Caricatura de Henrique Monteiro, do blogue HenriCartoon.
Já escrevi aqui tantas vezes sobre o "novo" acordo ortográfico, que data de 1990 (isso não é já ser antigo, para um acordo internacional?), que não me vou repetir: discordei da forma como foi alterado - em gabinetes de elites "iluminadas" - mas, em relação ao conteúdo, quem sou eu para me pronunciar? Algumas regras parecem-me mais felizes que outras, só isso... Adiante!
Também não me vou deter na atitude de Vasco Graça Moura, ao chegar à presidência do CCB e decidir que ali não há "modernices" ortográficas até 2014 - ou até ser substituído, vá! Cada um toma as atitudes que quer, se o governo é frouxo e as aceita de um dos seus boys mais empedernidos, who cares? Ficamos apenas com a noção que, nestes assuntos (só?!), o aparatchik laranja fala mais alto do que qualquer tratado internacional...
Dito isto, estou farta de me rir com a celeuma que voltou a gerar, tanto com a caricatura, como com dois belíssimos textos que nos ensinam a escrever com a ortographia das nossas origens (ou quási):
- "A voz das consoantes sem voz", de Rui Tavares;
- "Parenthesys", de Vitor Fernandes.
Vale que ainda há sentido de humor nesta terra!
ps - o título foi "extraído" do vernáculo das primeiras páginas de "Frei Luís de Sousa", de Almeida Garrett, na versão original de 1844...
Amiguita
ResponderEliminarJá somos dois a partilhar esta opinião.
Não consigo entender este acordo. Até há pouco tempo ainda pensava que todas as palavras com letras que não se liam passavam a escrever-se sem essa consoante. Estava completamente errado. Há umas que sim, outras que não e ainda outras assim assim, que é como quem diz, escrevem-se das duas maneiras.
Entendo que desde sempre a forma de escrever vem sendo alterada e não é preciso recuar aos Lusíadas, mas desta vez acho um exagero.
Mas estou como tu. Quem sou eu para opinar o que quer que seja.
Em Roma terei de ser romano, não é?
Beijinho Teté
Os que não gostam de modernices como esse senhor, pronunciaram-se na altura quando o novo acordo ainda estava na fase de estudo? Que perda de tempo. Tanta energia que se dispende em determinadas questões sem se chegar a nenhum conclusão ou ação. É por isso que alguns países evoluem mais e mais rapidamente do que outros. A polémica que o novo acordo gerou é apenas um pequeno exemplo.
ResponderEliminarTambém eu sou uma girl empedernida no que respeita o novo acordo, no entanto, é-me indiferente como os outros escrevem logo que compreenda o que leio.
ResponderEliminarNa Alemanha, houve e continua a haver a mesma polémica e o nosso penúltimo nobel também é contra a nova ortografia, enquanto a minha filha do meio (sem nobel) é a favor.
Everything goes...
A regra geral é essa, KIM: as letras que não se pronunciam não se escrevem! Mas nas que se pronunciam mantém-se: facto, ficção, néctar, etc. e tal.
ResponderEliminarClaro que de início provoca alguma confusão, mas depressa te adaptas. Ainda no outro dia estava a anotar os nomes das atrizes e atores de um filme qualquer, à pressa, e, quando dei por mim, já estava a escrever sem os "C"s... :))
Mas o fundo da questão é essa mesmo: de que adianta revoltarmo-nos por causa de uns "C"s e "P"s mudos, uns hífens a menos e pouco mais? Não há assuntos mais importantes com que nos devamos revoltar? ;)
Beijocas, amigo!
Verdade seja dita que este senhor sempre foi contra, CATARINA! Não sei se participou na fase de estudo ou se "bateu com a porta" por discordar dos restantes. É considerado um dos melhores tradutores da língua portuguesa. Daí até impor o seu ponto de vista, quando o tratado já foi ratificado e entrou em vigor são outros "5 paus"... ;)
ResponderEliminarMas sim, concordo que este canalizar de energias contra umas alterações na ortografia - que afetam apenas 1,6% das 180 mil palavras inscritas no nosso dicionário -, ainda por cima durante mais de 21 anos, é pura perda de tempo e demonstra um espírito pouco prático. Mas fazer o quê? Com tantos problemas mais relevantes para todos nós, enquanto a malta andar aí "distraída" a discutir o assunto, os governantes até descansam... :S
E sim, bem sei que é um mero (e mau)exemplo de como as coisas funcionam por cá!
Querida EMATEJOCA, as línguas vivas sofrem alterações, aqui e em todo o lado, consoante os seus falantes e escreventes vão mudando a sua linguagem no dia a dia! :)
ResponderEliminarAqui não há volta a dar: o tratado internacional foi ratificado e posto em vigor! Com um período de adaptação e transição até 2014, em que há opção de escrever de uma maneira ou de outra. Portanto, o que VGM conseguiu foi um mero adiamento no CCB! A fazer figura de "herói" para todos aqueles que discordaram. Sem qualquer sentido prático...
Mas cada um é livre de escolher as próprias lutas, evidentemente, embora algumas me pareçam inglórias... :D
Estáz bué de serta, Teté. A lingoa kérsse viva, e para iço tem de evoluir! Ke ce liche a noça identidade, o ke importa é ce escreva bem! ;)
ResponderEliminarBeijocas!
aqui por estas bandas é tudo a refilar contra o acordo. Cá eu, não lhe ligo e continuo a escrever como me ensinaram
ResponderEliminarCá por mim, para já, é óptimo ou ótimo ! ... Que se lixe ! ...:)) Afinal se escrever de uma maneira está bem, porque está pela ortografia antiga e ninguém repara e se escrever da outra, está pela nova e também está bem ! Passamos a ter as duas hipóteses, o que não é nada mau ! Até é cómodo ! :)))
ResponderEliminar.
Nesta terra faz-se humor com tudo :)
ResponderEliminarJá tinha lido outros textos do género, são realmente bons...fazem-nos rir ou sorrir e bem ou mal escritos, segundo o novo AO, todos conseguem ler...uma das coisas que reparei, e como estamos numa altura em que se pode escrever como bem entendemos, é que podemos dar erros que ninguém nos vai corrigir...pensam que estamos a escrever com algum AO, novo, velho, reciclado ou inventado por nós ehehe
Beijinho :)
Ai Rafeiro essa da nossa identidade carece de tanta explicação. Como diz a Teté não é preciso ir mais longe eu, passe a repetição, longe de mim evocar os escritos do nosso El-Rei D. Denniz, mas bastaria que Eça de Queiroz fosse vivo agora para estranhar, deveras, (como eu gosto de dizer deveras, mas adiante) a forma como nós escrevemos (ante AO). E se ele tivesse a mesma opinião de que tínhamos perdido a nossa identidade, isso significava que desde que eu aprendi a escrever na primária fiquei sem BI?
ResponderEliminarPor mim estou sempre com aqueles que quiserem estar um passo à frente. Os velhos do Restelo são para a ficção literária.
Quando a evolução é clara e parte de dentro, eu aceito e compreendo. Quando é imposta de fora, sem explicarem os objectivos e à revelia das partes interessadas, eu torno-me um velho do Restelo. Ou da Luz, que tem mais a ver com o meu clube.
ResponderEliminaros dois textos são muito bons, mesmo. De qualquer modo, discordâncias de parte, tendo a seguir a máxima agostiniana: "Amem e façam o que quiserem".
ResponderEliminarEu sinceramente não gosto destas novas regras do acordo ortográfico. Para além de não perceber nada, ainda não me debrucei sobre essa questão, acho que temos problemas muito mais sérios em Portugal para resolver do que a mudança da nossa forma de escrever. Mas enfim, as preocupações não podem ser todas iguais, não é?
ResponderEliminarBeijinhos
Patrícia
Vou colar aqui o comentário que fiz no blogue de Vítor Fernandes:
ResponderEliminarSe viajasse pelo interior do Brasil, veria que não há acordo que alinhe o português e calculo, haja em Portugal, a mesma cepa de modus operandi da língua portuguesa. Portanto, não existe acordo que diga ao povo como fale, porém se vamos escrever conforme falamos, não entraremos em acordo jamais!
Boa semana! Beijus,
Gosto mesmo é da caricatura! Mas esta polémica é mesmo "cousa de cavalleiros de letras" - oh balha-me deuzzzzz não havia nezezidadezzzz...
ResponderEliminarBeijinhos
O que importa é mesmo que se escreva bem, RAUF, de maneira a que todos compreendam, com ou sem acordo. Infelizmente, muitos escrevem pior do que tu escreveste no gozo... :D
ResponderEliminarE fazes muito bem, TERESA DURÃES! Se não fores obrigada a mudar, na tua profissão, a quem interessa se escreves de uma maneira ou de outra? :))
ResponderEliminarTambém me parece indiferente, RUI, desde que escrevam de maneira a que os outros entendam... :))
ResponderEliminarAinda bem que se faz humor com tudo, MARIA, pelo menos sempre vamos rindo, apesar dos pesares... :D
ResponderEliminarA mim irrita-me um bocado ler textos mal escritos, que ninguém entende! Quer dizer, há o mínimo necessário para se saber comunicar, não é necessário grandes estudos. E palavras inventadas até têm a sua piada. Agora se é escrita antes ou depois do acordo, não me rala nada... :))
Beijocas!
Não tenho dúvidas que o Eça estranharia, o Garrett idem e o Camões ainda mais, VITOR! E para velhos do Restelo, também já me chegou o do Camões... :))
ResponderEliminarClaro que devia ter partido de dentro, RAFEIRITO, da maneira como os povos falam e escrevem, até aí estou plenamente de acordo! Mas não foi isso que aconteceu! E agora, fazer o quê? Fazer birra e amuar? Por mim, há lutas mais importantes na vida do que essa! :)
ResponderEliminarMas fazes bem em permanecer um "velho" da LUZ! Logo agora que está tudo a correr tão bem... :D
Beijocas!
Tenho esperança de nunca vir a ser obrigado a escrever nos termos do novo acordo...
ResponderEliminarE é uma boa máxima mesmo, MOYLITO! Para esta e outras questões que não são essenciais à nossa sobrevivência... :))
ResponderEliminarClaro que há problemas muito mais graves no país que o desaparecimento de umas letras mudas e de uns hífens, PATRÍCIA, mas há quem compre estas "guerras"... :)
ResponderEliminarBeijinhos!
Essa é parte do problema, LUMA: por mais acordos que existam não há maneira de controlarem como o povo fala. Portanto, o esforço, mesmo que bem intencionado, pode vir a ser gorado. Mas, quer dizer, isso não me tira o sono... :D
ResponderEliminarBeijinhos e boa semana para ti!
Não havia nexexidade mesmo, GRAÇA! Mas eles que se entendam, que a malta cá vai rindo dos dislates, que desta vez não têm consequências de maior na nossa felicidade... :))
ResponderEliminarBeijocas!
CARLOS BARBOSA DE OLIVEIRA, temo que na sua profissão tal não seja possível, mas nunca se sabe... :)
ResponderEliminarEu só não percebo porque é que isto não foi referendado. Ah, que parva! Porque se calhar não passava, será?
ResponderEliminarEu recuso-me a escrever à tótó, só porque sim. Não vejo necessidade de novo acordo ortográfico, entendo-me perfeitamente com as regras que aprendi em devido tempo e, correndo o risco de parecer Velha do Restelo, acho que nada justifica semelhante mutilação. Ainda se me explicassem qual o interesse, talvez compreendesse, mas assim...rebelo-me, pois então. Nem quero saber, escrevo como sempre escrevi. Temos pena.
O novo acordo não me incomoda. Acho que a língua é dinâmica e, desde que seja para facilitar a comunicação...
ResponderEliminarJá as TLEBS incomodam-me muitíssimo! Já alguém tentou perceber a nova gramática?
Os acordos internacionais nunca são referendados, SAFIRITA, pois, em princípio, pressupõem que as partes que os discutem tenham conhecimentos técnicos adequados! E disso não tenho dúvidas: não passava este, como não passavam os outros todos, que o povo, de um modo geral, é avesso às mudanças! :))
ResponderEliminarSegundo creio, tu podes escrever como quiseres a nível profissional. No fundo, isto afeta mais professores, escritores, jornalistas e outros que fazem das letras a sua profissão! Portanto, estás à vontade... :D
Beijocas!
TERESA, nem nunca tinha ouvido falar desse TLEBS (terminologia linguística para os ensinos básico e secundário), hei de dar uma vista de olhos!
ResponderEliminarMas imagino que para um professor seja mais complicado do que o próprio acordo... :)
Até me começarem a mandar escrever as palavras "erradas" 50 vezes não vou alterar a maneira de escrever. Eventualmente há-de acontecer com naturalidade. Se não acontecer, também não há-de vir mal ao mundo. Afinal, já ninguém dá réguadas a ninguém :P
ResponderEliminarOra nem mais, FAUSTO! Cada um faz como entender, agora já não há pachorra é para ouvir estas discussões com 21 anos de existência, como se não houvesse outros assuntos mais importantes para resolver nesta terra... :D
ResponderEliminarNunca se esteve tão bem como agora! Cada escreve como bem lhe entender e não há cá histórias! ;) Agora a sério isto do acordo não me agradou em muitas coisas, porque não tem regra, nem sentido, mas já o inseri no meu dia a dia e pronto.
ResponderEliminarAgora que todos os dias recebo informação ora escrita de uma forma, ora de outra lá isso recebo... É assim... é uma república das bananas, é o que é!!
Suponho que num período de transição não podia ser de outra maneira, TONS DE AZUL! Até as pessoas se habituarem, porque na verdade, daqui a uns tempos, já ninguém se lembra de como se escrevia "antigamente"... :))
ResponderEliminarO acordo foi mal feito? Acredito que sim, que podiam ter feito melhor. Mas escapa-me o porquê de toda esta discussão durante 21 anos... como se não houvesse nada mais importante a preocupar-nos! :S
Beijocas!
Eu sempre fui contra ao novo acordo, pela forma como foi implementado e porque não vejo sentido em algumas regras implementadas.
ResponderEliminarActualmente estou a ler a primeira edição de "O Crime do Padre Amaro" em formato ebook, disponibilizado pela Biblioteca Nacional online, e as diferenças da escrita são notórias. Pus-me a pensar que a evolução da escrita é inevitável e não é isso que nos vai fazer perder a identidade da escrita portuguesa.
Vou continuar a escrever como aprendi pois, apesar de já aceitar melhor esta questão do acordo ortográfico continuo a não concordar o facto de uma palavra ser escrita de duas formas conforme conveniência. Enfim, tal como já foi referido, o importante é escrever sem erros independentemente de ser em função ou não do acordo ortográfico.
Pois, LANDA, acontece que alguns, a nível profissional têm de se adaptar já à nova escrita, mas quem não tem não precisa de se preocupar com o assunto para já.
ResponderEliminarApesar de tudo, penso que as pessoas se vão habituar rápido, uma vez que jornais e TVs já o adotam na maioria dos casos. Eu própria já li dois livros pós acordo e não estranhei praticamente nada. A não ser na palavra "para" com o significado do antigo "pára". Aí sim, tive de ler a frase umas três vezes até perceber... :))