Fotografia de Ian Britton
Tantos
anos vividos na demanda de um “príncipe encantado”, para chegar
à conclusão que afinal tal personagem não existia? Eram apenas rapazes e homens
de carne e osso, com as suas qualidades e defeitos, como ela própria,
muito longe de qualquer magia ou fidalguia...
No
dia e hora em que percebeu que esses heróis estavam reservados para
os contos de fadas, sentiu-se livre! Esqueceu deceções, ciúmes, mentiras,
deslealdades e traições, passou a viver a vida como cada momento
fosse o último. Talvez a inesperada morte do pai e a da avó, poucos
meses depois, tivessem contribuído para esse modo de estar. Certo é
que as noites eram tão longas quanto os dias, em danças,
contradanças e copanadas, até o sol raiar! O cometa Halley teve
influência nesse comportamento estranhamente desvairado? Ainda está
por apurar, mas loucura era, de certeza!
A
irmã e a maior parte dos amigos mais antigos casaram, alguns tiveram
filhos, ainda os encontrava de vez em quando. Já não tinham a mesma
pedalada para as noitadas, nem as conversas sobre fraldas e afins lhe
interessavam por aí além, mas gostava de os rever, embora já a
considerassem como a “solteirona” de serviço...
Os
convites para casamentos não faltavam e, no de uma dessas amigas de
longa data, ali para os lados de Azeitão, reencontrou quase todos. A
cerimónia religiosa (em que o padre proibiu os noivos de se beijarem
no final, porque “na minha Igreja, não!”) e o copo d'água que
se seguiu proporcionaram-lhe momentos de agradável convívio. Até
que a páginas tantas, um ex-namorado (já casado) a arrastou pela sala, para ir passar a mão na careca de um tio da
noiva que, segundo rezava a lenda, era prodigiosa para arranjar
casamento rapidamente. Recusou, mas o tio garantia que sim, que resultava e
não se importava nada, e incentivada por outros amigos em redor, lá
fez o papelão mais humilhante da sua vida. (perdoou tudo a esse ex,
menos essa humilhação!)
O
cometa já tinha desaparecido do horizonte, as noites já não eram
tão longas e também serviam para dormir, o trabalho obrigava a esse
descanso. As férias eram passadas em Caminha, num pequeno
apartamento familiar. Nesse mesmo ano, em que decidira cultivar mais
a amizade do que qualquer perspetiva amorosa, rumou ao norte
conjuntamente com outra amiga solteira. Nem se lembram como, mas
tiveram conhecimento de uma tradição local, em que bastava pôr uma
velinha numa capela específica, para o casório estar à vista.
Riram e gostaram da ideia: mal não fazia, de certeza! E lá foram as duas depositar uma velinha
nesse altar, apesar da fé diminuta...
E
não é que resultou... para ambas?
"Esperança" é o terceiro tema da blogagem coletiva da série "Amor aos Pedaços", numa iniciativa conjunta dos blogues da Luma Rosa, da Rute e da Rosélia.
Gostei da historia. Não conhecia essa de passar a mão na careca do tio para arranjar marido.
ResponderEliminarTambém estou participando da blogagem
Um abraço
Isso é que era mesmo vontade de casar...
ResponderEliminarEspero que tenham vivido felizes para sempre :)
Gostei da tua "Esperança" :)
Beijinho :)
Gostei .
ResponderEliminarParticipei, mas muito pouco inspirada, que de esperança tenho quase nada.
Bons sonhos.
Olá
ResponderEliminarParticipando da coletiva, passei para ler sua participação que nos proporcionou uma caminhada esperançosa em busca do amor. Será que com o resultado da simpatia chegaram ao "foram felizes para sempre"?
bjs
Ah ah ah.
ResponderEliminarGostei muito do texto.
Vou aprendendo com vocês.
Então é simples assim? Basta botar velinha no santo e passar mão na careca do tio? Esperança promove a crença, sem dúvida!!
Bem retratado o tema. Adorei.
Beijinhos.
Rute
Juntas na esperança!
ResponderEliminarbjs Sandra
http://projetandopessoas.blogspot.com//
esqueceste-te de dizer se a noiva tinha mesmo um tio careca...
ResponderEliminarGostei muito.
ResponderEliminarE eu que sou fã da tua escrita, saio daqui com um sorriso.
ResponderEliminarEssa da mão na careca também desconhecia, mas lá na minha terra, se "varressem os pés" a alguma solteirona, era chatice na certa.:)
beijocas
Também participo desta blogagem coletiva. O que levou ambas a casarem foi a fé e a esperança. Juntas movem o mundo.
ResponderEliminarBig Beijos
Aí está uma coisa em que não teria coragem de me meter, um desafio desses. A propósito, gostei do teu texto, Teté :)
ResponderEliminarEssa da careca é bem original - e humilhante mesmo, se for contra a vontade da pessoa. Adorei o texto, leve, abordando a esperança de uma forma descontraída. Vai ver que, no fundo, ela nunca a tenha perdido.
ResponderEliminarGrande abraço.
Olá,
ResponderEliminar"O que me importa o tempo e o espaço,
Se trilhei caminhos orvalhados
Em busca do calor do teu abraço?"
(Auxiliadora)
Fé diminuta do tamanho do grão de mostarta???
Não importa: Deus é bem maior do que a nosa falta de esperança!!!
Concedei-lhe, ó Deus, prodigamente, o ORVALHO DO CÉU...
Até o próximo mês, se Deus quiser!!!
Abraços esperançosos de paz
"Jamais desista de ser feliz, pois a vida é um espetáculo
imperdível, ainda que se apresentem dezenas
de fatores a demonstrarem o contrário."
Fernando Pessoa.
MAS QUE ENGRAÇADA HISTÓRIA A TUA,a eSPERANÇA É A ULTIMA A MORRER E QUEM ESPERA SEMPRE ALCANÇA,BEIJINHOS
ResponderEliminarBrilhante a sua participação, Teté, na BCAP deste mês! Uma história que tem muito da minha... quando eu desisti de encontrar minha "outra metade", minha afilhada me deu de presente um tercinho "Coroa de Santo Antônio" e eu, mesmo na dúvida, rezei como mandava e não é que no ano seguinte consegui encontrar a "minha metade"? A gente não pode é perder a esperança, né? Também estou participando. Bjks Tetê - Avaliando a Vida
ResponderEliminarAs minhas duas melhores amigas, uma portuguesa a outra alemã, são solteiras.
ResponderEliminarNão, porque não tivessem pretendentes, ambas loiras e muito bonitas, mas nunca quiseram casar.
O que eu quero dizer, porque é que esta personagem quer casar?
Na história do Carlos, também a Cátia Janine quer casar à força.
Não há ideais mais nobres do que pescar um fulano?
De qualquer modo, ambas as histórias são muito interessantes.
Saudação de Berlim do duo Merkollande!!!
Gostei muito, simpatia muito engraçada do tio careca, rs.
ResponderEliminarBeijos
Não conheço esse prodígio de Caminha, das carecas ouvi falar, mas verdadeiramente prodigioso parece ser Santo António que já conseguiu casar muitas encalhadas :-)))
ResponderEliminarTambém em Amarante há um S. Gonçalo a quem meninas em idade casadoira reza(va)m uma oração que dizia assim:
" S. Gonçalo de Amarante
Casai-me, que bem podeis
Já tenho teias de aranha
No sítio que Vós sabeis"
Peço desculpa pela brejeirice, Teté. Espero que não leve a mal, mas isto é puramente verdade e sei de algumas meninas que a rezaram.
Pronto, deve ser culpa da anestesia que hoje levei na dentista. Destravou-me a língua...
Esteja à vontade para eliminar o comentário...
esperança é estarem 3 pontos em disputa, o benfica estar a 4 pontos do primeiro lugar e acreditar que ainda é possível. não é tão bonita como a tua, mas também é uma história de esperança :P
ResponderEliminarPor muito que quem está só diga que assim é que está bem, não acredito que não tenha esperança de vir a ter alguém. Com ou sem casamento claro. :)
ResponderEliminarMuito interessante a estória!
ResponderEliminarE ... a papoila também é uma flor!
Beijinho Teté!
A TODOS e para descanso dos carecas deste país e arredores: não existe nenhuma lenda/tradição em que passar a mão pela careca de um tio da noiva resulte num futuro casório... :))
ResponderEliminarHavia sim a tradição, em Azeitão, que a careca daquele homem específico possuía essa "magia". Por acaso, ele também era tio da noiva! :D
Já expliquei acima que a "lenda" não era essa, ELVIRA! :))
ResponderEliminarJá li e comentei! :)
Abraço!
MARIA, existem mulheres e homens que não têm vontade de casar (no sentido lato do termo) e outros que, por acasos da vida, nunca casam! A diferença entre uns e outros é abismal... :)
ResponderEliminarEssa do "felizes para sempre" também pertence aos "contos de fadas"... :))
Obrigada e beijocas!
Há dias assim, sem inspiração ou motivação, SÃO! Importante é que não sejam todos, porque dias melhores virão, se fizermos por isso... :)
ResponderEliminarCarpe Diem!
Bons sonhos para ti!
Bem-vinda, NORMA!
ResponderEliminarHá caminhadas que valem sempre a pena, embora o "prémio" final não seja essa felicidade eterna, como nos contos de fadas... :)
Beijocas!
Obrigada, RUTE!
ResponderEliminarCom maior ou menor crença, importante é que haja esperança. Sempre! E não, também não acredito em botar velinha ou em gente com "dons" desses... :))
Beijocas!
Bem-vinda, SANDRA!
ResponderEliminarE que a esperança se mantenha sempre... :)
Beijocas!
Não era qualquer tio careca, VÍCIO, mas aquele homem especificamente, que por acaso era tio da noiva e careca... =))
ResponderEliminarObrigada, RAINHA! :))
ResponderEliminar"Varrer os pés" ou ficar "sentada ao canto da mesa" são tradições populares, NINA!
ResponderEliminarAquele homem é que dizia que a careca dele tinha aquela capacidade, não qualquer careca de qualquer tio! :))
Beijocas!
Bem-vinda, LULU!
ResponderEliminarFé não seria, mas esperança não faltava... :))
Beijocas!
O desafio ou o tema, VIC? Às vezes até é mais fácil escrever sobre um determinado tema, que há sempre muitas maneiras de lhe pegar... :)
ResponderEliminarObrigada!
Bem-vindo, LUCIANO!
ResponderEliminarSegundo ele dizia a sua careca já tinha levado muitas encalhadas ao casamento, ele até fomentava a "lenda"! Agora para quem não o conhecia mais gordo e não acreditava nessas coisas, pois, só por muita insistência do próprio e dos amigos... :))
Abraço!
A esperança nunca falta, ORVALHO, a fé é que não é igual para todos! Felizmente! :)
ResponderEliminarBem-vinda, XUNANDINHA!
ResponderEliminarIsso de esperar sentado normalmente não é boa ideia! Além da esperança, há que tentar sair da "concha", viajar... :))
Beijocas!
TETÊ, tentar não custa, ainda por cima não magoa ninguém... :))
ResponderEliminarClaro que não se pode perder a esperança! Nunquinha! :)
Beijocas!
Querida EMATEJOCA: como já disse anteriormente, há pessoas que decidem não casar! E estão no seu direito, logicamente! :)
ResponderEliminarMas arrisco-me a afirmar que a maioria prefere uma vida a dois, ter com quem partilhar bons e maus momentos! E entre esses há aqueles que nunca encontram alguém que se ajuste ao que sonharam ou, pior, viram os seus sonhos transformados em pesadelos... ;)
Claro que há ideais muito nobres, mas cada um é que tem de saber quais são os seus! Que saiba também não foste para missionária em África, que é muito mais nobre realmente! Mas é preciso vocação... :D
E sim, também tenho amigas e amigos solteiros. E divorciados. So what? Não deixam de ser amigos por isso...
Saudações para ti!
Bem-vinda, MARY!
ResponderEliminarObrigada! Simpatia era a do homem que julgava ter uma careca casamenteira... :))
Beijocas!
CARLOS BARBOSA DE OLIVEIRA, a capela não era em Caminha, mas numa vila dos arredores. Mas sei que existem outras por esse país fora... :))
ResponderEliminarEssa reza não conhecia e obrigada por a partilhar! Não tenho nada contra brejeirices, nem calão, nem palavrões, nem nada, desde que não sejam ofensivos para ninguém... :D
A do tio careca era só a daquele homem, que acreditava que a sua tinha essas "potencialidades". Por acaso, também era tio da noiva! Convém salientar, para os carecas deste país não sofrerem horrores nos casamentos... =))
Ahahah, MOYLITO, também há esperanças irrealistas... :D
ResponderEliminarAté acredito que existam pessoas que preferem estar sós, LUISA, e outras que preferem dizer isso porque nunca calhou encontrarem alguém ou o que encontraram foram verdadeiros pesadelos... :)
ResponderEliminarNo entanto, tal como tu, acredito que a maioria prefere uma vida a dois, partilhada! Casamento, aqui, está no sentido lato de vida em comum ou amizades "coloridas"... :D
A papoila é uma flor e a túlipa também, KIM!
ResponderEliminarObrigada e beijocas!
"Botar fé" ou fazer uma simpatia, nada mais é do que alimentar o nosso pensamento com uma boa intenção. Isso é Esperança! Acredito na lei da atração, onde você alimentando uma ideia, ela terá chance de realização.
ResponderEliminarGostei muito, Teté!! Espero que não tenha sido uma história inventada, porque seria uma boa história real! Depois conta se voltou a acreditar em príncipe ou se a sua esperança ficou marrom (rs*) Beijus,
Olá, Teté!
ResponderEliminarO tom bem humorado me atrai muito! Energia up, muito bom.
Não sei quanto a você, mas me incomodam muito os "papéis sociais" aos quais somos obrigados a nos reduzir. Haja terapia depois pra entender que vc não é "aquilo"! Muito menos SÓ aquilo que escreveram no seu rótulo!
Ao longo da história, as mulheres sempre ansiaram liberdade, poder de escolha, exercer sua personalidade sem cobranças! Ser livre pra ser, simplesmente. Daí o feminismo, as batalhas, os pacotes de ironia, sarcasmo e desprezo pelo próprio desprezo que sempre sofreram. Hoje em dia, digamos, a tal "liberdade" para ELAS está em alguns pontos da lei, mas no contexto social... Não. Permanecem preconceitos e discriminações. Sua personagem sofreu muito, o momento no momento da humilhação, tive ímpeto de entrar na estória e ir tirar satisfações! O final foi divertido e apesar de eu ter me deixado levar pelos pensamentos no decorrer do enredo, visualizei a esperança no desfecho.
Que a esperança das mulheres seja para encontrar um amor, sim, mas só se assim se desejar! Não para fugir de rótulos sociais caducos.
Um abraço, foi um prazer de leitura.
Michelle
LUMA, os episódios são verídicos, mas apenas parte de uma história muito mais longa, que não cabe aqui relatar! :)
ResponderEliminarMas a Esperança é isso mesmo: alimentar sonhos e tentar que eles se realizem! Com os príncipes arrumados na gaveta, fica mais fácil entender que um companheiro não precisa de ser perfeito, tal como nós não somos! :D
Obrigada e beijocas!
Bem-vinda, MICHELLE!
ResponderEliminarTal como tu, também odeio rótulos - raramente a pessoa é apenas aquilo com que a rotularam! Gay, solteirona, preto/amarelo/branco, cristão/ateu e por aí fora, há uma infinidade de rótulos que são apenas uma faceta mínima de determinado ser humano...
Essa é uma das coisas que algumas pessoas não entendem... :)
Abraço feminista para ti, de uma convicta, que não queima soutiens! :))
Michelle, que história de esperança linda! E muito bem contada. Beijos.
ResponderEliminarMuito boa história! Também participo mas ainda não postei. Até domingo posto o meu texto. Olha, estive na igreja de Sto Antonio, fiz meu pedido e até agora...rsrs
ResponderEliminarMas como também tenho esperança, vou vivendo nessa lambança.
Bjs
Bem-vinda, VIRGINIA!
ResponderEliminarObrigada e beijocas! :)
Bem-vinda, ROSELI!
ResponderEliminarE se calhar manter a esperança vale mais que todas a velinhas... :)
Beijocas!
Ri muito com a história da careca... ah perdoa ela, vai? Coitadinho, ele teve boa intenção! rsrs
ResponderEliminarMas as coisas acontecem quando têm que acontecer, quando menos se espera pois, afinal, nunca perdemos a esperança, não é mesmo?
Bjs.
Bem-vinda, DALVA!
ResponderEliminarClaro que as coisas acontecem quando têm de acontecer, não será por qualquer careca ou velinha que elas chegam a bom porto... :)
O "perdoar" aqui é relativo, mas a intenção não era boa, não. Feelings... ;)
Beijocas!
Ahahhaa, nao conhecia tradição do tio careca.
ResponderEliminarMas foi a careca do tio ou a vela branca que ajudou-as?
Vai se saber, não é?
A esperança é a ultima que morre e mai que isso: o amor vem quando deixamos de buscá-lo.
Adorei o post.
Um abraço
Foi a esperança, sem dúvida, LU! :))
ResponderEliminarE sim, às vezes essa busca incessante não nos deixa ver o óbvio... :D
Beijocas e bem-vinda!