quinta-feira, 15 de novembro de 2012

UM TIRO FAZ A DIFERENÇA?

Esta notícia correu mundo o mês passado: uma adolescente paquistanesa foi baleada na cabeça dentro do autocarro escolar onde seguia, após um grupo talibã o ter assaltado com o propósito de a assassinar, ferindo também duas das suas companheiras. Malala Yousafzai, assim se chama a rapariga de 15 anos, sobreviveu e está a recuperar num hospital inglês, onde a sua família já a pôde visitar no final de outubro. O "hediondo crime" que a jovem cometeu foi o de manter um blogue e de ter defendido publicamente o direito à educação das mulheres, num território parcialmente ocupado pelos talibãs.

Apesar do alegado apoio do governo paquistanês, os talibãs - que confessaram a autoria do crime - afirmam que vão voltar a tentar matá-la, bem como ao pai, um professor e poeta muçulmano, mas não tão fundamentalista como eles entendem "dever ser". A casa da família foi igualmente vandalizada e a televisão doméstica destruída. Mas as minhas perguntas são: se (ou quando) a rapariga recuperar convenientemente, vão mandá-los de volta para o Paquistão? E com que cara ficam se forem atacados novamente? Já agora, porque é que não voltou a ser notícia nacional ou internacional?

Os cartoons até estão bem apanhados, mas certo é que fundamentalistas não se acanham tão facilmente, especialmente quando têm armas nas mãos.

Nem se diga que por cá (em Portugal ou na Europa) o acesso das mulheres à educação foi tarefa fácil. Não foi! Essa "luta" teve início no dealbar do século XX e prolongou-se por algumas décadas, fora raríssimas exceções nas elites sociais. Não consta é que baleassem miúdas com vontade de estudar. Memórias curtas não resolvem, solidariedade... precisa-se!

Viva Malala e o seu espírito!

Cartoons do facebook.

24 comentários:

  1. Esta rapariga tem a família a seu favor; enquanto as pobres raparigas muçulmanas, que vivem na Alemanha são assassinadas pela família fundamentalista só por tirarem o lenço da cabeça ou terem uma namorado alemão; pela educação não precisam de lutar, porque são obrigadas pela lei a estudarem, pelo menos, até à décima classe; desporto, como por exemplo, natação é que a família não as deixa participar e, o estúpido governo alemão aceita, só para mostrar ao mundo como é tolerante.

    Malala Yousafzai e família não precisam de regressar ao Paquistão, qualquer país europeu, como por exemplo a Alemanha, os recebe de boa vontade.

    Os cartoons não estão bem apanhados, estão bestiais.

    Nós, mulheres de todas as religiões, ou mesmo sem religião, continuamos a lutar para que todas as mulheres sejam livres.

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    1. É verdade, EMATEJOCA, no meio do "azar" de ter a cabeça a prémio, ainda tem a sorte de ter o apoio da família. E sim, lembro-me de uma vez já teres referido aqui que a maior parte da violência doméstica, na Alemanha, ser dessas famílias árabes/muçulmanas, à conta dos seus preconceitos, tradições e fundamentalismos religiosos.

      Também acho uma estupidez o governo alemão aceitar essa exclusão no desporto, imposto pelos pais. Se querem criar os filhos dentro da sua tradição, fiquem na terra deles ou vão para outras que tenham os mesmos princípios. Quem emigra tem de sujeitar-se às leis do país para onde vai, não deviam ser toleradas exceções no currículo escolar! Já na indumentária, que vistam como queiram, mas espero que crimes desses por falta de elnço ou assim sejam severamente punidos...

      E claro que todas devemos estar unidas e continuar a lutar pela liberdade das mulheres em todos o mundo! :)

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  2. Anónimo11/15/2012

    Fundamentalistas que me enojam!
    Nada a ver com este caso em concreto, mas um exemplo do que esta gente é.
    O meu pai teve um grande amigo árabe. Uma noite, foi jantar ao nosso restaurante. O meu pai não estava, mas deixou a recomendação que fosse bem servido.
    Como pediu conselho, levaram-lhe à mesa carne de porco à alentejana, umas das especialidades da casa...sem qualquer malícia. Nunca mais falou ao meu pai! Aquilo foi um insulto!
    Por aqui se vê tudo o resto!
    É vergonhoso o que ainda acontece no século em que estamos!

    bji

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    1. Repugnam a todos nós, NINA, que isto é a falta de respeito completo pelos direitos humanos!

      Mas olha, quem precisa de amigos desses? Ninguém, né? Se se sentiu insultado por tão pouco - e não foi o teu pai sequer a recomendar - é porque o conceito de amizade dele devia ser outro... ;)

      Beijocas!

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  3. Extremistas existem em todo o lado,

    Ainda ontem vi um documentário que me deixou estarrecida(é o termo): extrema-direita israelita em grande solidariedade com extrema-direira de vários países da Europa, incluindo nazis!! E contra quem? Contra os àrabes, tão semitas quanto os judeus!

    Claro que nada disto justifica as acçções indignas dos talibãs e os atentados a quem não pensa como eles. Como tu, pergunto: que pretende fazer o Ocidente quanto a essa jovem e respectiva família? Afinal, para que serviu a entrada dos EUA no Paquistão?!

    Mas, como bem dizes, a memória é demasiado curta, a informação ainda mais e o mundo começa a ser um lugar bem estranho!!


    Um abraço.

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    1. Claro que sim, SÃO! E esses israelitas são um bom exemplo disso, porque se aquela parte do mundo está como está, muito a eles se deve...

      Quanto às tuas/nossas perguntas, obviamente não conheço as respostas. Mas tenho curiosidade em conhecê-las, como a outros assuntos que "morrem" na imprensa, como o "excesso de zelo" na captura de Assange (praticamente preso dentro da embaixada do Equador, em Londres), entre tantos outros.

      Este mundo está mesmo um lugar muito estranho!

      Abraço

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  4. É verdade que não baleavam miúdas no sentido material do termo mas tantas miúdas inteligentes ficaram pelo caminho ou tiveram que escolher carreiras de acordo com as ordens dos pais...
    Apesar de tudo nada que se compare com este vandalismo!

    Abraço

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    1. É verdade, ROSA! Não penses que não conheci muitas mulheres frustradas por não terem estudado, especialmente na geração da minha mãe. Mesmo na minha geração, ainda havia muitas profissões que eram "só para homens". A minha irmã, quando entrou para Engenharia Civil no Técnico (1978), era uma das 6 raparigas do curso... Ou seja, quase nos anos 80! ;)

      Nada se compara a este vandalismo, mesmo!

      Abraço

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  5. Não te sei responder às perguntas todas, Teté. Talvez arrisque quanto à última: Deixou de ser notícia porque a miúda não morreu e a história vai ficar ainda melhor quando conseguirem dar cabo dela. Um mártir vende muito. Se a intenção fosse mesmo proteger a criança (e a família) não tinham divulgado a localização dela, e já tinham sido todos evacuados e de posse de nova identidade. A hipocrisia é uma coisa muito feia, não é? Porque não vejo ninguém preocupado em resolver efectivamente esta coisa do fundamentalismo islâmico (há aí umas bombas tão jeitosas...), embora se condene com muita indignação quando a coisa vende jornais. É como tudo...uma pessoa acaba por ficar blasé, mas é verdade. Até a Madonna usou a desgraçada da miúda. Se ao menos esta mediatização servisse para evitar que outras crianças e mulheres passem por isto, mas não me parece...oxalá me engane.
    bjs

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    1. Oxalá te enganes, mesmo, SAFIRA!

      Mas sim, um "furo jornalístico" vende muito mais quanto maior for o número de mortos e feridos! Assim, quando a miúda estava em perigo de vida o estanderete foi grande, agora perdeu interesse por estar a recuperar. Hipócritas, mesmo! :P

      E não, o mundo dito civilizado não está interessado em erradicar fundamentalistas desta índole. Quer dizer, se de caminho houver uns poços de petróleo e tal, claro que a coisa muda de figura e aí já há que invadir, declarar guerra, etc. e tal, sempre em nome dos direitos humanos, não é? Pois, já não enganam ninguém! :S

      Beijocas!

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  6. Cada época com seus costumes, beijo Lisette.

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    1. É, LISETTE, mas convém não ficarmos a ver passar os comboios sem fazer nada, né? ;)

      Beijocas

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  7. Anónimo11/15/2012

    A comunicação social hoje em dia usa as notícias como pastilha elástica. Usa e deita fora, maa o que mais me espantou é que as redes sociais e a blogosfera não tenha pegado no assunto.Talvez por andarmos tão absorvidos com o que se está a passar cá dentro, distraimo-nos do que se passa além fronteiras. Longe de mim criticar... Li a notícia, pensei escrever um post e depois passou-me.
    Espero que fiquem a viver em Inglaterra, mas mesmo lá não estarão seguros...

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    1. Essa da pastilha elástica é mesmo uma boa imagem, CARLOS! Mas não tenho a certeza se é só essa distração de olharmos apenas para o umbigo ou se acabamos por seguir as mesmas pisadas da comunicação social: uma grande indignação num dia, para esquecermos rapidamente o assunto. E até arranjarmos outras indignações mais mesquinhas e que de notícia não têm nada. Se for como suspeito, voluntária ou involuntariamente viramos carneirada nas mãos dos grandes empresários da CS... :/

      E não, também me parece que Inglaterra seja um local muito seguro. Mas antes isso que voltarem para o Paquistão, não é? ;)

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  8. Teté, quando fiz a escola primária (1954-58) a instrução básica (não obrigatória) para as mulheres era a 3ª classe e para os homens a 4ª classe. Está tudo dito, não?

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    1. Está mesmo, GRAÇA! Mas por acaso a legislação mudou pouco depois, quando fiz a 4ª classe já era obrigatória e para ambos os sexos. Mas isto, nos anos 60... :)

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  9. Dar-lhe-ão o estatuto de refugiada de início, suponho. (Em Inglaterra)

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  10. Anónimo11/16/2012

    O post do dia?!

    Habituaste-nos mal, pois!
    Já agora, para quando mais um desafio com pertences nossos para nos divertirmos um pouco?:))
    beijocas e um excelente fds

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    1. Sabes aqueles dias que queres fazer duas coisas ao mesmo tempo e acabas por não conseguir fazer nenhuma, NINA?!? Pois, foi mais ou menos isso... :)

      Parece que estás a adivinhar qualquer coisinha... :D

      Beijocas e bom fim de semana!

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  11. É verdade, o caso desta rapariguinha é preocupante, especialmente porque é um símbolo do que é ser mulher nas regiões dominadas pelos fundamentalistas islâmicos.
    Beijinho.

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    1. É um símbolo do que é ser mulher e vítima, TERESA! Mas como não virou mártir, pois não morreu, já ninguém se lembra de noticiar os desenvolvimentos... :/

      Beijocas!

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  12. O mais grave de tudo é que estes crimes estão a começar a acontecer de novo na Europa, e a Europa pelo respeito à cultura fecha os olhos e não deviam fechar, acontecem vários crimes destes na Europa todos os dias aos quais não se dá grande ênfase mas devia dar. Acho que conquistamos coisas não bonitas que não se deviam perder, respeito pela cultura eu tenho, mas não consigo ter respeito por se um pai e irmãos se acharem no direito de chegar e matar uma filha e irmã só porque estuda ou porque casou com quem gostava, acho que fechar os olhos para isso é regredir. Por exemplo no Egipto as jornalistas já apresentavam o telejornal com a cabeça destapada, já são obrigadas a usar de novo o lenço na cabeça. Estas coisas assustam-me.

    Beijocas

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  13. Respeitar a cultura é uma coisa, POPPY, permitir que abusos destes aconteçam noutros países é outra. Já basta que seja assim na terra deles, não podem andar pela Europa a "lavar a honra" com sangue, enquanto os dirigentes europeus assobiam para o ar distraídos... Nem é feminismo, é o mais elementar direito à vida de todo o ser humano! E consagrado há muito como lei universal... ;)

    Beijocas!

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Sorri! Estás a ser filmad@ e lid@ atentamente... :)