quarta-feira, 31 de agosto de 2011

ENQUANTO SALAZAR DORMIA...

Jack Gil Mascarenhas Deane, "filho de mãe portuguesa e pai inglês", regressa a Lisboa para o casamento do seu neto Paul, aos 85 anos de idade e 50 depois de ter partido. Encontra-a muito diferente da que conheceu durante a II Guerra Mundial - em 1941, enquanto Londres era bombardeada e os exércitos de Hitler avançavam pela Europa, a aparentemente calma capital portuguesa acolhia a elite europeia nos seus hotéis de luxo e milhares de refugiados de todas as nacionalidades e condições económicas atravessavam as nossas fronteiras. Apesar desse súbito acréscimo de população, os cidadãos e as autoridades não pareciam notar actividades estranhas ao habitual. O então jovem Jack Gil dirige o escritório lisboeta da companhia de navegação de seu pai e é noivo de Carminho, uma menina de saúde frágil e de "boas famílias", mas sente alguns remorsos por não se ter alistado na Royal Navy, como o pai desejava: "Morrer não era ideia que me agradasse, mesmo que fosse pela pátria. Só que, agora que a guerra estava no auge, consumia-me um sentimento de culpa." 
Através do seu amigo Michael vai tendo alguma noção que o ambiente pacífico reinante é aparente e que nos "bastidores" se movimentam espiões ingleses e alemães, que a PVDE (Polícia de Vigilância e Defesa do Estado, antecessora da PIDE) vigia, sem intromissões de maior. Até que, numa noite ciclónica, após um jantar na embaixada inglesa, Mary, a esposa de um coronel, lhe pede boleia para casa...
É este o ponto de partida deste romance de Domingos Amaral, que ao longo de 465 páginas nos envolve nas teias de espionagem desses tempos no nosso país, tecidas pelas memórias do velho protagonista, aliadas à recordação das mulheres que amou ou pensou amar!
Note-se ainda que o romance é ficcional, embora algumas personagens sejam reais. Não é género que me cative muito, mas... ADOREI!
CITAÇÕES:
"Deitado na cama do Hotel da Lapa, insone, estremeço só de recordar aquela noite. Lembro-me de cada gemido, e parece que sinto nas minhas mãos aqueles corpos, como se estivessem aqui ao meu lado. O que era aquela loucura? Teria sido da bebida ou era a época que nos deixava naquele estado, temendo tanto o futuro que nos entregávamos ao sexo com um fantástico e saboroso desespero?"
"[...] O embaixador Campbell costumava dizer que os portugueses são um povo estranho, para quem um permanente estado de frustração é uma espécie de segunda natureza. E são demasiado vulneráveis ao elogio, talvez fruto de um certo complexo de inferioridade que nunca venceram." 
"A guerra, para mim, foi quase sempre assim. Mulheres que eu amava, mulheres que eu desejava, mulheres com quem vivia muito e muito fortemente, e que um dia partiam para o mar. Mary, Alice, Anika, bocados inteiros do meu coração que se foram, deixando-me mais só e mais triste naquela Lisboa que eu tanto amava."
 

terça-feira, 30 de agosto de 2011

TELENOVELA PIRATA!

Há muito tempo que não me ria tanto com uma telenovela! O drama... a surpresa... a emoção... do primeiro capítulo:


Pirata porquê? Porque "Ikea heights" foi inteiramente gravada na loja IKEA de Burbanks, na Califórnia, sem autorização da empresa e à socapa dos funcionários, por um grupo de jovens amigos que engendrou a brincadeira, ao reparar que constituía o cenário ideal para uma telenovela...
Demoraram cerca de seis meses a concretizar o plano, nem sempre conseguiram escapar ao olhar atento dos empregados e chegaram a ser expulsos duas vezes, para gravar os 7 mini-episódios, todos a rondar os 5 minutos. Podem ler a notícia aqui ou ver a sequência de vídeos no Youtube.
Tem um piadão! Não tenho a certeza é se os patrões e administradores do IKEA vão achar o mesmo...

(Obrigada, Ana!)

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

UM GÉNIO CHAMADO CHARLIE CHAPLIN

Em jeito de comemoração do 1000º post do Quiproquó, surgiu a ideia de relembrar uma das figuras mais míticas do século passado: Charlie Chaplin (de seu nome completo Charles Spencer Chaplin, também conhecido como Charlot)! Não cabe aqui elaborar a sua biografia - além da wikipédia e de vários livros (um deles escrito pelo próprio) e de um filme, todos eles um bocado contraditórios entre si, muita  tinta  já correu sobre a sua vida e obra - nem tão pouco analisar à lupa a sua filmografia. Que, aliás, não vi toda, até porque quando se iniciou nas lides cinematográficas nem os meus pais eram nascidos e os meus avós  mal tinham largado os cueiros...
Sei que quando a personagem do célebre vagabundo aparecia na televisão, com o seu chapéu de coco, bengalinha e pequeno bigode, a andar como um pinguim, a fugir à polícia ou a distribuir uns pontapés nos traseiros dos seus adversários, havia gargalhada pela certa. E não éramos só nós miúdas a rir, os meus pais e avós também não resistiam à espectacular mímica do actor. Chaplin teve o mérito único de aliar o riso a várias emoções, como o amor, a ternura, a amizade, a solidão, o desespero ou a tristeza., amalgamando-as nas mesmas sequências e extraindo delas a comicidade possível, cativando assim o público de todos os cantos do planeta e de todas as idades. Simultaneamente, também não deixava de denunciar a miséria e a pobreza, as injustiças e os absurdos da sua época.
Ele próprio, nascido a 16 de Abril de 1889, em Londres (curiosamente, poucos dias antes de Hitler, que nasceria no mesmo mês e ano, a cerca de 1000 km de distância),  terá tido uma infância atribulada, após a morte do pai e o internamento da mãe num hospício, com apenas 12 anos deambulava pelas ruas londrinas até ser internado num asilo para crianças pobres. O seu meio-irmão, mais velho, Sydney Chaplin, companheiro desses tempos, conseguirá  posteriormente integrá-lo na companhia de pantomina onde  trabalhava e numa tournée aos EUA, as capacidades artísticas do jovem são notadas por um cineasta, Mac Sennett, que o contrata. Aí permanecerá durante as 4 décadas seguintes, onde Charlie usará as suas vivências juvenis para retratar fielmente o vagabundo que o tornou famoso, com a sensibilidade de expressar facial e corporalmente  todas as emoções e sensações de um infeliz sem eira nem beira...

Assim, no decurso da I Guerra Mundial, da Grande Depressão de 1929 e da II Guerra Mundial, Chaplin conseguiu fazer do riso a sua arma e alentar uma população mundial carente de alguns momentos de alegria, quando por todo o lado abundavam as ruínas, as campas dos milhares de mortos que pereceram,  muita fome e miséria, para além do luto existente nos corações. Era o cinema a relembrar que se "the show must go on", a vida também continua!
Entretanto, não foi só o mundo que mudou, a indústria cinematográfica americana também: o primeiro filme sonoro preconizava um novo patamar no mundo do cinema - ao qual Chaplin tentou resistir durante largos anos - mas os mais conservadores  estavam preocupados com as mensagens "imorais" que podiam ser veiculadas através das telas. Daí até promulgarem o Código de Hays (implementado nos anos 30 e que vigorou até 1968) foi um passo, com vista a censurar previamente temas, atitudes e palavreado considerado "contra a moral e bons costumes". Lógico que argumentistas e cineastas não viram com bons olhos essa novidade, mas a situação agravar-se-ia ainda mais na era de McCarthy e de J. Edgar Hoover, que surgiram como os paladinos de um anti-comunismo primário e irracional, encontrando "suspeitos"  em cada esquina, especialmente entre escritores, músicos e gente ligada à 7ª Arte. Em resultado das perseguições que se seguiram, muitos foram obrigados a acabar prematuramente a sua carreira artística.

Claro que Charlie Chaplin, assumidamente esquerdista e mantendo laços de amizade com alguns desses  "suspeitos", não escapou a entrar na Lista Negra de Hollywood. É assim que, ao deslocar-se a Londres  com a sua família, para promover o seu último filme, em 1952, vê-se impedido de regressar aos EUA: o seu visto de entrada  foi revogado, consta que por instância de Hoover, director do FBI. Uma expulsão sumária, por assim dizer! Então decidiu instalar-se com a sua família na Suiça e só voltaria a Hollywood  20 anos mais tarde, a convite da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, para receber um Oscar honorário pelo seu  grandioso contributo para a 7ª Arte, o que lhe valeu um dos maiores aplausos de que há memória naquela cerimónia.
Longe de ser um homem perfeito, Chaplin representou o anti-herói  por excelência, nas telas como na vida,  mas transmitia a imagem de ser de carne e osso, com fraquezas e falhas como todos nós, mas sempre a tentar dar o seu melhor. Daí ter conquistado o mundo...
 
"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos."
Charlie Chaplin

Imagens da net.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

AVES EMBLEMÁTICAS?

Fotografia de Ian Britton

Há perguntas às quais dificilmente conseguimos responder, sendo que nunca pensámos no assunto, mesmo que como mera trivialidade. Foi o caso de uma que circula no FB, tipo inquérito, como tantos que por lá passam: "Qual a ave que considera a mais emblemática de Portugal?" Bom, se tivesse lá a sugestão "aves raras", certamente que apostaria nessa. E não estava propriamente a referir-me à passarada...
Mas não! Na lista constavam apenas meia dúzia de exemplares da nossa fauna ornitológica, a saber: pombo, melro, pardal, cegonha, guarda-rios, gaivota, andorinha, flamingo, milhafre, águia do Benfica e galo (de Barcelos). Estes dois últimos certamente acrescentados pelos engraçadinhos do costume, ou seja, as tais "aves raras"!   
Brincadeira é brincadeira, nem sequer é para levar a sério! Mesmo assim não consigo associar Portugal a qualquer ave, embora identifique algumas com regiões nacionais, eco-sistemas em perigo, contos infantis, simbolizando outros países ou até outras linhas de pensamento. Mas fica a pergunta: "O que responderiam?"
Entretanto, aproveitem o voo para um...

EXCELENTE FIM DE SEMANA!!!
 

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

FRASCOS E COMPANHIA...

Já aqui referi várias vezes a minha colecção de livros e que só quando os contabilizei é que percebi que era uma verdadeira coleccionadora: uns selos, uns cromos e uns bonecos de papel em miúda (esta última ainda guardo carinhosamente numa caixinha) e nunca mais julguei ter vocação para tal. Coisa que o vento levou com a infância...
Porém, certo dia, e já ufana de ser coleccionadora de livros, ponderei melhor sobre o assunto e descobri que afinal era uma coleccionadora nata - para além dos livros, existia a dos frascos de perfume (pelo menos um deles foi-me oferecido por uma amiga do liceu), muitos deles ainda cheios com o respectivo conteúdo, dado que sou esquisita com os aromas. Uso apenas 3 ou 4, os outros ficam no frasco, assim numa espécie de decoração da bancada da casa de banho. É até melhor que nem os use, porque com tantos anos em cima podem estar deteriorados! Evidentemente foram todos oferecidos, excepto os que vou gastando no dia a dia.
Mas as colecções não se ficam por aqui: lenços e écharpes ocupam uma gaveta inteira do armário; colares, brincos e restantes acessórios guardados em caixas e bolsas; a porta do frigorífico está pejada de imãs, especialmente com bonecada de animais; outra gaveta do escritório está repleta de marcadores de livros;  last but not least, canetas e lápis de todas as cores abundam pela casa, sem local definido, onde eventualmente possam ser úteis.
Como é que nos podemos enganar tanto sobre nós próprias?

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A OPERETA DOS VADIOS

Francisco Moita Flores escreveu uma farsa. Romanceada. Em que se por um lado reconhecemos os tiques de muitos dos nossos governantes dos últimos 30 e tal anos, com toda a sua prosápia, pretensa sabedoria e um umbiguismo indisfarçável na sua ascensão ao poder, ao ponto de nos fazer rir às gargalhadas, por outro não deixa de apresentar todo um povo que sonhou com um Abril em Portugal, para passar a ser testemunha inerte e pouco participativa no que se refere aos destinos do país...
Como farsa romanceada que é, um grupo de amigos cinquentões, dos mais diversos quadrantes políticos e áreas de conhecimento, dispõe-se a abanar o sistema instituído e a formar um novo partido - o Partido Unionista Necessário (PUN), cujo nome infeliz, só por si, dá azo a muita discussão! - patrocinado por Zé Francisco, antigo líder estudantil anarquista, milionário por morte do pai, que vive em Paris rodeado de abastança, com sombra de remorsos na consciência. É ele que escolhe o líder do PUN, Carlos, um ginecologista, tido por ser o mais sensato e apartidário de todos, mas apoiado por todo o grupo. O médico aceita participar na brincadeira, não tendo qualquer veleidade a ser eleito, mas não conta com o empenho desenvolvido por Telhal, um eterno estudante de Filosofia e actor nas horas vagas, ou com a multifacetada prestação do ex-espião Fernando ou com a enorme crença de Eva, sua própria mulher, que ele será a pessoa indicada para chefiar um novo governo.
Entretanto, o bando do Felismino (leia-se, o primeiro-ministro recentemente deposto e os seus companheiros ministeriais!) não está disposto a perder o poleiro e serve-se de todas as estratégias ao seu alcance: envia cartas anónimas para a polícia e/ou jornalistas, pondo em causa a vida pessoal dos seus opositores; e, para animar os comícios, contrata um pastor de uma seita religiosa brasileira, conhecido por curar pessoas com joelhos doentes ao vivo e perante a assistência...
Um livro agri-doce, porque se por um lado rimos com a farsa, por outro percebemos que de algum modo retrata a política nacional, naquelas facetas mais obscuras de corrupção, golpes baixos e truques sujos - é um "déjà vu", embora caricatural!
CITAÇÕES:
"- Deixaram de ser a esquerda quando perderam a alegria e se transformaram em ressabiados. Deixaram de ser verdadeiros para se transformarem nos outros: demagogos, manipuladores de emoções, populistas. Às vezes, acordo zangada comigo por ter vivido tantos anos alimentando aqueles velhos discursos reaccionários enroupados de andrajos revolucionários."
"O futebol dominava as notícias. Um novo reforço do Benfica, um tipo que parecia um inca peruano e falava em castelhano, estava em todos os noticiários, convicto de que ia marcar muitos golos e de que o seu sonho de sempre fora jogar no clube encarnado. O Governo caíra na noite anterior, um acontecimento fabuloso numa altura em que o povo vociferava impropérios contra a miserável condição a que a bancarrota o sujeitara e discutiam-se as qualidades atléticas do novo reforço da Luz."
"- Os conservadores vão a jogo com qualquer um. Desde que tenham dois ou três ministros ficam satisfeitos. Sabem que nunca passarão de uma muleta. Pelo menos ganham prestígio - e, como se fizesse um aparte, acrescentou: - E mais qualquer coisita."

terça-feira, 23 de agosto de 2011

O ENCANTO QUE SE PERDEU...

Claro que para uma criança dos anos 60 ir ao cinema constituía uma enorme novidade, mas na verdade guardo apenas uma vaga recordação de uma primeira ida ao cinema Rex, num carnaval, em que no propositadamente longo intervalo os miúdos eram convidados a participar num atelier de pintura: depois de vestirem um bibe, podiam dar largas à sua criatividade com tintas e pincéis. Uma emoção!
Outras experiências se seguiram e o primeiro impacto surgia logo com a imponente fachada exterior dos cinemas desses tempos. Ao entrar sobressaía a decoração sóbria e clássica, por vezes luxuosa, de amplas escadarias, enormes lustres carregados de pingentes, alcatifas espessas, talhas douradas, espelhos e vidros, cadeiras forradas a veludo, a tela branca gigante escondida até se abrirem os pesados reposteiros, que um sonoro ding-dong anunciava - a aventura cinéfila ia começar...

O Monumental e o Tivoli eram das maiores salas lisboetas, mas o Império, o Roma, o São Jorge, o Éden, o Condes ou até o Alvalade ou o Politeama não lhes ficavam muito atrás. Assisti a "Mary Poppins", "Música no Coração" ou "Chitty Chitty Bang Bang" no Tivoli, que nos períodos de férias punha em cartaz filmes vocacionados para um público infantil - que na época eram muito poucos - mas era no carnaval e em várias dessas salas que a programação cedia à criançada, entre desenhos animados antigos ou aquela série do Herbie, que se iniciou com "Se o Meu Carro Falasse". Todos estes espaços eram divididos em plateia, 1º e 2º balcão, alguns ofereciam mais de 1000 lugares que, por estranho que hoje possa parecer, esgotavam!
A par desses grandes cinemas existiam outros ditos de bairro, como o Europa, o Lys (mais tarde transformado em Roxy) ou o Avis (quem dessa geração não se lembra do "Trinitá, Cowboy Insolente"?), entre tantos outros, mais modestos e com menos lugares, mas que, tal como os anteriores, mantinham o cartaz durante semanas ou meses. No dealbar dos anos 70, o Berna ou o moderníssimo Londres, também se poderiam incluir nessa categoria - este último, o único que "sobreviveu" até aos nossos dias, cujas cadeiras articuladas que baixam ao sentar o tornaram numa novidade bem sucedida. Foi lá que vi "Melody", já dedicado a um público juvenil, com música dos Bee Gees, talvez a minha primeira grande paixão cinéfila.
À medida que a idade foi avançando (e como estava desejosa que isso acontecesse, até porque as classificações etárias eram bastante rígidas!), tive oportunidade de ver grandes produções, quase todas americanas, ainda nessas salas grandiosas - "E Tudo o Vento Levou", "Doutor Jivago", "My Fair Lady", "Ben-hur", "Os 10 Mandamentos", "A Queda do Império Romano" e por aí fora. Acreditem ou não, eram classificados para maiores de 12 anos...

Entretanto, o 25 de Abril e a proliferação dos centros comerciais originaram uma série de novos cinemas, a maioria dos quais também já desapareceu "em combate". Foram tantos, que nem vale a pena enumerar! De todos eles, guardo boas recordações de dois, por motivos diferentes: o Quarteto, com 4 salas e 4 filmes em simultâneo, acanhado e muito pouco confortável, mas que dava a conhecer películas até então ignoradas nos circuitos cinematográficos, tão ao gosto dos cinéfilos mais sofisticados; e o Star, não tão hollywoodesco como os seus antecessores, mas com uns cadeirões de napa castanha super confortáveis, onde visionei "O Segredo de Fedora" ou "Les Uns et Les Autres", ambos apaixonantes, a par de muitos outros!

Quatro décadas depois da minha primeira incursão nesse mundo mágico é inevitável verificar que o panorama mudou radicalmente: todos os grandes cinemas foram demolidos, remodelados, vocacionados para novos destinos; os de bairro eclipsaram-se; e os de muitos shoppings transformados em mais lojas. "Sinais dos tempos!", dirão e com razão. Mas não é uma questão de saudosismo - revolta-me que alguns edifícios estejam literalmente a cair de podres, em que o antigo Odeon é um mero exemplo, sem que ninguém tente minimamente salvá-los da ruína; e também me inquieta  e entristece que actualmente existam apenas cerca de 10 aglomerados de saletas distribuídos pela capital, muitas vezes "às moscas", onde as pipocas e as coca-colas parecem ser as grandes estrelas da sessão. Pior, não me parece que o problema se limite a Lisboa ou às  restantes cidades ou vilas do país! Onde pára o encanto, o sonho e o glamour de outras eras?!

Imagens da net, a primeira do estúdio Horácio Novais.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

MUSEU À SOMBRA DO JARDIM!

Já há muito tempo que tínhamos vontade de visitar o museu Arpad Szenes - Vieira da Silva, em plena praça das Amoreiras, junto ao jardim com o mesmo nome, mas nunca tinha calhado. A oportunidade surgiu ontem, num Domingo meio farrusco a prometer chuva, ideal para este género de passeios. Conhecíamos o horário de uma gorada visita anterior - das 10 às 18h, encerrando às terças feiras e feriados - e a exposição temporária "Gabinete de Anatomia" (conjunto de desenhos anatómicos do museu da Medicina), que estará patente até dia 25 de Setembro, também nos pareceu interessante.

As entradas são gratuitas aos Domingos entre as 10 e as 14 horas, como fomos à tarde pagámos 3 euros por bilhete. (castigo por ficar de manhã na cama a preguiçar!) Com calma, em cerca de uma hora as exposições fixa e temporária estavam vistas - claro que em pleno mês de Agosto éramos os únicos visitantes, o que também ajudou à facilidade do visionamento. 
Sem qualquer veleidade de conhecimentos sobre pintura, gostámos mais de algumas telas do que de outras, como não poderia deixar de ser. Ficámos também a saber que Vieira da Silva iniciou em Lisboa os seus estudos de desenho e pintura e que os seus primeiros trabalhos conhecidos resultaram de um curso de Anatomia que frequentou entre 1926-1927, leccionado pelo professor Henrique de Vilhena, que exigia que os seus alunos executassem esboços de ossos e músculos do corpo humano. Contudo, no ano seguinte rumou para Paris, para prosseguir os seus estudos artísticos, onde viria a conhecer Arpad Szenes, um pintor húngaro com quem casou em 1930 e foi seu companheiro durante os 55 anos que se seguiram...

À saída restava-nos um passeio pelo agradável jardim das Amoreiras, que já conhecíamos de  voltinhas anteriores - embora desta vez não houvesse sinais de água no repuxo no pequeno lago. Mas foi breve, porque a esplanada estava repleta de gente, seguimos para o da Estrela, muito mais amplo, mas mesmo assim movimentado demais para permitir uma leitura sossegada!

Felizmente, as nuvens tinham levantado...

A primeira imagem é da net (não se pode tirar fotografias no interior do museu), as restantes são minhas.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

AMOR POR ACASO

Burke (Aaron Eckhart) perdeu a mulher num acidente automobilístico e escreve um livro de auto-ajuda, para todos os que perderam entes queridos em circunstâncias idênticas. O livro torna-se um sucesso e o seu agente organiza workshops por todo o país, onde o viúvo tenta "ensinar" as pessoas a ultrapassar os seus desgostos e a enfrentar a vida, seguindo as suas teorias. Mas, em Seattle, por mero acaso conhece Eloisa (Jennifer Aniston), uma florista exímia em encontrar sempre namorados errados, que declina o seu convite para tomar um café, confundindo-o com um sedutor barato. Apesar da estranheza inicial, tornam-se bons amigos e desvendam-se alguns segredos...
O amor é assim... acontece!
Realizado  por Brandon Camp em 2009, este drama romântico não teve grande atenção do público, talvez por isso "estreado" recentemente na RTP. Infelizmente o trailer oficial não está disponível para partilhar via Youtube. Mas mesmo que a classificação da IMBd seja abaixo  da crítica, se me tocou nas teclas de rir e chorar, é porque gostei...
BOM FIM DE SEMANA PARA TODOS! (preferencialmente com muito amor, sem ser por acaso!)

Imagem de cena do filme da net.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

FORMIGAME!

A minha avó desviava-se delas no quintal, para não pisar as coitadinhas, tão ordeiras e incansáveis trabalhadoras. Eu seguia-lhe os passos: não havia necessidade de esborrachar as bichas! Afinal lugar de formiga é no jardim, não é?
Acontece que as desgraçadas tornaram-se muito abusadoras, quando regressámos de férias abundavam na minha cozinha - o caso não era para menos, o descuidado filhote deixou uns pingos de refrigerante e umas migalhas de pizza na bancada e lava loiça, quando passou por casa! Umas já afogadas nas gotas do líquido, outras moribundas, mas o suficiente de vivas para termos começado o regresso a casa com uma limpeza ao local. Agradabilíssimo, como devem calcular...
Uma semana depois, com insecticidas contra rastejantes e tal, imenso cuidado para não deixar cair uma migalha ou limpar tudo logo de seguida, as teimosas persistem, mesmo que em número mais reduzido... Curioso é que ao açucareiro não vão, mas são tão minúsculas que até dentro de um tupperware com umas bolachinhas açucaradas conseguiram entrar.
Após uma breve pesquisa internética, concluí que tinha de me armar em Sherlock Holmes e procurar à lupa a(s) fenda(s) de onde elas saem, para as tapar. OK! Mas, já agora, se alguém souber de algum produto eficaz para combater este formigame, agradeço! Muito!
Também é verdade que já não é o espírito da minha avó! Mas jardim ou quintal é uma coisa, bichezas em minha casa NÃO!

Imagem recebida por mail (noutro contexto).
(Obrigada, Palicha!)

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

UNS MENTEM, OUTROS MORREM

As séries policiais norte-americanas - "CSI" (a original ou as outras duas), "Mentes Criminosas", "Casos Arquivados", entre outras - começaram a fastidiar-me já há algum tempo, dada a inverosimilhança de argumentos que, de tão rebuscados, raiam a patetice pura e simples. 
Quer dizer, um dia o vizinho de cima deixa cair um vaso da sua varanda, que por sinal acerta na cabeça do de baixo, ninguém repara, mas o culpado dessa morte acidental trata de limpar a cena meticulosamente e de luvas providencialmente à mão, descarta-se do cadáver como se nunca tivesse feito outra coisa na vida e quase se safa, não fosse por um cabelinho minúsculo ter caído no local, avaliado à lupa por peritos investigadores, que em menos de 3 tempos (ou seja, quase no final do episódio!) chegam à conclusão que esteve envolvido no caso. Nada a declarar, a não ser que é um tédio assistir sempre a mais do mesmo!
Em contrapartida, Ruth Rendell continua a fascinar-me, revelando ao longo das suas páginas o que há de mais sórdido na natureza humana, traçando perfis seguros das suas personagens e respectivas contradições.
A acção deste policial decorre lá para os inícios dos anos 70 (foi publicado em 1973), durante um festival pop numa pequena localidade inglesa, que movimenta a juventude e contraria grande parte da população residente. E tudo parecia correr ao gosto dos jovens, até que um casal de estudantes apaixonados se refugia numa pedreira dos arredores para trocar "carinhos", longe de olhares indiscretos, e encontra o corpo sem vida de Dawn. Uma rapariga lá da terra a viver em Londres, tida como mentirosa compulsiva...
Muito bom, para não variar, com o surpreendente final já habitual na escritora!

Post-scriptum - este já comprei na Feira do Livro de Portimão, que, para quem não lembrar e estiver de férias pelo Algarve, só encerrará "a tenda" lá para dia 21 de Agosto.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

SNOOPY PARADE

A Maria e a KarenB já tinham mencionado esta "Snoopy Parade", que esteve em exposição de meados de Julho até ontem na avenida duque d'Ávila, em Lisboa, visando angariar fundos para o projecto "Escolas para África", da UNICEF. Aproveitei a dica das duas meninas e resolvi dar lá um salto este fim de semana. Just in time!
A ideia consistia em vários artistas decorarem os 20 Snoopys gigantes a seu gosto, para leiloar após a exposição. Alguns estão muito coloridos e engraçados, outros nem tanto, mas pelo que pude observar, mesmo num Domingo calmo de Agosto, levaram várias pessoas a passear pela zona. Que bem merece ser dinamizada, após cerca de uma década de obras ininterruptas - do Metro, do alargamento do passeio, da faixa para ciclistas e do desaparecimento de algumas de rodagem - que prejudicaram bastante os comerciantes daquela avenida. Aliás, alguns dos estabelecimentos comerciais simplesmente desapareceram...
Fica o apontamento fotográfico de alguns dos mais giros:




That's all, folks! (oops, isto era noutros cartoons, mas também serve...)

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

MORTE NO RETROVISOR

Sobejamente conhecido como político, dramaturgo, poeta, ensaísta, cronista e tradutor, Vasco Graça Moura reúne neste livro 22 contos, que só muito vagamente poderão ser considerados do género policial, embora o título do primeiro (emprestado ao livro) eventualmente sugira que enveredou por esse rumo. Mas não, um ou outro crime em 251 páginas não transforma a leitura em policialesca...
Exceptuando algumas crónicas jornalísticas, foi a primeira vez que li um livro do autor. Mas tal como essas, não me convenceu totalmente, embora esperasse ser surpreendida: gostei bastante de alguns contos, como "A Pulseira", "Sorrisos de Uma Escuta de Verão", "Cavalo e3f5" ou "Praia", por exemplo, da ironia patenteada, das voltas ao texto. Não deixei de achar curiosa a sua "intrusão" em vivências como a de Camões ou Pessoa, entre tantos outros grandes poetas ou escritores - como se tivesse andado com eles na escola - utilizando o vernáculo das respectivas épocas, exibindo assim a sua enorme cultura, sabedoria e erudição. E contra isso não tenho nada, embora o travo a presunção e show-off se delineasse atrás dessas linhas.
O que ainda menos se entende - por parte de alguém tão acerrimamente defensor da língua portuguesa e anti-acordo-ortográfico (e a minha paciência para essa discussão, com mais de 20 anos, já esgotou há bué!) - é o uso excessivo de inglesismos e francesismos, a par de outras incursões pelo galego, italiano e até uma palavrinha em alemão, para já nem falar nas citações do latim, a torto e a direito. Imagino é que o interesse dos leitores diminua, à medida que a linguagem se torna mais rebuscada e elitista!
Dito isto, não posso afirmar que desgostei: não entendi minimamente um conto e um outro era tão chato que passei adiante! O que em 22 nem se pode dizer que seja mau, quando desisto de qualquer livro ao fim das primeiras 30 páginas, caso me pareça demasiado aborrecido.
Sobretudo, não é livro para se ler à beira da piscina, para todos aqueles que, como eu, não levam um dicionário de português dentro da sacola... 


domingo, 14 de agosto de 2011

METRO E MEIO

Perdi a conta aos anos que passaram desde a última vez que saí num Sábado à noite, para ir beber um copo, ouvir música e conversar. A dois, tal como nos tempos de namoro! Desta vez proporcionou-se, com a família e amigos de férias ou de fim de semana prolongado, entre o ir e o voltar. O bar que escolhemos foi um daqueles que recordávamos pelo seu ambiente acolhedor, longe do bulício das zonas mais movimentadas das noites lisboetas - o "Metro e meio"! 
O piano permaneceu mudo, o que foi pena, mas já se sabe que nesta altura do ano a debandada de Lisboa é geral e os pianistas também têm direito à vida. Ou a férias. Ou a contratos sazonais mais rentáveis. Ou tudo isso em conjunto. O bar estava calmo e sossegado, com meia dúzia de mesas ocupadas, a conversa fluiu como sempre. No final, pagámos a conta no balcão em U, onde havia uma televisão que estava a exibir os últimos minutos do jogo de sub-20 entre Portugal e a Argentina, empatados a zero. Não ligo muito a bola, mas o maridão ficou logo atento...
No regresso a casa, como leitor habitual de jornais desportivos, explicou-me que a equipa estava a disputar os quartos de final do campeonato do mundo, que têm escrito "cobras e lagartos" sobre ela, nomeadamente que os jogadores são "coxos" e que o treinador "não presta para nada". Em resumo. E é isto que nem eu nem ele entendemos: porque é que em vez de apoiar a equipa portuguesa, que afinal de contas é uma rapaziada com cerca de 19 anos ou coisa, que certamente cometerá os seus erros, a malta prefere logo dizer mal e criticar? Mentalidade mesquinha, é o que é!
Os rapazes ("coxinhos", coitadinhos!) lá conseguiram passar às meias-finais, já na fase das grandes penalidades. Garantido é que os "críticos" vão embandeirar todos em arco, como se tivessem comido muito queijo...
O "programinha" a dois, está claro, será para repetir numa próxima oportunidade, assegurando que nessa haja música ao vivo!
 
Imagem da net.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

ZOO DE LAGOS

Nunca tinha visitado o Zoo de Lagos, onde fauna e flora se enquadram num espaço singular, a cerca de 8 quilómetros da cidade, logo a seguir a Bensafrim. Os bilhetes são carotes (14 euros por adulto, com descontos para estudantes e 3ª idade), dada a representatividade zoológica, essencialmente constituída por aves e macacos, à parte uma espécie de quinta pedagógica e um ou outro animal de outras paragens.

Mas como também servem para ajudar a alimentar os animais e manter o jardim aprazível para todos os eventuais visitantes, em que também é digna de nota uma flora luxuriante, nem se pode considerar um desperdício...

Obviamente muitos animais estão em cativeiro, porque provavelmente abriam as asas e toca de se porem a voar sabe-se lá até onde. Longe da sua terra natal (se é que nasceram nos países de onde são originais), as surpresas de percurso certamente seriam mais que muitas, num futuro incerto...

Facto é que parecem levar a vida dentro da sua normalidade habitual, os "selvagens" nem prestam muita atenção aos visitantes ou viram costas (e penas!) Pfff!

Os "domésticos" da quinta... pois... não rejeitam festinhas ou atenção!

Este bezerro, por exemplo, fartou-se de lambiscar a mão de um puto "camone", que teimava em dar-lhe a comer umas folhecas apanhadas no chão do jardim.

Este filhote de canguru também andava por lá à solta, mas era mais tímido, não gostava que ninguém se aproximasse muito. Feitios!
Os hipopótamos pigmeus eram dois, o da foto andava por lá a pavonear-se tal e qual estrela de cinema, o outro encontrava-se mergulhado dentro de água. Vinha ao de cima, via alguém e TARUZ!, novo mergulho. Ou por timidez, ou por ser arraçado de foca brincalhona, que repetiu a graçola várias vezes...

Mas no geral foi um passeio bem agradável, em que tirei umas fotografias giras (para o meu amadorismo e máquina, entenda-se!), embora longe de representar toda a fauna existente no Zoo de Lagos, muito menos a flora abundante - essa ficará para uma próxima oportunidade!

BOM FIM DE SEMANA (ou férias) E DIVIRTAM-SE!


quinta-feira, 11 de agosto de 2011

CHARADA FÀCIL

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???

Vem isto a propósito de um fulano que desconheço, que me entupiu o mail pessoal de músicas durante as férias, por ter sido incluído no meu grupo de liceu no FB (só algumas vão directas para a caixa, mas estas escaparam!), mesmo não tendo andado lá. 399 mails entre músicas e comentários, obviamente os meus amigos sabiam que estava de férias. Depois de apagados, conjuntamente com algumas outras conversas facebookianas (poucas),  resultaram em cerca de 35 mensagens...
No próprio grupo já tinham surgido algumas queixas, porque no fundo é destinado a reencontros entre antigos colegas, trocas de fotografias, memórias ou assim, uma musiqueta de vez em quando nem cai mal, a propósito, mas este excesso musical entupia completamente o espaço, nem se lia "mainada."
E a minha irmã, mais "pão pão, queijo queijo" que eu, também reclamou que tinha a caixa inundada de mails do referido sujeito. Concordei na hora! E não é que logo de seguida aparece uma cambada a dizer que somos contra a liberdade de expressão? Curiosamente, um dos defensores dessa "liberdade", afirmava que, como éramos uma minoria, podiam "mandar-nos" calar... Confesso que com essa me ia passando!
Vem uma pessoa bem disposta e sossegadinha de férias, para levar com estes "embrulhos"? Não bastavam os telejornais?! Tal e qual "dama ofendida", o musicólogo despediu-se numa mensagem dramática e seguiu para outras paragens, apesar de algumas súplicas para que reconsiderasse. Agora, o seu grande defensor debita para lá vídeos musicais em vingança (tal como ameaçou), mas está longe de alcançar a performance do seu antecessor. Nem o gosto musical, que nisso todos concordámos que era bom, embora essa questão não estivesse em causa!
Cromos, como se vê, já colecciono desde a infância...

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

30 DIAS OU 58 HORAS?!?

O caso é simples: comprámos uma pen da Vodafone, para termos acesso à net "banda larga móvel", durante a semana de férias que passámos em Portimão. Esses 29,99 euros foram gastos a ponderar no "problema" momentâneo, mas também em futuras férias, dado que nem sempre esse acesso está disponível.
Na bendita caixinha vermelha estava (e está) inscrita a seguinte informação: "O equipamento incluído nesta embalagem está pronto a utilizar e inclui 30 dias de acesso (até um máximo de 1 GB de tráfego)." Como se pode comprovar no verso da caixa (os da frente são auto-colantes):

Depois seguem-se os tarifários, ao gosto do cliente, que dependem de carregamentos atempados.
- Oh, Teté, vou já carregar 10 euros, que lá para o fim do mês nem sequer nos lembramos - decidiu o maridão.
Porque é que não iria concordar? Estava a funcionar...
Têm ideia de quanto tempo durou a "brincadeira" internética? Ah, não devem ter! A compra foi efectuada no dia 1 de Agosto ao final da tarde, instalada lá para as 8 da noite, funcionou bem, pifou ao fim de cerca de 48 horas! Leram bem: no dia 3, lá pelas 9 da noite o "saldo" esgotou, com carregamento e tudo!
Reclamação lá para o número disponível para o efeito, felizmente efectuada pelo maridão, que por mim só me apetecia disparatar, não pela falta de net, mas por ter comprado "gato por lebre". Explicação lá do funcionário de serviço:
- Pois, o acesso tem um plafond. Não pode é deixar a pen ligada ao portátil, porque gasta mesmo que esteja desligado. Não lhe explicaram isso na loja?
Tá-se mesmo a ver que explicaram, não tá? Como grande benesse da Vodafone, lá nos carregou 10 euros na nossa conta, equivalente a 10 horas de utilização. Grátis!
Perceberam como se transformam 30 dias em 58 horas? Ainda estou pasma com tanto descaramento...
(a reclamação seguirá as próprias vias, se contei a historieta aqui foi só para avisar os internautas mais incautos!)

terça-feira, 9 de agosto de 2011

AS PRAIAS DA MINHA VIDA...

O tema foi proposto pelo Carlos Barbosa de Oliveira, do blogue "Crónicas do Rochedo", no singular. Mas alguém consegue eleger uma única praia, como sendo a da sua vida? Pessoalmente, não consigo!
Em criança, os extensos areais de Vila Praia de Âncora eram palco de quase todas as férias familiares (terra onde o meu pai nasceu), mas o mar revolto e a água gelada não eram particularmente convidativos, poucos se aventuravam a banhos acima dos joelhos! Vale que no rio Âncora e em alguns rochedos dos arredores se podiam diluir as marés, navegar num colchão insuflável como se fosse o barco pirata da nossa imaginação, em brincadeiras sem fim. A água continuava fria, mas quem notava?
Não tenho memória das primeiras férias algarvias - a "menina" tinha sinusite e o médico aconselhou - mas facto é que a partir dos meus 13 anos foi um destino constante... até hoje!
Ao longo dos tempos percorri quase toda a costa algarvia - em aventuras e desventuras por vários locais - começando por Albufeira e acabando na Praia da Rocha. E é esta última que elejo como a melhor praia do país e arredores, como se suspeitava: um extenso areal de areia fina, um mar chão quando não vem levante, com "pé" até dizer chega (o que para quem tem putos pequenos é um sossego), temperatura da água habitualmente acima dos 20º...

O passadiço ao longo de toda a praia dá fácil acesso a todos, as múltiplas esplanadas com vista para o mar (e boas instalações sanitárias) são um autêntico convite para o relax pós-mergulhos, com bebidas frescas para todos os gostos, gelados e, eventualmente, alguns petiscos. Já longe das falésias em perigo de derrocada, que nem assim há tantos anos de vez em quando descambavam uns pedregulhos lá de cima, sem se saber ao certo onde iriam aterrar...

Existem também vários divertimentos em curso, para quem queira alugar "gaivotas", com ou sem escorregas, motas de água ou afins de desportos aquáticos ou dar uns pulinhos em insufláveis, ali mesmo ao lado. Para miúdos e graúdos, note-se!

Claro que há quem não aprecie tanta movimentação e prefira ficar estendido ao sol como lagarto, numa hipotética praia deserta, esquecendo que existe um mundo em volta. Aí a aposta dificilmente será na costa algarvia, a oeste e a norte existirão várias, mas o sol nem sempre é garantido...
Ah, e para descansar temos toda a eternidade! Ou não?!?

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

CEMITÉRIO DE PIANOS

Francisco Lázaro, um atleta olímpico português que correu a maratona em 1912 e que morreu durante a prova, deu o mote para José Luís Peixoto escrever este romance "onde há uma família infinita"...
Embora as personagens com o mesmo nome do malogrado atleta se confundam ao longo de três gerações - pai, filho e neto, todos narradores deste livro - o escritor relembra em nota final que a ficção é absoluta. O que se suspeita desde o início, já que telefones a tocar e a música da telefonia só surgiriam muitos anos depois nos lares do povo. Ou que o pai que morre possa narrar parte do enredo ou dialogar com a neta que nem sequer viu nascer. Ou que o tio que cegou numa brincadeira de infância se repita no sobrinho-neto, de igual modo.
É sobretudo uma história que se repete, que passa de pais para filhos como um testemunho das primeiras décadas do século XX: os homens a trabalhar, a embebedarem-se na taberna, a trazerem para casa a violência dos vapores do álcool ou a alternarem nos braços de outras mulheres, porque a virilidade é ponto de honra; elas em casa, a tratar dos filhos e das lides domésticas, a aceitar uns "empurrões" de vez em quando, fingindo não reparar nas infidelidade "gritantes" a todos os olhos! Em suma - eles brutamontes incapazes de demonstrar o seu carinho a não ser durante o namoro, elas submissas e escravizadas, porque não podia ser de outra maneira...
Distinguir os sentimentos verdadeiros de todas estas personagens é difícil, até porque elas próprias não as admitem. Têm medo, muito medo, da morte e da distância que acarreta de todos os que amam, sem o expressarem verbalmente. E culpa: "Existiram domingos. Olhando para trás, é impossível evitar a sensação de que muitos foram desperdiçados. Hoje, sinto que me bastaria apenas mais um domingo para conseguir resolver tudo. Logo a seguir, sinto que talvez não. Logo a seguir, tenho a certeza de que sim. Um único domingo, desde a manhã, sempre clara e inconsciente, um dia inteiro para aproveitar, desperdiçar até ao começo da noite: ilusão criada por um planeta que gira sobre si próprio."
Gostei muito de "Cemitério de Pianos", da ambiência que envolve esse recanto mágico da carpintaria-oficina familiar, escape para todos os sonhos. Embora nem sempre entenda a "modernidade" de textos que fluem como pensamentos entrecortados, ainda que com um toque poético...

domingo, 7 de agosto de 2011

DE REGRESSO A CASA...

... ficaram para trás as praias de suave ondulação e de...

... água salgada, mas cristalina!

E também os momentos calmos de leitura na esplanada - enquanto a restante família ainda se diverte à beira-mar - saciando a sede com uma bela cervejinha.

Por vezes, também acompanhada pelas saborosas amêijoas à Bulhão Pato, que se servem em quase todos os bares da Praia da Rocha, mas a simpatia da Cristina e da Célia já nos cativaram há muitos anos, de modo que é sempre ali que poisamos. Há melhor? Não sabemos! Aquelas são deliciosas e aproveitamos para dar dois dedos de conversa com as duas irmãs...

Ao final da tarde ainda dá azo a uns mergulhos na piscina, quando não temos saída programada.  Aos fins de semana de Julho ou Agosto é garantido que não arredo pé de lá  - tem mais gente, é certo, mas as praias... estão a abarrotar!

Noutras passeamos por Portimão, junto ao rio Arade, onde os reflexos de rosa se espelham no céu e nas águas ao pôr do Sol.

Ainda há tempo para espreitar a galeria de um pintor local que ali expõe os seus quadros, vibrantes de cor e retratando as paisagens circundantes.Gosto muito, mas imagino que não esteja ao alcance da maioria das bolsas, incluindo a minha...

Depois, claro, férias sem sardinhas assadas e uma saladinha algarvia de acompanhamento, não têm o mesmo sabor. Gulodices esporádicas!

Restam apenas duas constatações: primeira, na Marina de Portimão não se nota nenhuma crise, nacional ou internacional - iates, barcos e motas de água estão firmes nos seus ancoradouros (e não, não é inveja!);

segunda, as "nossas" amigas cegonhas continuam a habitar o seu ninho, pelos vistos "vigiadas" de perto por algum filhote ou vizinho.
390 fotografias, 3 livros lidos e não sei quantos mergulhos ou petiscos depois, falharam alguns passeios idealizados e aconteceram algumas contrariedades. Mas foram umas boas férias, que deram para recarregar as baterias. E, no final de contas, isso é que importa...

BOM DOMINGO PARA TODOS!