Comecei a ler este livro cheia de gás, mas a verdade é que a vontade foi esmorecendo à medida que as páginas iam avançando. 202, para ser mais exata! A primeira razão, é que nesta série que a Quetzal designou "língua comum" prevalece o "brasileirês", tanto devido à escritora ser brasileira e usar palavras que praticamente só ouvimos em telenovelas, como porque nem houve o cuidado de alterar aquilo em que a língua portuguesa ainda difere ("rolimã", "gênero", "ducha", "dezesseis", "quilômetro" "fusca", entre tantas outras!), após acordo ortográfico. Aliado a isto, o desconhecimento do léxico não comum, se bem que não perturbe a compreensão, atrasa o ritmo de leitura.
Mal "resolvida esta parada", o próprio narrador e protagonista tem tendência a meter-se em "encrencas" umas atrás das outras: gerente de telemarketing numa central de São Paulo, vive um dia a dia alucinado e stressante, até que se descontrola e "estapeia" uma funcionária inexperiente, vindo esta a suicidar-se pouco depois, o que determina a perda do seu emprego; vale-lhe um primo, que lhe dá guarida na sua casa de Corumbá, onde ele se enrola com a companheira deste, apesar de namorar a "policial" Sulamita; desempregado, uma tarde está a pescar no rio Paraguai quando vê um avião cair e corre em auxílio do piloto, que acaba por falecer; dentro do avião encontra uma mochila com um pacote de cocaína e aí adeus boas intenções, toca de marchar dali para fora, levando consigo a preciosa carga...
Como bola de neve a rolar encosta abaixo, a ambição, a ganância, a traição e a deslealdade agigantam-se num rol de mentiras infindável, até chegarmos à conclusão mais elementar - o fulano é um autêntico "cafageste", sem pingo de ética, moral ou humanidade.
Em suma, Patrícia Melo não me seduziu com este policial (?!?) e muito menos o acho aconselhável a quem ainda tem pruridos sobre o AO - a editora poupou em qualquer tipo de revisão! O que me leva a pensar que, se por um lado é uma poupança para as editoras, por outro pode ter o efeito de se começar a evitar ler autores de outras nacionalidades de língua oficial portuguesa: corremos o risco de não perceber patavina!
Citações:
"Durante muito tempo, acreditei que a maldade era um aprendizado lento. Naqueles dias, compreendi finalmente que é a bondade que se aprende com dificuldade, com exercícios diários, que as pessoas, por vezes, chamam de Deus ou de Buda, dependendo de suas crenças. A maldade, essa, já nascemos com ela inoculada dentro de nós, como um vírus inativo, que apenas espera o momento de aflorar."
"A verdade é que os mortos precisam de morrer de verdade. Precisam de ser colocados no caixão e enterrados. Ou incinerados. Você tem de estar lá quando jogarem a última pá de areia."
A julgar pelo que escreve não deve ser realmente muito entusiasmante.
ResponderEliminarUm abraço
Então este não anoto, até porque li um de outra escritora brasileira há coisa de um mês e também não percebi patavina, não tanto pelo AO que nem me lembro se o utilizou ou não...não me entusiasmou por aí além...a história até é interessante, mas não gostei da maneira como ela a contou...
ResponderEliminarSão uns trocos que poupo :p
Beijinho :)
*prá fartura já tenho eheheh
Fora de lista já estava, porque detesto policiais. Assim , a exclusão passa para a propria autora.
ResponderEliminarBom dia.
Li algures sobre este livro e como gosto de policiais até me entusiasmou, mas agora ao saber que está em "brasileirês" e a história leva demasiadas voltas para o meu gosto, acho que vou poupar uns euros e aplicar em outro livro.
ResponderEliminarIsto sim Teté, é serviço público, obrigada :)
Creio que com o acordo ortográfico vamos assistir, cada vez mais, a exemplos desses, Teté.
ResponderEliminarFelizmente ainda tenho muitos livros em lista de espera, da fase pré acordo.
No entanto, alguns deixam-me exasperado, porque além do mau acabamento, que os descola das lombadas, têm traduções tão más, que me apetece logo mandá-los para o lixo.
Eu bem disse que o AO é meleca... ;)
ResponderEliminarBeijocas!
Eh pá, e ainda por cima um livro com um título magnífico :(
ResponderEliminarTeté, já leste algum lovro do Jô Soares? Só ainda não li o último, tenho-o em ebook, e devo lê-lo ainda esta semana. Os outros são espectaculares (já que estás numa onda brasileira...)
ResponderEliminarJá li alguns com o novo AO e não me causou confusão. Mas sempre que o verbo parar aparecia na frase pronto lá tinha que voltar para trás. ;)
ResponderEliminarQuanto a este policial se não te entusiasmou a ti que és fã de policiais então é melhor deixá-lo para outras aventuras. :p
ELVIRA, é apenas uma opinião pessoal, mas li o livro até ao fim, o que não costumo fazer se for demasiado entediante ou imperceptível... ;)
ResponderEliminarAbraço!
Como digo, MARIA, aqui não foi questão de AO, o livro estava escrito em português do Brasil, sem tirar nem pôr, mesmo nas palavras que ainda são diferentes. Li até ao fim, na curiosidade de ver onde aquilo ia parar, mas a desilusão ia crescendo, com o protagonista e a evolução do enredo. Se tivesse muitas mais páginas, acho que teria desistido... ;)
ResponderEliminarSe já tens para a fartura, já podes ir lá dar um voltinha... :))
Beijocas!
Eu adoro policiais, SÃO, desde que bem escritos e com suspense q.b.! Como foi o primeiro livro que li da autora, nem sei se escreve só policiais... ;)
ResponderEliminarBeijocas!
Eheheh, "serviço público" não será, RAINHA, é apenas uma mera opinião! :)
ResponderEliminarMas sim, o que começa por gamar a cocaína do piloto que morreu no desastre, vai crescendo e evoluindo ao ponto do protagonista se contentar por ainda não ter morto ninguém... :P
As traduções más e a edição de livros às três pancadas não é de agora, CARLOS BARBOSA DE OLIVEIRA, agora junta-se mais esta de falta de revisão, por ser em "português"! Que em algumas editoras também já era notória, fosse em que língua fosse... ;)
ResponderEliminarMeleca é não pagarem a revisores de jeito, RAUF, o AO nem tem nada a ver com isto, é apenas uma desculpa esfarrapada... :)
ResponderEliminarBeijocas!
Por acaso o título é giro, MOYLITO, e o início também. Depois, descamba... :P
ResponderEliminarNão estou em nenhuma onda brasileira, VIC, calhou! :)
ResponderEliminarMas sim, julgo ter lido dois livros do Jô, "O Xangô de Baker Street" de certeza. Que, salvo erro, também não tinha nenhuma "tradução", mas o ritmo e a alucinação hilariante compensava... Aqui, não é o caso! ;)
Mas obrigada pela dica, nem sabia que ele tinha um livro recente! :D
É, estás como eu, TONS DE AZUL: o "pára" para "para" confunde a frase! :P
ResponderEliminarE sim, já li vários livros escritos segundo o AO, que tirando essa exceção não me fazem confusão. Agora se começarem a sair tal e qual os escreventes de outras línguas lusófonas os escreveram, é preciso que sejam realmente muito bons para conseguirmos chegar ao fim... ;)
Além do mais, este livro está longe de ser um policial, embora o protagonista vá cometendo vários crimes... Daí também não me ter seduzido! :)
Huuuummmm...Olá Teté!Como estás?Vim matar as saudades de ti.Não comentarei sobre o livro porque não o li,mas também recomendo o não tão novo livro do Jô Soares intitulado por aqui de "As esganadas",enredo muito bom!Quanto a este em "brasileirês" que se referiu,só digo que infelizmente por conta do AO --ou mesmo nem por isso-- esquecem-se que a língua portuguesa é deveras cheia de "armadilhas" e que devido a inúmeros dialetos pelos quais ela foi submetida,fica difícil e até mesmo incompreensível perceber o que está escrito a depender da nacionalidade do autor que o escreveu,mesmo sendo ele escrito em "português".
ResponderEliminarAi,ai...devo voltar por estas bandas de cá,espero eu em breve.
Beijo e cheiro pra ti minha linda!
:-))))))
Oi, KÁTIA, long time no see... :)
ResponderEliminarMas sim, esta história de não "adaptarem" os livros consoante o país onde se publicam, vai dar muita confusão. Aurores brasileiros, angolanos e moçambicanos, por cá vai ser confuso, com o uso de palavras e dialetos que não conhecemos. E do mesmo modo os livros daqui nos outros países de língua oficial portuguesa, se pretenderem igualmente publicá-los sem essa adaptação. Fazer o quê?
Obrigada pela sugestão do livro do Jô, que já está na mira... :))
Beijocas, menina soteropolitana! :)