Fotografia de Ian Britton
Tal como já tinha sabido da existência em múltiplos romances lidos e centenas de filmes visionados, aos 15 anos também eu sonhava com o meu cavaleiro andante, aquele que seria o amor da minha vida para todo o sempre... Não sendo eu princesa nem vivendo na era medieval, cedo concluí como provável que o meu “príncipe encantado” não fosse um nobre de sangue azul ou que me surgisse montado num alazão branco. Já se sabe que, não sendo ele possuidor dessas características, tornava-se muito mais difícil encontrá-lo!
Um dia, julguei saber quem ele era: tinha 15 anos como eu, era meu colega de turma no liceu e, desenganem-se desde já, não era lindo de morrer, nem o palhaço que as meninas tanto adoram, nem sequer um puto que se evidenciasse pela sua inteligência, cultura ou personalidade. De modo que não foi tiro e queda, não caí para o lado subitamente apaixonada à primeira vista! Na verdade, já nos conhecíamos desde os 13 anos de idade, altura em que entráramos na mesma turma e era igual aos outros, embora fosse dos mais baixotes e sardentos, alinhando no clube dos que preferiam jogar à bola do que conversar com as meninas. E nem aí se evidenciava por aí além...
À medida que ele foi crescendo e as suas preferências pelas futeboladas diminuindo, aconteceram dois ou três factos que nos aproximaram. Primeiro, calhou nas carteiras da sala de aula, enquanto tinhamos como professora de Ciências uma-parva-todos-os-dias, que embirrava com “aquele grupinho do fundo da sala junto à janela”, o seu candidato dileto à expulsão quase diária das suas aulas. O recreio maior até era motivo de alegria, mas já devido a um segundo facto importante– tinha acontecido o 25 de Abril!
Outra coisa que tínhamos em comum era o caminho para casa, que percorríamos quase diariamente, a pé - para poupar o dinheiro do autocarro (nesse tempo ainda não existiam passes da carris) – com alguns colegas, pelo menos se não chovesse muito. As aulas terminavam às 7 da tarde e a balbúrdia da "hora de ponta" em Sete-Rios era enorme, com longas filas de espera nas paragens de autocarros. Vir a pé compensava também pela possibilidade de, no final, gastarmos o dinheiro num chocolate ou gelado, consoante o apetite de momento.
Claro que durante esses recreios e caminhadas conversávamos muito e, no ano seguinte, ainda inventaram umas greves intermitentes na escola, pelo que os jardins da Gulbenkian passaram também a fazer parte dos nossos circuitos, onde conversávamos ou jogávamos às cartas com outros amigos. Nos dias de chuva recorríamos a uns matrecos manhosos na Calçada da Palma de Baixo ou a outro salão de jogos lá para os lados da Rua da Beneficência.
Não tinhamos os mesmo pontos de vista políticos – ele era militante da UEC- mas isso só contribuía para termos mais assuntos de que falar e até discutir. Sem nunca nos zangarmos, mesmo cada um ficando na sua. Era o amigo, o companheiro de todas as horas, divertido, simpático e brincalhão, sem deixar de ser cativante e sedutor – em suma, tinha descoberto o meu “príncipe"... estava encantada!
Blogagem coletiva proposta por Luma Rosa, do blogue “Luz de Luma, yes party!”, subordinado ao primeiro tema “Encantamento” – de um conjunto de quatro a enquadrar em “Amor os pedaços”. Imagem de Luma Rosa.
E eu pensando que a estória era a tua mesmo, rrsss...ou não é invenção?
ResponderEliminarDe quelaquer mod, está muito bem escrita!
Um abraço
As pessoas vulgares acabam sempre por seras melhores, Teté. Texto muito bonito.... :)
ResponderEliminarMaravilhoso texto! nem sempre a beleza vista a olho nu é a mais bela.
ResponderEliminarÓhhhhhh que lindo...Amei este texto :)))
ResponderEliminarE não importa que seja verdadeiro ou inventado...fiquei encantada :)))
Beijinho :)
*Sete-Rios, hein?
** Rua da Beneficiência, hein?
eheheh (assobiando)
E que raio é UEC? Beijocas!
ResponderEliminarescreveste tudo ou é tipo cadáver esquisito? parece a tua maneira de escrever mas como depois dizes blogagem colectiva fiquei na dúvida.
ResponderEliminarOi, Teté!
ResponderEliminarDe uma forma ou de outra, o amor sempre nos chega marcando forte. E de onde menos se espera, ele surge, até mesmo de uma amizade que às vezes nem cogitamos. Gostei da história.
Beijos e encantos
Socorro Melo
Oi Teté! Eu sou Tetê! Com certeza, ambas Teresas... acertei? Brilhante a sua participação! E seu blog é muito bom! Estou encantada! Bjks Tetê - Avaliando a Vida
ResponderEliminarMuito boa esta história, Teté, mas gostava de saber como terminou o encantamento :-)))
ResponderEliminarDepois dizem que as mulheres é que são curiosas.Mas eu sou Escorpião, sabe...
Teresa
ResponderEliminarAté me emocionei. Parecia que estavas a contar a minha história, como sabes. Embora só tenha tido um final feliz muitos anos depois :)
Beijinhos
Olá, querida amiga Tetê
ResponderEliminar"Somente quem ama e se permite amar
é que detém o tesouro do
verdadeiro
AMOR!
(Kiro)
Mais uma emoção rola no ar... que maravilha poder contar com tanta gente impregnada de amor!!!
Encantada por assim dizer... Enamorada pela vida...
Amando o amor...
E pelo Amor sendo amada...
Como todo boa menina/adolescente vc teve o seu príncipe como num conto de fada pessoal... que nós todas fazemos por sermos mulheres...
Ficou claro o Encantamento que existiu entre vcs... muito bom!!!
Isso é real demais!!!
Obrigada por sua participação bem adequada à fase, viu???
"Orvalhou o próprio Céu ante a face do Senhor"...
Bjm encantado e tenha uma noite amorizada
Lindo encantamento por aqui.valei!Linda flor também!!beijos,chica
ResponderEliminarPenso que a história ainda continua...
ResponderEliminarBem-vindas, SANDRA, SOCORRO, TETÊ, ORVALHO e CHICA!
ResponderEliminarPelos vistos a blogagem foi um sucesso, já vi que teve 50 participações. Não prometo que vá ler todas, mas faço questão de ler as vossas e comentar. Mas amanhã, porque aqui já é tarde... :D
SANDRA, só tive tempo para dar uma espreitadinha, mas imagino que com uma adesão tão grande haverá histórias encantadoras... :)
ResponderEliminarTeté, lindo encantamento e prazer em conhecê-la. Parabéns pela sua participação! Forte abraço!
ResponderEliminarSÃO, são realmente memórias minhas, mas resumidas e parciais - pois a história é mais longa! :)
ResponderEliminarObrigada e abracinho para ti!
Pelo menos são aquelas que se importam e nos importam, VIC, e não as estrelas do circo... :D
ResponderEliminarObrigada, RAINHA! A beleza depende muito dos olhos de quem vê... :))
ResponderEliminarMARIAZINHA, é só uma partezinha resumida de uma história real, um pouco mais comprida... :))
ResponderEliminarPara quem andou no liceu D. Pedro V, eram os circuitos e os passeios da época! Sete-Rios era a última estação de metro para os residentes em Benfica, Carnide, Amadora, Pontinha e por aí adiante, onde depois se apanhavam os autocarros ou carreiras para essas zonas! Agora o metro já chega a todas, felizmente! :D
Beijocas!
União dos Estudantes Comunistas (UEC), RAUF! E, na altura, bastante Marxistas, Leninistas e Estalinistas... :))
ResponderEliminarBeijocas!
Blogagem coletiva, no sentido do tema ser conjunto para os vários blogues que aceitaram aderir, MOYLITO, mainada! :))
ResponderEliminarPor essa de "cadáver esquisito" queres significar escrita a várias mãos?!? :D
É, SOCORRO, às vezes chega assim de mansinho e devagarinho, como quem não quer a coisa... :)
ResponderEliminarMas que marca, marca! :D
Obrigada e beijocas!
Oi, TETÊ, quase homónima nos blogues e homónima fora do virtual... :D
ResponderEliminarComo já referi mais acima, ainda não tive tempo para dar uma passadinha pelas restantes postagens (duvido que consiga todas, dada a grande adesão), mas amanhã é garantido pelo menos a quem me visitou! É que a hora aqui é mais tardia... :)
Beijocas!
Como é que acha que acabou, CARLOS BARBOSA DE OLIVEIRA? Muito idealismo e imaturidade, nestas idades, pois... :))
ResponderEliminarO namoro, posterior a esta fase, ainda durou cerca de dois anos! :D
Sabes que pensei em ti, TERESA? Quando estava a escrever e a lembrar essa época, pensei que devias ter memórias e percursos idênticos! :)
ResponderEliminarNo nosso caso vivemos tudo aquilo na época, namorámos cerca de dois anos e... acabámos por nos afastar! C' est la vie! :D
Mas gostei do teu final feliz! Mais madurinhos resulta melhor, certamente! :)
Beijocas!
ORVALHO, não sei se nesta idade não confundíamos um pouco a pessoa com aqueles ideais que tínhamos do amor, daí às vezes acabar em desilusão!
ResponderEliminarMas facto é que para quem os viveu, intensamente, são sempre momentos inesquecíveis... :)
Obrigada e beijocas!
Obrigada, CHICA! Também achei piada à foto para ilustrar o texto... :)
ResponderEliminarBeijocas!
A história continuou, EMATEJOCA, mas a parte que queria contar era apenas a do encantamento... :))
ResponderEliminarNão vaio haver sequela, portanto! :D
Bem-vinda, MARIA LUIZA! :)
ResponderEliminarObrigada pela sua visita, amanhã passarei pelo seu canto! :D
Abraço!
Olá Teté,
ResponderEliminarvocê escreve muito bem. Encantei-me com a história do seu principe encantado e do percurso caminhado por vocês os dois.
É tão bom quando as histórias encantadas virão realidade.
Beijinhos e os meus agradecimentos pela sua participação na coletiva.
Rute
yah :)
ResponderEliminarQue lindo este encantamento!Quando nos encantamos não importa como é ou como deveria ser, é aquilo que vem de dentro e nos encanta...
ResponderEliminarPaz e bem
Gostei e fiquei por aqui...
Muito bela história!!!Encantamento,fase que precisamos entender os porques de ser como é!!!Bjs .Estou com postagem em dois blogs tentando mostrar algo mais.
ResponderEliminarzildasantiago.blogspot.com
rumoslibertadores.blogspot.com
Bem-vinda, RUTE! :)
ResponderEliminarE obrigada duplamente, tanto pelas tuas simpáticas palavras como por teres tido esta iniciativa (conjuntamente com as outras Rs) tão bem sucedida e que teve tanta adesão! :D
Por mim, adorei participar! :))
Beijocas!
OK, entendi-te, MOYLITO! :D
ResponderEliminarBem-vinda, BEL RECH!
ResponderEliminarO Encanto chega muitas vezes sem o esperarmos, assim de surpresa... :)
Paz para ti também!
Bem-vinda, ZILDA!
ResponderEliminarEsse entendimento não será igual para todos e, por vezes, nem é absolutamente necessário vascular as razões. É assim e mais nada... :)
Olá!"Encantei-me" com as tuas palavras, parece que estava a palmilhar as ruas de Lisboa com vocês. Gostei da tua maneira de relatar o encantamento que foi surgindo aos poucos de uma amizade...acho que na maioria das vezes acontece assim!
ResponderEliminarAdorei tua participação!
Beijinhos, cá do Norte!
Bem-vinda, LINA!
ResponderEliminarNão sei se para a maioria das pessoas o encanto nasce da amizade, comigo foi (quase) sempre assim... :)
Obrigada, amanhã faço-te uma visitinha!
Beijocas!
Ah, Teté!! Por onde andas o seu príncipe agora? Divertido, simpático e brincalhão, cativante e sedutor... perfeito!! Infelizmente ou felizmente, a vida se encarrega de selecionar as pessoas que permanecerão do nosso lado.
ResponderEliminarObrigada por participar da coletiva e vamos que vamos para a próxima etapa!!
Bom Domingo!! Beijus,
Há momentos em que tudo nos parece perfeito, LUMA, mas depois a vida se encarrega de demonstrar que estamos erradas... :)
ResponderEliminarTive muito gosto, não há nada a agradecer! :D
Beijocas!