulhar qualquer coisinha...

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

UM PUNHADO DE MOEDAS...

O meu avô teve vários colegas e amigos que se dedicavam à numismática. Sem ser coleccionador, começou a reparar melhor nas moedas e foi juntando umas quantas, no intuito de as trocar pelo seu valor facial, a quem estivesse interessado. Com o passar dos anos, as moeditas de lado para coleccionadores eram cada vez mais (tomara todos nós podermos fazer o mesmo!), resolveu começar a fazer a sua própria colecção. Até porque era assunto que vinha à baila frequentemente no seu círculo de amizades, julgava-se entendido...

Lembro-me de o ver de volta das suas moedas, a limpá-las com uma escovinha, suponho que lhes passava um qualquer tipo de verniz, deixava-as secar e metia-as em bolsinhas plásticas. E ia falando, da "flor de cunho" e assim, enquanto eu e a minha irmã, miúdas, o observávamos naquele ritual, como se ele fosse uma espécie de Tio Patinhas (sem caixa-forte).

Quando se reformou, tanto ele como a minha avó resolveram ir viver para o "campo" - quer dizer, na região dita "saloia" dos arredores de Lisboa, algures entre Loures e Caneças, numa pequena vivenda com jardim, rodeada de terrenos e matagais, perto de nenhures, onde já costumavam passar as suas férias, desde a adolescência da minha mãe. Adiante!

Óbvio que uma das intenções do vovô era aprofundar melhor os seus conhecimentos de numismática e arranjar mais tempo para o seu hobby. Um dia, irritado, percebeu que tinha sido enganado por alguns dos numismatas que conhecia, pegou num punhado de moedas sem valor e atirou-as para longe, para trás do muro...

Já referi que a vivenda ficava no meio de nenhures? É verdade! Mas havia um celeiro por perto, onde pernoitava uma vaca chamada Sebastião (escusam de perguntar, que não sei porquê) mais umas ovelhas e o dono do dito ainda cultivava umas hortas por ali. Homem pobre e analfabeto - confesso não saber se os terrenos eram dele, mas também ninguém dava um tostão furado por aquilo, naqueles tempos - vivia numa economia de subsistência. Até que encontrou o seu tesouro!!!

Adivinharam! Foi mesmo as moeditas que o vovô mandou fora, num momento de irritação! Entusiasmado, não cabia em si de contente, ao regressar a casa encontrou o vizinho a regar as plantas no jardim. Chamou-o e, com ar conspirador, contou-lhe do seu achado. A negociata que se seguiu foi dura e difícil: ao meu avô roía-lhe a consciência de ter dado falsas ilusões a outra pessoa; o homem estava renitente em prescindir do seu tesouro!

Resumindo: o meu avô acabou por comprar as moedas que tinha deitado fora, pela segunda vez, mas tranquilo, que ali não havia engano...

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

PADRÕES DE BELEZA

Lesley Hornby (actualmente Lawson) é considerada a primeira top model internacional. Com apenas 16 anos e magrérrima, contrabalançou o ideal de beleza feminino vigente até aos anos 60, personificado por mulheres carnudas e reboludas, como Mae West ou Marilyn Monroe. Numa das décadas mais contestatárias do século XX, era necessário marcar a diferença com o passado e assim nasceu a estrela:
TWIGGY


Ao fim de quatro anos de passerrelle e de sessões fotográficas para publicidade, Twiggy enveredou por outros rumos profissionais - na música, no teatro, no cinema e na televisão, com bastante sucesso - sustentando que "não se pode ser um cabide de roupa durante toda a vida".

Contudo, os "grandes génios" da moda passaram a adoptar modelas cada vez mais altas e escanzeladas, a "fábrica de sonhos" hollywoodesca contribuiu no mesmo sentido e uma multidão de jovens imaturas, que sonhavam atingir um estrelato idêntico ao da famosa top model, desataram a fazer dietas insensatas, com enormes riscos para a saúde e para a sua própria vida.

Enfim, há modas que pegam e infelizmente esta foi uma delas! Nos anos que se seguiram os preconceitos contra quem tem uns quilos a mais no peso cresceram, dando azo a que certas doenças do foro psicológico se multiplicassem, como podem ver no clip seguinte (com bolinha vermelha, para os mais sensíveis):
O


Evidentemente, Twiggy nunca foi anoréctica, a figura magra herdou nos genes, aos 59 anos pesa mais uns 10 ou 15 quilos, como é natural. Continua activa, dedicando-se ainda à defesa dos animais...

A foto foi tirada do seu site!

Post-scriptum - Obrigada, Inês (não anja) pela indicação do vídeo!

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

A PROFESSORA QUE NÃO QUERIA ENSINAR

Fotografia daqui

Para descanso de todos, esta professora já se reformou há cerca de seis anos. Ou seja, reformaram-na, quando atingiu o limite de idade. Nem sei se ainda é viva, mas isso não faz com que a história seja menos verídica.

A professora primária leccionava num colégio particular dos mais tradicionais de Lisboa, já de si com uma disciplina mais rígida do que a habitual, mas conseguia ainda ser mais severa: educava os seus alunos à reguada, como nos (bons?) velhos tempos salazaristas. Não havia dúvidas que com ela os alunos sabiam sempre como se deviam comportar, qualquer deslize era motivo de repreensão, tinham de estar todos sentados direitos nas carteiras, sem se distraírem. Ora exigir isto a crianças de 6 anos é uma coisa, consegui-lo é outra... o que provocou queixas de alguns pais à direcção do colégio, pois alguns castigos (físicos e não só) eram nitidamente exagerados.

Os extensos trabalhos de casa que marcava aos miúdos, que, por vezes, só chegavam a casa tardiamente, para jantar, tomar banho, ver televisão e estar um pouco com a família antes de se deitarem, também gerou alguma insatisfação paternal. Para não falar do aborrecimento dos próprios alunos, que sabiam de antemão que sofreriam represálias se não os fizessem atempadamente.

Mas o mais incrível mesmo, era a arrogância (e moralismo?) da referida professora, que numa das primeiras reuniões com os encarregados de educação, avisou-os da sua decisão inabalável de não ensinar dois pontos do programa:
1º O sistema reprodutor;
2º O 25 de Abril de 1974, com o qual ela própria não concordara.

Isto, está claro, em pleno século XXI!

Todos os professores que me desculpem este exemplo (que não o é para ninguém), mas se a mulher tinha os seus pontos de discórdia com o programa escolar, também tenho direito a discordar que pessoas destas dêem aulas...

Sem avaliação - digna e confiável, que a que está em curso parece longe de ser - não é viável afastar "educadores" destes do sistema de ensino!

domingo, 9 de novembro de 2008

SEMANA DO AMIGO?

Un Amigo
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Até há uns mesitos atrás, nunca tinha ouvido falar na semana do amigo. Mas os amigos não são para todos os dias? (mesmo que os encontros não sejam diários) Agora também têm uma semana específica? E que semana é essa, já que ultimamente chovem tantos mails sobre o assunto? Estas curiosidades matam-se na net...

Descobri então que não existe nenhum consenso sobre QUANDO se "festeja", que as datas não são precisas e a expressão, em si, também serve para algumas campanhas publicitárias: num ginásio, para experimentar umas aulas antes de se inscrever (ou não); num curso de inglês, com um fim idêntico, etc. e tal.

Depois encontrei aqui a fonte de alguns desses mails que recebi, em que o de cima é apenas um mero exemplo, alguns com uma bonecagem engraçada, as mensagens lamechas do costume, muitas referências a Deus (que não coloquei, porque aqui é irrelevante) e, no final, a grande prova, o grande teste: envie a todos os seus amigos ou àqueles que gostaria que o fossem, blá, blá, blá. Vá, que não vem aliado a nenhuma desgraceira na nossa vida, caso não sigamos as "instruções", mas, por vezes, apela-se ainda à devolução do mesmo...

Alguém me explica (como se eu fosse muito, muito burra) qual é o interesse de (alguém) saber se tenho 2, 10 ou 20 amigos? E porque é que precisaria de os testar?! Eles SABEM!!!

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

HAKUNA MATATA



E, sem problemas, dar uma espreitadela aqui...


que o Festival Internacional de BD da Amadora termina já no próximo Domingo, dia 9, este ano dedicado ao tema "Tecnologia e Ficção Científica".

UM FELIZ FIM DE SEMANA PARA TODOS!

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

QUE RICOS PAVÕES...

Fotografia de Ian Britton

"Cada funcionário tende a ser promovido até ao seu nível de incompetência", assegura o princípio de Peter.

Como todos sabemos, há gente que não tem competência para rigorosamente nada, mas mesmo assim pavoneia-se com ares de sapiente e culta, até ao dia em que acaba desmascarada. Pessoalmente, conheci vários casos: uma que dizia que o francês era quase a sua segunda língua, um dia toca o telefone, ela atende e ouve um belga do outro lado do fio, estende-me o auscultador e indica "é um estrangeiro!"; outro, muito solícito, "esteja descansado senhor engenheiro, que o assunto está a ser tratado", quando o assunto consistia numas papeladas morosas e complicadas de preencher, com prazo marcado para a entrega, no próprio dia foi chorar em frente ao dito engenhoca (que, diga-se de passagem, também era um ganda troncho!), a queixar-se que "afinal não tinha tido tempo", óbvio que o trabalhito sobrou para alguém; a lista é vasta e não pára por aqui, mas vou poupar-vos a mais exemplos "edificantes".

Entendo que a maioria das pessoas precisa de trabalhar para (sobre)viver, se bem que não simpatize com estas mentirolas descaradas e estupidez nata, percebe-se que estão a tentar esconder as suas dificuldades atrás de uma fachada - fraquita, mas é a que se pode arranjar!

Insuportáveis mesmo são dondocas e gabirus, que trabalham por conta de outrém - normalmente em cargos de chefia - e apregoam aos quatro ventos que não precisam daquele emprego para nada, que têm outros negócios ou rendimentos, mas que gostam de trabalhar! Pois, pois, do que gostam é de atazanar a vida dos outros, de todas as formas e feitios, que podem ir desde despedimentos à má fila, a trocas de férias à última hora, a atrasos de pagamento de saláros, despesas, comissões ou horas extraordinárias. Isto, quando não têm tendência a gritar com o pessoal, como se de escravos se tratassem...

Nunca viram? Não sabem a sorte que têm!!!

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Parabéns, CARLOS II! Tem um dia muuuuuiiiito FELIZ!!!!!!!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

VOU VIRAR BUDISTA!

Foto de Dani Hall, daqui.

Não posso, não??? Ah, OK, não é por uma grande convicção, mas ele até dizia umas frases engraçadas, cheias de sentido! Mais do que as do Pai Natal, que se limita a um "ho, ho, ho!" repetitivo...

Até gosto do Natal e das festas familiares, a noite de consoada este ano é cá em casa. Tudo bem, gosto de os ter cá! Mas a parafernália dos presentes e prendinhas já me está a assustar. Costumo começar as compras natalícias com meses de antecedência, mas este ano ainda não tenho nada, que os tempos são de crise (ai, já nem posso ouvir falar dela!). Hoje comecei a comprar as primeiras, para o rapaz oferecer a tios e avós, já que no ano passado ele despachou-se bastante cedo, mas nas vésperas já não tinha nada: nem dinheiro, nem os chocolates que entretanto foi comendo! À última hora, tive de me enfiar num hipermercado e pagar do meu bolso.

Os putos estão cada vez mais exigentes (só não pedem o Sol, a Lua e as estrelas porque não calha), mas aí o sistema até se controla, porque se querem coisas caras, em vez de dez têm só uma. Os da terceira idade, "ai, não gastem dinheiro comigo", mas quando chega a hora de abrir são iguais aos miúdos, nem aguentam a expectativa, rasgam os papéis e voam laços e, às vezes, a forma desabrida de estarem na vida até lhes vem ao de cima: "o quê? mais um sabonete? devo cheirar muito mal para me oferecerem coisas destas..." Mas reagem da mesma maneira se for um perfume carérrimo. Adoram doces e bombons, que lhes faz mal a "n" coisas, se o mimo não for esse, no mínimo, ficam com um arzinho enfastiado. Para quem não quer nada, convenhamos que a exigência não corresponde...

Os de meia idade normalmente não fazem ondas, se bem que um ou outro também refile de vez em quando! Mas já comecei a refilar hoje, que o guloso do rapaz atacou logo uma caixinha de bombons, que se destinava a oferta!

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Post-Scriptum - mas se todos refilam, porque é que não posso refilar também??? FAMÍLIA, fico contente com um marcador de livros, OK? Ou um livrito, se quiserem gastar tanto! Mas NÃO QUERO pijamas cor-de-rosa, todos cheios de porquinhos, ursinhos ou outros animaizinhos, carérrimos ainda por cima, que não sou a Heidi, nem nunca os vou vestir!!!

terça-feira, 4 de novembro de 2008

ALGUÉM SABE EXPLICAR O AMOR?

Foto de Ian Britton

OK, o Camões sabia! Na sua forma poética e mágica de usar as palavras e os sentimentos universais, em pleno século XVI. Mas, actualmente, como é? Alguém consegue explicar?

Casamentos? Cada vez menos! Divórcios? Cada vez mais! Parece que os únicos interessados no casório são os gays. Mas, para eles, não é legal nesta terra! Talvez o sabor a "fruto proibido" seja apetecível, mas certamente não se vão dar pior ou melhor do que todos os outros casais!

Um arremedo de legislação nesse sentido, cai o "carmo e a trindade", com a Igreja Católica em polvorosa, que se considera a si própria detentora do poder sobre todos os matrimónios. "Não, esse sacramento só pode existir entre seres de sexo oposto", reitera convicta e hipócrita, esquecendo os inúmeros casos de membros das suas fileiras que trespassaram esses limites. O PR veta, porque tem a sua própria noção de casamento, formal e retrógrada. Assustado, o governo socialista, já perto de novas eleições, enfia o projecto na gaveta até à próxima legislatura - como, aliás, já fez com o socialismo há largos anos!

Mas alguma destas personagens sabe o que é o amor? Se os representantes da Igreja sabem, não deviam saber, dados os seus votos de castidade. O Anibal e a Maria... pois, lá têm as suas convicções! Os chuchalistas, ainda precisam da chucha antes de inovar qualquer coisinha...

O clip explica vagamente, para quem quiser entender:




"Ah, e eu com isso?", podem perguntar. Nada! Mas em tempos conheci um rapaz gay que passou alguns momentos de aflição num hospital, porque o companheiro tinha tido uma apendicite aguda ou coisa e foi operado, não existiam familiares por perto e, a ele, como não passava de um "amigo", não davam informações nem lhe era permitido visitá-lo na UCI. Ninguém merece, né?

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

RIR É O MELHOR REMÉDIO?

Foto de Ian Britton

Nunca gostei de andar de avião! Escusam de me dizer que fui influenciada por livros ou filmes, que a primeira vez que andei tinha 4 anos de idade, nem medo do "bicharoco" tinha, mas os ouvidos começaram-me a estalar como se estivesse uma espanhola a tocar castanholas dentro deles e a sensação não me agradou. Mais tarde, para além das castanholas, até os dentes pareciam estar a ser apertados por um torniquete. Desagradável, é o mínimo que se pode dizer sobre essas viagens!

E claro, depois veio o medo, que juntamente à claustrofobia de estar num local sem poder sair quando apetece, também não ajudou nada. Contudo, nunca deixei de viajar à conta desse receio (eufemismo, é evidente!). Não quero ver as nuvens ou as estrelas da janela, depois da descolagem, com os olhos arregalados de pânico q.b. e a mascar pastilha elástica furiosamente, concentro-me a fazer palavras cruzadas, desafios lógicos, sudokus ou coisa do género, sem quase levantar os olhos do papel. Nas tintas para quem me chame de pacóvia ou outros mimos. Quando chega a fase da aterragem, fico novamente tensa, empanicada, nhac, nhac, nhac na pastilha, nada preocupada que os restantes passageiros observem uma face semi-tresloucada.

Têm sido sempre assim, as minhas viagens de avião. Excepto uma vez! A ida era ao Brasil, em trabalho, mas também com uma componente de lazer muito agradável. Como o vôo demora várias horas, para além da má pala inicial, ninguém deve ter notado nada de anómalo no meu comportamento sossegado e quietinho, se bem que umas garinas ainda se tivessem chegado perto com frases do género "adoro andar de avião!" ou "é tão bom viajar...". Entendi o gozo, mas não liguei. Entretanto, o vizinho sentado ao lado meteu conversa, acabámos a falar de calvície, e ele começou a relatar:

- Um amigo meu foi fazer um implante de cabelo, mas não correu muito bem!
- Então porquê? - perguntei, mesmo que simultaneamente tivesse apertado o cinto, conforme a indicação da hospedeira.
- Não sei exactamente o que sucedeu. A cirurgia é morosa e dolorosa, ele quis uma anestesia geral.
Acenei com a cabeça em sinal de compreensão e o homem continuou:
- Depois vieram os enfermeiros preparar o paciente, têm de colocar um pano no local da intervenção, para o cirurgião saber onde deve operar...
- ...
- O pano descaíu...
- E?
- O meu amigo acordou com cabelo na testa!

O ataque de riso foi tão grande, que nem dei pelo avião aterrar...*

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* Note-se que não sei se é anedota, caso verídico ou uma invenção momentânea.

sábado, 1 de novembro de 2008

COR PÚRPURA

Sempre tive por hábito - desde os dezoito anos ou por aí - sair todos os Sábados à noite, mas os programas eram variáveis: às vezes era apenas uma ida ao café de bairro, outras um cineminha, um bar com música ao vivo, uma jantarada ou petisqueira qualquer, uma boatada (de boîte, já que só posteriormente se começaram a designar discotecas) para dar um pé de dança ou uma festa que se aprazava para esse dia, por ser mais conveniente para todos, já que na época todos estudávamos e/ou trabalhávamos.

O grupo de amigos era grande - felizmente, conservo alguns até hoje - com tendência a crescer ou a decrescer, conforme os namoros e romances de cada um corriam melhor ou pior, ou que novos companheiros se juntassem às coboiadas daquele "Saturday Night Fever". Exceptuando nas festas de aniversário, não havia compromisso nenhum de seguirmos todos em carneirada para o mesmo local. Assim, muitas vezes, o grupo dividia-se conforme as preferências (e o estado de espírito) de cada um. E sim, também existiam feitios que se chocavam e algumas discussões, que ninguém era perfeito e a idade era bastante contestatária, em plena época revolucionária. Resumindo: no geral, passávamos noites muito alegres e divertidas!

Como é evidente, à medida que o tempo foi passando, essas reuniões de Sábado foram tendo cada vez menos aderentes. A maioria casou, teve filhos e as obrigações familiares e laborais multiplicaram-se! Numa dessas noites, dei comigo sozinha no café, sem que ninguém aparecesse! Solteira e sem namorado, chateada com o emprego que tinha na altura e com a minha mãe fora de Lisboa, apetecia-me desanuviar e não tinha com quem. Voltei para casa e aluguei um vídeo de caminho: "A Cor Púrpura"!

Não sei se acontece com todos, mas, por vezes, descobrimos algumas verdades sobre nós próprios, devido a um estímulo exterior. Chorei copiosamente durante todo o filme, não por mim, mas pela vida desgraçada da Celie e dos que a rodeavam! Eles, sim, podiam-se queixar de ter uma existência miserável... Nesse dia, adormeci feliz e descansada (se bem que com a cara inchada, de tanta choradeira)!

Nunca mais tive "crises existenciais" de Sábado à noite, aprendi a aproveitar esses momentos de solidão para fazer o que mais gosto. Hoje, por acaso, apeteceu-me partilhar esta memória...