"It´s only a paper moon" dá mote à trilogia "1Q84", e gostei especialmente desta versão na voz de James Taylor, que deixo para quem quiser acompanhar com fundo musical, sempre presente nas obras do escritor japonês:
Como há livros que quando chegamos à última página acarretam uma espécie de vazio e sensação de perda, a dúvida ao iniciar a leitura deste terceiro volume era: acelero para saber a evolução e o final ou vou saboreando calmamente cada linha no desfiar do enredo? Decidi saborear... mas bastas vezes dei por mim a acelerar. Porque se há livros que são viciantes e não descansamos enquanto não os terminamos, este é um deles. E por este entenda-se toda a trilogia...
Enquanto nos dois primeiros livros os capítulos alternavam entre o dia a dia solitário de Aomame ou de Tengo - nestas 518 páginas já decididos a reencontrarem-se, custe o que custar - neste surge uma terceira personagem, com direito a capítulos de permeio: Ushikawa. Com um físico reconhecível à distância e fatiotas espalhafatosas ("a sua presença dava tanto nas vistas como uma centopeia dentro de uma embalagem de iogurte"), ninguém diria que se tratava de um detetive privado que, a mando da Vanguarda, a seita religiosa que perdeu o seu Líder numa noite de tempestade, procura incessante e incansavelmente Aomame, a última pessoa a ver o grande Líder com vida. Contudo, os leitores mais atentos já adivinhavam que a estranha personagem não era exatamente quem afirmava ser no volume anterior.
Os sucessivos desencontros entre Aomame e Tengo, a perseguição que Ushikawa lhes move, a atuação da Vanguarda na penumbra e o misterioso Povo Pequeno a tecer as suas crisálidas de ar, enquanto duas Luas brilham no céu, acrescentam ao final do ano de 1984 uma outra dimensão. Será designada 1Q84 ou Tóquio é uma nova "cidade dos gatos"?
A fantasia e a solidão, aliadas à recordação de um amor puro e ingénuo num passado distante, saem da imaginação e criatividade de Murakami como um grande romance, de leitura absolutamente envolvente e fascinante e longe, muito longe, das lamechices costumeiras e previsíveis no género.
ADOREI!
Enquanto nos dois primeiros livros os capítulos alternavam entre o dia a dia solitário de Aomame ou de Tengo - nestas 518 páginas já decididos a reencontrarem-se, custe o que custar - neste surge uma terceira personagem, com direito a capítulos de permeio: Ushikawa. Com um físico reconhecível à distância e fatiotas espalhafatosas ("a sua presença dava tanto nas vistas como uma centopeia dentro de uma embalagem de iogurte"), ninguém diria que se tratava de um detetive privado que, a mando da Vanguarda, a seita religiosa que perdeu o seu Líder numa noite de tempestade, procura incessante e incansavelmente Aomame, a última pessoa a ver o grande Líder com vida. Contudo, os leitores mais atentos já adivinhavam que a estranha personagem não era exatamente quem afirmava ser no volume anterior.
Os sucessivos desencontros entre Aomame e Tengo, a perseguição que Ushikawa lhes move, a atuação da Vanguarda na penumbra e o misterioso Povo Pequeno a tecer as suas crisálidas de ar, enquanto duas Luas brilham no céu, acrescentam ao final do ano de 1984 uma outra dimensão. Será designada 1Q84 ou Tóquio é uma nova "cidade dos gatos"?
A fantasia e a solidão, aliadas à recordação de um amor puro e ingénuo num passado distante, saem da imaginação e criatividade de Murakami como um grande romance, de leitura absolutamente envolvente e fascinante e longe, muito longe, das lamechices costumeiras e previsíveis no género.
ADOREI!
Citações:
"Fazer passar um suicídio por morte natural não é assim tão difícil. Sobretudo quando estamos a falar de alguém com dinheiro e influência. Indo um pouco mais longe na minha análise, vamos imaginar que esta jovem mulher sofria maus-tratos e, desesperada, acabou com a sua própria vida. Não é tão inusitado como parece. Sabe-se, por portas e travessas, que certos membros da chamada «elite» da sociedade possuem um lado negro, a par de tendências retorcidas e repulsivas, como se, neste campo, aceitassem de bom grado a sua quota de perversidade que lhes corresponde."
"É este o sentido da vida. As pessoas dão-nos esperança, e nós alimentamos essa esperança, como se fosse um combustível. Não se pode viver sem ela."
"[...] As pessoas, na sua maioria, não sabiam pensar pela sua própria cabeça. E são precisamente essas que não se mostram capazes de escutar os outros."
"Tengo mal podia acreditar naquilo: que neste mundo frenético, labiríntico, o coração de duas pessoas - o de um rapaz e de uma rapariga - pudessem estar ligados, imutavelmente, pese embora não se terem encontrado durante vinte anos."
*******
Como é óbvio, continua em aberto o passatempo dos posts anteriores, aguardando mais palpites... e já foram acrescentadas legendas a alguns dos locais onde as fotografias foram tiradas.
NOTA - foi acrescentada uma adenda a cada um dos referidos posts.
Isto é que é uma produção, Dona Teté! : )
ResponderEliminarUma trilogia a considerar... não apenas um livro!
Até parece que tenho lido pouco este ano, CATARINA, mas na verdade os livros é que têm sido mais volumosos... Como também eles não se medem às páginas, não importa muito, desde que sejam assim de leitura envolvente e viciante! :)
EliminarA trilogia li em 3 meses, já que tive livros do Clube de Leitura para ler de permeio! :D
Mais uma sugestão de leitura para juntar ao meu catálogo.
ResponderEliminarO Carlos Barbosa de Oliveira também já a tinha sugerido em tempos, PEDRO COIMBRA, e desta vez estamos de acordo! :)
EliminarEstive com eles na mão a semana passada, mas só havia o 2 e o 3, como tinha que encomendar o 1, acabei por comprar "No meu peito não cabem pássaros"...é quase a mesma coisa :P
ResponderEliminarBeijinho :)
Gostei do título e da forma poética de escrever de Nuno Camarneiro, MARIA, mas enredo nem com lupa. Umas estorinhas esparsas aqui e ali, se bem que seja de agradável leitura. Mais até para quem gosta de poesia. Realmente, não tem nada a ver com este... :)
EliminarSó compro trilogias quando todos os volumes estão já publicados - em tempos li o primeiro de uma suposta série de livros, e depois como não tiveram venda/saída o segundo já não foi editado cá, se queria que lesse em inglês - e um de cada vez. Assim, se o primeiro não me seduzir por aí além, escuso de gastar dinheiro nos restantes. O que até aconteceu recentemente com uma coleção de livros policiais de Mons Kallentoft, que li o primeiro, não desgostei, mas também não achei nada de especial. Com tanto bom livro para ler, não vou andar a comprar e ler policiais de 3ª categoria, né? :D
Beijocas e boa leitura!
estou ansioso pelo 1Q84 volume 7.5
ResponderEliminarAh, esse consta que é lista telefónica da cidade de Tóquio, se o vir por aí aviso-te, para colmatares essa ansiedade! :)))
EliminarDe facto , livros existem que causam pena terem acabado e nos provocam essa ambivalência, rrss
ResponderEliminarBeijufas
Em tempo: a do farol será no Porto ou arredores?Se for é da Nininnha
A mim acontece-me de vez em quando, mas só quando os livros são muito bons, SÃO! E depois fico um ou dois dias sem conseguir pegar noutro... :)
EliminarBeijocas!
§ - a do farol é no Cabo Espichel, tal como ontem já legendei! Hoje acrescentei outras adendas, para facilitar! :D
Tenho sentimentos mistos com o Murakami. Uma amiga minha adora, mas eu li 'Sputnik, meu amor' e, como não fiquei fascinada, não voltei a insistir. É como o Saramago. Quando não tiver mais nada, volto a tentar :)
ResponderEliminarBem, temos mesmo de esperar até dia 28 para saber as respostas do desafio? Oh, vá lá.... ;)
Beijos
SAFIRA, como também foi o primeiro que li dele, gostei mas estou como tu: não me fascinou! Mas adorei o segundo "A Sul da Fronteira, a Oeste do Sol" e esta trilogia! :)
EliminarSaramago já sabes que não consigo ler... ;)
Bom, e as adivinhas vão de vento em popa, já há quem tenha adivinhado 13, o que em 19 é um grande feito! :D
Beijocas!
Decididamente tenho de voltar a ler Murakami! :)
ResponderEliminarUm beijinho
Estou em crer que vais gostar, TONS DE AZUL! :)
EliminarBeijocas!
Eu tinha quase a certeza que a Teté ia escrever hoje sobre IQ 84 e, por isso, até roubei um bocadinho à hora de almoço para passar por cá, pois estava curioso em saber a sua opinião.
ResponderEliminarDesta vez a minha opinião coincide com a sua na perfeição. Adorei, continuo a dizer que Murakami devia ter ganho o Nobel, porque a sua narrativa é envolvente, fascinante e telúrica e também tive a mesma necessidade de devorar os livros, sempre com receio de que o final me desiludisse. Depois, claro, fui reler algumas passagens, para melhor as saborear.
Aguardo ansiosamente o novo livro de Murakami, porque já li todos os que estão editados cá.
Beijinhos
Estou em vantagem, que esse último livro dele foi-me oferecido nos anos, CARLOS! :D
EliminarMas estou longe de ter lido toda a sua obra, este foi apenas o 5º! Algum dia havíamos de partilhar a mesma opinião, sobre livros e/ou filmes! :)))
E sim, ainda há relativamente pouco tempo li um comentário no blogue do Manuel Cardoso, em que ele referia que cada vez percebia menos as escolhas da academia sueca, que parecia só atribuir o Nobel da Literatura a escritores obscuros com mensagens políticas, não aos grandes escritores! Opinião que também partilho, especialmente nos últimos anos...
Beijocas!
Ainda que mal pergunte: qual é o último livro dele, Teté?
EliminarBeijocas
"O Impiedoso País das Maravilhas e o Fim do Mundo", CARLOS, cuja primeira edição saiu agora em Portugal, embora ele já o tenha escrito em 1985. Mas se lê em inglês, se calhar já o leu... :)
EliminarNão referi no texto, mas também considero a tradução muito bem feita! Quando por cá rareiam bons tradutores (muitas traduções literais que depois não fazem muito sentido em português), também é sempre de anotar! :D
Nunca tinha ouvido falar desse livro, nem mesmo em inglês... Vou ficar à espera do seu comentário ao livro, antes de me decidir. A tradução do livro foi feita a partir do inglês, ou do original?
EliminarObrigado pela informação.
Beijinho e renovados votos de uma Páscoa Feliz
Não vou ler já a seguir, CARLOS - que teria preferido não intervalar entre a trilogia, mas com o Clube de Leitura não deu - mas de um modo geral gosto de mudar de autor de uma leitura para outra. Para não me "viciar" muito... :)
EliminarO título deste livro em inglês é "Hard-boiled Wonderland and the End of the World". E, sim, é traduzido a partir do inglês, conheço vagamente uma das tradutoras, mas só descobri isso depois de ter elogiado a tradução a uma amiga, que por acaso é prima dela (daí o vago conhecimento, em aniversários da minha amiga).
Beijocas e Páscoa Feliz para si também! :)
Obrigado, Teté
EliminarA propósito... respondi ao seu comentário ao meu post sobre os tugas. Concordo em absoluto com o seu reparo, mas provavelmente exprimi-me mal. Não era meu objectivo generalizar, mas apenas referenciar situações que partilhei, porque por motivos profissionais tive de contactar com muitos endividados.
EliminarBeijinho
De nada, CARLOS! :)
EliminarEu vi a sua resposta e entendi, CARLOS! E percebo que houve muitos que se endividaram, embora pessoalmente não conheça ninguém nessa situação. A generalização é que me chateia, porque é a conversa dos governantes, para tentar atirar areia para os nossos olhos e desviar atenções de casos realmente gritantes, como os do BPN, do Dias Loureiro, do Duarte Lima, da compra dos submarinos e outros que tais, que realmente nos encalacraram a todos. Por sinal quase todos amiguinhos deles... que se encheram de massa às custas do País e à nossa!
EliminarAgora somos 10 milhões de portugueses, mesmo que existam uns milhares de pessoas endividadas - e disso os bancos também tiveram culpa, já se sabe - a generalização é injusta para a maioria dos portugueses!
Beijinhos
ps - respondo a cada comentário individualmente, para manter o número de comentários par. Não é superstição nenhuma, mas assim controlo melhor eventuais anónimos que venham deixar mensagens de promoção de qualquer coisa! ;)
Peço desculpa, mas não vira.
ResponderEliminarAqui vai:
Malásia_ Carlos Barbosa
Munique -Ematejoca
Pero de casano segundo post, que é o mais recente -Nina
Dorme bem
A Ematejoca vive em Dusseldorf, SÃO, e a foto de Munique não é dela... :)
EliminarMas suponho que este comentário era para sair noutro post! :D
Beijocas e sweet dreams!
Nham, nham…, delicioso! Estou a acabar mais um dele e a seguir o médico aconselhou-me tratamento (Murakamite aguda). Já tenho o “remédio” aviado, que é dum falecido escritor americano de quem ele era amigo e despertou-me a curiosidade. O tratamento deve ter algo a ver com o dado aos viciados em drogas pesadas, usa-se drogas semelhantes mas menos viciantes.
ResponderEliminarBeijjinhos.
Epá, tu vê lá se isso se pega, TANO, que já tenho alguns sintomas e não queria chegar a tanto! :)
EliminarMas para já também estou a resolver bem a questão, depois de uma breve pausa, agarrei-me a um livrinho de bolso que queria ler há muito e nunca calhou, mas é de um autor lusófono. Como não conheço os amigos do Murakami, fiquei na mesma com essa dita terapia... :D
Beijocas!
Alguém me ajuda! Onde acho o Livro 3 para comprar em SP? :)
ResponderEliminarBem-vinda, LAIS!
EliminarGostava muito de ajudar, mas não faço ideia. Este comprei na FNAC, em Lisboa, e a tradução é para português de Portugal!
Gostei muito:
ResponderEliminarhttp://numadeletra.com/1q84-livro-3-de-haruki-murakami-51750