Conheci Medina Carreira noutros tempos: era amigo do meu pai, desde que foram alunos nos Pupilos do Exército! Amizade que mantiveram até o meu pai morrer, já lá vão muitos anos. Deixei de o ver quase desde essa época. A não ser na televisão, com as mensagens catastróficas do costume sobre o país, que embora não sejam totalmente isentas de sentido e de verdade, me desagradam. Como desagradam as de outros comentadores políticos, por outras razões...
Certo é que nunca pretendi falar dele aqui: nem bem, nem mal! E continuo a não pretender, mas partilho inteiramente a opinião de Filomena Martins, na sua crónica do "Diário de Notícias" de 8 de dezembro de 2012, neste excerto:
"Que o Ministério Público tem de investigar todos os indícios e pontas soltas de um processo não há dúvidas. O problema - o grave problema - está na forma como o faz. Medina Carreira é apenas a última vítima (conhecida) dos métodos de investigação das nossas polícias, que começam a fazer lembrar os que Edgar Hoover impôs na América quando fundou o FBI. O nome do fiscalista e ex-ministro das Finanças surge numa das "agendas" de remessas de dinheiro dos arguidos do caso e isso obriga a ir verificar. Mas é possível fazê-lo - para chegar à conclusão de que afinal era só um nome de código - sem ser na praça pública. Da forma como foi feito (mais uma vez) só pode ter um propósito muito baixo. Se isto se tem multiplicado em relação a figuras mais ou menos conhecidas da nossa sociedade, imagine-se o que acontecerá a pessoas sem voz ou meios para se defenderem. Já há razões para sentir medo da investigação criminal em Portugal. Qualquer um pode ser envolvido publicamente numa história com a qual nada tem a ver. Por manifesta incapacidade do Ministério Público em gerir a informação. Ou, no pior cenário, por permitir que essa informação seja manipulada e usada para fazer julgamentos sumários. A perceção dantes era de que os poderosos nunca eram investigados. Agora é exatamente a contrária: parece já não existir quem não seja suspeito de um qualquer crime, suspeita que na maioria das vezes nunca se concretiza, permanecendo a dúvida eterna. Não sei o que é pior. Sei é que a descrença nesta justiça e nesta investigação já não devia cair mais. Mas afinal parece que há níveis abaixo do lodo."
Neste caso específico, pareceu-me uma questão de justiça: imparcial, como a ética exige!
Não lhe aprecio o estilo, como não aprecio o de outros comentadores mas não acreditei minimamente em semelhante atoarda!
ResponderEliminarNão percebo como é que estas notícias são postas cá fora, pondo em causa o nome de uma pessoa.
O princípio da inocência deveria ser respeitado.
Penso que há gente na polícia a receber dinheiro para dar estas informações à comunicação social que precisa de vender!
Abraço
Também acredito que há gente na polícia e quiçá nos tribunais a passar estas informações à comunicação social, ROSA! Pior é que ninguém sabe quem são esses "bufos" e se o fazem por dinheiro ou por vingança política. Neste caso, pareceu-me tramóia montada: o arguido tinha um livro tão bem "escondido" que a polícia descobriu logo. E nesse livro estava inscrito o nome dele, mas afinal era um código. Daí até lhe revistarem a casa, o escritório e os computadores foi um saltinho, já com os jornalistas devidamente informados... :P
EliminarMas enfim, enquanto as investigações funcionarem assim, escapam os tubarões e são incriminados a arraia miúda e alguns inocentes, que alguém quer tramar. Pior, é que ninguém está livre que isso lhe aconteça também... até porque as razões podem não ser só políticas!
Abraço!
Não li nada sobre o assunto. Mas, como dizes, a dúvida permanence e assim se mancha a reputação de um indivíduo sem quaisquer consequências para quem o faz.
ResponderEliminarO assunto é recente, CATARINA! E na busca que fizeram não encontraram nada incriminatório. Mas a ideia que fica e uma vez que a notícia (ou falta dela!) foi parar aos jornais é a velha história de "não há fumo sem fogo"... Neste caso, acredito que o fumo foi ateado propositadamente para o incriminar, já que ele não costuma ter papas na língua!
EliminarE claro, ninguém sabe quem comunicou aos jornais, nem nunca arranjam maneira de o descobrir! Um segredo de justiça da treta, portanto!
É nestas alturas que gosto de ser uma pessoa comum.
ResponderEliminarMais do que a reputação manchada, é uma vida em jogo.
beijinhos
Pois é, NINA, é menos provável que uma pessoa comum possa ser assim incriminada. Mas não é de todo garantido, já que as razões podem não ser só exclusivamente políticas...
EliminarBeijocas!
Com Medina Carreira ou com qualquer outra pessoa, esta maneira de atuar das polícias só faz aumentar o descrédito na investigação e na justiça em Portugal.
ResponderEliminarJá de si bastante descredibilizada por atuações que levam a processos que morrem nos tribunais, LUISA!
EliminarConcordo! Uma vergonha o que fazem com as pessoas!
ResponderEliminarAchas que esta gente tem vergonha destes métodos, GRAÇA? Não me parece... :P
EliminarMedina Carreira não me agrada ,pela arrogância , porque não diz a verdade toda e não dá o direito de contradiotório.
ResponderEliminarNo entanto, tenho-o por ser honesto e acho que a maneira como este Governo está a proceder contra pessoas que são frontais e não entram em jogos florais em favor do Governo estão a ser alvo de manobras muito semelhantes ás que se viam no Estado Novo!!
Bo semana
O problema é mesmo esse, SÃO! Com Medina Carreira ou com outro qualquer - menos provável com gente "anónima" como nós, mas também pode acontecer - este método de incriminar publicamente e investigar depois deixa muito a desejar! E sim, é um tipo de atuação quase pidesca - "queimar" as pessoas na praça pública, com ou sem motivo! :P
EliminarBoa semana!
Sempre fui muito crítico de Medina Carreira e até o incluí na colecção de cromos do CR. No entanto, o que se passou não só é preocupante, porque demonstra a ligeireza da justiça neste país, como também revoltante, pois títulos como o da primeira página do Sol,são mais uma prova de que Justiça e Comunicação social estão amancebadas.
ResponderEliminarEntretanto, como já há tempos eu vinha alertando, há gente nos gabinetes ministeriais a serem pagos por nós, para fiscalizarem a blogosfera. Depois, digam que a PIDE não ressuscitou...
O que se passou com Medina Carreira podia ter-se passado com qualquer outra pessoa que quisessem tramar, CARLOS, e isso é que me pareceu relevante! O problema é que esta "Justiça" a funcionar assim não é justiça e não cumpre o seu papel. E a comunicação social, como sempre, dá de si uma triste figura, a correr atrás de "furos" para vender, em vez de tentar esclarecer e informar e não ir atrás de boatos e "fumaças"... :P
EliminarBom, quanto a esses biltres, já se suspeitava, pelos vistos um elemento mais lerdo desbocou-se completamente! O que teve a vantagem de percebermos como funciona! :P