domingo, 17 de março de 2013

O HIPNOTISTA

Ao contrário do que acontece nos livros de Agatha Christie, em que todas as personagens parecem normais (sendo Poirot a mais original, como ex-inspetor belga cheio de peculiaridades), os protagonistas deste policial são esquisitóides todos os dias: polícias, médicos, suspeitos, incorrem todos no mesmo mal, nunca se sabe para que lado estão virados, esquivos como poucos - fogem, mordem, vingam-se, matam, sem se perceber porquê.

O médico Erik Maria Bark desistiu de prosseguir as suas investigações no tratamento de doentes com traumas profundos através de hipnose, quando o seu método foi contestado e o seu nome desacreditado. Contudo, 10 anos depois, o comissário Joona Linna pede-lhe que volte a hipnotizar um jovem de 15 anos, o único sobrevivente ao ataque que a sua família sofreu - o pai, a mãe e a irmã de 5 anos foram brutalmente assassinados - pois acredita que a irmã mais velha do rapaz, a residir noutro local, também pode correr perigo de vida.

Erik tornou-se viciado em calmantes, a relação com a sua mulher está por um fio e quando a notícia da sua participação no caso transpira para os jornais, a evolução dos acontecimentos acelera a um ritmo vertiginoso: a sua casa é invadida por desconhecidos e o filho adolescente do casal, Benjamim, é raptado. Com a agravante do rapaz sofrer de uma doença hemofílica rara e necessitar de medicamentação atempada e adequada.

A dupla Lars Kepler - pseudónimo do casal Alexander Ahndoril e Alexandra Coelho Ahndoril, ela de origem portuguesa, como o nome indica - consegue um feito inusitado, à medida que se leem estas 560 páginas: um arrepio pegado do princípio ao fim, ao ponto de recearmos o que mais vai acontecer na seguinte. Medo, muito medo, mas sem dúvida um policial empolgante, para não dizer hipnotizante...

Opinião unânime e partilhada por todas, no Clube de Leitura.

Citações:
"[...] Incluo uma série de instruções ocultas nas minhas palavras e faço com que o paciente imagine lugares e situações simples, vou sugerindo um passeio imaginário, cada vez mais longe, até que a necessidade de controlar a situação quase deixa de existir. É um pouco como  quando se lê um livro tão emocionante que deixamos de ter consciência de que estamos sentados a ler."

"Quem me inveja? Quem me quer castigar, tirar tudo o que tenho, destruir a minha vida, a minha razão de viver? Quem poderia desejar acabar comigo?"

"Eram todos indivíduos com um denominador comum: tinham sofrido abusos traumáticos. Abusos esses que tinham causado uma tal devastação na sua mente que, para sobreviver, tiveram de os ocultar até de si próprios. Na realidade, nenhum deles sabia com exatidão o que lhes acontecera. Estavam apenas conscientes de que o seu terrível passado lhes arruinara as vidas presentes."

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O novo livro a ler no âmbito do Clube de Leitura será "O Pintor Debaixo do Lava-loiças", de Afonso Cruz, com discussão agendada para dia 11 de maio.

8 comentários:

  1. Os escritores suecos têm uma forma muito peculiar de escrever policiais e estão a ficar muito “na moda”. Creio que há um filme baseado neste livro.

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    1. É verdade, CATARINA, na Suécia há uns quantos escritores policiais de sucesso. O que é um pouco estranho, mas se o policial é bom, que assim continuem... :)

      O filme não vi, mas diz quem viu que é uma treta!

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  2. Detesto policiais: fazem-me sentir burra, porque nunca descubro quem cometeu o crime e não percebo como é que lá chegam, rrss

    O único policial que me fascinou e li num fôlego só , depois de ver o filme, foi"Os Crimes dos Rios Púrpura", que acho estupendo!

    Boas leituras num feliz domingo.

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    1. Já me tinhas falado desse livro, SÃO, que também li já há bastante tempo! Mas não vejo burrice nenhuma em não adivinhar qual é o autor do crime. Se se soubesse desde o início, perdia a "pica"... :)))

      Boa semana e bons sonhos, já que o domingo está prestes a chegar ao fim... :)

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  3. Resumindo, chegaram todas cheinhas de medo à discussão...pobrinhas :(

    Gosto de policiais, não quero ter medo, mas anotei...

    E anotei o próximo, deve ser giro ter um pintor debaixo do lava-loiças ehehe

    Beijinho e cama quisto não são horas de estar a pé :)

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    1. Não exageres, MARIA, que o medo já tinha passado... :)))

      O curioso é que o pintor debaixo do lava-loiças é baseado numa história verídica, mas como ainda não li, não posso acrescentar mais nada... :D

      Beijocas, ó dorminhoca! :)

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  4. Fui pesquisar o pintor e gostei muito do que li...vou a correr comprar, ler primeiro que vocês e depois venho aqui contar o final (assobiando)eheheh

    Beijinho :)

    *vou nada, tava só a assustar-te :p

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    1. Ahahah, e achas que era a primeira vez que lia um resumo de livros que ainda não li e pretendo ler, MARIA? Nananinaná! Mas como todos temos opiniões diferentes, não influencia a nossa, durante ou após a leitura. Quer dizer, só chateia quando começam a contar o final... :)))

      Mas o título do livro também nos cativou. E não escolhemos "Jesus Cristo bebia cerveja" porque algumas já leram, mas é outro que quero ler do autor. Se gostar deste, claro! :D

      Beijocas, ó menina "assustadora"! :)

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Sorri! Estás a ser filmad@ e lid@ atentamente... :)