Há muito, muito tempo, nas férias grandes de verão, quando elas eram mesmo grandes e se alongavam por três meses de um dolce farniente livre de qualquer obrigação escolar, a criançada juntava-se em bandos na rua, tardes inteiras, com a imaginação sempre a fervilhar de novas brincadeiras. A rapaziada preferia jogar à bola, organizavam-se campeonatos de futebol com os "futebolistas" das ruas vizinhas. Vedado a meninas que, com sorte deles, às vezes assistiam. Porquê? Porque apesar das diferenças e de alguns desentendimentos pontuais, eles eram companheiros a jogar ao mata, como índios ou cowboys no faroeste urbano, a trepar árvores ou noutras travessuras que se inventassem no momento...
Outro entretenimento que era quase exclusivo dos rapazes, era o dos carrinhos de rolamentos, que os próprios faziam em casa com uma tábua, quatro rodas, uma corda e uns pregos, porventura auxiliados pelos pais ou irmãos. Aí, sorte era da "raparigada", se a deixassem dar uma voltinha, quer dizer, uma descidinha, na rua inclinada. Eles adoravam a adrenalina de conduzir aquele "bólide". Mas, apesar de exibirem sempre aquele ar de superioridade de quem concede uma grande benesse, acabavam por permitir que as meninas mais afoitas experimentassem aquele brinquedo espetacular.
Claro que os "crescidos" não percebiam como é que a malta arranjava novos e constantes entretenimentos e uma criança que se esquecesse de ouvir o chamamento da mãe (pai ou vizinha!), da respetiva janela ou varanda, arriscava-se ao castigo de ficar em casa no dia ou semana seguinte, consoante a "infração".
As bicicletas eram poucas ou quase nenhumas, ai de quem não deixasse dar uma pedalada a alguém do grupo, que as represálias sentiam-se na pele ou no ego e a reprovação geral era garantida. Não tinha o pomposo nome de bullying, a desavença consumava-se numa luta mais ou menos feroz, com uns socos e uma gritaria em redor, ou, nos casos mais extremos, por uma total indiferença em relação ao idiota que queria brincar, mas não partilhar os seus brinquedos. Obviamente, não faltavam nódoas negras, joelhos esfolados ou olhos à belenenses, mas, dentro de nós, sabíamos que esse confronto seria esquecido no dia seguinte!
Oops! Analisando bem a situação, aquela miudagem era verdadeiramente "comunista"...
DIVIRTAM-SE!
Imagem da net.
sortudos!
ResponderEliminareu cresci numa pequena aldeia que nem alcatrão nas estradas tinha e, apesar de ter um primo que trabalhava numa oficina e nos arranjava rolamentos para construir carros, não tínhamos onde andar com eles!!
restava-nos explorar matagais e pomares dos vizinhos e por causa dum desses castigos a um vizinho / primo meu tornou as melancias dele num alvo bastante facil.
Hoje em dia não sou muito de andar de bicicleta mas quando era criança uma das maiores broncas que levei da minha mãe foi por ter chegado tarde a casa... depois de horas e horas a andar de bicicleta pelo bairro.
ResponderEliminarComo a minha primeira infância foi em terras de Napoleão, brincar na rua era impensável, já que os raptos de crianças não eram só coisa de gente rica.
ResponderEliminarAcontecia, claro, desde que vigiados, mas elas eram mais constantes em parques e jardins.
Esses carros de rolamentos, conheci-os há uns tempos numa telenovela (não sei qual). Achei um piadão.
Não me recordo se os havia na aldeia, quando para lá fui aos 6.
Já as brigas, lembro-as bem. Era cada tareia. Até com latas de sardinha e pedras lutávamos. Uns índios que se entendiam bem no dia seguinte...como vós.:)
beijinhos
Parecia que estavas a descrever a minha infância, Teté. Em todos os pormenores. :)
ResponderEliminarApesar de ser um pouco mais nova, ainda sou do tempo de brincar na rua e toda a criançada se juntava fazia as asneiras próprias da idade e quando os pais chamavam aí íamos nós até casa o mais rapidamente possível para que no outro dia pudéssemos ir novamente. bons tempos :)
ResponderEliminarLembro-me das corridas de carrinhos de rolamentos, numa rua inclinada que desembocava noutra rua. Não foram poucas as vezes que galgávamos a estrad e íamos parar à ribanceira, cheia de silvas. E sim, tudo era partilhado. Querem ver que era comunista sem saber?!? Beijoca!
ResponderEliminarE assim me fez regressar à infância, Teté. Era assim, sem tirar nem pôr.
ResponderEliminarSó faltou dizer que havia alguns meninos que eram os donos da bola e quando as coisas corriam mal à equipa onde eles alinhavam, pegavam na bola e iam-se embora para casa...
Bom fds
… queres ver que a mocidade portuguesa foi inventada para combater esse “comunismo”? :P
ResponderEliminarBeijinhos e bom fim de semana,
FATifer
Nós não esperávamos as férias e todos os dias, assim que anoitecia, íamos para a frente de casa, ver juntar a criançada para brincar. Até parece que éramos comportadinhos, mas a mãe ficava junto até esperar alguém chamar para brincar. Depois que ela entrava, era pura farra. Meu irmão tinha desse carrinho de rolimã ou "trolinho", era assim que chamávamos. Andar de bicicleta, pular corda, tocar o vai e vem, pique pega, surreia, etc.. eram comuns, só não podia cansar ou chorar acaso machucasse. Bom mesmo era ver os "mais velhos" brincando de pera, uva, maçã... rs. Nada de comunismo!! Todo mundo se protegia das mães, as verdadeiras tiranas!! Beijus,
ResponderEliminarComo me lembro de tudo isso! Só que assisti a isso tudo da janela do rés-do-chão do prédio onde vivia lá em Algés. Sim porque às meninas (quase) tudo era vedado... Por isso não aprendi a andar de biciceta, nem a patinar, nem a nadar (depois aprendi sozinha). Eu não pude ser uma criança "comunista".... Até porque era filha única.
ResponderEliminarNão sei se tinha tendência para ser comunista ou não, sei apenas que adorava pular à corda, só ou preferivelmente acompanhada, horas sem fim. E como era ágil! Um dia levei um raspanete por não ter vindo diretamente para casa depois da escola. Creio que foi no mês passado que me ofereceram uma corda de saltar que era e continua a ser leve (a corda, não eu!) e pequena.. uma corda destinada a crianças. Quando me quis exibir, não saí lá muito bem. No outro dia, comprei uma a sério, pesada e para adultos! Já não salto horas a fio, nem meias horas, e... nem quartos de hora! Apenas uns míseros minutinhos! : (
ResponderEliminarPassei minha infância em cima de uma bicicleta, amava.
ResponderEliminarsinto falta, nunca mais andei.
Bom final de semana
Bjs
Pertenço à Comuna de Lisboa, mas não fui proletário o suficiente para me dar ao luxo de ter um carrinho de esferas, ou de caixa de sabão... se quiseres.
ResponderEliminarO cagaçal que aquelas geringonças faziam pela Calçada da Estrela abaixo! Daí, os meus pais, super protetores da m/moral e bons costumes, jamais me deixaram tirar a 'carta' daqueles "Kartings" da época!
Nem de 'bike'! Só aos 17 anos, é que aprendi (às escondidas) a equilibrar-me de bicicleta naquele saudoso velódromo do Campo Grande, onde também remei bastante, no grande lago.
Fui muito protegido, e muita coisa infantil e juvenil me passou ao lado(...)até o socialismo, dito comunista!
Aos 18 anos ainda era menor - adulto era só aos 21 - e foi quando decidi interromper a Faculdade, e ir para a Força Aérea, voluntário, porque lá não queriam ninguém obrigado!rsrs
Lá fizeram de mim uma pessoa crescida num Cartório Notarial, com a escritura da emancipação...
De um dia para o outro, a bem dizer de um ano para o outro, chegou um novo dia da criança e... já não me encontrou menino!
Passei de avião em avião até aos helicópteros!...
Tenho ainda muitas saudades deles... Mas a nostalgia de um carrinho de esferas... ficou-me para sempre no goto!
Acho que só terei o processo de crescimento concluído, com uma voltinha naquilo.
Entretanto, conservar-me-ei sempre um puto... talvez um PUTO com letra grande!
E os putos... sabem lá o que é o comunismo!?... Nem os adultos!
Passam a vida a dar-lhe pontapés... no comunismo
é claro!
Emprestas-me o teu carrinho?
Mas olha que explorar os matagais e pomares das redondezas também era giro, se os tivéssemos por perto, VÍCIO! O que não era o caso... :))
ResponderEliminarAs melancias foram fisgadas, não?! :D
Aprendi a andar de bicicleta em Vila Praia de Âncora, terra do meu pai, onde as alugavam, LUISA! Mas nunca tivemos nenhuma, nem quase ninguém tinha, lá na rua... :))
ResponderEliminarOs carrinhos de rolamentos eram uma brincadeira e pêras, NINA! Claro que naquele tempo, e durante a tarde, não apareciam muitos carros na rua, que hoje é movimentada q.b.... :)
ResponderEliminarAs brigas não aconteciam todos os dias, mas às vezes eram feias! E claro, eram mais entre os rapazes. Mas passava tudo depressa... :D
Beijocas!
Suponho que ruas destas não faltavam por toda Lisboa, numa época em que esta mais parecia uma aldeia, VIC! :D
ResponderEliminarDaí supor que estas histórias são comuns a muitos alfacinhas dessa geração... :))
Ah, pois era, RAINHA, ninguém queria ficar de castigo no dia seguinte... :))
ResponderEliminarUm pouco mais nova, parece-me favor! =))
Pois, de vez em quando aconteciam uns azaritos desses, RAUF! "Comunistas" éramos todos... =))
ResponderEliminarBeijocas!
Eheheh, pois era, CARLOS BARBOSA DE OLIVEIRA, os "donos da bola" por vezes tinham mau perder... :))
ResponderEliminarBom fim de semana!
A mocidade portuguesa foi criada para controlar a mocidade, FATIFER! Mas não se metia neste "comunismo"... :))
ResponderEliminarBeijocas!
É verdade, LUMA, as verdadeiras tiranas eram as "mummies", se não lhes obedecíamos na hora... Mas muito farrávamos, mesmo, quando andávamos "à solta"! :))
ResponderEliminarO "comunismo" aqui é relativo! :D
Beijocas!
Tive mais sorte, GRAÇA, que sendo um pouquinho mais nova, já nos era permitido brincar na rua "como os rapazes". Claro que a minha avó não achava graça nenhuma a que as netas brincassem na rua, mas, felizmente, não era ela que "mandava"... :))
ResponderEliminarAhahah, CATARINA, confesso que nem tento saltar à corda! E isso de saltar à corda era só mais quando havia falta de quórum para outra brincadeira... mais movimentada! :))
ResponderEliminarA ideia que tenho é que as crianças na rua aprendiam a partilhar com as outras os seus brinquedos, daí o "comunistas"... que nessa altura ninguém sabia ou se preocupava sequer com politiquices! :D
Mas voltando à corda... os tempos (a agilidade e o peso) são outros! :)
Eu não passei, MARY, mas lá está, a malta arranjava outras brincadeiras... :))
ResponderEliminarBom fim de semana e beijocas!
Bom, CÉSAR, também nunca tive um, que não ficava nada bem a uma "menina", mas vale que sempre dei umas voltinhas... :))
ResponderEliminarAh, e também me lembro das bicicletas do Campo Grande. Mas lá está, na terrinha do meu pai alugar uma bicicleta estava bem, no Campo Grande... nem por isso, que aquilo era para a rapaziada! :D
De helicóptero nunca andei! A mania de andar com os pés no chão, que voar só em sonhos... :)
Não tenho nada contra (ou a favor) de comunistas, mas aquela criançada aprendia a partilhar, naturalmente... ;)
O carrinho não é meu, mas leva!
A saudade,
ResponderEliminaré um sentimento que
com o tempo traz tristeza,
que com a alma traz esperança,
e que se apoia na amizade.
*Verônica Januário Luz*.
Eu me apoio na sua amizade para
continuar seguindo minha história .
Sua visita e seu carinho me ajuda
a transpor barreiras nesse momemto .
Deus sempre é mais forte que a angústia.
E ele esta sempre presente na minha vida
continuarei levando minhas visitas
da forma que me for possivel
de estar sempre presente .
Não devo e nem posso me isolar das
minhas amizades por ñ estar conseguindo teclar.
Pode haver muitos Amigos em nossas vidas, mais amizades verdadeiras
para mim é para sempre.
Por isso falar sobre problemas , meus sentimentos,
não da soluções para todos os problemas da minha vida, dúvidas ou medos,
mas me ajuda a viver mais feliz.
Agradeço de todo coração pela sua amizade
e seu carinho.
Estou triste por não ser compriendida
por levar cola nas minhas visitas.
Na próxima semana vou fazer uma postagem.
Não tenho duvidas ,que a pessoa que me aborrece tanto
vai sentir vergonha de si mesmo.
Foi esse o motivo do meu afastamento por uma semana
receber mais insultos .
A falta de instrução e educação infelizmente
não tem limites.
Não fique triste comigo por desabafar
ao fazer isso é porque tenho certeza da sua amizade e carinho por mim.
Desesejo um abençoado Final de Semana
paz e luz.
Beijos com saudades.
Evanir..
A saudade,
ResponderEliminaré um sentimento que
com o tempo traz tristeza,
que com a alma traz esperança,
e que se apoia na amizade.
*Verônica Januário Luz*.
Eu me apoio na sua amizade para
continuar seguindo minha história .
Sua visita e seu carinho me ajuda
a transpor barreiras nesse momemto .
Deus sempre é mais forte que a angústia.
E ele esta sempre presente na minha vida
continuarei levando minhas visitas
da forma que me for possivel
de estar sempre presente .
Não devo e nem posso me isolar das
minhas amizades por ñ estar conseguindo teclar.
Pode haver muitos Amigos em nossas vidas, mais amizades verdadeiras
para mim é para sempre.
Por isso falar sobre problemas , meus sentimentos,
não da soluções para todos os problemas da minha vida, dúvidas ou medos,
mas me ajuda a viver mais feliz.
Agradeço de todo coração pela sua amizade
e seu carinho.
Estou triste por não ser compriendida
por levar cola nas minhas visitas.
Na próxima semana vou fazer uma postagem.
Não tenho duvidas ,que a pessoa que me aborrece tanto
vai sentir vergonha de si mesmo.
Foi esse o motivo do meu afastamento por uma semana
receber mais insultos .
A falta de instrução e educação infelizmente
não tem limites.
Não fique triste comigo por desabafar
ao fazer isso é porque tenho certeza da sua amizade e carinho por mim.
Desesejo um abençoado Final de Semana
paz e luz.
Beijos com saudades.
Evanir..
Obrigada e bom fim de semana para ti também, EVANIR!
ResponderEliminarBeijocas!
Ofereço-te um título para este livro: Das Origens da Democracia!
ResponderEliminarE que saudades dessas origens, MOYLITO! :)
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