É raro colocar poemas neste canto, mas enviaram-me este por mail (obrigada, Paula) e não resisti, dada a sua actualidade:
QUANTOS SEREMOS?
Não sei quantos seremos, mas que importa?!
Um só que fosse, e já valia a pena
Aqui, no mundo, alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente
Posta em cena!
Não podemos mudar a hora da chegada,
Nem talvez a mais certa,
A da partida.
Mas podemos fazer a descoberta
Do que presta
E não presta
Nesta vida.
E o que não presta é isto, esta mentira
Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste.
Miguel Torga
Este grande escritor e poeta do século XX nasceu em 1907, com o nome Adolfo Correia Rocha, vindo posteriormente a adoptar o pseudónimo Miguel Torga. Segundo consta na Wikipédia, "Miguel" para homenagear Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno, enquanto "Torga" é a denominação de um arbusto que cresce nas montanhas, semelhante ao da foto, também designado por urze. Morreu há 14 anos.
Fotografia da net.
o grande problema da poesia, é que hoje em dia muita gente se julga poeta e "assassina" a verdadeira beleza da mesma!
ResponderEliminarMiguel Torga é tão importante para o governo português que há 2 anos houve em Coimbra uma homenagem ao centenário do seu nascimento e o ministro da cultura, simplesmente,... não esteve presente!
um lindo poema (apesar de não gostar de tudo da prosa de Torga)
ResponderEliminarAbsolutamente de acordo, VÍCIO!
ResponderEliminarSabes que ainda estou para ver o primeiro ministro da cultura que seja minimamente competente no cargo? Só enchem a boca bom verbas, para o que é mais aparente e sonante... :S
Não li toda a prosa de Miguel Torga, longe disso, TERESA DURÃES! Só posso dizer que sempre gostei de tudo o que li dele, embora às vezes muito "pão-pão, queijo-queijo"... ;)
Nunca tinha ouvido falar...
ResponderEliminar;)
Adoro a poesia de Torga...crua e a nú. Com a dureza granítica das palavras mas ao mesmo tempo sem ferir a sensibilidade das almas.~~Bem escolhido para post.
ResponderEliminarEntretanto, não sei se já respondeste a este desafio mas nomeei-te lá na Teia.
Bjs grandes.
Muito bonito e infelizmente actual.
ResponderEliminarAcho que somos muitos, cada vez mais, mas demasiado silenciosos não achas?
jinhos
Olá Téte
ResponderEliminarPosso ser mais uma nesta grande família?
Tenho-a visto a partilhar com amigas em comum. Será que podemos interagir e partilhar?
Aguardo-a no meu cantinho
Licas(Isabel)
A poesia de Torga e a sua prosa é muito telúrica, da terra. Da santa terrinha. É por isso que, muitos intelectuais não apreciam as suas coisas. Uma delas é a a jornalista Clara Ferreira Alves, que lhe reconheço, entretanto, conhecimentos de literatura q.b., mas que não gosta de Torga. Pronto, gostos não se discutem. Mas, para quê estarmos de boca-aberta para com alguns chatos, tais como, Philip Roth, Gore Vidal que ela tanto gosta?
ResponderEliminarTorga escreve bem.
Gosto do Torga, pronto.
acho que ainda passei por ele algumas vezes cá em coimbra, mas como era muito miúdo não fiei nenhuma memória do senhor.
ResponderEliminarlê a Criação do Mundo. não darás nenhum segundo que gastares na leitura por perdido.
O nosso poeta Miguel Torga nunca assassinou a verdadeira beleza da poesia, por isso é sempre um prazer le-lo.
ResponderEliminarQue interessa que ele nao seja importante para o governo portugues? Acho que isso é mesmo uma prova da sua grandeza.
Agora é que reparo, que estou a responder ao comentário aqui ao lado.
Minha cara Teté, dizeste bem em postar um poema. Poesia é um bálsamo para a alma, quando o céu tem um cinzento escuríssimo como hoje.
Até logo!
Lembro-me de ser miuda, ler os bichos e adorar. :) incrivel como certas lutas e certos dizeres sao sempre actuais.
ResponderEliminarPois não, REI, bem sei que preferes poetas mais modernos... ;)
ResponderEliminarTambém gosto imenso, SU! Principalmente por usar palavras comuns para expor ideias. Nada parece rebuscado, parece natural como o falar...
Amanhã respondo ao desafio, que também já tinha recebido da Ematejoca.
Grande beijoca!
Demasiado silenciosos, medrosos e talvez até um pouco fatalistas (tipo é fatal como o destino, não podemos fazer nada...), PASCOALITA!
Beijocas!
Bem-vinda, LICAS!
Então daqui a pouquinho dou lá uma espreitadinha, OK?
Até já!
Somos dois a gostar do Torga, então, CARLOS II!
ResponderEliminarQuanto à jornalista, uma vez na TV o Miguel Esteves Cardoso virou-se para ela e disse-lhe, em tom de brincadeira: não conheço ninguém como tu, que lê livros de 700 páginas em 20 minutos...
Ela ainda gaguejou qualquer coisa em resposta!
Claro que isto não quer dizer que ela leia TODOS os livros assim, ninguém lhe tira os seus conhecimentos literários, mas ali também há uma certa dose de presunção... :)
Não me admira portanto que não goste de Torga. Mas não sei até que ponto não será de um certo provincianismo auto-considerar-se uma "intelectual". E ela considera-se, sem sombra de dúvida! :D
Bem, eu só "passei por ele" na TV, MOYLITO!
ResponderEliminarVou anotar essa dica da "Criação do Mundo"! ;)
Pois, EMATEJOCA, e utiliza a nossa língua de tal maneira, que até parece fácil escrever poesia... :)
Sim, aqui hoje também esteve um dia cinzento e chuvoso!
Até logo!
Eu também li esse em adolescente, VAN, estou farta de o procurar e não o encontro. Ou ficou em casa da minha mãe, ou foi com os outros que foram roubados...
Este poema achei de uma actualidade espantosa! :)
É isso, Teté.
ResponderEliminarPrefiro os poetas modernos.
Neste momento ando a ler André Sardet.
Ou melhor, leio às galinhas e elas adormecem que é uma beleza...
Esqueci-me de uma coisa, Teté...
ResponderEliminarQuando os gajos do "blogger" me internarem, és menina para me levar uma ervita ao hospício?
Oh, Majestade, estava-me a referir ao Humberto Helder, não a esse gajo das cantorias. (porque será que as galinhas adormecem???)
ResponderEliminarOu não foi V.Exa. que disse que era capaz de roubar para obter o último livro dele???
Ná, não internam nada... :D
De qualquer forma tabaquito está prometido, nessa eventualidade! O resto deve-se encontrar com facilidade "dentro"...
http://falacalada.blogspot.com/2009/01/ariane-ariane-um-navio.html
ResponderEliminarTão só prà deixar constância da incidência de Torga em Galiza (eu musiquei dois poemas dele). Aquí papamos os bichos todos...
Herberto, Teté, Herberto Helder...
ResponderEliminar:))
Claro que gosto da poesia (e da prosa) do Torga e de outros autores contemporâneos ou anteriores a ele!
Os bichos e os contos da montanha (novos e anteriores) não me passaram desapercebidos, CONDADO.
ResponderEliminarAcontece que não se pode ler tudo... e este poema não conhecia!
Ai, lapso meu, REI! (por acaso ando a ler um livro de contos do Herberto Helder)
Imaginava que gostavas do Torga, não sei porque é que te armaste em esquisito... :)
lindo poema :) haverá sempre um poema novo nas nossas vidas...
ResponderEliminarbeijinhos
Poemas e prosas, S.G.! :D
ResponderEliminarBeijinhos!