domingo, 30 de setembro de 2007

DESAFIADOS E PREMIADOS!

Um desafio e mais um prémio?! Como é que resolvo isto?

O desafio – lançado pela Su, da Teia de Ariana - é simples:
- Pegar no livro que está mais à mão (não é escolher o melhor);
- Verificar qual é a 5ª frase completa, da página 161;
- Referir a frase, endereçando o desafio a outros 5 bloguistas.

A frase que encontrei foi a de José Eduardo Agualusa, em “As Mulheres do Meu Pai”, que por razões óbvias estava aqui à mão, e foi a seguinte:
“- Não durmo, sonho e caminho!”

A dificuldade aqui, é que não sei a quem endereçar este desafio, que já o vi em muitos dos blogs que visito mais frequentemente, não sei bem em quais. Portanto, todos os que estão nos quiproquós favoritos, que não tenham sido desafiados, aceitem o desafio, se assim vos apetecer!

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Prémio? Aiaaiaai! Atribuído por Crestfallen, do “Só me apetece cobrir”. Por ser “uma voz discordante” (no blog dele, é evidente)? Um Prémio de Amizade? Aiaaiaai! Como é que agora descalço esta... pantufa??? Pantufada nele não dá, que está longe! E, apesar de tudo, sinto-me sempre lisongeada por receber (mais) um prémio...

Nunca pedi para ser júri em concurso nenhum, nem me parece que estejam todos sintonizados na mesma onda, o que torna a “escolha” ainda mais difícil! As diversas “casinhas” são poéticas, informativas, humorísticas, culinárias, desportivas, sentimentais, literárias, musicais, cinematográficas ou politiqueiras, sendo que é raro encontrar uma que tenha só uma destas vertentes. Assim, ficam todos nomeados, na ordenação alfabética (ou quase) dos favoritos: Vanadis, Dulce, Capitão Merda, Fausto, Rita, 4ever... or never, Ahkla, Diabinha, Adrianna, Diabba, Mel, Elora, Belzebu, Pelintra (e Compª), Kátia, Pascoalita, Vício, Laura, Matchbox, Crestfallen, Su, Tons de azul, Eduardo, Nelson e, claro, como não podia deixar de ser, o Rafeiro e a sua Gata...

Ah, era só para nomear 10? Hélas... Paciência! Como nem todos aceitam prémios, fica para os que gostam de os obter, porque de uma maneira ou doutra parece-me que todos o merecem, pela predisposição em trocar e/ou partilhar pensamentos, ideias, anedotas, indignações, poemas, melodias, fotografias e tantas outras imagens... que passam a fazer parte do dia a dia de todos nós!

O logo do prémio é o ursinho Puff abraçado aos seus amigos, ih, ih, ih! Não coloco nenhum prémio na faixa lateral, pela simples razão que... não sei como!

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

AS MULHERES DO MEU PAI

Perder o fio à meada, acontece a quase todos que leram este livro. Mas no fundo, a meada não é importante!

Agualusa confunde-nos com uma viagem real por terras africanas, com um enredo ficcional paralelo no mesmo percurso, para além de inúmeras estórias ao sabor de vários povos e referências a sons musicais, poesia e culturas diversas. Os narradores também são diferentes a cada capítulo, ou sub-capitulo.

Na viagem real, o escritor, a realizadora Karen Boswall e o fotógrafo Jordi estão presentes, na intenção de fazer um argumento para um filme naquelas paisagens.

Na ficcional, Laurentina (também ela realizadora de cinema) descobre que não é filha biológica daqueles que sempre considerou pais e parte para Luanda em busca das suas origens, na companhia de Mandume, o homem que a ama, negro de raça e português de coração. Chegam a Angola a tempo de assistir ao funeral do pai, Faustino Manso. Músico angolano, que percorreu todos aqueles territórios da África Meridional, tendo tido 7 mulheres e 18 filhos, assim lhe reza a fama.

“De quantas verdades se faz uma mentira?”- é a interrogação inicial.

A escrita é fantástica, poética, bem-humorada, com estórias inverosímeis, mas fascinante, no todo!

Surpreendente, também, nas vertentes da menina e da galinha ou da bailarina. Aliás, as últimas palavras são dela:
“- Leve os sonhos a sério – sussurrou. – Nada é tão verdadeiro que não mereça ser inventado.”

AS MULHERES DO MEU PAI
José Eduardo Agualusa
Editora: Dom Quixote (Maio de 2007)


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CITAÇÕES:

“Pensei que fosse zangar-se comigo. Receei que me expulsasse do cemitério aos gritos. Aconteceu o contrário. Abraçou-me com sincera ternura, quase alegre:
- Tu és ainda muito nova. Tens o quê, trinta anos? Só podes ser a caçula, a Laurentina. Fico feliz que tenhas vindo, filha. Bem-vinda à tua família.”

“- É tua, a galinha?
- Ya!
- Parece um cão.
- Julga que é um cão. Foi criada por uma cadela. A pobrezinha morreu, a Pintada ficou sozinha. Faz tudo o que faz um cão, só não ladra, mas quase. Queres ver o que lhe ensinei? Pintada, dá a pata!
A galinha saltou debaixo da mesa e estendeu a pata direita. A menina riu-se. Ri-me com ela.”

“Mas, enfim, se George Bush, que fala como um estivador, pode ser presidente dos Estados Unidos da América, porque é que, ao invés, um tipo que tem a eloquência de um bispo, e os mesmos gestos doces, a mesma voz de tamarindo, não há-de poder ser candongueiro em Angola?”


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O Clube de Leitura funcionou sobre rodas, não foi só puxar uma cadeira e sentar: um dos participantes, o Zé G., fez uma belíssima apresentação do livro, com pesquisa internética a envolver entrevistas ao autor, fotografias e críticas jornalísticas. Hummm... tenho de me preparar melhor para a próxima sessão! Estipulada para o dia 17 de Novembro, com o livro de Mário Vargas Llosa, “As Travessuras de Uma Menina Má”.

Obrigada, Zé!

BOM FIM-DE-SEMANA PARA TODOS!

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

O GANG DO TUBARÃO

Estupefacta, é a palavra adequada para descrever uma notícia de Domingo passado.

Junto à costa de Sesimbra, foi detectado um tubarão-martelo, perdido numas ondas que não são as dele. E perdido quer dizer que estava desorientado, não propriamente faminto. Um “bichinho” jovem de cerca de metro e meio/dois metros, que os adultos podem atingir quase seis. Filmado por helicóptero e tudo! Os banheiros foram avisados, puseram bandeira vermelha, quando a ondulação rondava os dez centímetros, percorreram a praia a explicar a situação.

Ná, ninguém quis saber da bandeira ou do tubarão! O dia estava bom, toca de mergulhar e nadar à-vontadex. Ahn?

Na Austrália e nos EUA, assim que se sabe que um dos mais pequeninos conseguiu ultrapassar a rede/barreira, foge tudo dentro de água. Ah, pois, são todos lelés da cuca! Como nas nossas águas nem sequer abundam, também não há redes. Cambada de valentes portugueses, querem experimentar a vossa perícia de natação em frente a um tubarão? Hummm... Pensem lá bem! Improvável até pode ser, mas impossível?!

Se tivesse acontecido algum “azarito”, era mais uma notícia a atormentar-nos durante meses, primeiro na TV, rádios e jornais, depois, nos tribunais! Assim sendo, caíu no esquecimento...

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Quanto ao livro “prometido”, o problema tem sido o excesso... de informação! Ih, ih, ih!

terça-feira, 25 de setembro de 2007

O MUNDO É PEQUENO!

E composto por inúmeras coincidências...

Li, não sei onde, que um dia o Rafeiro Perfumado (o próprio) estava em converseta internética com alguém e descobriram que pairavam os dois no mesmo edifício. Combinaram e foram tomar um café. Tudo bem!

Aqui, a propósito dos carros actuais serem quase todos cinzento metalizados, variando no tom – uma moda como outra qualquer - o que constatei da janela do meu 6º andar, formou-se uma poderosa e tenebrosa “irmandade do sexto andar”. Quer dizer, não assim muito poderosa... tenebrosa... assim-assim... pouquinho... assusta uma melga, se tivermos uma lata de raid na mão, pronto!

Bom, mas fugindo ao estilo de humor dos Gatos e do referido Rafeiro (ai, que é hoje que me mordes as canelas), já vi por aí uma teoria muito bem construída, em que pessoas que moram na mesma rua podem nunca se cruzar, e depois encontrarem-se num outro recanto do planeta ou, quiçá numa viagem espacial tão em voga... Não duvido, também já me aconteceu, mas em Londres... pois, os tugas dão sempre as mesmas voltecas!

Vai daí, os raios e coriscos atrairam vários comentários (ainda estou à espera do teu raio, Vanadis!) tipo pára-raios e a Benjamim Franklyn aqui, que adora comentários, a visitar todas as casinhas e a pôr o seu TPCB em dia. Pena não ser mais experiente em termos informáticos, que tudo o que não sejam casas semelhantes às por onde tem passado, não consegue comentar...

Um dia destes, surgiu um novo temporal em Lisboa, com mais raios e coriscos, um outro bloguista fez umas fotografias da janela. Bora lá mostra lá, vi os raios, nem liguei muito à rua em si, iluminada como se fosse de dia, já era noite cerrada. Ontem ele sai-se com uma nova, descobri que somos "vizinhos"! Ainda por cima, até me parece que ele também pertence à irmandade...

Vê lá faxavor, se um dia destes não te toco à porta para beber a tal cervejinha! Se quiseres, até levo uns figuinhos, que sei onde páram as tais figueiras...

Acabando com o estilo Carpenter, não resisto a mais uma demonstração de como o mundo é pequeno: ontem, recebi um novo comentário no “episódio” Borboletas, lá para trás do sol posto. Cheio de Ehhhehhes de um anónimo que se assina cauda-de-andorinha, dizendo que presenciou a cena. Duvido, mas pronto, para além de um turco predilecto agora tenho mais esta borboleta, passarinho (ou parte dele)...

domingo, 23 de setembro de 2007

ORELHAS DE BURRO

No tempo dos meus avós, criança que não soubesse a lição, era sentada num banco bem em exposição, com uma bela “coroa” de orelhas de burro.

Quando comecei a estudar, esse método já era considerado “arcaico”, a professora (e como ela muitos outros) resolvia tudo ao estalo, reguada e ponteirada.

Nos dias que correm, já se reconhece que existem vários factores que contribuem significativamente para que algumas crianças tenham mais dificuldades de aprendizagem que outras. Dislexia, hiperactividade, incapacidades auditivas (parciais ou totais), distúrbios de fala, entre outros, exigem que essas crianças sejam acompanhadas de um modo mais atento, para corrigir e ultrapassar esses problemas. Até aqui, suponho que todos concordam.

Na prática, ainda está longe de se ver luz ao fundo do túnel! Isto porque a grande maioria dos professores denota um grande desconhecimento, ou até ignorância, decidindo à partida que o aluno é preguiçoso, mal comportado, pouco participativo, isto quando não aludem mesmo à sua pouca inteligência...

Auxílios eficazes, exigem disponibilidade de tempo e dinheiro, em centros especializados!

Algumas escolas públicas têm aulas especiais para estes alunos. Uma das minhas sobrinhas é disléxica e assistiu a todas, sem problemas, no 5º ano. No ano passado, desistiu de ir a meio do ano (não são obrigatórias). Segundo ela, o professor passava o tempo a berrar que eram todos um bando de burros e estúpidos. Numa conversa com a directora de turma, esta acabou por concordar que aquele professor não “tinha o perfil mais indicado para aquele tipo de ensino”. Ah, entendi, fazem aulas especiais (45 minutos não é muito, mas pelo menos parece revelar alguma boa intenção) e depois colocam lá um idiota – a palavra até é um pouco branda, para aquilo que penso sobre um professor desta laia – a leccionar? Adeus intenções, bem-vinda hipocrisia!

Não sei quem é que premiava com as ditas orelhas de burro, mas de certeza que não eram os miúdos...

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

DEVIA OLHAR O REI

Devia olhar o rei
Mas foi o escravo que chegou
Para me semear o corpo de erva rasteira
Devia sentar-me na cadeira ao lado do rei
Mas foi no chão que deixei a marca do meu corpo

Penteei-me para o rei
Mas foi ao escravo que dei as tranças do meu cabelo

O escravo era novo
Tinha um corpo perfeito
As mãos feitas para a taça dos meus seios

Devia olhar o rei
Mas baixei a cabeça
Doce, terna
Diante do escravo


Ana Paula Tavares

Encontrei este poema, em nota de rodapé, no livro de José Eduardo Agualusa, “As Mulheres do Meu Pai”. Que vai ser alvo de discussão, no nosso “Clube de Leitura” recentemente formado, já no próximo Sábado.

Ninguém deve de imaginar o que os filhotes adolescentes de quase todos se têm farto de rir com os cotas e o seu “Clube de Leitura”. Deixá-los!

Não costumo utilizar poemas alheios – já que não tenho grande veia para a escrita poética – mas este pareceu-me adequado para ilustrar um modo de sentir, tanto na comemoração dos nossos 17 anos de casados (Sábado passado), como em resposta a um jovem desconfiado a viver em Hamburgo, que vê em cada mulher que cruza uma potencial artista do “golpe do baú”.

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Claro, só depois da discussão falarei sobre o livro!

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

DESAFIOS!

Desafios, jogos, testes, sondagens circulam na blogosfera a grande velocidade. Uns melhores, outros piores, consoante os gostos pessoais de cada um. Não me chateiam nada, que só responde ou faz quem quer, embora de vez em quando apareçam assim umas “correntes”, em que uns têm de denominar outros para responder, eventualmente com uma mensagem fatídica, para quem a quebrar.

Ná, isso era bom para me engrupirem quando era miúda dos meus 12/13 anos, lá ia a correr comprar um postal para enviar ao primeiro da lista, lá escrevia as não sei quantas cartas, que enviava pelo correio. O que normalmente me transtornava os escuditos da semanada. Mesmo que na época um selo custasse um escudo, o que actualmente corresponde a menos de metade de um cêntimo, se não me enganei nas contas. Ah, resta acrescentar que o sistema não era bom nem para coleccionadores de postais, que mesmo seguindo as regras à risca, só uma vez recebi um postal...

Bom, mas alguns desafios são divertidos, ainda ontem me fartei de dar pontapés no rabo de um Sócrates virtual – para quem quiser experimentar a potência do biqueiro, vá à “A Grafonola...”. Mas esclareço desde já que não sou dada a violências, de qualquer espécie!

Claro que depois existem outros um bocado confusos, suponho que pseudo-psicológicos, a perguntarem-nos tudo sobre a nossa vidinha, desde o que comemos ao pequeno almoço, ao tamanho das dúvidas que temos na cabeça (quem não tem?), qual o bichinho de estimação de preferência, sei lá que mais... Então e o perfil, serve para quê, nesta “casa”? Por falar nisso, tenho de modificar o meu, que está um bocadinho desactualizado...

Hoje estou como o Manuel Alegre, “a mim ninguém me cala!” Então, passou por aqui um “turco”, que me parece ser um novo desafio. Intrigante, não é? Porque é que um turco iria comentar o meu blog em turco? Cantinho sossegado, que nunca fez mal a ninguém, embora não isento de alguma má-língua? E lá vai a curiosa saltitando de link em link, à procura dos blogs onde o turco comentou, que foram vários. Em dois encontrei a tradução de “your blog is very nice:)” E estou farta de rir com os comentários ao turco, que tem passado por tudo, desde ser “apagado”, a ignorado, a muito comentado, especialmente em inglês (macarrónico ou não).

Suspeito que um dia destes vamos todos descobrir (ainda mais!) a careca ao turco...

terça-feira, 18 de setembro de 2007

2 DIAS EM PARIS

Era bem bom era, mas não foi por aqui que passou esse vento... Estou a falar do filme:

2 DIAS EM PARIS
Realização, argumento, produção e montagem: Julie Delpy
Elenco: Julie Delpy, Adam Goldberg, Daniel Bruhl, Albert Delpy e Marie Pillet (estes dois últimos, parece que são os próprios pais da realizadora)
2007

Estava num cinema próximo e a uma hora conveniente, mas a perspectiva não era grande, que alguns críticos jornalísticos já tinham avisado que a comédia, tipo Woody Allen, era mal conseguida. E a cena de ser um filme quase de “trazer por casa”, também não ajudava muito. Mas lá fomos!

O enredo passa por um casal de 35 anos, que vive junto há dois, em Nova Iorque, ela uma fotógrafa meio cegueta francesa e ele um decorador americano. Vão ambos de férias a Veneza, o que não corre por aí além, que o americano tem uma gastroenterite no percurso. Depois passam pelo estúdio dela em Paris, que por sinal fica no mesmo prédio dos pais, que lhe tomaram conta do gato durante a viagem.

O filme é quase só constituído por diálogos, por clichés e muitos desentendimentos. Só o modo de estar na vida dos pais - ex-juventude de 68 - já de si é hilariante. Aburguesados, mas a defender os mesmos ideais. E o americano ali um bocado apardalado, que não sabe falar francês. A mulher reencontra alguns ex-namorados, ele começa a ver em cada gesto uma tentativa de sedução. Sexo e política do tempo da II Guerra Mundial é tudo o que os franceses lhe oferecem, com palavras que ele não entende ou num inglês macarrónico.

Embora o fim do filme seja um bocado abrupto, chorámos a rir!

E não, não tenho nenhuma pretensão a crítica de cinema...

domingo, 16 de setembro de 2007

LIVROS PARA SEMPRE

“Entrei numa livraria. Pus-me a contar os livros que há para ler e os anos que terei de vida. Não chegam, não duro nem para metade da livraria. Deve certamente haver outras maneiras de se salvar uma pessoa, senão estou perdido.”

Almada Negreiros (1893-1970)

Não podia estar mais de acordo, mesmo sem entrar numa livraria. A nossa biblioteca tem cerca de 1139 livros, sem contar com livros escolares e os do filhote, a grande maioria dos quais foram lidos, mas alguns suspeito que nunca chegarei sequer a folhear. Todos os familiares e amigos sabem que adoro ler, todos me oferecem livros e, não me perguntem porquê, acham que o gosto pela leitura é proporcional ao volume do mesmo. Noção errada, como é lógico! E ele é com cada calhamaço... O que interessa realmente é o seu conteúdo e temática, que até aí sou um pouquinho esquisita - a preferência vai para policiais, romances, sátiras, comédias e alguns históricos, raramente pego noutros géneros. Ficção científica e políticos, nunca! Amo poesia, mas nunca a leio por atacado, porque me parece ser necessário saborear os seus versos, para perceber o significado e o sentimento que o poeta pretendeu transmitir...

Bom, mas como o tempo é insuficiente para ler tudo quanto nos chega às mãos, nunca faço fretes: se um livro não me agrada, nas primeiras 20 ou 30 páginas, largo e parto para outro. Está na moda, a crítica é genial? Pois, mas felizmente somos todos diferentes e cada um tem a sua própria capacidade de entendimento, de emoção e de análise. Nos livros, como nos filmes, na música e na própria vida.

Entretanto, e ainda a propósito de livros, a minha amiga Su – amiga virtual, note-se, que como já referi, não conheço pessoalmente ninguém que reside nos quiproquós favoritos – pediu-me para lhe fazer um comentário sobre um livro que ambas adorámos: “A Sombra do Vento”, de Carlos Ruiz Zafón. Para ela colocar numa rubrica da sua Teia de Ariana, denominada “Fora da Prateleira”, o que fiz com imenso prazer. Para quem nunca leu e esteja interessado em saber mais um pouco sobre esta obra fantástica da moderna literatura espanhola, então... é dar lá uma espreitadinha!

Uma boa semana para todos!

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

NAVEGANDO

Desta vez, não na Net, foi mesmo no Oceanário. É, está certo que já lá tinhamos ido no século passado – assim dito, soa bem não soa? – de modo que achámos que estava na altura de fazer uma nova visita, para aproveitar os últimos dias de férias de “turismo” em Lisboa. Também está em curso uma exposição de monstros marinhos, mas que se encontra temporariamente encerrada, por motivos técnicos.

O edifício, projectado pelo arquitecto norte-americano Peter Chermayeff, tem uma forma quadrada, dando a ilusão de ser uma pequena ilha, rodeada por espelhos de água. A calçada portuguesa de acesso representa motivos da fauna marinha, bem como a azulejaria da entrada, que é simplesmente fabulosa – embora não conseguisse apurar a sua autoria, sabendo que Ivan Chermayeff, irmão do arquitecto, colaborou nesses projectos.

Bom, os bilhetes para adultos custam 10,50 euros, suponho que há descontos para jovens e para os maiores de 65 anos.

Claro que num dia de semana em Setembro de 2007, a confusão já não era a mesma do que em 1998, durante a Expo. E a “excursão” tornou-se fantástica, ficámos extasiados com os ambientes criados de fauna e flora, com o tanque central onde convivem peixes de vários oceanos, com algumas aves provenientes de outros climas. Curioso, é que não éramos só nós entusiasmados, era uma criança a apontar “olha ali o peixe-lua”, uma jovem a descobrir um cavalo marinho entre a vegetação e todos a espreitarem, estrangeiros e idosos a curtirem a brincadeira das lontras, anémonas fluorescentes, dragões marinhos, medusas (mais conhecidas por alforrecas), acreditem, um verdadeiro espectáculo!

Ainda dá direito a perceber o funcionamento daquele mundo aquático, em bastidores, com aquários de berçário para os peixinhos recém-nascidos, das pequenas alforrecas, de algas e corais. Segue-se um filme explicativo da alimentação dos animais e outros aspectos da sua vida, mas esse não chegámos a ver até ao fim, que nos avisaram que o Oceanário estava prestes a fechar.

Ah, e nas paredes, para além de algumas explicações sobre os animais, a soberba poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen.

Passámos lá duas horas e A-D-O-R-E-I cada minutinho! Se puderem, visitem que vale a pena...

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

RAIOS E CORISCOS

Desde ontem que não páro de pensar na minha avó. O que pode parecer estranho, dado que ela faleceu há quase 23 anos. Mas a explicação é simples: ela tinha pavor de trovoadas!

Assim, ontem, antes de sair de terras algarvias, ainda dei um mergulho na piscina, em jeito de despedida de férias. O céu estava ligeiramente nublado, mas o Sol ainda dava um ar da sua graça. Zarpámos para Lisboa, às tantas começa a chuviscar, devagarinho, depois mais intensamente, no fim o carro estava a ser apedrejado por uma saraivada de granizo. Não se via quase nada à frente, parecia que saía fumo da estrada. Uns minutos depois a chuva atenuou, mas o céu começa a iluminar-se constantemente com relâmpagos e raios, por vezes acompanhados de estrondosos trovões quase em simultâneo. Foram mais de 100 km nisto, em plena planície alentejana, às tantas já não sabíamos se estávamos a passar pela tempestade ou se ela estava a acompanhar-nos na viagem. Perto de Grândola o dia clareou, em Alcácer do Sal o Sol voltou a sorrir, embora timidamente. Lisboa estava cinzenta, mas não chovia nem trovejava.

Hoje fomos dar um passeio até à praia da Torre – as férias ainda não acabaram - sentámo-nos na esplanada apreciando a calmaria das águas do rio quase mar, o movimento dos barcos, uns desportistas a nadar em preparação para o que supusémos ser uma prova de triatlo. Um fim de tarde pacato e sossegado... De volta a casa passámos pelo hipermercado, começa outra vez a mesma cena, um pinguinho, outro e mais outro, uma bátega de água, a noite iluminada por uma espécie de lâmpada fluorescente avariada, o rugido da trovoada ora distante, ora a tentar furar-nos os tímpanos...

Não gosto de trovoadas. Assustam-me, pelo inesperado! Mas, simultaneamente, recordam-me sempre a minha avó. Que nesses dias, fechava a casa toda a sete chaves, desligava o quadro eléctrico, não permitia que ninguém tocasse em nada de metal – se fosse hora de almoço ou de jantar, a refeição era adiada até passar a tormenta, porque pegar em talheres nem pensar – e sentava-se a um cantinho do quarto, numa cadeira, a rezar o terço, soltando de vez em quando umas expressões do tipo “Valha-nos Deus!” ou “Deus nos acuda!” E aquele aparato todo transformava-se num quase pânico, para nós, enquanto crianças. Adorava a minha avó, que era católica praticante, muito alegre, nada dada a lamúrias, excepto... nesses dias!

Jantámos ao som do ribombar dos trovões, persiana fechada sim senhora para não levar com os flashs, venho para a net e dou com um post da Vanadis da Grafonola – ateia convicta – a falar do marketing religioso, que Jeová, Deus ou Alá a fulminem com um raio, se assim não for. Ahn? Então ela é que escreve todas essas heresias/pontos de vista e eu é que ando aqui debaixo de raios e coriscos há dois dias?

Mistérios...

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Post-scriptum – Este post era para “sair” a 11, mas já que atrasei umas horitas, aproveito para enviar um grande beijinho de Parabéns à minha amiga Nilza. Tudo de bom para ti, querida, hoje como nos tempos vindouros...