sábado, 28 de fevereiro de 2009

KEEP THE FAITH

No dia em que o Rafeiro fez anos, houve arraial e foguetes no ar... Ahn? Onde é que já ouvi isto??? Não me parece musiquita do teu agrado! E arraial porquê, se o Carnaval já acabou? E foguetes no ar... YES! YES! YES! O Benfica ganhou ao Leixões!

Esse foi um presente caído dos céus, mas como não tinhamos a certeza de tal sorte, resolvemos oferecer um, colectivo, para os momentos livres e horas de devaneio (e que não passe disso, OK?, que não queremos cá arranjar complicações e ainda sair esgatanhados da brincadeira), ao nosso amigo e companheiro blogosférico:

RAFEIRO PERFUMADO

Et voilá a nossa escolha, por unanimidade:


PARABÉNS e tem um dia MUITO FELIZ!!!

Fotografia daqui

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

ONDA DE PEIXES...

Fotografia de Ian Britton

Caríssimos, não é bem uma onda, é quase um tsunami! Os aniversariantes dos próximos dias, todos do belíssimo signo astrológico de Peixes (Piscis ou Pisces, se preferirem), só em bloguistas que por aqui passam: Rafeiro, Safira, Taliesin, Inês e cá a JE!

Não necessariamente por esta ordem, todos em festividades, que em conjunto ultrapassam(os) os 200 anos??? (eh, eh, eh, esta é para ninguém se sentir 'cota', que um dos "diálogos" mais hilários que li na blogosfera, foi de uma moça de 29 anos comentar para outra de 30 "estamos velhas, é o que é!", com esta a concordar, em que quase caí da cadeira de tanto riso!) Adiante!

Segundo a minha agenda - e não sei a data de aniversário de todos - só Julho e Dezembro se aproximam dos calcanhares de tanto festejo, sendo que alguns familiares e amigos ainda se juntam a esta peixeirada, quando não já em carneirada...

Agora, das duas uma: ou não faço festas "virtuais" para ninguém, o que não me agrada, já que tenho feito para outros companheiros destas lides, ou não escrevo (quase) mais nada o resto do mês! Uma nota de rodapé, também pode ser uma solução a perspectivar.

Last but not least, este ano vou comemorar fora de casa, contrariamente aos anteriores, para não ficar com a barriga colada ao fogão em redor de tachos e panelas, numa roda-viva permanente entre a cozinha e a sala. Ainda não "convidei" ninguém (relativo, porque cada um paga o seu, que não sou rica), mas já encontrei o local adequado...

Entretanto, tenham um BOM FIM DE SEMANA! (que vou organizar ali uma festa e já volto...)

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

SONS DO SILÊNCIO

Fotografia de Ian Britton

Tão depressa não aceito desafios! Eles esmagam a criatividade, a torrente de palavras que passa de boca em boca, a escrita dócil ou despudorada, plena de paixão. A prosa busca matéria para desbravar, com a frieza de seguir caminho neste chão de Inverno, na preeminência de percorrer os mesmos traços de um gesto adquirido e sistemático.

Tec, tec, tec, os dedos ligeiros movem-se no teclado, atraídos como um íman, debitando fragmentos retalhados de risos e lágrimas de sangue, enquanto o cabelo começa a pratear, as costas a curvar, as coxas a acalmar, numa luta efémera contra o tempo!

Os sons do silêncio acabam em doces murmúrios...



Simon and Garfunkel - Sound of Silence

Oops! Será que meti os pés pelas mãos e respondi a um desafio que não me era destinado??? Sorry, Finúrias, foi (quase) sem querer!

Ah, obviamente dedico este texto à Laurinha! Ela, eu e alguns que por aqui passam saberão porquê...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

CONTO DE CARNAVAL

De uma maneira ou de outra, já quase todos ouviram falar do "Conto de Natal" de Charles Dickens, que foi transposto e adaptado para cinema, desenhos animados, BD - consta que até o Tio Patinhas foi baseado na personagem do livro. A história narra o susto de um velho solitário e sovina, Ebenezer Scrooge, ao ser visitado por três fantasmas na noite de Natal: o primeiro dos Natais Passados; o segundo do Presente; o terceiro do Futuro. Longe de pretender efectuar qualquer adaptação da obra do escritor inglês, lembrei-me dela, mas relacionando-a com o Carnaval... e o fantasma dos Carnavais passados! Eh, eh, eh, aqui entra um risinho sinistro, para dar mais suspense...

Então, num destes dias de época carnavalesca, comentei com a Escarlate.Due - que detesta o Carnaval, dado uma máscara de dama antiga que lhe impuseram como traje - que o meu avô tinha passado um suplício semelhante ao dela, sendo que, além disso, ainda era pavoneado entre todas as amigas da mãe e das tias, com sessão fotográfica obrigatória para a posteridade.

Não costumo pôr aqui fotografias de familiares e amigos, mas neste caso abri uma excepção, até porque estas têm cerca de 100 anos! O garoto de outras eras não está com um ar completamente "divertido"?! Pois...

Para grande desgosto meu nunca me mascararam em criança - o grande opositor da ideia foi o "menino" das fotos, apoiado pela minha mãe, que também não achava graça - que remédio tive senão vingar-me mais tarde!

Enfim, como o vovô tinha um bom sentido de humor - máscaras à parte - certamente até acharia piada a figurar no bloguito da neta, nessa sua "tragédia" infantil. Ou, pelo menos, ainda deu para eu e a minha mãe nos rirmos ao revermos as fotografias, em que estas três são meros exemplos (e as de melhor contraste, que algumas já estão meio desvanecidas). Grandes damas, para perceberem que o "para mais tarde recordar" sempre faz todo o sentido...

Findo o Carnaval, toca a divulgar as petas que poderiam ter sido adivinhadas, sem que ninguém acertasse em todas:

1ª Adoro favas, mesmo!!! Mais favas que as carnes, até...

MENTIRA! Exceptuando um ou dois copos, nunca parti nenhum vidro maior cá em casa (ou fora dela), mas peta decalcada de quem o faz por mim... ai, ai!

3ª Assisti, sim, a um assalto num autocarro, de faca em punho, numa semana que estive de férias no Rio de Janeiro com os meus pais e irmã, em 1982. (curiosidade: como o meu pai trabalhava na TAP, tinha uma viagem anual "à borla" para toda a família, de modo que saía mais barato fazer férias no Rio, do que no Algarve...)

4ª Escrevi essa dissertação, no seguimento de um curso que fiz.

MENTIRA! Nunca concorri a nenhum concurso televisivo, mas aconteceu a um amigo meu...

6ª Ai não, que não desfilei! Eu, e as minhas colegas da primária, lá por volta dos 8 anos!

7ª Consegui essa cronometragem uma vez, embora a média ronde pelos 6m30s, muito longe dessa extraordinária proeza...

MENTIRA! Sou maluca, não?! Mas um colega do liceu em tempos revolucionários gabava-se de os ter lido aos 6 anos de idade, facto que comprovei não ser credível de todo, ao folhear os dois calhamaços!

9ª Odeio touradas!!! Esta, supus que todos soubessem...

Acertar nas mentirolas alheias é quase um tiro no escuro, mas foi engraçado verificar como as pessoas se conhecem pouco umas às outras. Até o filhote se confundiu com a minha passagem num desfile de moda... infantil!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

1993

Fotografia de Ian Britton

Já lá vão 16 anos! Mas que querem? Todas as terças-feiras de Carnaval recordo a desse ano. Pela simples razão de o primeiro-ministro da época, homem de grande sentido de humor, ter resolvido acabar com o feriado, assim de um dia para o outro! Decisão essa que gerou grande polémica, a par da desobediência de ministros, de autarcas e de uma multidão de funcionários públicos. Isto porque nem as empresas privadas acataram o ditame, evidentemente receosas de alguma insubordinação entre os seus trabalhadores, preferindo passar por "beneméritas" e concedendo o dia, tradicional...

Obviamente, nem todos apreciam essa tradição carnavalesca, mas cá não surgiu por exportação brasileira de "última hora" (consta que até foi a Corte portuguesa a levar esse costume para o outro lado do Atlântico, no início do século XIX), embora actualmente os festejos não sejam comparáveis: o do Rio de Janeiro (e não só!) é mundialmente conhecido e divulgado; os nacionais adquiriram contornos locais e regionais, em corsos ou bailaricos. Mas quem "manda" nesta terra de brandos costumes podia (ou pode) ter a veleidade de se atravessar no programa dos foliões? Nananinaná!

Foi o erro político mais imaturo a que já assisti pós-25A, assim numa chefia de gabinete (isoladíssima, com muita cortiça), sem entender o básico: mesmo que os brincalhões não sejam aos magotes, muitos trabalham afincadamente para erguer e publicitar o seu Carnaval, que tem os seus adeptos; um simples "cartaz" censurado, dá azo a rios de tinta e ainda bem; e quando há filhos pequenos, sem escola pública ou privada nesses dias, onde se "despeja" a criançada?

Anibal Cavaco Silva sobreviveu a esse dislate, tanto que hoje é Presidente da República! Nunca mais nenhum governante se lembrou de "apagar" um feriado do calendário. O que (me) dá sempre vontade de sorrir, abertamente...

Aproveitem, enquanto é tempo!

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

MADRUGADAS QUESTIONÁVEIS!


Contrariamente ao que supunha, não vi a 81ª cerimónia dos Oscars. Não por ter adormecido de tédio, mais do mesmo dos Globos e afins, mas ao mudar de sistema televisivo na véspera correm-se riscos, previsíveis... (ou não, conforme o optimismo de cada um!)

Um televisor que pifou, apagou, morreu subitamente, um outro mais velhote que precisa de um cabo novo que não estava à mão, em que se ouve o som mas o ecrã teima em ficar às riscas, conseguem o brilhante rodopio de cadeiras e sofás, para só se conseguir visionar o início e o final da gala.

Do que consegui ver, já que a maioria das estatuetas pareciam destinadas de antemão, gostei:
- Da fenomenal entrada de Hugh Jackman, com humor q.b.;
- Da apresentação de cada uma das actrizes e actores nomeados ser realizada por um dos vencedores anteriores na mesma categoria;
- De Sean Penn ter vencido a concorrência para melhor actor! (nunca imaginei que conseguisse um Harvey Milk, gay, tão credível...) E com o relembrar, no seu discurso de agradecimento, da importância de "direitos iguais para todos"!

Não simpatizei nada com:
- Os 8 Oscares arrebatados por "Slumdog Millionaire" - um bom filme, certamente - mas na típica hipocrisia americana de apontar o dedo aos comportamentos alheios (no caso, na Índia), em vez de olhar para o próprio umbigo;
- Do substituto de Peter Gabriel, que desafinou logo nas primeiras notas, a interpretar a canção nomeada de Wall-E. Interpretação que o autor recusou, uma vez que em vista da maior rapidez do espectáculo, só teria 60 segundos para vocalizar um trecho da mesma;
- A risível canção bollywoodesca que ganhou o prémio de "melhor";
- A efeméride de todos os artistas que morreram no ano passado, por vezes filmada à distância, sem que no destaque fossem notórios os seus nomes.

Enfim, há dias (noites e madrugadas) assim... Pelo que assisti, "a oeste (quase) nada de novo"!

Fotografia daqui.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

REVOLUTIONARY ROAD

O novo filme de Sam Mendes, também intitulado "Foi Apenas um Sonho" na versão brasileira, retrata a vida de um jovem casal apaixonado e sonhador dos anos 50. Ela ambiciona ser actriz, ele deseja descobrir o trabalho em que se realizará profissionalmente.

Mas a vida dá muitas voltas e o que era para ser uma mudança temporária para os pacatos subúrbios de Connecticut, prolonga-se no tempo em rotinas fastidiosas, agora com a responsabilidade de dois filhos pequenos para criar e todos os grandes planos de juventude adiados, eternamente. Frank odeia o seu emprego - embora a remuneração seja suficiente para proporcionar a toda a família a vida calma e confortável almejada por tantos dos seus vizinhos - e April está desiludida com o seu dia a dia de dona de casa. Em plena crise conjugal, acabam por decidir mudar de rumo e partir à aventura para a cidade com que sempre sonharam: Paris!

Essa mudança é encarada com alguma incredulidade (e porque não dizer, uma certa inveja) por todos os que os rodeiam, à excepção de John Givings, um homem culto em tratamento psiquiátrico, precisamente por usar de excessiva franqueza nas suas opiniões (e também de alguma violência). Michael Shannon, o actor que interpreta este papel, é um dos nomeados para os Oscares de melhor secundário e, surpresa das surpresas (?!), realmente só aparece em meia dúzia de cenas!

A dupla Leonardo DiCaprio/Kate Winslet funciona na perfeição desde o famigerado e multiplamente oscarizado "Titanic", Kathy Bates nunca desilude na sua actuação.

Resta saber se o dito "sonho americano" alguma vez existiu, ou se a América conservadora e preconceituosa quis passar essa imagem ao mundo, através de manobras publicitárias enganosas. Como lidar com sonhos mortos e enterrados, em nome da prudência e da maturidade? Gostei muito!

Fica o trailer, para quem quiser dar uma espreitadela:



Ah, e claro, os Oscares são mais logo, na madrugada de dia 23, exibidos directamente na TVI, por volta da 1h30m! Vou assistir, embora não devam existir grandes surpresas...


Fotos daqui e daqui, respectivamente.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

VERDADE OU MENTIRA?

Fotografia de Cláudio Márcio, no Flickr

Não gosto de mentiras. Mas também não sou dona de verdades, para andar aí a desbaratá-las aos sete ventos "doa a quem doer". Neste caso é apenas uma brincadeira, em forma de desafio (ou même?), que partiu da Teresa do blogue "Ematejoca azul" e as regras são simples: "Dizer 9 coisas aleatórias a nosso respeito, sendo que 6 são verdades e 3 são mentiras. Quem o prosseguir deverá referir as 3 mentiras que supõe ter detectado no blogue pelo qual foi desafiado."

As que supus serem as da Teresa foram a:
5ª - Gosto muito de andar de bicicleta;
8ª - Adoro guiar o meu Mercedes a toda a velocidade;
9ª - Há 4 anos assaltei a RatHaus - Câmara Municipal de Düsseldorf.
(já sei que só acertei em duas)

Obviamente, todos podem tentar adivinhar quais as frases incorrectas:

1ª - Adoro favas guisadas com chouriço, bacon e ovos escalfados;
2ª - Parti o vidro de uma janela de casa, com o cabo da esfregona;
3ª - Assisti a um assalto, num autocarro do Rio de Janeiro;
4ª - Escrevi uma dissertação sobre o filme "Citizen Kane - O Mundo a Seus Pés";
5ª - Concorri a um concurso televisivo, mas fui eliminada nas provas preliminares;
6ª - Participei num desfile de moda, como modelo;
7ª - Resolvi um Sudoku "fácil" em 3 minutos e 49 segundos, na net;
8ª - Li os dois volumes de "O Capital", de Karl Marx;
9ª - Odeio touradas!

O desafio, como sempre, segue para TODOS, desta vez com uma menção honrosa para o "Desafios Rafeirosos", do RAFEIRO do costume, que deve andar tristinho com falta deles... E também porque ele entende que a nomeação deve ser muito explícita! Mas vá, VAN, VÍCIO, SU, SAFIRA, MOYLE, TONS SE AZUL, INÊS (bem sei que levas algumas coisas a mal no Carnaval, mas pronto!), FAUSTO, MATCHBOX32 quando menciono todos também estão incluídos, certo? Nem estendo mais, porque sei que alguns já o fizeram e outros não gostam, abominam, detestam, nem o seu espaço se adequa a brincadeiras virtuais...

E ainda... uns prémios para distribuir, também por TODOS os linkados! Obrigada:

Isabel, do blogue "Artista Maldito"


Teresa, do blogue "Ematejoca azul"


Bom C A R N A V A L para todos!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

ENCONTROS E DESPEDIDAS

Foto de Ian Britton

A blogosfera está a tornar-se um verdadeiro vai-vem espacial, ou melhor dizendo, virtual: abre blogue, fecha blogue, modera comentários, impede comentários, põe post, tira post e, cerejinha no topo do bolo, privatiza só para amigos!

Claro que há uns anónimos a chatear e, pior ainda, aqueles que para instalarem ainda mais a confusão vão fazer comentários usando nicks alheios, escarnecendo ou insultando o bloguista ou os restantes comentadores. Mas está tudo doido? A dar uma importância desmesurada a uns tristes que não têm onde cair mortos, quando não estariam ocupados em actividades mais salutares e aprazíveis? Essas mentes mesquinhas devem pular de contentes ao perceber que o veneno destilado afecta tanto os visados, que os fazem desistir ou desconfiar de qualquer novo visitante...

Enfim, cada um sabe de si! Mas a vida já tem tantos encontros e desencontros, zangas e despedidas, para quê transportar essas nuances também para um espaço onde se pretende uma partilha de vivências ou conhecimentos, uma troca ou debate de ideias, ou apenas alguns risos ou brincadeiras em momentos de lazer?

Deve de haver alguma coisa que me anda a escapar, ainda não percebi o quê!



Maria Rita - "Encontros e despedidas"

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O FASCÍNIO DOS ESPELHOS

Sorrio sempre com a história da madrasta da Branca de Neve, num patético diálogo com o espelho mágico: "Espelho meu, espelho meu, diz-me quem é mais bela que eu"? Ou com a lenda de Narciso (segundo Oscar Wilde), embora o sorriso esmoreça um pouco, devido a tanta cegueira...

Mas o fascínio é imenso perante todas as superfícies espelhadas, num processo que se inicia nas águas da Natureza, cujos reflexos límpidos ou turbulentos reproduzem as imagens circundantes, na agitação de marés, na calmaria de um lago, no pingar da chuva na fonte ou na poça do chão. Luz, cor, vida, cópia fiel ou distorcida!

E ao saltitar de poça em poça, vamos entendendo a diferença entre pisar com a bota, ou passar ao lado...

Exemplo vivo é Julian Beever, artista inglês também alcunhado "Picasso de calçadas", cujos desenhos tridimensionais (vistos do ângulo adequado) desempenham uma nova forma de arte em várias calçadas de cidades mundiais, denominada "chalk art" - ou arte com giz, sendo que é esse o material utilizado na execução dos trabalhos, a par de espelhos e muito engenho matemático!

Obrigada, Palicha.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

DOCES PALAVRAS...

Os seus olhos brilhavam sempre que escutava aquela doce palavra. Corava ligeiramente e tentava disfarçar, mas enrubescia ainda mais ao relembrar toda a inexplicável química que se prenunciava...

Um leve frémito invadir-lhe-ia o corpo, como se uma corrente misteriosa e fria percorresse todas as suas entranhas. As mãos trementes e as pernas bamboleantes sinalizavam um cérebro adormecido de passado ou futuro, destinado apenas ao momento de profundo prazer, enquanto o coração pulava no peito, num ritmo cada vez mais acelerado e premente.

Por fim, entreabria os lábios num ténue sorriso ansioso daquele contacto e repetia a palavra, em deleite:

CHOCOLATE!


Fotografia de Ian Britton

domingo, 15 de fevereiro de 2009

SLUMDOG MILLIONAIRE

Em plena emissão da versão indiana do concurso "Quem quer ser milionário?" falta apenas uma pergunta para Jamal Malik ganhar 20 milhões de rupias. Como é que ele conseguiu?
A: Fez batota
B: Tem sorte
C: É um génio
D: É o destino

É esta a questão inicial que o filme realizado por Danny Boyle e interpretado por um leque de actores desconhecidos do grande público - Dev Patel, Anil Kapoor, Irrfan Khan, Madhur Mittal e Freida Pinto - coloca.

Orfão e praticamente iletrado, a polícia suspeita que o rapaz montou um esquema para enganar a organização do concurso, sujeitando-o a um duro interrogatório. À medida que relata as perseguições religiosas, policiais e de criminosos de que foi alvo, observamos em múltiplos "flash back" as condições miseráveis vividas nos bairros de lata de Bombaim (ou Mumbai, designação oficial a partir de 1995) e a luta pela sobrevivência dos mais jovens e desprotegidos, em percursos sinuosos que às tantas o distanciam de Latika, amiga de infância que não cessa de procurar numa das cidades mais populosas do mundo, e de Salim, seu irmão mais velho e companheiro de fuga desde a perda da mãe. Simultaneamente, podemos responder à pergunta inicial, ao como ele soube as respostas e ao porquê de um jovem inculto querer concorrer a um programa televisivo para o qual, aparentemente, está pouco talhado...

Para quem quiser espreitar o trailer, aqui está um legendado (em português do Brasil, que não encontrei o de Portugal, que obviamente é o que se encontra em exibição nas salas de cinema nacionais):



A não perder! (note-se, porém, para os que não são amantes de cinema convictos, que o filme tem cenas brutais, que pouco têm a ver com as produções romanescas de Bollywood)


Fotografia da net.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

AZARES...

Fotografia de Ian Britton

Então por hoje ser sexta-feira 13 - que como quase não-supersticiosa não "me aquenta, nem arrefenta" - lembrei-me das numerosas superstições que a minha avó e tias conheciam e que eram algo tenebrosas e assustadoras, especialmente para as criancinhas.

Uma dessas "crendices" consta no episódio verídico, que passo a relatar:

Um amigo meu (digamos assim), militante da UEC naqueles anos pós-25 de Abril, estava inscrito no serviço cívico, quando lhe foi atribuída a tarefa de ir pintar os muros de uma escola. Ele e um grupo de outros estudantes, bem entendido. Estas ideias revolucionárias são todas muito bonitas na teoria, mas na prática há pessoas que não têm jeito nenhum para este tipo de serviços. Então lá estava ele pendurado num escadote a esborratar a parede e inadvertidamente dá um pontapé no balde de tinta. Com tanto azar, que atingiu uma incauta rapariga a passar no local (sem receio de superstições, note-se!), que ainda conseguiu esquivar-se ao balde, mas da tinta não se livrou! A pintura acabou para ele nesse dia, que mais abstracta do que a jovem a escorrer aquele líquido amarelo e viscoso da cabeça aos pés, era impossível! Ficaram ambos sem fala, ela sem saber o que dizer, nem ele como se desculpar, os restantes riram-se descaradamente ou à socapa. Como por acaso ele vivia perto, levou a jovem até sua casa (nada de mentes perversas, OK?) onde ela tomou duche e a mãe lhe arranjou roupa para substituir a totalmente arruinada pela "artística" obra...

Conclusão: existem superstições que até é útil manter!

E como o fim de semana já se avizinha e não desejo que vos falte nada, seguem aqui uns prémios para TODOS (os linkados na barra lateral), que me foram concedidos pela:

Isabel, do blogue "Artista Maldito"




E pela:

Teresa, do blogue "Ematejoca Azul"


Obrigada a ambas!

BOM FIM DE SEMANA!!!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

A GALINHA DA VIZINHA...

Fotografia de Ian Britton

Não tenho galinhas! De modo que se uma vizinha tiver uma franguita assim a dar para o depenado, num galinheiro improvisado na banheira da casa de banho, de certeza que é mais gorda que a minha... descontando as pernocas de frango armazenadas no congelador, até ao dia em que chegarem ao tacho, evidentemente!

Assim, no seguimento do desafio da Ematejoca, confesso ser totalmente isenta do pecado da INVEJA. Aliás, por de todos os 7 (ou 13?) ser o que mais me perturba e confunde os neurónios. Suponho que todos desejamos ter uma vida boa, com o conforto necessário e sem grandes preocupações com os euritos a escassear, no fim do mês. Uma ambição comum! Mas se a vizinha tem carro novo, ou o amigo uma aparelhagem B&O ou o colega de emprego comprou um ecrã plano gigantesco para a sua sala? Que bom, não é?! Haja felicidade, cada um a seu modo!

Outra ambição normal, para lá da questão material, é garantir uma profissão onde se tem prazer em trabalhar (independentemente da remuneração mensal e de horários a extravasar o estipulado), um bom marido/mulher que partilhe connosco alegrias e tristezas no dia a dia, eventualmente um bando de filhos alegres, simpáticos, saudáveis e inteligentes. Quem consegue este "pacote" todo é, sem dúvida, afortunado! Uma coisa é desejar tudo isso, outra é ficar enressabiada por alguns atingirem essa meta...

Pecado talvez seja ter pena, como a galinha, dos dotes artísticos não serem fabulosos - nem pouco mais ou menos - para várias áreas que admiro bastante. Mas se não sei tocar guitarra e nem sequer tenho unhas para isso, porque é que haveria de ser invejosa?

Quase santa, não é?!

*******
Adenda:

Parabéns, Myllana!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

SUPIMPA

Fotografia de Ian Britton

Consta no dicionário que "supimpa" é palavra de origem brasileira, mas como não tenho malapatas contra acordos ortográficos assinados há quase duas décadas, e os purismos da língua em constante mutação também têm pouco significado no léxico que uso habitualmente, vou descrever alguns que utilizo à "tripa forra" (hummm... esta fica para outra postagem!), com ou sem entradas no calhamaço do século passado:

Berbicacho - dificuldade, embaraço
Bué - muito
Buereré - mais que muito
Chatice - é uma chatice, mas este berbicacho até consta no dito
Epá - que surpresa, pá!
Estucha - chatice (descrito no dicionário como excelente ou estupendo?)
Fartazana - à farta
Fuzué - barulheira, conflito
Giro - Brad Pitt
Mainada - contracção de "mais nada"
Malapata - azarito
Nananinaná - nada disso
- camarada, companheiro, amigo
Quiproquó - engano, equívoco, confusão de palavras (não digam que não avisei!)
Supimpa - muito bom, excelente
Tripa forra - à brava (acho?!)
Xi - credo!

Já o Eça dizia que se algumas palavras não figuravam no dicionário iriam passar a figurar. E com tanto português mal escrito que se lê por aí, em livros (traduções e revisões, mal feitas?), jornais, revistas, blogues, etc. e tal, para que serve tanto fundamentalismo linguístico?!

Escrever ou falar são formas de comunicar! O como é irrelevante, desde que as mensagens sejam compreendidas...

Um dia SUPIMPA para todos!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

PROPEDÊUTICO


Embirro solenemente com a palavra propedêutico. Na verdade, a palavra (que significa "que serve de introdução ou de preliminar") insere-se em dois contextos diferentes, numa esfera pessoal:

1º As políticas do Ministério da Educação ao longo dos anos, em que por excesso de alunos que pretendiam ingressar no ensino superior se foram inventando umas soluções provisórias, em cima do joelho, posteriormente tornadas definitivas;

2º Um dos anos mais divertidos da minha vida.

No primeiro caso, poderia dar para rir, à conta dos governantes pós-25A prometerem mundos e fundos ao povo exultante. Mas às tantas não era bem assim, nem todos podiam ir para a faculdade, não é? E, se bem me lembro, primeiro começaram por um ano em que ninguém entrou na universidade (já li algures que houve umas raríssimas excepções, mas nem interessa agora), depois as imaginações mais desbragadas entraram noutra dimensão. Um serviço cívico para os jovens perceberem o que é trabalhar - nada contra, note-se! - uns e outros ainda andaram a pintar paredes e muros ou a fazer alfabetização nas províncias mais recônditas (ou a embebedarem-se em grupo lá na escancha), mas programação propriamente dita não existia. Alguns conseguiram emprego, a larga maioria ficou a olhar para o ar, tida como "malandra". Pois! E no final entraram aos magotes nos estudos universitários...

Estava-se mesmo a ver que aquele modelo não servia, havia que retemperar essas entradas, mantinha-se o serviço comunitário (embora ainda não se soubesse qual) e no fim do ano uns exames de Português e de Cultura Geral. Grande razia! Contestações várias, mas como o Cardia era homem de grandes soluções, tal como os seus antecessores e predecessores, inventou uma nova: o propedêutico! Um ano assim para rever a matéria dada no ano anterior e, iluminação das iluminações, com aulas emitidas na televisão, das 9 da manhã ao meio-dia e picos!

E aí começou o regabofe pessoal, partilhado com umas tantas amigas. Estávamos inscritas, já se auguravam duas épocas de exames a todas as disciplinas do liceu, com umas fórmulas matemáticas que resolviam os diferentes pesos das matérias para os cursos que queríamos seguir, os numerus clausus solucionariam o problema. Não havia cá programas ou essas coisas, cerca de uma dúzia de livros obrigatórios para Português, posteriormente começaram a pingar uns fascículos/sebentas, quase nas vésperas dos exames... e que esgotavam rapidamente!

Qual foi o divertimento? Juntávamo-nos de manhã cedo para a bica e íamos para casa umas das outras ver TV... ou jogar às cartas... ou assistir a aulas de grego ou à "Escrava Isaura" (telenovela no seguimento da emissão televisiva)... ou a beber chá com torradas... ou a conversar e a rir! Pronto, OK, jogávamos às cartas quase todos os dias, o resto vinha por arrasto!!!

Last but not least, Cardia foi o percursor de um ano "inexistente". Actualmente, corresponde ao 12º ano de escolaridade!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

MEMÓRIAS (MUITO) CURTAS!

Fotografia de Ian Britton

Os despedimentos têm-se sucedido nos últimos tempos, com a desculpa de "ai, é a crise, é a crise!", num coro que já chateia. Num ou noutro sector mais afectado ainda é possível acreditar, mas tudo indica que o patronato pouco escrupuloso se está a aproveitar da situação, para fazer vista grossa às leis laborais, onde elas (ainda) existem para defender os trabalhadores!

Nem é preciso conjugar o verbo saber de cor e salteado, para todos percebermos que estes despedimentos em massa se perfilam num quadro há muito identificado: patrões não querem empregados com direitos, só com deveres, obrigações, subserviência, polivalência, se possível, só com o instinto de sobrevivência. Em Portugal, como em todo o mundo!

Consegue-se lutar contra o capitalismo exacerbado e o "venha a mim"? Creio que sim! Já houve tempos em que as lutas contra a guerra e a injustiça social levaram a sua avante, em cantares que nos ficaram no ouvido como ténue recordação. E essas é bom não esquecer, mesmo que as vozes e o vento as soprem cada vez mais distantes...



Blowin' in the wind
(a canção original, escrita, musicada e tocada por Bob Dylan, aliás Robert Zimmerman à nascença, aos 21 anos. obteve o apoio de outros músicos da época, tal como Joan Baez, Peter, Paul & Mary e os Freedom Singers, como podem verificar aqui, em 1963)

sábado, 7 de fevereiro de 2009

A VELHA BRUXA

Fotografia de Ian Britton
(na legenda o autor escreve o seguinte:
"I hope this inspires you to take your camera out with you what ever the weather".)

A VELHA BRUXA
Era uma vez... uma velha bruxa, enrugada e disforme, que assustava toda a população da zona onde habitava.
Em jovem tinha sido bela e vaidosa, dedicara-se inteiramente à sua própria aparência, única característica que a distinguia dos restantes mortais. Por infelicidade do destino, um dia fora atropelada por um carro, enquanto se distraía mirando o seu reflexo num vidro espelhado...
Sobrevivera! Mas as múltiplas cicatrizes que sulcavam o seu corpo outrora perfeito, fizeram com que abandonasse a cidade e partisse para aquela aldeola perdida na encosta da serra.
Afadigava-se com as plantas que cresciam no seu jardim e dava longos passeios pela floresta, recolhendo sementes, raízes, bagas e frutos, o que contribuira para a sua fama na região. Ambicionava alcançar o segredo da beleza e da juventude perdida...
A lua cheia já brilhava no céu, na hora que julgou obter o resultado pretendido - um líquido verde e cristalino, que deixou a esfriar no gelo. Acendeu velas em seu redor, impacientando-se a observar os relógios que tiquetaqueavam inexoravelmente. Quando provou o elixir, gostou do seu aroma e paladar. Bebeu-o até à última gota!
Nessa noite a serra pegou fogo e ela desapareceu misteriosamente. Algum tempo depois, um médico aposentado descobriu o osso do dedo mindinho de uma criança nos escombros, mas a sua participação às autoridades não suscitou mais do que sorrisos descrentes...
O caso foi arquivado!

Foi com este texto que participei no concurso promovido pela Tons de Azul, cujas regras eram simples: escrever um conto, começando pela frase "Era uma vez..." até ao limite máximo de 230 palavras. Fiquei num brilhante segundo lugar!!! Hummm... bem... cóf, cóf (maldita tosse!)... só teve dois participantes... Parabéns,
S.G., pelo teu merecido primeiro lugar! Mas, acima de tudo, parabéns a ti Tons de Azul, pela magnífica iniciativa e que venham mais...

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

PÁGINAS EM BRANCO


O que é que se pode fazer perante uma página em branco? Num concurso no Hirshorn Modern Art Gallery, cuja regra simples era cada artista usar apenas uma folha de papel, demonstrou-se que se podia fazer tudo isto:


... e mais isto


... e ainda isto!


É preciso tinta para ilustrar mais?

BOM FIM DE SEMANA!


Fotografias de autor desconhecido.

Obrigada, Michel!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

AVATAR PERFILADO


Pronto, OK, cansei de ver o meu perfil a negro com um ponto de interrogação a meio - tal e qual os meliantes aparecem perfilados nas páginas dos jornais - em blogues que comento. Daí ter decidido criar um avatar (é essa a palavra?) próprio. Enquanto não crio essa magnífica obra fotográfico-pictórica (ui, ui e o jeitinho é grande!), resolvi colocar esta foto tirada no Verão passado na costa algarvia, como mero símbolo de "navegação". Tem mar, ondas, praia, veleiro, céu azul (ai, ai), serve para já...

Mesmo não tendo endereço de mail no blogue - para evitar a praga de spams, correntes e afins - começaram a surgir na minha caixa, sistematicamente, uns perfis de fulanos e fulanas para "convívio". Ahn?! De início supus ser brincadeira, mas meses a fio a receber semanalmente fotografias do Tóino que vive na Amadora, dizendo de si próprio "sou meiguinho", ou da Salete de São Paulo que se anuncia como "rapariga extrovertida e desinibida"? Taralhoquice a mais... não?

O adolescente cá de casa lá concedeu dar uma dica: procurar no Google todos os meus nomes, apelidos e nick que pudessem eventualmente prestar-se a confusões. E o mistério desfez-se, ao descobrir uma tal de Tete (sem acento), que apela a que lhe enviem esses perfis "conviventes"!!! Enfim, ainda não resolvi a chatice de apagar aquela treta todas as semanas, mas confesso que fiquei mais tranquila por perceber a sua origem.

O espaço musical que se segue é dedicado à minha mamã, que comemora hoje o seu aniversário de diamante. Por preferência dela, que as músicas do cantor ouvi durante toda a infância e adolescência, quase até à exaustão...:



Julio Iglesias - Un Canto A Galicia

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

SEM SOMBRA DE PECADO?!


Nunca vos aconteceu começarem a escrever um texto e acharem que não interessa a ninguém? Então, depois de meditar longamente sobre o assunto - no caso, um desafio da Ematejoca* - concluí que sou quase uma santa (cóf, cóf) e que pecados mortais quase não moram aqui! Além do mais, ainda detesto moralismos (religiosos ou outros), paternalismos e maniqueísmos. Mas a discussão do tema parece-me interessante, dá "pano para mangas", pelo que decidi debatê-lo aqui, em fatias, começando pela GULA.

Como certamente todos saberão, os 7 pecados mortais - gula, avareza, inveja, ira, soberba, luxúria, preguiça - foram recentemente ampliados para 13, por decisão do Vaticano, que resolveu conceder uma nova dimensão social aos comportamentos pecaminosos. Portanto, manipulação genética, pedofilia, aborto, poluição ambiental, consumo de drogas e riqueza desmesurada associaram-se ao rol anterior. Hummm... não é estranho acrescentarem mais uns quantos aos que figuravam nos textos ditos bíblicos, assim de repente, porque apeteceu? Não é caso para perguntar, se não foi com a mesma ligeireza que um dia um Papa qualquer acordou indisposto, por ter comido demais na véspera, e decretou a gula como pecado? É que já lá vão mais de dois milénios e se foi tão fácil assim no ano passado, imagine-se como teria sido ao longo de todo esse tempo...

Entendendo-se por gula comer mais do que o necessário, quem é que nunca cometeu esse excesso? Exceptuando aqueles casos extremos, de pessoas que se sentam à mesa e limpam tudo até à última migalha, sem se preocupar se as que as rodeiam comeram ou não, que motivo seria o de Deus para proibir isso? Omnipotente, omnisciente e omnipresente, certamente compreenderia que os mais humildes apóstolos de Cristo, quase todos pescadores, nos dias de boas marés comeriam mais, para contrabalançar os outros em que as redes voltavam vazias. Como eles, toda a restante humanidade. Dito isto, é certo que alguns se empanturram, enquanto outros morrem de fome. Mas deixavam de ser comilões (atenção que estou a referir pessoas, não governantes) e resolviam a fome no mundo? Todos sabemos que não!

Ah e tal, sou uma lambona (como a outra da Planta) e não quero confessar? Ná! Aliás, sou tida como "pisca", mas uma vez ou outra já exagerei na dose, especialmente com alguns dos pitéus favoritos. Corri para o confessionário? Não! Então já tenho o destino traçado pela Igreja Católica: repouso eterno lá nas profundezas do Inferno!

"Perdida por 100, perdida por 1000", se o vaticínio é esse por um pecadilho esporádico, vou continuar a analisar o tema, à medida do apetite...

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*O desafio consiste em relacionar os 7 pecados mortais com o comportamento de cada um de nós, pessoalmente, e está aberto a todos que lhe queiram pegar. Ao desenvolver a temática não se pretende ofender ninguém, católicos, agnósticos, ateus ou de qualquer outra religião.


Imagem daqui.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

AMORES-PERFEITOS

Fotografia de Ian Britton

Há quem não acredite em amores perfeitos, mas eles existem, como se pode comprovar na imagem ou constatar aqui:



John Lennon - WOMAN

Já agora, alguém consegue identificar todas as flores que surgem no clip? São só 52 fotografias, embora apareçam muitas rosas e orquídeas de várias cores e espécies...

domingo, 1 de fevereiro de 2009

OS PASSOS EM VOLTA


Herberto Helder é um ilustre desconhecido para a maioria dos portugueses ou, quando muito, o seu nome soa vagamente familiar. À excepção dos amantes de poesia, que esses sim, procuram incessantemente as suas obras que esgotam rapidamente. Escrito em 1963, "Os Passos em Volta" é um livro de contos que, não sendo autobiográfico, relata algumas das deambulações do homem pelo mundo, atravessando várias fronteiras reais, existenciais e imaginárias, ligeiramente semelhantes às da vida do próprio poeta e escritor: "Chegava com uma pequena mala de mão, uma dessas malas que levam apenas duas camisas e uma escova de dentes. A mala de um vagabundo ou descobridor de cidades."

Nascido na cidade do Funchal em 1930, Herberto Helder Luis Bernardes de Oliveira, (ou, pelo menos, assim o reza a net), escreve a páginas tantas: "Acerca da frase - 'Meu Deus, faz com que eu seja sempre um poeta obscuro.' - julgo haver alguma coisa a explicar. Para já não sei onde a li, se a li, pois bem pode ser que ma tenham referido e uma frase referida, não lida, torna-se menos do seu autor. Tracei-a a lápis na parede em frente da cama." Fiel a este princípio, mantém distância de todo o palco mediático, recusando entrevistas e bajulações alheias, inclusivé o Prémio Pessoa, que lhe foi atribuido em 1994. Algo que poderá ser compreensível através da leitura deste livro e do homem que "reside" nele, longe de ambições mundanas, contentando-se com parcos bens e raiando o surreal (nos dias que correm)...

Nem por isso se distancia da realidade que o envolve e no que se traduziram e traduzem os "brandos costumes" portugueses: "O rei sorri. Ergue o coração na mão direita e mostra-o ao povo. O sangue escorre-lhe entre os dedos e pelo pulso abaixo. Ouvem-se aplausos. Somos um povo bárbaro e puro, e é uma grande responsabilidade encontrar-se alguém à cabeça de um povo assim. Felizmente o rei está à altura do cargo, entende a nossa alma obscura, religiosa, tão próxima da terra. Somos também um povo cheio de fé. Temos fé na guerra, na justiça, na crueldade, no amor, na eternidade. Somos todos loucos."

O modesto livrinho - apenas 194 páginas, na 9ª edição - andou a passear na minha mala para colmatar tempos de espera ali e acoli. Mas tal como "os homens não se medem aos palmos", os livros também não se medem às páginas! Já era hora de deixar os calhamaços pomposos de lado e dedicar-me a um que me fizesse pensar, entre sorrisos...

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PARABÉNS, Tininha!