É pegar ou largar! Peguei e não larguei! Adorei!
Nunca tinha lido nenhum livro de José Luís Peixoto, vivamente aconselhado pela Tons de Azul, uma leitora incansável. "Muito deprimente!", afirmava outra amiga, igualmente assídua nas leituras. Perante estas duas perspectivas, decidi que o melhor era ler e tirar as minhas próprias conclusões. E começar pelo último título do escritor, sem essas impressões alheias sobre os anteriores. Calhou "Livro", em boa hora!
"A mãe pousou o livro nas mãos do filho.
Que mistério. O rapaz não conseguia imaginar um propósito para o objecto que suportava. Pensou em cheirá-lo, mas a porta do quintal estava aberta, entrava luz, havia muita vida lá fora. O rapaz tinha seis anos, fugiu-lhe a atenção, distraiu-se [...]"
O nome do rapaz é Ilídio e não imagina ainda que a mãe está prestes a abandoná-lo junto à fonte da vila, decorria o ano de 1948. Josué, o pedreiro que construíra essa fonte - que certo dia jorrara da bica a fossa da D. Milú como se fosse um pesadelo - vai buscá-lo e leva-o para sua casa. Os anos passam e Ilídio vai crescendo na companhia de Josué, dos amigos Cosme e Galopim, namorando Adelaide às escondidas da velha Lubélia, tia da rapariga. Mas quando finalmente têm coragem para assumir o noivado, a velha ri-se muito e num instante manda a sobrinha fazer a mala e mete-a numa camioneta para França. O apaixonado Ilídio tenta seguir-lhe o caminho, na companhia de Cosme, desejoso de fugir à guerra...
A partir daí o enredo foca a emigração, as más condições nos biddonvilles dos arredores de Paris, a dificuldade de entendimento de uma nova língua, mas também o espanto de encontrar outras vivências, mentalidades e culturas. Simultaneamente, uma história que retrata a realidade de um povo pobre que tem de batalhar pela sobrevivência, longe da sua terra natal, à qual está preso por raízes inexplicáveis racionalmente.
262 páginas lidas num ápice, divididas em dois capítulos, em que o primeiro nos dá uma imagem de outros tempos num pequeno núcleo de personagens da mesma aldeia (até à 204 e Abril de 1974) e o segundo assemelha-se a um epílogo prolongado, com divagações várias, sem norte...
Mesmo assim, repito: ADOREI!
Este vou comprar e ler.....abriste-me o apetite por este livro.
ResponderEliminarEspero que o teu dia ontem tenha sido simplesmente maravilhoso.
Beijokitas
Li esse senhor uma vez.
ResponderEliminarE foi a última...
Ainda não li esse, mas fiquei com muita vontade!
ResponderEliminarGosto muito do José Luis Peixoto, especialmente como poeta.
Bjs
nunca me chamou muito a atenção, o Peixoto, mas a descrição que fazes é apelativa.
ResponderEliminarOlá Teté!! Eu acabei há pouco o 3º volume da Millenium!! YEEEEEAAAAH um ano depois. Tenho um que me foi oferecido por uma amiga Brasileira do Machado de Assis, “Dão Casmurro”! Esta a interessar-me! Mas pronto tudo para dizer que as minhas leituras de livros estão pelas ruas da amargura. Esse que falaste parece ser bem interessante, quem sabe se eu tiver oportunidade de o apanhar…
ResponderEliminarEu até gosto de coisas deprimentes eheheh.
Beijos.
Obrigada, mais uma vez, PARISIENSE! :x
ResponderEliminarAcho que é daqueles livros que é difícil não gostar! :D
Beijokitas!
Há gostos para tudo, REIZÃO! Mas também já me disseram que é diferente do habitual dele... ;)
ResponderEliminarLeio pouca poesia, TERESA, para não dizer quase nenhuma! De quando em vez calho com um poema que leio e gosto, agora ler um livro assim todo de enfiada de poemas, nem por isso. Suponho que têm de ser saboreados com mais calma, para se entender o seu sentido... :)
ResponderEliminarQuanto ao livro, estou convencida que vais gostar!
Beijocas!
A Tons de Azul é que é grande fã do Peixoto, mas tinha de ler algum, para saber para que lado pendia, MOYLITO! Este convenceu-me mesmo! :D
ResponderEliminarNem te vou perguntar se ainda te lembravas da história, porque aquele enredo é difícil de esquecer, PSIMENTO! E se não largaste, mesmo tanto tempo depois, é porque gostaste! :D
ResponderEliminarTambém já li Dom Casmurro, não há muito tempo, acho que postei sobre ele em Agosto de 2009. Mas esse é um clássico da literatura brasileira, de que também gostei bastante!
Este, não sendo de todo um romance cor de rosa, também está longe de ser deprimente! :)
Beijocas!
Pois, "Dom Casmurro" eheh :p
ResponderEliminarGosto muito (imensimíssimo!) do Peixoto, mas esse ainda não li. Tenho um outro dele em lista de espera.
ResponderEliminarLembraste bem o "Dom Casmurro", PSIMENTO, que aproveitei para trocar o pensamento intemporal... :)
ResponderEliminarSó li este, SUN, ainda não tenho bitola para avaliar se gosto muito ou se calhou. Vou tentar ler mais prosa dele - nada contra a poesia, mas não a costumo ler, muito menos num ápice. E esses que me interessam tanto que não os largo até ao fim costumam ser os meus preferidos... :)
ResponderEliminarAdorei o Livro, também eu! =)tocou-me tão profundamente, mais do que a própria história, a escrita despretensiosa do JLP. E agora nunca mais o largo... =) também escrevi sobre o livro no meu blog, em http://domeupedestal.blogspot.pt/2011/05/livro-de-jose-luis-peixoto.html, se gostares de ler outras opiniões... =)
ResponderEliminarVou lá espreitar, sim, BRISEIS! Claro que gosto de ler outras opiniões, sendo que as que menos me interessam são as de críticos literários encartados! :))
ResponderEliminarE sim, fiquei fã! :D