Li "A Insustentável Leveza do Ser" e vi o filme nele baseado em 1989. Do filme não recordo nada - fui ao cinema com duas amigas, ambas em crise existencial, só me lembro de as ver chorar copiosamente, longe do que se passava no ecrã! Do livro tinha a sensação de ter gostado bastante, sabia vagamente que focava a época da invasão russa à Checoslováquia, em 1968. Reli com prazer! Mas nesse capítulo não houve consenso no "Clube de Leitura", a maioria não se identificou minimamente com o enredo. Opiniões, evidentemente! (e a minha é que com tantos bons livros para ler, reler é uma perda de tempo, a não ser por razões pessoais ou profissionais, o que não era o caso!)
No romance de Kundera as personagens movem-se como num tabuleiro de xadrez, com regras ditadas por um regime totalitário e invasivo da privacidade de cada indivíduo, em que apenas sobrevivem os traidores: à pátria, às suas raízes, aos amigos ou amantes! Em que os restantes caminham à deriva, entre o amor e o ódio, a filosofia e a indiferença, a volúpia e a incapacidade de gritar pela liberdade, paralisados pelo medo. Convenhamos que não é de molde a animar ninguém, mas retrata uma triste realidade histórica, que começa a cair no esquecimento...
CITAÇÕES:
"O facto de uma conversa de dois amigos diante de um copo ser transmitida pela rádio só pode significar uma coisa: é que o mundo se encontra transformado num campo de concentração."
"[...] As fotografias dos dias da invasão eram outra coisa. Essas, não as tirara por Tomas. Tirara-as por paixão. Não por paixão pela fotografia, mas por paixão pelo ódio."
"Teresa lembrava-se dos primeiros dias da invasão. As pessoas tinham roubado as placas de todas as ruas e os sinais de todas as estradas. O país tornara-se anónimo numa só noite. Durante sete dias, o exército russo errara por todo o país sem saber onde estava. Os oficiais queriam ocupar as sedes dos jornais, da televisão, da rádio, mas não conseguiam localizá-las. Perguntavam às pessoas, mas as pessoas encolhiam os ombros ou indicavam moradas falsas e apontavam numa direcção errada."
"A primeira vez que Karenine viu Mefistófeles ficou todo desconcertado e passou um bom bocado a farejá-lo. Mas em breve se tomou de amizades pelo porquito e passou a dar-se melhor com ele do que com os cães da aldeia, pelos quais sentia um desprezo soberano por estarem sempre presos às suas casotas, a ladrar estupidamente sem razão para isso. Karenine sabia apreciar as raridades pelo seu justo valor e quase me sinto tentado a dizer que tinha um certo orgulho naquela sua amizade com o porco."
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A próxima sessão do "Clube de Leitura" foi agendada para o dia 15 de Maio, tendo sido escolhido o título "Os Espiões", de Luis Fernando Veríssimo.
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PARABÉNS, SAFIRA!!!
No romance de Kundera as personagens movem-se como num tabuleiro de xadrez, com regras ditadas por um regime totalitário e invasivo da privacidade de cada indivíduo, em que apenas sobrevivem os traidores: à pátria, às suas raízes, aos amigos ou amantes! Em que os restantes caminham à deriva, entre o amor e o ódio, a filosofia e a indiferença, a volúpia e a incapacidade de gritar pela liberdade, paralisados pelo medo. Convenhamos que não é de molde a animar ninguém, mas retrata uma triste realidade histórica, que começa a cair no esquecimento...
CITAÇÕES:
"O facto de uma conversa de dois amigos diante de um copo ser transmitida pela rádio só pode significar uma coisa: é que o mundo se encontra transformado num campo de concentração."
"[...] As fotografias dos dias da invasão eram outra coisa. Essas, não as tirara por Tomas. Tirara-as por paixão. Não por paixão pela fotografia, mas por paixão pelo ódio."
"Teresa lembrava-se dos primeiros dias da invasão. As pessoas tinham roubado as placas de todas as ruas e os sinais de todas as estradas. O país tornara-se anónimo numa só noite. Durante sete dias, o exército russo errara por todo o país sem saber onde estava. Os oficiais queriam ocupar as sedes dos jornais, da televisão, da rádio, mas não conseguiam localizá-las. Perguntavam às pessoas, mas as pessoas encolhiam os ombros ou indicavam moradas falsas e apontavam numa direcção errada."
"A primeira vez que Karenine viu Mefistófeles ficou todo desconcertado e passou um bom bocado a farejá-lo. Mas em breve se tomou de amizades pelo porquito e passou a dar-se melhor com ele do que com os cães da aldeia, pelos quais sentia um desprezo soberano por estarem sempre presos às suas casotas, a ladrar estupidamente sem razão para isso. Karenine sabia apreciar as raridades pelo seu justo valor e quase me sinto tentado a dizer que tinha um certo orgulho naquela sua amizade com o porco."
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A próxima sessão do "Clube de Leitura" foi agendada para o dia 15 de Maio, tendo sido escolhido o título "Os Espiões", de Luis Fernando Veríssimo.
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PARABÉNS, SAFIRA!!!
Acho que tenho este livro por aí (herança de minha mãe), mas não li. Vou resgatar para a mesa de cabeceira, mas deverá ficar em lista de espera, quem sabe se um ano: tenho aí o Guerra e paz pelo meio e o Anna Karenina virgem... Quem manda enfiar-me em tais calhamaços?
ResponderEliminarLi esse livro há milénios!
ResponderEliminarAinda era um jovem rapaz...
só vi partes do filme, mas como parece que é um livro obrigatório hei-de ler. um dia...
ResponderEliminarAndo com este livro debaixo de olho uma série de tempo! Vamos lá ver se agora o compro de vez numa próxima feira do livro. :)
ResponderEliminargosto muito de kundera. já li vários livros dele. a escrita dele fascina-me
ResponderEliminarExcelente livro! A sua Checoslováquia está ali. O resto é como o defines.
ResponderEliminarnão concordo com a primeira citação!
ResponderEliminaracho que aquilo significava que estava um microfone perto...
Li este livro há séculos, mas ainda o tenho traduzido na língua portuguesa com uma capa exactamente igual à da tua fotografia. O filme também já o vi várias vezes na TV.
ResponderEliminarBoa noite... quase bom dia!
Ah, SUN, li "Guerra e Paz" na altura em que deu a série, quando não acho que nunca o tinha acabado... Curioso também é que o nome da cadela deste livro chama-se "Karenine" por via desse outro livro de Tolstoi! :))
ResponderEliminarBeijoquitas!
Não li há milénios, só há duas décadas, REIZÃO!
Rapaz podes já não ser, mas jovem está na tua mão... :D
Gostei mais da primeira leitura, MOYLITO, que toda aquela história da Checoslováquia era completa novidade para mim... ;)
Eheheh, TONS DE AZUL, também ando para ler "O Livro do Riso e do Esquecimento" de que já falaste. E esse até anda para aí a dormir numa prateleira cá de casa... :)
ResponderEliminarTodas concordámos que ele escreve muito bem, TERESA DURÃES! O tema em si é que já não é muito actual, a diversidade cultural acrescenta alguma incompreensão... ;)
É a Checoslováquia tal como ele a sentiu na época, CARLOS! Um bocadinho desfasada da de hoje, daí nem toda a gente ter gostado muito... ~xo
Um microfone, VÍCIO?! Ná, eram vários, que a polícia secreta queria saber tudo o que os "intelectuais" diziam, mesmo quando bebiam uns copos entre amigos... :)
ResponderEliminarÉ natural, EMATEJOCA, que esta capa pertence ao livro que li originalmente (e agora bisei)... :))
O filme não voltei a ver, mas já dei uma espreitadinha no Youtube e é com actores bem conhecidos de todos!
Bom dia!
Mas não o podes deixar a dormir por muito tempo, Teté! :)
ResponderEliminarPois não, TONS DE AZUL! :)
ResponderEliminarTenho pelo menos uns três à frente dele, mais um ou dois meses e marcha... :D
Ultimamente tenho azar com os livros
ResponderEliminarvou antes ler Charlaine Haris ;)
Não conheço, LOPESCA! Mas também acho que se deve ler primeiro o que mais apetecer... :D
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