domingo, 30 de novembro de 2014

PROVA PROVADA...

... que tem chovido muito em Lisboa é esta colagem que retrata um tronco de árvore pejado de cogumelos. Desculpem-me os meus amigos, que se calhar estão fartos de ver imagens destas nos campos - numa rua movimentada de Lisboa não é usual. Daí não ter resistido a fotografá-la para a posteridade...



sexta-feira, 21 de novembro de 2014

A VER NAVIOS?

Não exatamente. Mais de volta ao velho vício televisivo, em que se "papa" quase tudo o que passa no pequeno ecrã. Vício que vem desde criança, só interrompido no tempo do PREC - havia lá pachorra para tanta mesa redonda de gente exaltada, para ficar tudo na mesma? - retomado com "Gabriela" e, felizmente, nos últimos anos só resumido ao quase essencial. Um filme de vez em quando, uma série melhorzinha, alguns programas de informação (não, não são os telejornais), os Oscars de Hollywood e uma coisa ou outra visionada num momento de tédio.  

Enfim, a recaída explica-se pelo tempo que não convida a passeios, o consequente menor número de fotografias tiradas, a escuridão que se abate na casa logo de manhã como se estivesse a chegar o anoitecer e a monotononia acumulada de tantos meses de imobilização - não exatamente forçada, que já ando relativamente bem, mas a chuva e o frio lá fora estão bons para apanhar gripes e constipações, que nunca convêm nada a ninguém, mas quando as imunidades estão em baixo ainda menos... E pronto, andar de trás para a frente no corredor, só porque sim, deve ser bom para tigres enjaulados, mas dá cabo da minha sanidade mental!

Pior é que a televisão também me irrita: as telenovelas, as séries e outros programas são anunciados com a devida antecipação, pompa e circunstância, mas a maior parte das vezes não há nem um avisozinho do seu final (novelas da SIC à parte, que ficam o último mês a ser exibidas com uma legenda de "últimos capítulos", o que também é um exagero). Assim, está uma pessoa toda feita para ver um novo episódio de "Mr. Selfridge" ou de "A Teoria do Big Bang" - ambas do bom e do melhor que se faz em TV, no meu entender - e... népias, lá vem outro programa qualquer. Não se faz!

Contudo, o esforço de abandonar o velho vício tem sido uma constante, aos poucos conto chegar lá - tenho lido mais, ouvido música e até já faço uns sudokus ou palavras cruzadas. Mas a escrita, essa, tem sido bastante desleixada, tanto aqui como em comentários aos vossos posts. Para não dizer praticamente inexistente. Como consolo só a experiência de uma amiga, que após 3 meses de repouso em casa determinado pelo médico, alontrada frente ao ecrã como eu, viu o vício evaporar-se assim que teve alta. Estou a torcer para que me aconteça o mesmo. E para que o tempo melhore um bocadinho...

BOM FIM DE SEMANA!

terça-feira, 4 de novembro de 2014

MÃE

Pearl S. Buck não precisa de apresentações: não só recebeu o Nobel da Literatura em 1938, como a sua vasta obra foca primordialmente a cultura chinesa, onde viveu grande parte da infância e início da idade adulta, até a revolução chinesa a ter obrigado a abandonar aquelas paragens. Mas não é a cultura chinesa de salão, mas mais de um povo camponês a lutar pela sobrevivência ou de classe média, ainda a enfrentar costumes feudais - para já não falar nos senhores da guerra.

Neste pequeno (grande) livro de apenas 191 páginas damos conta da luta de uma mãe que, com três filhos pequenos se vê abandonada pelo marido, homem dado à jogatina e pouco amigo de trabalhar. E do sofrimento que esconde de todos, dizendo que ele foi trabalhar para longe, chegando a mandar escrever cartas para ela própria para disfarçar o embuste. Com a ajuda do filho mais velho consegue trabalhar nos campos e pôr comida na mesa para toda a família e ainda amealhar algumas moedas. Infelizmente a sogra está velha e é de pouca serventia e a filha tem um mal nos olhos que vai agravando até fica cega, pelo que o futuro não augura nada de bom à menina. O filho mais novo, o seu predileto, tem um feitio bem disposto e risonho, mas infelizmente sai ao pai e é pouco amigo de trabalhar.

É a luta diária desta mulher que vamos seguindo com aquela interrogação de "será possível que algum dia tenha sido assim?" Para chegarmos à triste conclusão que foi e em alguns casos muito pior para as mulheres pobres do povo chinês do início do século passado. E que, provavelmente, por esse mundo fora ainda hoje existem mulheres que trabalham como escravas injustiçadas todos os dias.

Last but not least, na adolescência li uma série de livros de Pearl S. Buck, que a mãe de uma amiga me fez o favor de emprestar. Tantos anos volvidos não me lembro dos títulos da maioria deles, nem sei se li este na altura. Mas se gostei de a ler aos 15 e de a reler aos 55, parece-me muito bom sinal para a escritora: é que a sua escrita se mantém atual e interessante para leitores de várias faixas etárias, apesar do livro ter sido escrito em 1933, portanto há mais de 80 anos.... Quantos escritores se podem gabar disso?

Citações:

"Depois encheu-se de inquietação e pessimismo e pensava que, se a criança era uma alegria, também era uma nova fonte de preocupações, como são todas as crianças, e que podia nascer morta ou deformada, idiota ou cega, ou uma rapariga, ou qualquer coisa parecida."

"Mas havia muita gente à espera, porque tinha corrido pelos campos a notícia de que ia haver esta grande decapitação, e muitos vinham ver o espetáculo e traziam os filhos.[...] A multidão estava silenciosa, as pessoas esperando avidamente, sentindo um estranho prazer e, ao mesmo tempo, detestando o horror que ansiavam ver."