segunda-feira, 29 de novembro de 2010

SEGREDOS BEM GUARDADOS...

Não será segredo para ninguém que faz hoje quatro anos que me iniciei nesta experiência inesquecível que é a blogosfera. E, não sendo segredo, não significa que todos saibam ou se lembrem da data - significa que a constatação do facto está apenas à distância de um clique. Aliás, há sempre quem se esqueça da data do próprio aniversário e as dos seus familiares ou amigos, para já não falar na do clássico dia de casamento, como é que se ia recordar da do próprio blogue? Alheio então... 
Já aqui escrevi várias vezes que considero a verdadeira data de começo deste blogue o dia 17 de Junho de 2007, quando o recomecei, partindo apenas dessa experiência ocasional, numa época em que estava simplesmente a apanhar bonés! (como ainda estou às vezes, diga-se em abono da verdade!) Mas pronto, quatro anos volvidos, depois de partilhar muitas brincadeiras, emoções, indignações e opiniões, entre saberes e sabores variados, o balanço é nitidamente positivo. Claro que sendo a blogosfera uma pequena parte do mundo real, por trás de cada nick há gente para tudo - por vezes as palavras enganam mas, com o tempo, as máscaras também caem... 
Então, afinal, quais são esses segredos bem guardados? Pois, estou certa que todos conhecem uma das estátuas mais emblemáticas dos EUA, situada no Monte Rushmore, em Keystone no estado do Dakota do Sul, que representa quatro presidentes norte-americados - George Washington, Thomas Jefferson, Theodore Roosevelt e Abraham Lincoln - da autoria do escultor Gutzon Borglum e inaugurada em 1941. Contudo, só recentemente foram divulgadas as imagens do que está do outro lado da famosa estátua, como a fotografia ilustra:

Quanto pormenor, hein???

Imagens recebidas por mail.
(Obrigada, Gracinha!)

domingo, 28 de novembro de 2010

LÓGICA DA BATATA!

A surpresa não foi muita, uma vez que todos os dados já foram lançados pelos actuais (des)governantes, mas há pequenos pormenores que fazem uma enorme diferença: como é do conhecimento geral, os ordenados da função pública foram reduzidos, consoante o escalão de rendimentos dos funcionários, entre 5 e 10%. Mas, à última hora (da aprovação do OE, leia-se!), afinal abriram uma excepção - as empresas públicas também continuavam obrigadas a reduzir as despesas salariais nos tais 5% , mas tinham a liberdade de escolher quais os salários a reduzir.
Teixeira dos Santos, com a costumeira cara de pau, declarou perante as câmaras televisivas que cabe à administração dessas empresas decidir onde cortar nessas despesas. À administração, pá?!? Pensei estar a ouvir mal, mas não! O resto do filme é um déjà vu: os administradores mantêm os seus salários chorudos - mesmo que a sua administração resulte em avultados prejuízos anuais para a empresa - e vão cortar nos dos funcionários do costume!
Ah e tal que esses gestores ganham mal (?!?) comparativamente aos do sector privado? É provável! Mas também dá para imaginar a longa fila de empresários privados a ambicionar contratar administradores com queda para o prejuízo... 

Imagem encontrada no Facebook, de autoria de António Sabão (obrigada, Vício e Sun, pela informação!)

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

VERDADEIRO OU FALSO?

Fotografia de Ian Britton

Este desafio é antigo, mas o Psimento resolveu fazer com que renascesse das cinzas, instigando-me a participar no segundo round. Mas é simples, basta adivinhar quais das seguintes afirmações são falsas - sabendo-se à partida que são 3:
1. Em criança tive aulas de piano mas, de ouvido duro, hoje nem consigo tocar o "Frére Jacques";
2. Num aniversário ofereceram-me um peixinho vermelho, que no dia seguinte estava a boiar no aquário, pois todos lhe deram comida, com receio que me esquecesse;
3. Troco mails pessoais com uma amiga quase diariamente e há largos anos, mas raramente reenvio os que circulam por aí;
4. Adoro caril de gambas, só de sentir o aroma da especiaria fico com "água na boca";
5. Certa vez encontrei uma mulher que confundi com a minha própria mãe, só pela voz percebi que não era;
6. Participei com diferentes equipas em vários Rallys-Paper e ganhámos medalhas e diversos prémios, incluindo um peru vivo;
7. A única vez que fui ao antigo Estádio da Luz assistir a um jogo de futebol gostei do resultado (o Benfica ganhou por 2-0), mas não do banho de multidão;
8. Se em Londres a peça "A Ratoeira", baseada num conto de Agatha Christie, se manteve décadas em cartaz, na noite em que a  fui ver, em Lisboa, o público era apenas constituído por 11 pessoas;
9. Quando a época natalícia acaba, sinto um enorme alívio por já não ouvir "Jingle Bells" em todo o lado;
10. Odeio touradas!

Como sempre, desafio todos os visitantes a prosseguir a brincadeira, o que é tarefa bem mais árdua: têm de inventar 3 mentiras para envolver entre 7 verdades e assim confundir a perspicácia dos vossos comentadores. Mas essa é decisão vossa, obviamente! Para já, agradecia que tentassem adivinhar as minhas mentiras... e olhem que desta vez até facilitei, eheheh!
Entretanto, a Licas lançou outro desafio/concurso: enviar-lhe até dia 10 de Dezembro um conto subordinado ao tema "Num Natal este facto ou acontecimento mudou a minha vida", que está aberto a todos os que desejem participar, como podem verificar aqui.

DIVIRTAM-SE!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

CASAMENTEIRA...

Fotografia de Ian Britton

Lembram-se da Magui (aka, Margarida Menezes), aquela rapariga que fundou o Clube das Virgens? Que a princípio não angariou nenhuma sócia, mas assim que se tornou mais mediática as candidatas subiram em flecha, contando actualmente com cerca de 40? Então, como a fama tem destas coisas, a Magui já foi convidada para posar em roupa interior e a escrever crónicas para o Correio da Manhã (em jeito de diário) e até escreveu um livro - intitulado "Sim, sou virgem, e então?" - para além de ter participado em programas televisivos de grande audiência, como este: (entre outras propostas mais estranhas... digamos assim!)


Óbvio que não tenho nada contra (ou a favor) das opções da Magui ou da criação do seu Clube, mas como eterna desconfiada de quem embandeira em arco certas características do foro íntimo, paira no ar alguma incredulidade, em vez de sinos de Igrejas ou da fragância das flores do bouquet nupcial: afinal esta encantadora criatura pretende encontrar o seu "príncipe encantado" ou trata-se apenas de uma campanha de marketing de si própria? E caso encontre o dito príncipe, demite-se?  Isto, evidentemente, se o CM não estiver interessado nas crónicas das suas experiências seguintes...  
Dito isto e após buscas exaustivas, para as más-línguas não começarem por aí a afiançar que nem sequer me empenhei como casamenteira, talvez tenha descoberto o perfil  ideal para ela: OK, não parece ter um metro e oitenta, ostenta mais pneu que músculos, já ultrapassou os 30 anos e certamente não vem montado num cavalo branco - mas também, nos tempos que correm, onde é que punham a estrebaria? - mas tem popó, é solteiro e vontade de manter um relacionamento. Não chega?


Se resultar, depois digam-me a data do enlace (ou do juntar dos trapinhos, que não sou esquisita!), para anotar aqui na agenda, ao lado desta última: "Estar alerta a filmagens em alegres convívios, porque mesmo entre amigos o filme pode ir parar ao YouTube!"

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

SERES HUMANOS OU RATOS?

Já houve tempos em que aderir a uma greve significava prisão e despedimentos. Mesmo assim, os trabalhadores continuavam a lutar, com coragem e determinação, para conquistar direitos mínimos. Depois houve outros em que as greves se sucediam atrás umas das outras, por dá cá aquela palha, em que sindicatos e partidos políticos manipulavam a populaça, consoante os seus interesses, justos ou só para promover a arruaça e a confusão.
Os tempos mudaram! Os escândalos de novas Donas Brancas - só que disfarçadas de banqueiros respeitáveis, com o aval do Banco de Portugal - mais umas negociatas ardilosas que ninguém entendeu muito bem (ou, pelo menos, eu não entendi!), fizeram a verdade subir à tona de água como o azeite: muitos portugueses viviam acima das suas possibilidades reais e as dívidas para pagar amontoavam-se! Além que coube também ao "nobre povo" pagar todas as facturas de gente que fez desaparecer milhões impunemente, nesta nação doente e vergada ao capital. Como resultado, os salários da função pública foram reduzidos, os impostos aumentados, as SCUT - mesmo sem alternativas viáveis, que não coloquem em perigo a vida dos utilizadores e dos cidadãos residentes na zona - passaram a ser pagas, a par de uma série de outras medidas que só contribuíram para sacrificar ainda mais os que trabalham e/ou têm mais dificuldades.
Ah e tal, que a greve não resolve?! Pois não! Mas protestar sempre é melhor do que ficar de braços cruzados, ou em constantes lamúrias e queixumes sobre a infelicidade desta crise ou dos políticos que elegemos! Afinal de contas: somos seres humanos ou ratos?

O mural da imagem é antigo (pescado na net) e de tempos revolucionários, mas desta vez concordo inteiramente: esses ricos banqueiros, administradores, economistas, governantes, empresários, etc. e tal, que por incompetência, ambição, corrupção ou sabujice nos meteram a todos neste berbicacho, que paguem o que devem! A que propósito é que a população tem de arcar com as dívidas contraídas por essa maltosa? Daí a minha solidariedade com todos os grevistas, que hoje forem para a rua protestar...

terça-feira, 23 de novembro de 2010

MAIS MULHERES ASSASSINADAS!

Fotografia de Ian Britton

Já aqui referi este assunto, mas nunca é demais repetir. Se há dois anos por esta altura já tinham sido assassinadas 43 mulheres pelos seus companheiros ou ex-companheiros (que no final de 2008 registaria 46 homicídios), em 2009 estes números tiveram tendência a diminuir. O que mesmo assim não vale de muito, porque 29 casos ainda são demasiados, tendo em conta que estamos a falar de seres humanos mortos por mãos sanguinárias. Que não voltam ao convívio dos seus familiares e amigos, devido à violenta crueldade de um homem que se julgou dono e senhor da vida daquela mulher, como se vivesse em plena época feudal ou esclavagista. Mas pronto, sempre havia a ténue esperança que estas situações começassem a tornar-se menos frequentes ou quase inexistentes, com uma maior consciência de cada um na sociedade actual.
Engano! Ontem foram divulgados os dados de 2010 (provisórios, logicamente, uma vez que o ano ainda não acabou) e já se contam 39 mulheres assassinadas, mais 11 vítimas mortais associadas - supõe-se que de pessoas que estavam com elas ou as tentaram defender durante o crime - e ainda mais 37 tentativas de homicídio. Assim, tudo leva a crer que os números ficarão próximos dos de 2008 (os mais elevados desde 2004, altura em que o Observatório de Mulheres Assassinadas começou a registar estas estatísticas), perfazendo já um total de 247 assassínios!
E quem são esses cobardes assassinos? Os do costume: na grande maioria  são os companheiros - expressão genérica para  marido, homem com quem se vive em união de facto, amante ou namorado; ou os ex-tudo-isso, o que ainda é pior, porque significa que nem após um divórcio, separação ou final de relação elas estão livres desses brutamontes! 
Chamem-me radical ou feminista se quiserem, mas fulanos desta laia de macho-latino-de-trazer-por-casa, que lavam a honra que nunca tiveram com banhos de sangue, era mesmo encarcerá-los definitivamente, a "partir pedra" para ganhar o seu sustento. Mas não, daqui a uma década já andam por aí a assobiar  para o ar como meninos do coro, até encontrarem a próxima vítima...

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

MATARAM O SIDÓNIO!

Este romance de ficção de Francisco Moita Flores baseia-se em factos verídicos da História de Portugal, nomeadamente no assassínio de Sidónio Pais a 14 de Dezembro de 1918 na Estação do Rossio, fundamentado  num documento impresso em 1921 e assinado por Asdrúbal d'Aguiar - a autópsia do Presidente e os exames periciais do vestuário e da arma (supostamente) utilizada. Lançando uma nova luz sobre o trágico acontecimento.
Ao longo de 291 páginas, o escritor revela a dura realidade que se vivia na época, numa Lisboa enlutada tanto pela morte de cerca de 7 mil soldados portugueses na batalha de La Lys, durante a I Guerra Mundial, como pela pandemia gripal denominada "espanhola" (antecessora do vírus H1N1), que matou à volta de 100 mil cidadãos no país. "Aquele ano de 1918 fora parido nas entranhas do sofrimento. Nunca tantas lágrimas escorreram pelos rostos de Portugal inteiro. Sidónio quisera dominar com algemas e cárceres os protestos dos opositores, e choravam mulheres e filhos o cativeiro dos seus homens, da Flandres soprava o vento gélido de uma guerra medonha, feita do lamaçal das trincheiras, onde as balas matavam menos do que a sífilis e o tifo, a tuberculose e a pneumónica. La Lys não foi a batalha de todos os prantos."  Ao perfil autoritário do presidente, que incendiava ódios e paixões, aliava-se um povo analfabeto e ignorante - "Disse ao Félix, que lá está, para pôr um aviso em letras grandes na porta: NÃO SE ENCONTRA AQUI O CORPO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA. Mas não teve efeito nenhum. A esmagadora maioria não sabe ler e tem sido uma manhã de doidos!" - e uma polícia que só conhecia um único método de investigação criminal: torturar os suspeitos até eles confessarem! "E aquilo que mais o surpreendia era a indiferença com que os juízes, perante hematomas e equimoses, por vezes ferimentos profundos, decidiam o caso sem que passasse pela cabeça de algum fazer a simples pergunta: «Como é que isso lhe aconteceu?»".

Para não destoar do ambiente explosivo, lanço a BOMBA! (leia-se, divulgação do final!) Portanto, se estão interessados na leitura do livro, PAREM POR AQUI!
A conclusão é simples: ao contrário do que foi divulgado nos jornais da época, baseados em fontes testemunhais e policiais, não foi José Júlio da Costa quem matou Sidónio Pais. O homem encontrava-se presente no local, confessou e negou várias vezes o crime, descobriu-se mais tarde que sofria de esquizofrenia. Nunca foi julgado, embora permanecesse preso durante largos anos, finalizando os seus dias internado no Hospital Miguel Bombarda. E como se prova esta conclusão? Através da autópsia e restantes exames periciais! Aliás, nem o Presidente proferiu a célebre frase: "Morro, mas morro bem. Salvem a Pátria!", como os que o rodearam testemunharam - os ferimentos infligidos não eram de molde a permitir-lhe falar... (Moita Flores também desenvolveu esta temática na sua tese de doutoramento, pelo que a conclusão não é de todo desconhecida nos meios académicos, o que certamente gerará polémica entre historiadores.)
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No Clube de Leitura houve unanimidade - todas gostámos! A próxima sessão está marcada para dia 15 de Janeiro de 2011, com "Marina", de Carlos Ruis Zafón.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

CONTOS... COM CHOCOLATE!

A receita é simples: juntam-se seis escritoras a uma editora, seis histórias diferentes, mistura-se muito chocolate, mexe-se bem... et voilá - o livro nasce! "Chocolate - Histórias para ler e chorar por mais"  está nas livrarias para o provar!
A apresentação decorreu ontem ao fim da tarde, no restaurante do Corte Inglês em Lisboa, repleto de amigos e fãs das autoras - Alice Vieira, Catarina Fonseca, Isabel Zambujal, Leonor Xavier, Maria do Rosário Pedreira e Rita Ferro. Após algumas breves palavras da editora, Joaquim Letria deu início à sessão, no ambiente informal da sala, confessando que as receitas (sim, porque essas também constam no livro!) lhe abriram o apetite para novas gulodices e leituras...
A "raparigada" (a palavra não existe?! devia existir!) trocou mais algumas impressões com o público (e entre elas), ao que se seguiu uma sessão de autógrafos bastante concorrida! Claro que a "reportagem" fotográfica ficou a perder com tamanha afluência, nem as escritoras conseguiam ficar muito sossegadas entre beijos e abraços, daí a melhor ser a do cartaz, suponho que de Bernardo Coelho
Dos contos e do livro só escreverei depois de ler, mas cheira--me bem... a chocolate!

Um fim de semana DELICIOSO, para todos!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

SALTA-POCINHAS

Naquela manhã, ele seguia pela rua de mão dada com a mãe, que o ia levar à escola. O dia cinzento e triste, o caminho atapetado de folhas mortas, a obrigação de aprender a ler e a fazer contas com a velha professora, que distribuía lambada ao mínimo engano, revoltavam-no! Porque é que já não podia ir para a praia e brincar com o balde e a pá na areia e mergulhar no mar, como no Verão? A poça de água negra, mesmo em frente à porta do edifício, deu-lhe o ensejo de se manifestar: saltou para ela de pés juntos, com as suas galochas de plástico, borrifando de lama todos os que se encontravam em seu redor! Valeu-lhe uns açoites da mãe no local e um castigo ao canto da sala de aula, com orelhas de burro!
Cinquenta anos volvidos, noutra manhã outonal e enquanto percorria o rumo habitual, relembrou essa sua revolta infantil. Já não estava lá a mãe para lhe dar a mão ou os açoites, mas a saudade era enorme!  Como  por acaso, bem em frente ao portão onde se dirigia, a poça imunda e negra parecia estar exactamente no mesmo sítio...
Olhou em volta. Não viu ninguém. E saltou para dentro dela com ambas as botifarras! O chafurdo lamacento não atingiu vivalma. Com um sorriso nos lábios, marchou até ao quartel, onde foi prontamente cumprimentado: "Bom dia, meu comandante!" 

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

CONDENADOS

"Condenados" é uma recente mini-série da SIC, conduzida pela jornalista Sofia Pinto Coelho, que investiga e relata quatro condenações decididas judicialmente, mas que colocam muitas dúvidas sobre o desenrolar dos processos criminais. Constituída apenas por quatro casos, terá hoje o seu desfecho logo após o Jornal Nacional.
Nos dois episódios que vi, constatei algo que suspeitava vagamente: a justiça, além de lenta, nem sempre é infalível. Evidentemente, polícias, advogados e juízes podem cometer erros, como toda a gente. Mas não seria de supor que, se em causa estão penas de prisão efectiva, por vezes prolongadas, houvesse um maior cuidado na avaliação das diversas testemunhas? A maioria dos arguidos protesta a sua inocência, o que não é novidade para ninguém, e também é vulgar que algumas pessoas mintam em tribunal! Mas compete ao juiz adivinhar quem mente ou não, sem outras provas que o indiciem? E já agora, se acredita que as testemunhas mentiram, porque é que não as acusa de perjúrio? Porque dá mais trabalho?
De arrepiar é pensar que algum dia podemos cair nestas malhas legais e ser acusados por crimes que não cometemos, por um qualquer erro presente ou passado. Nós, ou algum dos nossos familiares ou amigos! Estes casos de polícia ou de tribunais, exceptuando os mais mediáticos, raramente chegam ao conhecimento público, até porque as personagens não são ilustres. Mas quantos mais existirão?
De qualquer modo, a Sofia está de parabéns pela coragem demonstrada no decurso destas investigações jornalísticas que, se não nos sossegam, pelo menos têm o mérito de revelar o-que-ninguém-quis-ver!

Imagem da net.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

MIN... DE MIM!

O meu nome é Min, Madame Min! Pelo menos, durante a próxima semana...

Há brincadeiras com piada e esta foi uma delas: se em vez de termos "cara de livro" trocássemos as nossas imagens por bonecos da BD? Para relembrar os nossos "heróis" de infância? A ideia ganhou asas e voou pelo Facebook (consta que por iniciativa de um jornalista da RTP, mas é irrelevante) e, de repente, tornou-se numa animação descobrir quem é quem, atrás do novo avatar (o nome continua ao lado, mas nem por isso perde o factor surpresa)!
Curiosamente, ou nem tanto assim, a escolha demarca fronteiras geracionais: os da minha quase todos em volta de personagens da "Disney" ou dos "Marretas", com algumas incursões pelo "Carrossel Mágico", "Mafaldinha", "Calimero", "Topo Gigio" e até da "Anita" ou do "Popeye"; nos da imediatamente seguinte a apanhar bonés, que nem reconheço as séries, quanto mais os nomes dos protagonistas, exceptuando a "Heidi", o "Dartacão" ou os "Simpsons"; e as do meu filhote já em "Rei Leão", "101 Dálmatas" ou talvez um monstro com companhia...

Claro que também não faltaram "bocas" aos nossos governantes (presentes e passados, suponho!), há quem assegure que aderiram  e que a imagem escolhida será esta, com aquele toque de modernidade que se impõe...
Uma ideia muito divertida, para sair do cinzentismo habitual (facebookiano e não só!) e recordar aqueles momentos mágicos de uma juventude sonhadora e cheia de alento para combater todas as crises à face da Terra!
Depois de limpar o caldeirão repleto de teias de aranha, a Madame Min está de volta aos bruxedos mas, como trapalhona que é, perdeu as antigas receitas. Assim, agradece todas as sugestões de ingredientes para a poção milagrosa que recuperará risos ou sorrisos, perdidos algures nos últimos meses...

Já agora, que personagem escolheriam (ou escolheram)?

Imagens da net e do facebook.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O RAPAZ DE OLHOS AZUIS

"Há livros fáceis de escrever. Outros são bastante mais difíceis. E outros ainda são como os cubos de Rubik, sem qualquer solução aparente à vista. Este cubo de Rubik, em particular, nunca teria sido resolvido sem a ajuda da minha editora [...] e do meu agente [...], que me encorajaram a perseverar", garante Joanne Harris nos agradecimentos iniciais. Com razão, já que este livro também não é fácil de ler!
A começar pela própria estrutura, em jeito de blogonovela, com caixa de comentários incluídos. Sendo que num circuito limitado a alguns aderentes (chamemos-lhes assim!), por vezes funcionando só como diário privado. Mas se em jornais ou revistas (de outras eras) e na blogosfera (às vezes) o folhetim consegue cativar o leitor, na leitura de 432 páginas só atrapalha.
Por outro lado, as personagens não são minimamente atraentes, estranhas e violentas, algumas  a raiar a psicopatia. O rapaz de olhos azuis, que sofre de sinestesia (experiência sensorial, em que se associam as sensações  de um dos cinco sentidos a outro) confessa nessas páginas internéticas assassínios imaginativos e pormenorizados com requintes de malvadez, que nunca cometeu. Os alvos que se vangloria de matar, na escrita, são todos aqueles que desde miúdo o trataram violenta e arrogantemente, com toda a impunidade. A começar pela mãe, uma autêntica megera! O seu grupo restrito de comentadores incentiva-o a continuar na senda "criminosa", com comentários de "genial", "muito bom", etc. e tal. Confesso que a isso achei piada!
Finalmente, o enredo é demasiado intrincado e confuso, com trocas de nomes e personalidades e até uma suposta amnésia, onde nem sempre se entende o que é mito ou realidade, dando a sensação que a escritora  alia o mundo virtual a histórias de terror...
Adorei outros livros dela, mas para este só tenho uma palavra: desilusão!

domingo, 14 de novembro de 2010

CANTORIAS TRIUNFAIS...

Está em curso a 4ª edição da "Operação Triunfo" na RTP, o talento musical e vocal dos concorrentes é espantoso, apesar da emoção e nervosismo que acompanham as primeiras exibições em palco. Para o público presente, mas também para os telespectadores em casa. 
Mas, há sempre um mas, o concurso tem algumas falhas: primeiro, o público que vota no final tem tendência a "bairrismos" (se for cá da minha terra, voto nel@!); segundo, os professores da escola querem manter os alunos mais aplicados, talvez apostando que os "bairristas" salvem melhores talentos; terceiro, o júri que nomeia os candidatos "mais fracos" recorre a uma série de bitolas, que nem sempre premeiam as melhores vozes (e é de notar que não são os candidatos a escolher as músicas que preferem cantar); por último, os companheiros destas andanças votam no parceiro que lhes parece mais simpático - pelo menos de início, que anteriormente já houve casos de querer erradicar uma séria concorrente (que apesar disso até venceu!) - sem qualquer pejo! (diga-se de passagem, que o nervosismo da própria actuação pode distrair das prestações alheias...)
Assim, não é de espantar que uma das vozes mais maviosas da segunda gala do concurso (e da primeira também) fique nomeado para sair. Porque o júri considerou a exibição pouco movimentada ou tristonha - não me lembro das palavras usadas, mas o sentido era esse - com  esta música de Elton John (fácil de não ficar a anos-luz???):


E não sendo o aluno mais aplicado da escola, nem o mais popular entre os outros concorrentes, só as gentes da sua terra natal o podem socorrer. Está com sorte, porque nasceu na Madeira. Com azar estará a outra rapariga nomeada, a concorrer com ele. E em bambúrrio estarão todos os outros que escaparam às nomeações, com prestações bastante mais fracas, salvo duas excepções (no ouvido desta desafinada)!
Já agora, o "tio" Elton movimenta-se muito mais nesta canção romântica?

Imagem do logotipo do programa da RTP, da net.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

COMO OS PORTUGUESES VÊEM A EUROPA

Estes humoristas são tão exagerados! Ou será que não?!
Entretanto, vejam se têm um...

EXCELENTE FIM DE SEMANA!!!


Imagem recebida por mail.
(Obrigada, Vani!)

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

MAÇÃS ASSADAS

Sem castanhas e vinho também se faz o São Martinho! Com maçãs assadas e um cálice de Porto que, não sendo da tradição, caem sempre bem.
Castanhas à venda não faltavam, mas como os meus homens (eheheh, soa um bocadinho mal, mas pronto!) iam chegar tarde e elas são  boas é quentinhas, toca de mudar a ementa da sobremesa. Assim, enquanto bebericava o líquido castanho avermelhado, fui untando um pirex de ir ao forno com margarina e derreti um pouco da mesma num púcaro e em lume brando. Lavadas as maçãs reinetas, com uma faca afiada - há quem use um descaroçador, mas eu não tenho - escava-se um furo de lado a lado no centro de cada maçã, para retirar as sementes. Colocam-se no tabuleiro, e deita-se uma colher de sobremesa de açúcar no buraco, depois uma colher de sopa com a margarina derretida, outra de vinho do Porto e mais outra de sobremesa de açúcar para finalizar este "recheio". Et voilá! Coloca-se no forno a 200º e é esperar que elas assem, enquanto se aprecia o que sobrou do precioso néctar...
O tempo varia consoante os fornos e a preferência por mais ou menos assada, eu que gosto delas quase desfeitas regulo para 25-30 minutos. No final, é só colocar uma colher de chá de geleia de marmelo no centro de cada maçã. Esta por acaso é de compra e não é tão boa, no ano passado a minha irmã ofereceu-me no Natal um frasco de uma geleia que fez em casa, que era simplesmente divinal! Espero que este ano tenha a mesma lembrança, eheheh!
E pronto as belas castanhas ficarão lá mais para o fim de semana, mas as deliciosas maçãs serviram de consolo...
BOM APETITE!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A REDE SOCIAL

Não foi um grande entusiasmo que me motivou a ver este filme, mas apenas mera curiosidade. Além de alguma controvérsia que certamente vai gerar - a história é real ou fictícia? E a resposta é NIM, ou seja, nem uma coisa nem outra! Baseado no livro do jornalista Ben Mezrich "The Accidental Bilionaires - The Founding of Facebook, a Tale of Sex, Money, Genius and Betrayal", adaptado ao cinema por Aaron Sorkin, "The Social Network" (no título original) foi realizado por David Fincher.
Mark, um jovem caloiro de Harvard, gaba-se do seu talento informático e inteligência a Erica, mas isso não a impede de terminar o namoro. Nessa noite o rapaz embebeda-se e escreve no seu blogue que ela é uma cabra, enquanto inventa uma espécie de jogo (Facemash) que envia a alguns colegas, para escolher a rapariga mais sensual entre fotografias verdadeiras retiradas de várias bases de dados universitárias. O que imediatamente se transforma num enorme sucesso entre os estudantes e congestiona a rede ao ponto desta cair (ou crashar). A faculdade castiga o aluno, mas as raparigas também o excluem de qualquer convivência. Como se não bastasse, o seu melhor amigo, Eduardo, recebe um convite para se juntar a uma irmandade elitista, o que ele também muito ambicionava. Quase simultaneamente, três membros de outra comunidade de elite (muito apreciadas nos States) convidam-no  para programar um projecto de comunicação que têm em mente - Harvard Connection. Aceita, o que afirma ser fácil, mas durante cerca de dois meses protela a sua execução. Até que estes se confrontam com The Facebook, com uma série de adeptos ao fim de poucas horas, constando como fundadores os nomes de Mark, Eduardo e dois outros rapazes. Entretanto, o jovem empresário falido Sean Parker combina um encontro com os dois estudantes e fornece-lhes algumas ideias para se expandirem. Mas enquanto Mark as aceita incondicionalmente, Eduardo desconfia da fama do empresário boémio, envolvido com drogas, o que provoca o princípio do desentendimento dos dois amigos. O resultado final  da rede social é sobejamente conhecido, mas o argumento incide primordialmente nos processos judiciais a que deu azo. Como é notório: 


Gostei, mas dificilmente será um dos filmes da vida de alguém! Nem de Mark, "retratado" aqui como um nerd pouco vocacionado para relações sociais, cuja ambição desmesurada - não especificamente por dinheiro, mas pelo reconhecimento da sua genialidade - o leva a trair o próprio amigo... (o spoiler entre a ficção e a realidade ficará para depois, que não vos quero estragar o prazer de ir ao cinema...)
Apesar de pouco conhecidos, Jesse Eisenberg e Andrew Garfield (um gato, mesmo!) interpretam os principais papéis segura e credivelmente, enquanto Justin Timberlake, num papel secundário, recebe mais louros. É a vida!

Não se fazem 500 milhões de amigos sem se encontrarem alguns inimigos? 
(Hummm... para que é que alguém precisa de 500 milhões de amigos? Na verdade, nem um nem outro têm... mesmo tendo em conta que ambos estão lá desde os primórdios!!!)

ADENDA COM SPOILER:
Resumindo: o filme parte de alguns factos reais - Mark Zuckerberg, Eduardo Saverin e dois outros colegas fundaram o Facebook no começo de 2004, sendo que a idealização informática coube essencialmente a Mark e a Eduardo o financiamento inicial; os gémeos Cameron e Tyler Winklevoss e Divya Narendra convidaram Mark para um projecto idêntico, mas que se confinava às paredes de Harvard; tanto estes últimos como Eduardo processaram posteriormente Mark em tribunal, mas ambos os processos foram decididos extra-judicialmente, com o pagamento de avultadas indemnizações; Sean Parker foi afastado da função de presidente do Facebook, após ter sido preso pela posse de cocaína. Tudo o resto é mais ou menos ficção, para manter o interesse do público! 

Imagem de cena do filme da net.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

JANTAR COM AMIGOS

"Dinner with Friends" é o título original deste telefilme de 2001, realizado  por Norman Jewison e baseado na peça premiada de Donald Marguiles, que se desenrola em ritmo de diálogos sobre o casamento e a amizade.
Gabe (Dennis Quaid) e Karen (Angie MacDowell) formam um casal feliz e bem sucedido, que se dedica à gastronomia e à edição de livros e artigos de culinária, enquanto cria dois filhos e mantém uma relação muito próxima com outro casal durante mais de uma década. Contudo, ao convidarem Tom (Greg Kinnear) e Beth (Toni Collette) para mais um jantar gastronómico, fruto de uma aprendizagem efectuada por terras italianas, Beth aparece só com os seus filhos, desculpando-se que o marido está em viagem. Embora entusiasmados a relatar as suas peripécias em Roma, percebem que a amiga está distraída e esta acaba por confessar que Tom encontrou outra mulher e o processo de divórcio está em curso. 
Esta confissão choca o casal, que tende a tomar partido por um ou outro, o que começa a pôr em causa o próprio relacionamento. Com o desenrolar dos acontecimentos, a sensação de terem sido traídos pelos amigos agudiza-se, não só por estes ocultarem aspectos importantes da sua vida a dois, como por secretamente nutrirem  uma certa inveja por um casamento que consideravam perfeito: o deles!
O tema em si dava uma longa discussão sobre o que é um casamento perfeito. Que, no meu modesto entender, só existe em contos de fadas! A principal diferença entre os dois casais do filme (muito semelhante aos da vida real), é que um está apostado em envelhecer em conjunto a todo o custo, enquanto o outro só sente a adrenalina e o "rejuvenescimento" com um novo parceiro... (claro também que os elementos do casal podem não ter a mesma perspectiva ou surgirem outros imprevistos que determinem a separação)
Também acredito que a verdadeira amizade não acaba após um divórcio alheio (nem que fosse próprio)! Essa é aquela questão que nunca vou entender, porque amizade não tem grau ou posto de antiguidade, muito menos é sinónimo de confessionário. Mas se alguém quiser explicar, até agradeço!  

Imagem de cena do filme da net.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

DRAGÕES INVISÍVEIS

Apesar do frio que já se fazia sentir, sentámo-nos na esplanada para um lanche ao entardecer. Os patos nadavam calmamente no lago, fugidios como sempre à máquina fotográfica. O empregado entregou a torrada "com muita manteiga" na mesa atrás, reparei vagamente que o pedido era o número 3, na nossa era o 2. Irrelevante, já que a nossa chegou poucos minutos depois. Aí, o tal cliente "preferido" avisou: "Cuidado com os pombos, que sujam tudo", acenando a cabeça na direcção do pequeno telheiro de ripas metálicas. Não vislumbrámos nenhum pombo, mas concordámos educadamente...
- Quem é que faz as nuvens no céu? - perguntou logo de seguida. Após uns segundos de silêncio, respondi sorridente: "Não sei, mas tenho a certeza que eu não sou!" Duvido que tenha ouvido, porque imediatamente explicou que eram os "dragões que pairam no ar e invisíveis para os olhos humanos, como tantas outras coisas que nos rodeiam e não vemos"
O homem falava enquanto mastigava a torrada, julguei ter percebido mal. Mas não! Porque apanhando desprevenidos dois ouvintes calados, desenvolveu a sua teoria do universo em mutação movido a dragões e cobras, que os cientistas não sabiam explicar, com a imensa verborreia de uma pessoa culta e bem falante, mas que entrou em "curto-circuito".
Loucos à solta a precisar urgentemente de medicação devem existir por aí bastantes, não sei se devido à própria solidão ou a qualquer outro imperativo de alheamento da realidade. Mas também não descartámos a hipótese de termos sido alvo de uma qualquer brincadeira ou experiência: na dúvida, terminada a ligeira refeição, desejámos "boa tarde!" ao fulano e ala que se faz tarde... 
Há encontros demasiado estranhos, sem ser no mundo da bola!!!

sábado, 6 de novembro de 2010

BOOKCROSSING

Já tinha ouvido falar vagamente de bookcrossing, quando recentemente li um post da Papeladas que explicava melhor os objectivos da iniciativa. Mesmo assim a ideia não me seduziu por aí além, até porque estimo demasiado os meus livros para os largar por aí ao deus-dará.
Coincidência ou não, ontem o Rui da Bica sugeriu esta acção, congeminada do outro lado do Atlântico (mas não interessa muito para o caso!), a ter lugar já na próxima segunda-feira, dia 8 de Novembro. E resolvi aderir! Note-se que não vou "esquecer" nenhum dos livros da minha estante, mas por sinal tenho dois ou três repetidos, vou "abandonar" um para quem o queira apanhar...
Resumindo: basta deixar o livro num local público, com um bilhetinho dentro das suas páginas a esclarecer que não foi esquecimento mas bookcrossing e que deve ser  devolvido "à rua" depois de lido. (não me parece essencial que seja o mesmo livro, embora isso caiba a cada um decidir, na esperança que não seja aquele calhamaço antiquado que ninguém teve vontade de ler!)
Há ideias fantásticas! Que talvez resultem...

BOAS LEITURAS!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

CAMINHAR ENTRE GENTE

Fotografia de Ian Britton

Então ontem, após mais um banho de gel, resolvi regressar a pé para casa - sim, porque com as enormes chuvadas a carripana meteu água, não me apeteceu conduzir um lago ambulante. O percurso não é longo, nos tempos de liceu (até mais distante) fazia-o diariamente, conhecia cada estabelecimento comercial como a palma da minha mão. Como o Natal está a chegar, dar uma espreitadela às montras não me pareceu má ideia, inclusivamente antevendo os presentinhos da época.
A tarde fantástica de céu azul e temperatura amena convidava ao passeio, mas do dito comércio tradicional reconheci muito pouco: o bazar do senhor Jorge (será?) cheio de flores artificiais à porta e uma vitrina com tampos de sanita baratos - que rica prenda, hein?; uma sapataria que permanece incólume, com um aspecto limpo arejado; a de electrodomésticos idem; três mercearias que exibem maçãs vermelhas, dióspiros laranjas e uvas verdes (brancas onde?) em escaparates à porta, que prendem a atenção dos transeuntes pelo colorido e pelo ténue aroma - numa delas, o empregado cumprimentou-me; as farmácias modernizaram-se e as padarias têm um ar mais asseado do que antigamente. 
Mas tudo o resto?  As lojas que sobreviveram ao tempo parecem escuras, feias ou até sujas, com as montras atravancadas de objectos de gosto muito duvidoso, que nunca viram um espanador em cima. No pronto a vestir, por exemplo, impera uma moda do género que a minha mãe seria capaz de usar há 30 anos. As que desapareceram deram lugar a estabelecimentos de comes e bebes, algumas com pomposos nomes de pastelaria ou cervejaria, mas que tresandam às tascas antigas - cheiram a vinho e a fritos gordurentos quando se passa por perto, com poucas excepções! Evidentemente também não faltam lojas de chineses ou indianos, sendo que essas são indefinidas em relação ao ramo de comércio. A escapar à "regra" só uma de bicicletas, mesmo que a maioria dos residentes na zona já tenha pouca pedalada para essas andanças!
Fica sempre a dúvida de como o comércio tradicional quer competir com a enorme e poderosa concorrência se não faz nada por se modernizar. O que resta e agrada é aquela convivência rotineira, de pessoas que se conhecem e param para cumprimentar ou trocar algumas palavras, tratando-se pelos nomes próprios, como reminiscência de uma velha aldeia perdida no mapa do tempo...

BOM FIM DE SEMANA!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

AS MINHAS ILUSÕES

Fotografia de Ian Britton

Hora sagrada dum entardecer
De Outono, à beira-mar, cor de safira,
Soa no ar uma invisível lira...
O sol é um doente a enlanguescer...


A vaga estende os braços a suster,
Numa dor de revolta cheia de ira,
A doirada cabeça que delira
Num último suspiro, a estremecer!

O sol morreu... e veste luto o mar...
E eu vejo a urna de oiro, a balouçar,
À flor das ondas, num lençol de espuma.


As minha Ilusões, doce tesoiro,
Também as vi levar em urna de oiro,
No mar da Vida, assim... uma por uma...

Florbela Espanca, in "Sonetos"

Apenas uma sensação muito presente neste Outono, que a poetisa explanou bastante melhor que eu... (o que não é tão difícil assim!)
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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

LÂMPADAS E CANDEEIROS!

Aqui há pouco mais de três anos, ao fim de várias semanas de obras em casa, depois de tudo limpo e arrumado, o foco de luz que iluminava a secretária e o computador partiu e pifou. OK, já tinha uns dez anos de serviço praticamente diário, obviamente este tipo de candeeiro não dura para sempre. Nem sequer era especialmente caro ou sofisticado. Mas pronto, embora não desse jeito mais uma despesa naquela altura do campeonato, resolvemos que compraríamos um que combinasse melhor com a nova decoração.
Assim, num final de tarde, fomos ao centro comercial e lá descobri um candeeiro de secretária com umas linhas estilizadas, cor de aço e que ainda por cima ocupava menos espaço. Ouro sobre azul, com a desvantagem de ser bem mais carote que os restantes em exposição na loja. Nenhuma exorbitância, evidentemente, mas com um preço excessivo para a sua funcionalidade. Convenci o maridão, porque "é coisa que não se compra todos os dias" e subsequente blablablá.
Este Verão, a lâmpada fundiu. Entretanto, a loja do centro comercial fechou. Percorremos todas as grandes superfícies à procura de uma lâmpada idêntica e nada! No comércio tradicional, um lojista avisou-me que é comum fecharem algumas fábricas destes consumíveis "lá fora", daí desaparecerem do mercado. Luzinha ao fim do túnel, uma amiga informou-me que a loja ainda existe num outro centro comercial. Mas, quer dizer, a única esperança é que ainda possuam material em armazém, porque quanto ao resto vou reclamar de quê?
Se não gostasse tanto de ter uma boa iluminação em casa, já tinha optado pela luz das velas! Porque os "azares" com lâmpadas e candeeiros domésticos têm sido tantos, que se acreditasse em fantasmas à solta... nunca dormiria sossegada! Buuuuhhh...

terça-feira, 2 de novembro de 2010

TRAÇOS (COM) SENTIDOS

Castelos distantes e irreais, gentes do nosso dia a dia ou criaturas fantásticas de formas voláteis ou monstruosas, a preto e branco ou com todos os coloridos imaginários, são preenchidos por traços finos, cheios ou luminosos nas pranchas de um sonho denominado 9ª arte. Com ou sem palavras a acompanhar!
Richard Câmara foi o autor em destaque nesta edição - o castelo do "rei esquecido" da fotografia saiu da sua caneta -  subordinada ao tema "O Centenário da República", mas vários outros trabalhos impressionaram pela sua criatividade e execução, de que seguem meros exemplos:


Além dos ínúmeros e divertidos cartazes, com frases mais ou menos humorísticas sobre a República, a caricatura também marcou presença.



  
"As Caretas da República", livro que reúne caricaturas e cartoons de Pedro Ribeiro Ferreira e Ricardo Galvão, com textos de Luis Miguel Pereira, em que se realça o protagonismo de cada um dos políticos ao longo do último século, chama a atenção do público. (aqui escolhi estas dos primórdios, porque muitas das restantes vemos quase diariamente na televisão - para não enjoar, topam?)



Por outro lado, o mais antigo filme de animação português realizado por Joaquim Guerreiro, estreado em 1923 e desaparecido pouco depois, também é exibido numa sala, após uma reconstituição efectuada por   Paulo Cambraia em 2001 e baseada em fotocópias dos desenhos originais. Muito curioso!

O Festival não se restringe ao tema, no piso inferior podemos constatar a participação de artistas de outras nacionalidades...

... em sinuosos labirintos onde se interligam culturas e tradições várias, com o toque de magia de quem dá vida e cor...

... a outros planetas!

Passo a palavra, porque o 21º FIBDA merece uma visita atenta! E prolongada, pelo menos para todos os que amam a BD...