quarta-feira, 28 de setembro de 2011

RAPOSAS DE FOGO

A acção de "Raposas de Fogo" ("Firefox", no original), de Joyce Carol Oates, decorre entre finais de 1952 até 1956 e relata as aventuras e desventuras de um gangue de raparigas adolescentes, em Hammond, então um dos bairros mais problemáticos de Nova York. Isto descontando que a narradora - antigo membro desse mesmo gangue - descreve as suas anotações e memórias volvidos quase 40 anos. De salientar ainda  que é um romance de ficção, enquadrado na vivência da época, mas longe de qualquer traço histórico significativo.
Confesso que, de início, não considerei o livro particularmente empolgante: um bando de miúdas adolescentes provenientes de famílias disfuncionais, que resolvem reunir-se para se protegerem umas às outras - alvo fácil de chacotas e abusos de toda a espécie - e que, aos poucos, vão percebendo o poder que têm nas mãos, quando se vingam dos seus agressores?  Enfim, não é exactamente a minha praia.
A carismática Pernas (Margaret Ann Sadovsky, de seu nome de nascença), orfã de mãe e filha de um pai que preferia não ter, tem um ascendente enorme sobre algumas das suas companheiras de escola mais infelizes, sempre guiada pelos ensinamentos que um velho padre alcoólico e marxista lhe inculcou. Maddy (a narradora), Goldie, Lana e Rita alinham na primeira fila, mas posteriormente várias outras jovens se juntam ao gangue. Contudo, torna-se imediatamente previsível que de vítimas se vão transformar em agressoras, sem limites de qualquer lei, apenas cingindo-se às regras mutáveis e indefinidas da sua própria irmandade...
367 páginas muito repetitivas, com as agitadas raparigas sempre a exaltarem as "raposas de fogo" (denominação que escolheram para o grupo), perpassando a ideia de "Robin dos Bosques": castigar os ricos "capitalistas" e proteger os pobres e mais frágeis. Sendo que os homens também pertencem (quase) todos ao "inimigo", na perspectiva de Pernas.
De assinalar que a prolífica autora recebeu vários prémios literários - entre eles o National Book Award - e foi indicada para outros como o Pulitzer de ficção, que não chegou a ganhar, mas nenhum deles devido a este livro, escrito em 1993. Como exemplar único que li da escritora (sem termos de comparação), os longos parágrafos quase sem vírgulas, diversas contradições, cenas pouco compreensíveis ou até uma ou outra troca de personagens (não fui a única a aperceber-me do "pormenor", no Clube de Leitura!), deram-me a sensação de um livro escrito "à pressa", para cumprir qualquer prazo editorial...
Acrescento ainda que houve quem gostasse. Muito! Pessoalmente suponho que, para uma escritora tão premiada, esta não deverá ser a melhor escolha para começar!
CITAÇÕES:
"Sabia-se que as instalações prisionais eram propositadamente construídas no campo para dificultar o acesso às visitas. Às pessoas demasiado pobres para possuírem carro, por exemplo. E naturalmente não passavam por ali autocarros. Red Bank estava entre nada e nenhures, demasiado pequena para que lhe chamassem cidade, apenas um aglomerado de casas no sopé das montanhas Chautauqua."
"A pessoa de quem se gosta mais, aquela com quem partilhamos o mundo. Quando esta pessoa desaparece o mundo permanece mas não é a mesma coisa, está afastado."

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A próxima sessão do Clube de Leitura foi agendada para dia 12 de Novembro, com o livro "Invisível", de Paul Auster.
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16 comentários:

  1. Não me atrai...
    De momento, nem me recordo se li algum livro desta escritora.

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  2. Também não me atraiu por aí além, CATARINA, nem no princípio, nem no fim! Lê-se... ;)

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  3. eu sempre gostei muito de Firefox! mas tem que ser com uns extras instalados :d

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  4. Fiquei curiosa. Bem-hajas.
    Bshell

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  5. Tu és a minha conselheira literária ;;) se dizes que não gostaste, eu também não vou gostar e acabou-se ~xf

    Agora estou a ler "Enquanto Salazar dormia..." tu adoraste, eu vou a meio e também estou a adorar :)

    Se algum dia adoras um e eu compro e não gosto, ajustamos contas :n =))

    Beijinho :)

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  6. E foi a raposa de fogo esteve ontem de guarida à porta do gabinete não deixando ninguém entrar até o moquifo ficar desparasitado. Thanks so much, dear Firefox.

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  7. Hummm não fiquei impressionada

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  8. Anónimo9/28/2011

    Não conheço esta escritora mas certamente Paul Auster é bem mais interessante. Pelo menos é uma certeza.
    Beijinho Tété
    Kim

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  9. Pois, desse Firefox também gosto, VÍCIO!!! :D

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  10. Bem-vinda, BLUE SHELL!

    Há (muitos) livros melhores... ;)

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  11. Ui, que responsabilidade, MARIA! =))

    Mas não tenho pretensões a crítica literária, note-se, só vou dando as minhas impressões dos livros que leio e já se sabe que nem todos partilhamos os mesmos gostos... ~xf

    Ainda bem que estás a gostar de "Enquanto Salazar Dormia..."! :D

    Beijocas!

    ps - ajustamos contas?! ui, ca medo! :))

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  12. Ah, não tenho a certeza se foi do Firefox ou do blogger, PAULOFSKI! A net às vezes tem amoques... :p

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  13. Nunca li nada de Paul Auster, KIM, mas há quem adore o escritor e quem o deteste. Nada como experimentar ler um: pode ser que seja uma das adoradoras! :D

    Beijocas!

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  14. Comento mais tarde este texto sobre o livro de uma autora que gosto imenso de ler, mas para já só respondo ao teu comentário:

    Porque o filme passou no Auditório Municipal de Gaia, que fica em frente à casa do Gui, e os bilhetes só custam 3€!

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  15. Ora ainda bem que alguém conhece a escritora, EMATEJOCA, porque tenho estado à espera que alguém tenha uma opinião sobre os seus livros, não apenas deste especificamente! :)

    Mesmo assim, se não gostavas do género de filme, 3€ não é um desperdício? ;)

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Sorri! Estás a ser filmad@ e lid@ atentamente... :)