Quando entrei para a escola primária, aprendi a ler relativamente depressa. Já conhecia algumas letras da infantil, como todas as colegas que também frequentaram essas aulas - mas que na época eram poucas, dado que a maior parte das crianças só iniciava a vida escolar a partir dos 6 anos, até lá ficavam com as mães ou avós em casa.
O entusiasmo de aprender a ler (mais do que o de escrever ou de fazer contas) era grande, até porque como verdadeira fanática de contos de fadas ou de Tio Patinhas & Companhia resolvia-me um "problema": nem sempre encontrava alguém com disposição para me contar essas histórias...
Muito menos entendia as enormes birras que algumas meninas faziam para entrar na escola, a professora tinha de as arrancar literalmente das calças do pai ou das saias da mãe, onde se agarravam com unhas e dentes, nos primeiros dias a choradeira era intensa durante grande parte da manhã. A Eva, minha companheira de carteira, era uma das mais inconformadas, às tantas já era eu que a ia esperar à porta, que sempre vinha melhor comigo do que com a dona L., que não era exactamente um poço de paciência - mas com ela até teve bastante! Tornámo-nos boas amigas, durante aqueles anos. Adiante!
Entretanto, o meu B-A-BA correu bem, de soletrar a ler foi um passo de 3 ou 4 meses (nada de precoce, note-se!), sentia-me ufana por já arranhar a leitura. A minha mãe também ficou contente com as informações da professora e, ingénua ou estupidamente, comentou o assunto com um casal amigo. E o homem, um advogado ainda em início de carreira, resolveu rabiscar umas letras numa folha de papel, para que pudesse demonstrar os meus dotes de leitora. Olhei para a folha como boi para palácio - não eram as letras do meu livro, nem a caligrafia da minha professora. Gaguejei, sem entender patavina e ele, com aquela superioridade que sempre o caracterizou, riu-se e exclamou: "Ora, ainda não sabes ler nada!"
Tinha razão! Mas até hoje escapa-me o motivo para um trintão querer amesquinhar uma miúda de 6 anos, a iniciar a sua aprendizagem. Mais, muito tempo depois tive oportunidade de ler alguns manuscritos do fulano e, se bem que não fosse totalmente ilegível, os gatafunhos abundavam...
realmente!! como é possível que tu, aos 6 anos, não entendesses a caligrafia dum dotor? imperdoável! :n ;)
ResponderEliminaro maior problema é que grande parte das pessoas afirma saber ler e escrever e apenas junta as letras e nem consegue "ler nas entrelinhas" por isso "é preciso!" ;)
Não me recordo do meu primeiro dia de escola, assim como não me recordo da altura em que aprendi a ler. Sei que não foi antes de entrar para a 1ª classe, já que os meus avós mal sabiam para eles.
ResponderEliminarRelembro a minha infância com muito carinho, por isso não deve ter havido grandes dramas, para além das reguadas.
Essa sobranceria de que falas é triste de se ver. Se já a não percebo com os adultos, com as crianças enoja-me. Gente assim anda por toda a parte e aqui, na net, até empesta.
bji
O facto dele ser um advogado não é explicação suficiente?
ResponderEliminarBeijocas!
Subscrevo a “explicação” do nosso rafeiro com perfume ;)
ResponderEliminarBeijinhos,
FATifer
Esse dôtor devia ser um bocadito frustrado, não, Teté?
ResponderEliminarCBO
Não sou setora, mas, como responsável durante muitos anos pelo contencioso de uma seguradora, o meu "pão nosso de cada dia" era lidar com advogados. Claro que encontrei de tudo, uns mais simpáticos, outros nem tanto, mas gatafunhos e erros ortográficos por parte de alguns era uma fartura.
ResponderEliminarAproveito para dizer que o mais "peneirento" de todos, que só falava com diretores e daí para cima, foi aquele senhor que já foi ministro da Justiça e deve estar com o pé pronto para saltar para o poleiro. Se não te ocorrer quem é eu digo-te.
Hoje de manhã li este interessante texto, não deixei comentário, porque tenho tanto a dizer, que não sabia por onde começar.
ResponderEliminarPara já adorei ver o meu livro da primeira classe.
Eu também já sabia ler quando entrei para escola, foi a minha mãe que me ensinou, o que foi um grande erro, pois me aborrecia nas aulas.
Penso que o advogado não era só peneirento, mas sim, um frustrado como diz o Carlos, um grande parvalhão, digo eu.
Armada em "carapau de corrida" foi no que deu, VÍCIO! :n
ResponderEliminarClaro que há muito "junta letras" por ai, piora um pouco quando se tem a mania de ser um grande poeta ou escritor... =))
Para começar eu fui uma das meninas, agarrada à saia da mãe, que chorou baba e ranho de todo o tamanho no primeiro dia de escola, mas foi apenas no primeiro dia, que fique bem claro ;;)
ResponderEliminarTambém aprendi a ler muito rápido, já sabia juntar algumas palavras e lê-las, mas mais por ser curiosa do que por me terem ensinado...lembro-me de me lerem histórias e de eu "ler" essas mesmas histórias aos meus irmãos mais novos, devia ter uns 4/5 anos, não que eu soubesse ler na realidade, mas era boa a memorizar =))
Se saber ler é só quando sabemos ler gatafunhos então eu ainda hoje não sei ler porque tem vezes que nem entendo os meus próprios gatafunhos :))
Conseguiste ler-me Teté??? :g
Beijinho :)
Isso reguadas também não nos faltaram, NINA, que a dona L. não era muito paciente, mas no fundo torna-se pouco relevante para a felicidade de uma criança - depressa se esquece. :)
ResponderEliminarDe resto estou contigo: não gosto de gente sobranceira e arrogante de um modo geral, quando @ visad@ é uma criança chega a ser ridículo... ;x
Beijocas!
Não devia ser, RAUF! :)
ResponderEliminarBeijocas!
Os advogados têm cá uma fama, FATIFER... :)))
ResponderEliminarBeijinhos!
Tanto quanto sei, CARLOS BARBOSA DE OLIVEIRA, sempre foi daqueles que para se evidenciar tinha (e tem) a mania de dizer que todos eram (e são) incompetentes... :))
ResponderEliminarEheheh, sei, SONHADORA, conheci e conheço uns quantos! E claro que também há advogados simpáticos, embora tenham a fama que têm... 8-/
ResponderEliminarTenho ideia do nome desse ex-ministro, sim! ;)
Este foi o livro da primeira classe de várias gerações de alunos, TERESA! (e este comprei-o muitos anos mais tarde numa feira do livro, porque o meu passou para a minha irmã e depois para quem dele precisou, já não estava neste estado novinho em folha...)
ResponderEliminarNão sabia ler quando entrei na escola, mas o facto de já conhecer algumas letras da infantil tornou a aprendizagem mais rápida. :)
Quanto ao homem, já não falo com ele há muitos anos (por outras razões, evidentemente)! Além de tudo o resto, detesto gente arrogante... :n
Nesse primeiro dia de aulas muitas meninas choravam, MARIA, acontece que outras choravam todos os dias durante as primeiras semanas... :))
ResponderEliminarA minha mãe também julgou que o meu filhote tinha aprendido a ler sozinho, porque tal como tu memorizava as histórias... =))
Normalmente leio bem todas as letras, por mais gatafunhadas que sejam, mas há duas ou três excepções. Uma delas parece código Morse, só traços rectos (na horizontal e na vertical) e espaços... :D
Beijocas!
ahahahahaha. uma pessoa apanha cada cromo ao longo da vida... podia ter tido o cuidado de desenhar as letras em formas caligráficas compreensíveis mas, como dizes, se calhar era mesmo só para te aborrecer. vá-se lá saber porquê.
ResponderEliminarSe calhar a ideia era essa mesmo: habituar-me desde cedo a lidar com cromos, MOYLITO! E eu que não lhe percebi a boa intenção... :))
ResponderEliminarQ parvo :(
ResponderEliminarTens razão, LOPESCA! :))
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