Fotografia de Ian Britton
Alunos cábulas, preguiçosos ou literalmente nas tintas para os estudos sempre existiram! Lembro-me do meu pai contar que, quando entrou no IST, deram-lhe os parabéns lá na terra e apontavam-lhe como exemplo um outro estudante mais velho, filho de uma das famílias mais proeminentes da região. Sem qualquer esperança de se equiparar ao conterrâneo - uma vez que ele trabalhava para pagar os estudos, alojamento, alimentação, etc. e tal e o outro recebia uma mesada dos pais que cobria todas essas despesas - iniciou o seu curso sem perspectivas de maior. Surpresa foi perceber que o dito fulano afinal ainda estava a marcar passo no 1º ano, quando todos julgavam que já estava no 3º ou 4º. Calou-se e seguiu a sua vida de trabalhador-estudante, considerou (e bem!) que o atual colega é que tinha de resolver o problema junto dos seus familiares. Como acabou por acontecer uns anos mais tarde...
Esta história não é filha única, repetiu-se até à exaustão durante décadas: os pais confiavam na palavra dos filhos, não lhes passava pela cabeça ir confirmar as notas nas pautas da universidade. Nem os que residiam longe, nem sequer os que viviam por perto. Mais avisadas (ou desconfiadas) gerações mais recentes, carecas de saber das patranhas de alguns estudantes, começaram a ir verificar as notas dos "miúdos". Sem admiração, um amigo meu constatou que um dos seus sobrinhos, para além de não ter notas na pauta, nem sequer estava inscrito no liceu, embora saísse de casa todos os dias de mochila às costas! Tão novinho e já tão espertinho, hein?!
Bom, mas isto foi antes da era informática! Agora, os iluminados docentes universitários crêem não ser necessário afixar as notas. A maioria dos alunos já é maior de idade, portanto toma conhecimento dos resultados dos seus exames via computador, mediante um código de acesso previamente fornecido. Justificação? Ah, porque eles podem não querer que os seus colegas saibam as suas avaliações. (não estudam e depois é traumático?!?) E os pais ou os familiares que pagam as avultadas propinas? Idem! Os docentes sacodem assim a poeira das calças, dando azo a que mais alunos cábulas prossigam impunemente a sua vidinha de estroina e, mais, facilitando que alguns ex-estudantes que frequentaram um curso (sem aproveitamento ou aprovados apenas a meia dúzia de cadeiras) se façam passar por "doutores" ou "engenheiros". E sim, acreditem que também os há, Relvas não é caso único... (embora a trafulhice dele fosse mais burilada, com a ajuda de compinchas maçónicos ou do laranjal!)
Chamo a isto um mau serviço ao país, que premeia os chico-espertos e, no limite, até pode pôr em causa o bom nome das universidades. Afinal de contas, onde está a tão apregoada transparência?
Chamo a isto um mau serviço ao país, que premeia os chico-espertos e, no limite, até pode pôr em causa o bom nome das universidades. Afinal de contas, onde está a tão apregoada transparência?
essa familia proeminente não devia conhecer escolas privadas!
ResponderEliminaressas é que são eleitas as melhores, que tem alunos com melhores notas...
Nessa época penso que não existiam universidades privadas ou, quando muito, só a Católica (mas para outras áreas), VÍCIO! E, claro, as notas não se assemelhavam às das ditas privadas... :)
EliminarAbençoadas pautas que nunca me deram nenhum desgosto! :-))
ResponderEliminarAbtraço
Bom, enquanto aluna a mim deram-me alguns, ROSA! Do filhote nem tive razão de queixa - exceto o "calcanhar de Aquiles" do desenho - durante todo o liceu. O primeiro ano da universidade dele foi para esquecer, fez apenas 3 ou 4 cadeiras, mas também soube na hora que a coisa estava a correr mal. Mas pronto, agora parece que já encarrilou... :)
EliminarAbraço
A 'Transparência' foi de férias, Teté. Diz que foi mais os manos 'Princípios' de malas aviadas para casa da 'Vergonha na Cara' até poderem voltar a sair à rua sem correrem riscos de serem atropelados pelos tais chicos espertos.
ResponderEliminarAgora mais a sério, isto é o serviço público que temos. O INE também manda questionários para preencher em vez de pedir os balancetes para serem eles a preencher os formulários inúteis. É tudo a facilitar. Compreendes, coitados dos dos administrativos da secretaria, terem de se levantar para ir afixar uma pauta. Ó Teté, por favor, né? Isso dá uma trabalheira!
Pois, também me parece que toda essa famelga foi para férias, prolongadas, SAFIRA!
EliminarQuanto ao resto, é mesmo isso: há coisas que dão uma grande trabalheira, portanto toca de atirar para cima das costas alheias... Cambada!
Este post fez-me lembrar o Vasco Santana, na "Canção de Lisboa" ! :)))
ResponderEliminarA situação das tias do estudante cábula e o seu paralelo com muitos dos pais nos dias de hoje, agora com a situação agravada pelas pautas informatizadas ! eheheh
Mas, atenção, que muitos pais também têm culpas no "cartório" ! ... É que dá muito trabalho andar a par da situação escolar dos filhos ! :)))
Beijoca !
.
É, até o Vasquinho andava armado em boémio, com o dinheiro das tias, RUI! :)))
EliminarPautas informatizadas e propinas que já pesam bastante no orçamento familiar, para a maioria das pessoas! Acredito que alguns pais se estejam "nas tintas" para isso e não se interessem se os filhos estudam ou andam na boa vai ela. Mas não serão muitos com esse desinteresse (e desafogo) todo... ;)
Beijocas!
(Eu não quero parecer rude mas só saio à rua quando o Otelo Saraiva de Carvalho me chamar, quando for a doer...)
ResponderEliminar;)
Xi, OOPS, se estás à espera que a bazófia do Otelo leva a algum lado, acho que o melhor é esperares sentado... ;)
EliminarComo diz o Rui da Bica, os pais também têm que desempenhar o seu papel :)
ResponderEliminarSem dúvida, LUISA! :)
EliminarMas com esta "filosofia", está-se a abrir portas a trafulhices de alunos e não só... ;)
Teté
ResponderEliminarSempre houve trafulhas e desonestos! Dantes os pais desligavam-se mais, deixavam os filhos fazer o percurso e arcar com as consequências. Sabes que não me lembro de os meus pais terem ido ao nosso liceu, fazer fosse o que fosse? É bom que os miúdos sejam responsabilizados.
(A história do Relvas é uma trafulhice à parte, ou, como diria o outro, a mãe de todas as trafulhices!)
Beijinho.
Também acho muito bem que os miúdos (se assim se podem chamar, com 18 anos ou mais) sejam responsabilizados, TERESA!
EliminarA minha mãe, infelizmente, foi algumas (poucas) vezes chamada ao nosso liceu, mas não foi por causa de notas ou desonestidade. Eu era um pouco "irrequieta", digamos assim, e depois ninguém me livrava do raspanete (também) em casa! Houve um ano que estive quase a chumbar por faltas disciplinares a lavores, que para mim eram a antecâmara dos horrores! Rima e é verdade! Felizmente, foi no ano do 25 de abril... :)))
Agora com os trafulhas que há por aí, o "exemplo" do Relvas e tal, não me parece boa solução as notas dos alunos ficarem no "segredo dos Deuses"... ;)
Beijocas!
Conheço alguns que andam por aí a exercer , nomeadamente advocacia, que conseguiram as licenciaturas com passagens administrativas. Era muito vulgar, na Faculdade de Direito, nos tempos em que Durão Barroso agitava a bandeira do MRPP.
ResponderEliminarO caso mais simbólico é o de uma senhora que quando e entrei para a Faculdade já lá estava. Eu saí ao fim de três anos e ela estava no segundo ano, mas com cadeiras do primeiro por fazer.Em 1974 estava no 3º ano, com cadeiras do 2º por fazer. Completou a licenciatura em Outubro de 76! Não digo onde ela nada nesta altura, porque nem é preciso, sei que a Teté descobre facilmente.
Eheheh, CARLOS, não sei quem ela é, mas não deve ser difícil pesquisar...
ResponderEliminarMas para quem andou na faculdade, não é novidade nenhuma: tive colegas que estiveram lá mais de uma década... sem fazerem mais nada! O meu pai demorou mais anos a tirar o curso que os previstos, mas trabalhava a tempo inteiro em simultâneo e ainda casou pelo meio... :)))