quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

NEVOEIROS

Fotografia de Ian Britton

Um dia Sebastião partiu todo lampeiro para a guerra. O rapaz era assim um pouco frouxo dos miolos - suspeita-se que devido aos múltiplos casamentos consanguíneos na nobre família - mas teimoso comó caraças. Além de que perante uma Corte de lambe-botas, acreditava piamente (sim, que também era muito pio!) que a guerra se assemelhava às lutas que fazia lá no quintal do palácio com súbditos e vassalos - que o deixavam ganhar a bicicleta para não arranjarem chatices - ou, quando muito, a uma empolgante caçada ao javali. E ainda não andava por lá o Solnado, para lhe encher as ideias da facilidade daquilo.

Quem rondava por aquelas bandas era um tal de Camões, poeta e escritor quase sempre falido, (ná, não é de agora!) que resolveu contar ao jovem rei uma história da carochinha intitulada "Lusíadas". Oh, que entusiasmo e satisfação, igual à de todos os adolescentes imberbes e com a cara coberta de acne, que, ao saírem de um filme de kung-fu, vão dando desajeitados pontapés para o ar e urrando uns "IÁHS!" em lutas imaginárias. Na hora, decidiu: "Vou conquistar África!" Foi e... voltou! (ah, julgavam que a historieta acabava já aqui?!)

Enfim, a primeira incursão por terras africanas até não correu mal de todo, entreteve-se lá a matar uns mouros e uns porcos selvagens (uns e outros não devem ter achado muita piada, mas há sempre pontos de vista diferentes), mas depois uns fidalgos aconselharam-no a voltar para casa, que é como quem diz castelo, porque vinha aí o Inverno e que ia fazer frio. Num fugaz momento de lucidez, assim fez! Com tanto azarito, que consta que a expedição se perdeu na viagem de volta ao reino, desaparecida no mar tormentoso durante uma semana ou coisa. Passada a tempestade, a sua nau atraca numa manhã de nevoeiro - et voilá! - inicia-se uma lenda, perpetuada durante séculos por um povo muito crédulo...

Uns (poucos) anitos mais tarde, quando já devia ter mais juízo, chegaram-lhe aos ouvidos umas intrigas palacianas, que confirmavam que um tal de José Cid e um Quarteto (de) 1111 lhe iam gabar as glórias numa canção.

- Ui, tão antigo assim?! - exclamou, estupefacto, mas impante de vaidade - Então vou ali até Alcácer-Quibir e já volto...


AVISO - Qualquer semelhança entre personagens, locais e... blá blá blá... é mera coincidência!


27 comentários:

  1. Olá Teté

    Acordar com tanta risada vale a pena, claro que quem se lixou mesmo foram os porcos e vai daí veio a moda do presunto, ou do leitão da Bairrada, terra muito perto da casa do José Cid.

    Beijinho
    Isabel

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  2. Pelo que a história reza, o moçoilo também era frouxo notra parte do corpo... ;)

    Beijoca!

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  3. :) já vou ter um dia em grande hoje! LOL

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  4. Hoje acordaste gloriosa, Teté. Como nevoeiro que está por cá, espero que não me apareça o Desejado à porta, sobre tudo com o JC atrás!

    Beijo

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  5. È como eu me sinto hoje......cheia de nevoeiro!!!!!!

    Sempre gostei muito de histórias, significa criatividade, imaginação, significa que pelo menos as pessoas tem os neurónios a funcionar.
    Os meus hoje estão em pleno repouso.
    Beijokitas

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  6. Mas pode voltar ainda, estes dias estão muito nublados, hai que ter fé... Tenho que confessar que sempre confundi esta história com a da não Catarineta, muito mas poética

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  7. ahahhahah gostei bastante!!!

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  8. não sei se é coincidencia!
    eu encontrei uma semelhança com um blá!

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  9. Fartote de riso! Olha que eu dar assim a biografia de alguns destes citados, aos meus alunos...era bem giro!

    Tens prémio lá na Teia! Vários até!

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  10. Se bem me lembro, ISABEL, até há porcos triunfantes, que não serão os da Bairrada...
    A minha única malapata com o Cid é ele gostar de touradas!
    Beijinho!

    De que moçoilo frouxo é que estás a falar, RAFEIRITO?
    Esta historieta é absolutamente inédita... :)))
    Beijoca!

    LOOOOOL, e eu também, TONS DE AZUL!!! :)))

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  11. Ui, SUN, se ele te aparecer à porta, tranca-a e não a abras! Quer seja o nevoeiro ou o tal Desejado... (`_^)
    Beijo!

    Neurónios em repouso, de vez em quando, também é bom, PARISIENSE! Sossega, que eles logo animam... que há dias para tudo!
    Beijokitas grandes, nina!

    Fé, CONDADO? Num episódio negro, mesmo que não seja da História de Portugal? Concordo que a Nau Catrineta, que tinha muito que contar, é bem mais poética...

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  12. Historinha inédita, note-se, TERESA DURÃES! :D

    Epá, VÍCIO, esse blá deve ser pura coincidência! :D

    Oh, oh, se calhar os putos até iam gostar, SU! :)))
    Agradeço os prémios, amiga!

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  13. LOOOOOOOOL tetetetetetetetete, tá demaaaaaaaaaaais!!! :))))) adorei!!! ihihihihihih! :)))))

    ps-a minha mesa de cabeceira continua à tua espera... ;-)

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  14. :) pelo-me por romances históricos:)

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  15. ehehheheheheh
    o que eu estava a precisar de rir com uma salganhada assim




    obrigada pela chamada de atenção :)
    beijinhos

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  16. Ou muito me engano ou estás a sonhar com Agosto...

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  17. Ena... o quarteto 1111 com El-Rei D. Sebastião... as coisas que me trouxeste à memória... caramba, tou mesmo velhota!!

    Vou ali fazer uma plástica e perder alguma memória e já volto!

    beijo d'enxofre com naftalina

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  18. Não consegui descortinar nenhum dos personagens. O mais próximo é o meu tio Sebastião que um dia escorregou no degrau da escada e andou uns 10 dias cheio de pensos. Disse-nos que não se via um palmo à frente dos olhos por causa do nevoeiro mas a gente desconfiou que foi da pinga pois o homem até ficou gago e só queria era falar ao telefone e dizer tá lá, muito agardecido. Mais tarde viemos a descobrir que eram telefonemas para o cabeleireiro pois o meu tio Sebastião, na confusão, perdeu o capachinho. Sorte dele porque em euros custava menos que mil cento e onze e assim ele pode pagar com a reforma que desta vez teve um aumento de 2%.

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  19. Brigada, VAN!!! :)))
    (mas avisa a tua mesa de cabeceira para esperar sentada, OK?) :D

    E este é um romance e peras, MOYLITO! Até porque o fulano já usava esse adorno capilar, quando partiu... :D

    Salganhada, ESCARLATE.DUE? Uma histórinha tão poética??? :)
    Beijinhos!

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  20. Por acaso o sujeito foi de "férias" mais ou menos nessa altura, REI! ;)

    'Tás nada, DIABBA! Então o Quarteto não cantarolou a cançoneta no outro dia? Uns meses? Pronto, OK, já foi há uns largos anos, mas não interessa nada para o caso...
    Beijocas enxofradas (poupo-te a naftalina, a não ser que faças muita questão, pfff)!

    Ah, o mundo é tão pequeno, PREDATADO! Não é que uma prima minha me contou essa história do teu tio Sebastião? Por coincidência, o namorado tem uma irmã que trabalha como manicure nesse salão e ela ficou impressionada com tanta desventura do homem, apesar de também desconfiar que o tropeção foi da pinga. Era pensos por todo o lado, ele muito confuso perguntava "se penso, logo resisto?", agardeceu-lhes imenso no final, que o novo capachinho estava impec e até mais modernaço e só custou 1110 euros, que foi carote, é certo, mas o homem saiu de lá mais composto.
    Mas pronto, como percebeste, não era dele que estava a falar! :)))

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  21. Bom dia Teté

    Já me ri um bom bocado!

    Vou reportar-me outra vez à minha opinião sobre os "casa e descasa".

    Eu contei aquela história porque ao conviver com muitos jovens me deparo com larga maioria a pensar da mesma forma leviana em relação ao casamento.
    Agora isto é totalmente diferente do que aceitar uma separação se, depois de tudo ser feito e meditado para evoluir num sentido positivo, tal não for conseguido.
    Prefiro sem dúvida, sobretudo se há filhos, um divórcio equilibrado do que um matrimónio desestruturado.
    Isso sem dúvida!
    Apenas falei na visão muito limitada que os jovens têm sobre este assunto e da necessidade de sacrifício e compreensão mútua.

    Uma coisa que não sou é moralista, mas realista!

    Uma beijoca
    Licas

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  22. Hoje não há "post"?

    Perdeu-se no nevoeiro...

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  23. Olá, LICAS!
    Concordo que o casamento é considerado pela maioria dos jovens de ânimo muito leve, até porque partilhar não é palavra que eles conheçam muito bem...
    Também não sou dada a moralismos, mas acho preferível um divórcio, a um casamento que se arrasta sem amor e em mau ambiente, o que só martiriza os próprios e aqueles que os rodeiam.
    Beijocas!

    É, CAPITÃO, perdi-me no nevoeiro... :)

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  24. Essa história do D. Sebastião, tem muito que se lhe diga... parece que foi tudo preparado com os espanhóis para ser uma emboscada e o D. Sebastião ficar por lá para eles poderem deitar a mão a isto.

    Beijinhos!

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  25. Se a inspiração é esta nos dias de nevoeiro, fica ansiosa, pelos dias/noites "transparentes e radiosos" de verão!

    Beijo nina

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  26. Anónimo1/29/2009

    Bonita história!
    A semelhança? Só se for o nevoeiro que se faz sentir por estas bandas!

    Beijinhos :)

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  27. Ná, MATCHBOX32, parece que o tio Filipe até o avisou que o empreendimento era arrojado, mas ele era teimoso...
    Beijinhos!

    Por acaso acho que não tem nada a ver com o tempo, INÊS! Ou tem dias...
    Beijoca, nina!

    Linda e edificante, né, CAPRICCIO?
    O nevoeiro não anda só por aí...
    Beijocas!

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Sorri! Estás a ser filmad@ e lid@ atentamente... :)