domingo, 18 de novembro de 2012

À PROCURA DO AMOR

"Eu vejo-a [a história] de trás para a frente. Como um filme a ser rebobinado." - salienta Rebecca, uma das protagonistas deste livro de Jodi Picoult, logo no capítulo inicial. Palavras que li, mas a que não prestei a devida atenção, o que me valeu chegar à página 80 um bocado baralhada. E irritada, porque gosto de perceber o que leio. Então a nuance é a seguinte: todos os capítulos estão divididos pelas  personagens e respetivos pontos de vista - diferentes, tal como na vida real, mas paralelos. Só que se a maioria segue uma sequência cronológica, Rebecca não. Também é a única a indicar a data dos acontecimentos. Mas não achei piada, porque aí também tive de rebobinar e (re)ler para trás, para entender.

Após uma violenta discussão com o marido, Oliver, Jane sai de casa com a filha adolescente, Rebecca, e iniciam uma longa travessia de carro pelos EUA -  não só de costa a costa, como numa diagonal de sul (San Diego) para norte (Boston) de cerca de 5000 kilómetros - para se juntarem a Joley (irmão e tio), que se encontra a trabalhar numa quinta de macieiras dirigida  por Sam, com a preciosa ajuda de Hadley. Por sua vez, Oliver, adivinha o rumo da mulher e filha e tenta adiantar-se, para lhes pedir que voltem para casa. Entre passado e presente, recordações e paixões sucedem-se a um ritmo acelerado...

O título original deste primeiro livro da escritora é "Songs of the humpback whale", que resultou nesta moda de inovar-no-entitular - já que tradução nem tenta ser! A escrita simples e clara é uma vantagem (embora um pouco prejudicada por gralhas e erros de tradução ou revisão), mas 372 páginas com narrativas repetitivas (e se não fosse uma estar de trás para a frente, ainda mais seriam)? E as incongruências no enredo e na caracterização das personagens? Terá sido inexperiência de primeiro romance? 

Desta vez houve unanimidade no Clube de Leitura: da escrita todas gostámos, das cenas dramáticas (pouco convincentes e por vezes a raiar o anedótico) nem por isso! Assim, as diferenças de opinião resumiram-se a meros pormenores. Uma indecisa e tentadora "Eva" a destruir a paz no paraíso dos homens das maçãs? Americanice pura, mainada!  

Citações:

"Na China, uma pessoa só pode ser enterrada após um número adequado de pessoas ter vindo prestar homenagem - não duvido dele, e não pergunto como sabe isso. Tratando-se do Sam, tudo é uma certeza. Lê muito. - Até os turistas podem entrar na sala mortuária e fazer uma vénia diante da viúva do morto, e isso conta. Não interessa se conhecemos a pessoa que morreu." 

"Na verdade, a maçã mencionada na Bíblia provavelmente não era uma maçã. Não havia macieiras na Palestina, mas as primeiras traduções da Bíblia foram feitas num país do Norte, e as maçãs vêm de Inglaterra, por isso aí têm." 

"Numa idade tão precoce conseguia distinguir a diferença entre abusos físicos e verbais. Ficava a olhar para os cortes e inchaços das mulheres vítimas de maus tratos. A minha mãe contava sempre uma história. Em comparação, eu achava que tínhamos sorte." 

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Agendada para 19 de janeiro de 2013, a próxima "discussão" recairá sobre o livro "Verão Quente", de Domingos Amaral.

11 comentários:

  1. Se achas americanice , ainda por cima pura, está fora de questão. Até porque quero começar a ler o livro de Teresa Horta sobre a Marquesa de Alorna.

    O meu próximo post será sobre o muito premiado, e justamente, mais recente livro do escritor israelita David Grossman. E é interessante tê-lo lido agora e também a entrevista que deu à "Visão", por causa deste ataque (mais um ) que Benjamin Netanyahu e os sionistas se preparam para lançar dobre aquele campo de concentração em que Israel transformou a Faixa de Gaza!


    As traduções , por vezes , são muito más, de facto.Quer em livros quer em filmes.

    Lembras-te do estupendo filme de Kevin Costner" Danças com Lobos" ? E do "Encontro entre Irmãos"? E de "O Silêncio dos Inocentes"? Falo nestes 3 porque a péssima tradução prejudicou inclusivamente a compreensão, dado que o títulos dos filmes tinham a ver com o enredo.

    No de Kevin, então, foi pura ignorância da língua inglesa!

    Pedindo desculpa pelo tamanho do comentário , te desejo um excelente domingo.

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    1. É verdade, SÂO, algumas traduções de livros e filmes parecem ter sido feitas por estudantes no primeiro estádio de aprendizagem da língua. E claro que na altura de ler ou ver todos notamos, mas depois temos tendência para esquecer. Uma que me ficou na memória, num livro de Irving Wallace, foi a tradução para "reunião de professores e parentes", até porque foi motivo de comentário numa reunião de amigos... :)

      Quanto aos filmes vi todos eles,mas já há bastante tempo, e, lá está, não me lembro do pormenor da má tradução! ;)

      Quanto ao teu post, vou aguardar para ler, que nunca li esse escritor!

      Bons sonhos!

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  2. Anónimo11/18/2012

    Ora aqui está um livro a menos na listagem já longa.
    Traduções desastrosas já me bastam as que os miúdos fazem, nas aulas de Francês.
    Em português, são tantas as gralhas que tenho que corrigir (às vezes até fico na dúvida se terão razão) que ler por prazer tem que me dar prazer.:))

    beijocas e um excelente domingo
    (li ali atrás que haverá um desafio brevemente. Desta vez, a ver se damos algumas pistas:))

    beijocas

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    1. Sabes que ficamos na dúvida se estes erros e falhas são do tradutor ou do revisor, NINA, sendo que tenho ideia que cada vez poupam mais na revisão (quando a fazem)! Mas encontrei vários, bem como as minhas amigas. Uma que me fez mais confusão foi qualquer coisa como "todos os quantos do mundo", quando se queria dizer "cantos", o que é um erro estranhíssimo... ;)

      E sim, imagino que uma professora leia uma série de traduções desastrosas. Mas os alunos ainda têm desculpa, que estão numa fase de aprendizagem, já os profissionais, não. E claro, também há aqueles que não se interessam por aprender, mas essa também é a "cruz" de muitos professores...

      Beijocas!

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  3. Como mencionaste Jodi Picoult como a escritora escolhida para o próximo encontro do Clube de Leitura, e como nunca tinha lido nada dela (aqui é muito conhecida e estimada), da última vez que trabalhei na biblioteca da igreja trouxe "Sing You Home", que ainda não li, mas que penso ler em breve.

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    1. Também nunca tinha lido nada dela, EMATEJOCA, mas cá também é bastante conhecida! E uma das minha companheiras de grupo já tinha lido outros livros dela, gostando de alguns. Neste caso, o enredo é bem fraquinho e a personagem principal tão desequilibrada, que foi um bocado desilusão para todas. É assim, às vezes acerta-se outras não! :)

      Depois quando leres esse diz o que achaste, OK? Embora não tenha ficado com vontade de voltar a ler a autora... ;)

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    2. "Verão Quente" em Janeiro?

      Nunca ouvi falar de Domingos Amaral!

      Confesso, que também não estou com grande vontade de ler "Sing You Home".

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  4. Não conheço o livro e nunca li nada da autora, ando agora às voltas com um livro mais vazio de histórias de encantar, "Cobaias Humanas" mostra o lado mais negro e real da indústria Farmacêutica, e não, não é comparável com o "Fiel Jardineiro", são histórias mais cruas. Não é nenhum romance bonito nem interessante, é um livro muito especifico. Não costumo ter vários livros começados, mas desta feita acho que vou ter de ler algo mais suave para intercalar.

    Beijocas

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    1. Também não costumo ler livros em simultâneo, POPPY: exceto na faculdade, em que uns eram de leitura recomendada ou obrigatória, e ia lendo romances ou policiais mais leves, nas horas de "recreio". Esse livro não me parece que leia, já que prefiro ler ficção... :)

      Beijocas!

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  5. Anónimo11/19/2012

    Apesar de tropeçar em inúmeros livros dela, principalmente nas segundas segundas-feiras do mês, quando vou à Bertrand,nunca li nada dela e, não sei porquê, não tenho curiosidade de ler...

    Informação adicional: O Bellamy está no King. Teno a certeza que vai gostar!

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    1. Bom, não posso falar sobre os outros livros da autora, CARLOS, mas este tenho a certeza que ia considerar uma tonteira pegada... Com cenas patéticas como a do oceanógrafo de renome aparecer na TV, por ter salvo uma baleia que deu à costa, e a mostrar a foto da mulher e da filha e a pedir para elas voltarem para ele! Ó "balha-me-deus"! :)))

      Ah, obrigada pela informação: se puder não deixarei de ir ver! :D

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Sorri! Estás a ser filmad@ e lid@ atentamente... :)