Terminada a 87ª cerimónia dos Oscares, que teve lugar no Teatro Dolby, de Los Angeles, a sensação é de déjà vu. Não que tivéssemos assistido em direto a Globos de Ouro, BAFTA e outros prémios cinematográficos entretanto atribuídos por grupos profissionais, mas porque os vencedores são praticamente os mesmos. Nos atores então, ninguém tocou: Eddie Redmayne e J. K. Simmons nos papéis principal e secundário masculinos, Julianne Moore e Patricia Arquette nos femininos. Porque se destacaram tanto dos restantes nomeados, que não ultrapassaram desempenhos medianos? Ná, não me parece...
A gala foi choca e sem grandes surpresas, apesar dos vários discursos, mais ou menos inflamados sobre: discriminação racial, orientação sexual, emigrantes mexicanos e até sobre a igualdade de direitos das mulheres, este protagonizado por Patricia Arquette (e muito aplaudido por Meryl Streep, entre outras atrizes). Também não faltaram referências a ELA ou Alzheimer, como era de esperar. O documentário vencedor "Citizenfour", sobre Edward Snowden, também mereceu um agradecimento a todos quanto lutam por uma verdadeira liberdade de expressão - mas sabe-se lá porquê?!? - já não foi tão unanimemente aplaudido.
Então depois de Alejandro Gonzalez Iñarritu e "Birdman" terem rapado algumas das estatuetas mais cobiçadas - fotografia, argumento original, realizador e filme - o que restou? Momentos musicais demasiado prolongados (às 4h20m da manhã apetece a alguém ouvir um medley de "Música no Coração", com ou sem Lady Gaga à mistura?!?), a homenagem a todos os que partiram este ano e, o melhor da noite: o apresentador, absolutamente fantástico do princípio ao fim. O quê, não há Oscar para Neil Patrick Harris como melhor apresentador? O truque que desempenhou, com a inexcedível ajuda de Olivia Spencer, foi de mestre!
"O Grande Hotel Budapeste" também obteve 4 Oscares - guarda-roupa, caracterização, cenografia e banda sonora - mas não tão relevantes. "Whiplash" venceu em 3 categorias (mistura de som, montagem, além do ator secundário), enquanto o tal de "American Sniper" levou para casa o de montagem de som, para não dizer que ia de mãos a abanar. O meu filme favorito, "O Jogo da Imitação", também só recebeu uma estatueta, mas na categoria de melhor argumento adaptado, que sempre é mais prestigiante. Na verdade, como muito bem dizia o realizador mexicano na sua pronúncia retorcida, todos estes filmes têm de passar no teste do tempo, para se saber quais ficarão na memória do público e os que não passarão de mero fogacho.
Neil, volta para o ano!