domingo, 31 de julho de 2016

O QUE É BOM...

... acaba depressa. Para já, dizemos adeus à praia, à piscina, às esplanadinhas à beira-mar, aos mergulhos quando apetece, às petisqueiras em família, às invenções e experiências de novas sangrias, aos passeios na lagoa, ao bird-watching mais que amador, às leituras desbragadas até ser dia. Por agora, acabou. Mas em setembro há mais!

E não vou dizer que, em simultâneo, também não sabe bem voltar ao doce lar. Sabe, embora os bons momentos passados deixem algumas saudades. É a vida!

BOM  DOMINGO!
(com ou sem férias...)

sexta-feira, 29 de julho de 2016

AS GÉMEAS DO GELO

E agora, aqueles que têm mais ou menos uma ideia das leituras que costumo apreciar, perguntam-me com algum espanto: mas porque é que vais escrevinhar sobre este livro, se o detestaste, com tantos livros empolgantes que leste nos últimos tempos (esta é só para aqueles que têm bola de cristal e usam turbante na cabeça, claro!)?

A resposta é simples: foi combinado num grupo de leitura do facebook os participantes lerem e darem a sua opinião. Hoje, às 11 da noite, hora à qual não sei se poderei estar em frente ao computador - daí ficar aqui com alguma antecedência, "transfiro" para o FB assim que puder. Dito isto, aviso desde já todos os eventuais interessados nesta leitura que este post contém SPOILERS, portanto é para parar de ler já!

Se há coisa que acho piada nos ingleses é aquela mania de que castelo, palácio ou mansão que se preze tem por ali um fantasma a cirandar. Mas se tem piada no reino da lenda ou de histórias contadas junto à lareira em noites de inverno, já não tem tanta quando para dar um final a um livro um bocado esquisitóide se tenta impingir o fantasma. Por mim, a credibilidade vai logo pelo cano!

Gémeas idênticas, Lydia e Kirstie têm 6 anos quando Lydia morre acidentalmente ao cair de uma varanda. Após a tragédia, Sarah e Angus Moorcroft, os infelizes pais das meninas, resolvem abandonar Londres e ir viver para o farol de uma ilha escocesa desabitada, que herdaram de uma avó, com Kirstie. E aí, pouco depois de se instalarem na casa em ruínas, a criança alega que os pais se enganaram, quem morreu foi Kirstie e o nome dela é Lydia. O que não lhe granjeia grande popularidade na nova escola, as outras crianças têm medo e fogem dela, excluem-na completamente das suas brincadeiras - isto quando não a perseguem ou acuam. 

Enquanto a confusão da identidade da miúda (habituada a fazer parte de uma dupla) e o desgosto devastador dos pais soa a possível e até verosímil, o diálogo quase inexistente do casal e mesmo assim quase sempre recheado de mentiras começa a pesar ao longo das 314 páginas. Latente está também a questão da culpa no acidente. Sem se entender porquê. Angus bebe demais, Sarah é completamente desequilibrada, com tantas dúvidas e angústias - chega a crer que o marido é pedófilo, só porque a filha lhe diz que ele beijava a irmã com frequência. Mais adiante, lá para o final, descobre-se que ela teve uma grave depressão, que não se lembra de nada do acidente. Porque em vez de estar a tomar conta das filhas, estava enrolada com um fulano num quarto da casa, com a porta fechada. E as miúdas, curiosas com a novidade, resolveram trepar pela varanda e espreitar pela janela do quarto, quando uma se desequilibrou e caiu - e a outra ficou com o remorso de não ter tido força para a segurar...

Pronto, dadas estas explicações, que final dar a uma mãe "desnaturada" destas? A morte, evidentemente! E toca de pôr o cãozinho a fugir numa noite de tempestade, em que mãe e filha estão convenientemente sozinhas na ilha. Aterrorizadas, trocam confissões e acabam por abandonar a casa do farol rumo à segurança do continente, através de um lamaçal que lhes permite a passagem na maré baixa. Angus, preocupado com elas, apesar da enorme bebedeira, está a fazer o percurso em sentido inverso e parece-lhe ver  uns vultos. Quando chega a casa só encontra Kirstie, encolhida a um canto. Então quem saiu de casa, de mão dada com Sarah, na noite da tempestade? A única interpretação possível é Lydia, a filha que morreu. Ou o fantasma dela, portanto. O corpo da mãe é encontrado no epílogo. "Milagre" é o cão ter escapado ileso... Tenham dó!

Nunca tinha lido nada de S. K. Tremayne ou de Tom Knox, ambos pseudónimos do escritor e jornalista britânico Sean Thomas. Embora entenda que haja quem goste do género de terror, não creio que este livro cumpra essa função - é demasiado soft para aterrorizar alguém. A escrita é acessível e até convida a ler, mas torna-se muito repetitivo e a "reviravolta" final é bastante incongruente. E meio a dar para o moralista, também.

Citações:

"E não há nenhuma razão para que a Lydia não fique em segurança na ilha, desde que não se perca em deambulações. É uma ilha. Ela tem sete anos e pode ficar sozinha, sem o menor risco, em casa. Não temos varandas."

"Ouço as ratazanas na arrecadação. Porque é que o 'Beany' não as mata? Este cão é patético. Taciturno, deprimido, amedrontado."

"Não é tanto a minha própria morte que é intolerável, mas sim a morte daqueles que me rodeiam. Porque os amo. E parte de mim morre com eles. Portanto, todo o amor, se quiserem, é uma forma de suicídio."


terça-feira, 26 de julho de 2016

SANGRIA DESATADA

A culpa é toda da Libel: incita-nos a experimentar uma sangria destas, estamos desprevenidos sem alguns ingredientes em casa, depois com a correria do dia a dia passa-nos, até que chegam as férias. E a caloraça. E a companhia do melhorio, que aprecia uma bebida refrescante. E foi um desatar a fazer sangrias, que nem vos conto...

Nas experiências seguintes, na de espumante com frutos vermelhos puseram-se os frutos vermelhos (frescos ou congelados) a macerar com duas colheres de sopa de açúcar amarelo e um pau de canela durante uma meia hora, juntou-se uma garrafa de espumante meio-seco, cerca de 250 ml de gasosa (tipo 7up ou sprite) e gelo na hora de servir. É questão de provar para verificar se está ao gosto do freguês - há quem goste mais (ou menos) doce.

Na de vinho verde seguimos esta receita, mas sem sumo de laranja, limão ou hortelã. Ficou igualmente boa, mas tal como a anterior não precisava de tanta fruta.

Foi ou não uma sangria desatada? E não me parece que tenha parado por aqui!

quinta-feira, 21 de julho de 2016

A CANÇÃO DE LISBOA

Anunciar este filme como uma nova versão ou refilmagem do seu homónimo de 1933, realizado por Cottinelli Telmo, no mínimo, é um disparate. OK, é uma comédia, as personagens têm nomes idênticos e Vasco Leitão é o mesmo estudante de medicina cábula, que vive à conta das tias. Mas logo ai param as semelhanças com esta produção de Leonel Vieira, realizada por Pedro Varela - nem podia ser de outra maneira, tendo em conta a diferença de mais de 8 décadas de permeio...

Boa notícia também é que o Vasquinho já não canta fado, as canções a que empresta a voz são da autoria de Miguel Araújo / Nuno Malo. Como esta:


César Mourão, Luana Martau e Miguel Guilherme encabeçam o elenco e, se já não tinha dúvidas sobre o talento deste último, fiquei muito bem impressionada com o dos seus acompanhantes. Igualmente positiva a presença da luz de Lisboa nas imagens que retratam o dia a dia da cidade, das obras aos palácios, dos jardins aos recantos mais recônditos.

E não, não me parece que a boa sensação resulte apenas do facto de estar de férias e de ter ido com a famelga (quase) toda ao cinema, em excursão: trata-se de uma a comédia despretensiosa e bem humorada que, no mínimo, dispõe bem. É pedir muito?

Imagem de cena do filme da net.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

O ASSASSÍNIO DE CINDERELA

"Sob suspeita" é um programa televisivo produzido por Laurie Moran, que recria crimes por resolver no intuito de os solucionar. Assim, 20 anos depois, o misterioso homicídio da estudante universitária Susan Dempsey reúne todos os ingredientes para ser um sucesso, tanto mais que os principais suspeitos a serem entrevistados pertencem agora à elite hollywoodesca e empresarial. Mas será que esta investigação televisiva não vai amedontrar o assassino e obrigá-lo a cometer novos crimes?

Este novo policial de Mary Higgins Clark, escrito em parceria com  Alafair Burke, não levantou grande polémica no Clube de Leitura: de leitura acessível, com motivações dos potenciais suspeitos suficientemente claras, a única discussão que suscitou foi se o final era previsível ou não, já que não tem uma grande reviravolta final. E aí as opiniões dividiram-se - mas não é sempre fácil dizer que se desconfiou desde o início do A ou do B? Pessoalmente, não considerei particularmente previsível. Por outro lado, sendo este o primeiro livro que li da escritora norte-americana de 88 anos, as suas 319 páginas não são propriamente geniais. Ou seja, uma leitura agradável q.b. para os leitores de policiais... mas só isso! 

*******
A próxima reunião do Clube de Leitura terá lugar no dia 17 de setembro, com o romance de Kate Morton "O Último Adeus".

sexta-feira, 15 de julho de 2016

MAIS AZULEJOS QUE MARÉS?

Numa passagem recente pela Ericeira e ao percorrer uma única rua (ou ruas que "colam" umas nas outras), o meu maior espanto foi a profusão de azulejos ali existente, quase todos eles com motivos marítimos ou religiosos - quer dizer, o santo da devoção de cada um, suponho.

Ora vejam lá esta mini-coleção, mesmo tendo em conta que procurava um restaurante e não andava propriamente à cata da azulejaria local:

***

***

***

***

Esta imagino que seja uma figura mítica, talvez um Tritão, que sereia barbuda é pouco provável...

E as figuras religiosas, com ou sem legenda a acompanhar.

***

***

***

***

Os simpáticos golfinhos também ficam bem em qualquer casinha, não é verdade?

Tenham um...

FABULOSO FIM DE SEMANA!

terça-feira, 12 de julho de 2016

CRÓNICA... COM GRAVATA!

Faço aqui uma breve interrupção e não é para ir de férias, mas para falar de bola. Já disse e repito que não sou fã do desporto-rei, mas caramba, fico satisfeita quando a rapaziada se sai bem no futebol internacional. E ganha uma taça pela qual andou a lutar durante muitos anos. Quem não se sente... Adiante!

Dito isto, não vi o jogo como os adeptos tradicionais: estava a jantar e de vez em quando ia dando uma vista de olhos à televisão acesa, quando o relator ou as pessoas que me acompanhavam teciam qualquer comentário relevante. Urros e palavrões não contavam...

No day after, quando a euforia foi ao rubro, com a recepção preparada para a equipa, pela vitória no campeonato europeu, alguém me leu esta crónica, que achei relatar condignamente os momentos vividos no relvado, com uma graça muito própria. (o que um maridão faz para ver se a mulher se interessa pela bola, ai, ai!)

Para além da seleção nacional de futebol, também está de parabéns a raparigada que representou o nosso país nos campeonatos europeus de atletismo de Amesterdão, que regressou a casa com duas medalhas de ouro, uma de prata e outra de bronze. 

O desporto português está em festa. No entanto, o programa habitual do Quiproquó seguirá dentro de momentos - que é como quem diz, dentro de uns dois ou três dias.

Imagem do facebook.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

CARREGADINHA!

Não se pode dizer que tenha crescido da maneira mais airosa, mas que a planta está carregadinha de orquídeas, lá isso ninguém lhe tira. Isto depois de ter sido "enganada" no Inverno passado e ter florido em dezembro, inusitadamente. O que não a impediu de reflorir na primavera e de agora estar assim...

E já que estamos em maré de explicações, esta planta também foi a razão de ter fixado o post do Rui sobre orquídeas...

BOAS FÉRIAS 
e/ou 
BOM FIM DE SEMANA!

terça-feira, 5 de julho de 2016

TUDO TEM UMA EXPLICAÇÃO...

... que eventualmente é simples e lógica. Como no caso deste painel de azulejos que fotografei em Peniche e publiquei num post anterior. Que a Adélia identificou como sendo de autoria de um amigo seu: Gama Diniz

Então confessei a minha ignorância sobre o porquê de em terra de pescadores as homenageadas serem as lavadeiras de outros tempos. Nada mais simples: aquele telheiro que se pode ver atrás do painel serve de proteção aos tanques de lavadeiras que ainda existem por lá. Como se poderá comprovar mais pormenorizadamente aqui.

Isto é o que faz parar o carro à beira da estrada, tirar umas fotos apressadas ao motivo de interesse e, ala que se faz tarde, bazar para o almoço. Fica a explicação. Graças à Adélia, a quem agradeço a identificação do artista.

sábado, 2 de julho de 2016

A PEREGRINAÇÃO DO RAPAZ SEM COR

Tsukuru Takazi é um engenheiro que reconstrói estações de comboio em Tóquio, onde vive, e tem cerca de 36 anos quando conhece Sara, uma agente de viagens um pouco mais velha. Solteiro e trabalhador, leva uma vida rotineira, monótona e solitária, ao contrário do que acontecia na sua adolescência, quando fazia parte integrante de um grupo de cinco colegas de liceu, amigos inseparáveis em quem confiava plenamente. Nessa época, o seu único aborrecimento era que todos os seus amigos tinham uma cor no apelido e o dele só significava  "o que faz coisas". Já na altura, um dos seus passatempos favoritos era visitar as estações de comboio de Nagoia, onde ele e os amigos residiam, e observar as carruagens a chegar e a partir, "vomitando hordas de pessoas e engolindo a toda a mecha nova fornada". Por isso, foi sem hesitação que se esforçou para conseguir notas para entrar em engenharia na faculdade de  Tóquio, enquanto todos os seus amigos permaneceram em Nagoia.

Durante o primeiro ano da faculdade ele regressa à sua cidade natal sempre que lhe é possível, a amizade com o seu grupo não parece ser abalada. Contudo, durante o segundo ano, nota que os seus amigos não respondem às suas chamadas telefónicas até que um dia Ao lhe diz explicitamente para ele não voltar a ligar a nenhum deles. Quando pretende uma justificação para tal, o outro apenas o incentiva a pensar no assunto, que depressa vai descobrir - mas Tsukuru não faz a menor ideia ao que Ao se refere. O pacato e tímido estudante sofre então um profundo desgosto com o abandono dos amigos e só pensa em morrer. Durante os seis meses seguintes perde peso e faz tudo automaticamente. "Foi como se me tivessem atirado ao mar, do alto de um navio, em plena noite", explicará mais tarde.

À medida que o tempo vai passando, "a dor por ter sido ostensivamente rejeitado persistia, com a diferença que agora aumentava e diminuía, como a maré. Havia alturas em que lhe chegava aos pés, e outras em que se retirava, afastando-se para longe, ao ponto de mal dar por ela." Assim, é sem espanto que o desaparecimento de Haida, um amigo já da faculdade, não lhe provoque um desgosto idêntico: Tsukuru parece fadado para ser abandonado. E chega à errónea conclusão que "no fundo, não tenho nada a oferecer às outras pessoas. Pensando bem, nem sequer tenho nada a oferecer a mim próprio."

É Sara que o convence a procurar os antigos companheiros e esclarecer a situação uma vez por todas: "Quero saber quem são, afinal, esses indivíduos que continuas a carregar às costas." E 16 anos depois ele parte nessa demanda...

Murakami no seu melhor, num estilo mais intimista e menos fantasioso, em que o leitor se identifica imediatamente com a personagem. Afinal de contas, quem é que nunca sofreu com uma rejeição inexplicável e injusta?

BOM FIM DE SEMANA!
(com ou sem férias à vista...)