quarta-feira, 10 de março de 2010

PROCURAM-SE CULPADOS?

Fotografia de Ian Britton

Agora inventaram um novo nome para a violência nas escolas: bullying! A terminologia inglesa soa mais impressionante, mas na verdade sempre existiu. Aqui, como em toda a parte do mundo.

As crianças e os adolescentes têm um enorme instinto para a crueldade: conhecem os pontos fracos dos colegas, o seu desgosto por serem gordinhos, usarem óculos, terem dificuldades de aprendizagem e por aí adiante. Em grupo - tanto para sobressair na liderança, como para evitar ser o próprio alvo dessa chacota - comportam-se como verdadeiras bestas, humilhando esses companheiros de carteira sem mais nem porquê.

A grande diferença do "antigamente" é que todo e qualquer exagero era resolvido com uns tabefes merecidos, uma suspensão ou até a expulsão da escola! Actualmente os "meninos" são intocáveis, a maioria dos professores descarta-se das responsabilidades, os encarregados de educação supostamente assoberbados pelos horários de trabalho raramente intervêm e os maganões passam impunes!

Enredados nesta teia, não admira que em Portugal a culpa morra solteira...

16 comentários:

  1. podes crer!
    "antigamente" até a hiperactividade era resolvida em casa...

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  2. A culpa morre solteira mas não virgem...

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  3. Concordo inteiramente com o penúltimo parágrafo (A grande diferença do antigamente ...)e aí é que reside a questão.
    Continuando assim, assim se manterá.
    .

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  4. Tens contrato exclusivo com o fotografo Ian Britton???!

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  5. Concordo em absoluto com a tua opinião, isso sempre existiu. No recreio das escolas que eu frequentei também tive os meus inimigos de estimação. Os adolescentes muitas vezes criam uma barreira intransponível, vivem mais amedrontados em revelar os seus problemas do que a enfrentá-los. Em casa, os pais devem estar atentos e perceber nos sinais estranhos que notam do seu comportamento. Devem procurar conversar com eles para entenderem o que os incomoda. Os jovens devem procurar ajuda nas pessoas em que mais confiam. A escola e os professores devem ter um papel mais atento ao comportamento dos seus alunos de modo a actuar de imediato e sem contemplações.

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  6. Sim! Eu concordo com o teu artigo, mas acrescento ... Antigamente qual era o professor que não se apercebia do sofrimento de um aluno? qual era o aluno que ao ver o sofrimento de um colega não se abeirava de um professor a pedir ajuda?
    Qual era o professor que perante uma desgraça destas não dava uma palavra de alento à família e aos colegas? (no caso do Leandro apenas a Directora de turma o fez).
    O que me parece é que as relações humanas estão em decadência.
    Este caso incomodou-me muito e penso com saudade no tempo que andei pelas escolas, os muitos problemas que resolvemos, tratando a criança e as famílias com dignidade, educação e respeito mútuos.Castigámos mas sempre numa vertente educativa e humana.
    As crianças não são todas iguais e os meios donde emergem também diferem e muitos deles são geradores de comportamentos desviantes.

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  7. Sim, e não esquecer o ser-se surdo. Dá direito a tratamento diferente. Ou o querer estar integrado, levando-nos a ir atrás dos outros e a desviar a atenção de nós.

    Há crueldade. Há. Muita. Mas o caso vai mais além da simples crueldade.

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  8. Antigamente não existia hiperactividade, VÍCIO! Chamavam-lhe "bicho de carpinteiro"... ;)

    Não, não há virgindade nenhuma no assunto, REIZÃO! Só gente a sacudir a água do capote, que não tem nada a ver com isso...

    Pois, RUI, enquanto as criancinhas armadas em capangas se mantiverem intocáveis (coitadinhas, podem ficar traumatizadas), não me parece que mude muito!

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  9. Não, EMATEJOCA, gosto muito das fotografias dele, que disponibiliza gratuitamente para fins não comerciais... :)
    (o site está na foto)

    Também acho que actualmente há contemplações a mais com estes miúdos violentos e problemáticos, PAULOFSKI! Nunca sofri isso na pele, felizmente, é lógico que todos os miúdos têm os seus desentendimentos com alguns colegas. Agora virarem-se todos contra um, já me parece uma cobardia enorme. Na anterior escola do meu filho havia para lá um gang de alunos a assaltar outros alunos dentro da escola, os professores e o Conselho Directivo diziam não saber de nada... Mesmo quando espancaram um dos porteiros... Convenhamos que assim não se vai longe!

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  10. É, LICAS, parece haver cada vez mais desatenção da parte de professores e pais, como uma maior insensibilidade dos colegas pelos problemas alheios. E, como sabes, alunos com comportamentos desviantes ou tendências para a violência sempre existiram. Eram castigados! Agora nem por isso, que "coitadinhos" podem ficar traumatizados... Não há pachorra!
    Aliás, essa da Directora de Turma ser a única a falar com a família de uma das vítimas (mais grave, evidentemente), já de si demonstra a atitude "passiva" dos docentes: já estavam representados, para quê mais palavras?
    Beijinhos!

    Claro que vai mais além de simples crueldade, VANI! Existem muitos mais exemplos de crianças gozadas pelos colegas, por serem "diferentes". A maioria quer pertencer ao grupo, à turma (também há solitários empedernidos, que não querem conviver com ninguém, mas esses geralmente não são alvo), mas os tratamentos diferenciados são um pau de dois bicos: nem sempre resultam!
    Mas pronto, o tema dá pano para mangas, só tentei resumir o básico... ;)

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  11. Nem mais. Os intocáveis deverá ser o nome dessa geração que criamos. Ai, como estamos todos traumatizadíssimos por uma chapada a tempo ou um grito mais alto, que doía mais a quem a dava do que a quem a recebia, que já nem sabemos manter a firmeza dum "NÃO, isso está mal, não se faz." Mete medo.

    http://guerraberta2009.blogspot.com/2010/03/sair-do-ninho-para-nao-voar.html

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  12. A culpa morre solteira? Já ouvi isto algures...

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  13. pois morre solteira morre, como já vimos :D

    a melhor receita é PVM que, para os não versados nas coisas da educação, é a Pedagogia de Vara de Marmeleiro. Adeus anglicismos descritores de comportamentos discentes :)

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  14. Pois, isso é que mete meto, SUN! Os putos hoje não aceitam um NÃO como resposta, acham que podem fazer tudo o que querem e ficar impunes... :(
    (obrigada pela dica do blog, que espreitei e comentei, embora já conhecesse, como é óbvio!)

    Pois é, ROUXINOL, infelizmente parece que assim é... :s

    Eheheh, MOYLITO, nem sou apologista desse método "pedagógico", mas lá ficar de braços cruzadas enquanto os "meninos" se dedicam a práticas sádicas, também me parece o cúmulo do disparate!!! :n

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  15. Anónimo3/13/2010

    Na blogosfera, normalmente, quem não está de acordo com o que é escrito não comenta, o que acho uma pena.
    Como não estou de acordo com o que dizes, ando há dias a pensar se comento ou não.
    Resolvi que este assunto é importante demais para não comentar.
    O meu antigamente, se calhar, é mais antigo e não o revejo no que dizes do 'teu' antigamente
    Com certeza que as crianças devem ser castigadas e responsabilizadas.
    mas a escola também o deverá ser, porque ela, escola, sabe perfeitamente quem são os grupos ou a criança agressora e nada faz.
    Depois não estou de acordo que se diabolizem SÓ as crianças
    Há um imenso universo de adultos que faz o mesmo no seu dia-a-dia e ninguém se 'atira' a eles.
    O poder hierárquico, o poder da idade e o poder da força, são na sociedade de hoje o pão nosso de cada dia.
    O bullying põe em causa toda a sociedade e não só as crianças.

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  16. Oh, MARTA, claro que estás à vontade para discordar! Se bem que não veja tanta discordância assim...

    Mantenho que as crianças costumam ser cruéis (adultos também, mas não vem muito ao caso), centradas em si próprias, por vezes sem discernimento de como as suas palavras e atitudes ferem susceptibilidades alheias. Mas nem sempre!

    Claro que professores e pais/educadores que se demitem das suas funções de retemperar essa agressividade latente, castigando na altura certa os exageros, parecem-me igualmente responsáveis pelo estado a que a violência e indisciplina pode chegar. Que não tenhamos dúvidas que se repercute mais tarde na própria sociedade...

    Pelo que entendi do caso mais mediático actual (e existem muitos outros, divulgados ou não na comunicação social, felizmente nem todos com o mesmo desfecho), parece que andavam todos a assobiar para o ar! Óbvio que os pais não sabem o que se passa na escola, mas alunos e professores não vêem o que lhes passa em frente do nariz? Sacudir água do capote é sempre fácil, mas, céptica como sou, não acredito que sejam todos inocentes! Aliás, nem percebo como podem dormir descansados...

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Sorri! Estás a ser filmad@ e lid@ atentamente... :)