Embora prefira os contos de Luis Sepúlveda - nomeadamente "História de Uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar" e "O Velho que Lia Romances de Amor" - de vez em quando calha ler as suas crónicas, como agora foi o caso com estas "Crónicas do Sul". Escritas entre a Primavera de 2005 e Dezembro de 2006, data da morte daquele tirano facínora que dava pelo nome de Augusto Pinochet, o escritor chileno nunca se cansa de denunciar o saque de que o seu país foi alvo nas mãos do ditador, tanto em termos de vidas humanas, como das suas riquezas.
Justamente indignado com a impunidade do criminoso, com o compadrio de alguns dirigentes políticos e económicos internacionais, a páginas tantas o autor conta-nos esta curiosa história, exemplificativa da hipocrisia vigente:
Ao conhecer Evan Hunter (1926/2005 - nascido Salvatore Albert Lombino), reconhecido escritor e argumentista norte-americano, que usava vários nomes literários como Ed McBain, Sepúlveda admirou-se com a sua extensa obra, abrangendo géneros tão diferentes como o romance, o policial ou a ficção científica e perguntou-lhe como ele tinha tempo para escrever tanto. "Respondeu-me que o que lhe levava mais tempo era escrever romances de ficção científica. Sem ar de superioridade e sem dar a menor importância, confessou-me que escrevera uns trinta, com diferentes pseudónimos." Não se espantou, portanto, que o americano vivesse confortavelmente num bungalow frente ao mar em Santa Mónica, na Califórnia, possuisse um carrão e uma conta bancária agradabilíssima, de cerca de 2 milhões de dólares. Fruto do seu trabalho, ao longo de uma vida!
Em contrapartida, suspeito era que um chileno praticamente desconhecido, Ramón Ugarte, vendesse no Chile 28 milhões de exemplares dos seus "bestsellers": dois livros (embora um fosse em três tomos), que lhe renderam outros tantos milhões de dólares em direitos de autor, depositados em várias contas bancárias norte-americanas. Num país com 14 milhões de habitantes dá para entender o sucesso de vendas: dois por cada cidadão, independentemente de alguma iletracia reinante! Mas quem era esse autor tão consagrado, que o mundo não conhecia, já que a sua obra não foi traduzida, nem extravasou fronteiras? Augusto José Rámon Pinochet Ugarte, está claro! Com uma fortuna incalculável em bancos estrangeiros e paraísos fiscais...
"No te calles, Luis!"
Justamente indignado com a impunidade do criminoso, com o compadrio de alguns dirigentes políticos e económicos internacionais, a páginas tantas o autor conta-nos esta curiosa história, exemplificativa da hipocrisia vigente:
Ao conhecer Evan Hunter (1926/2005 - nascido Salvatore Albert Lombino), reconhecido escritor e argumentista norte-americano, que usava vários nomes literários como Ed McBain, Sepúlveda admirou-se com a sua extensa obra, abrangendo géneros tão diferentes como o romance, o policial ou a ficção científica e perguntou-lhe como ele tinha tempo para escrever tanto. "Respondeu-me que o que lhe levava mais tempo era escrever romances de ficção científica. Sem ar de superioridade e sem dar a menor importância, confessou-me que escrevera uns trinta, com diferentes pseudónimos." Não se espantou, portanto, que o americano vivesse confortavelmente num bungalow frente ao mar em Santa Mónica, na Califórnia, possuisse um carrão e uma conta bancária agradabilíssima, de cerca de 2 milhões de dólares. Fruto do seu trabalho, ao longo de uma vida!
Em contrapartida, suspeito era que um chileno praticamente desconhecido, Ramón Ugarte, vendesse no Chile 28 milhões de exemplares dos seus "bestsellers": dois livros (embora um fosse em três tomos), que lhe renderam outros tantos milhões de dólares em direitos de autor, depositados em várias contas bancárias norte-americanas. Num país com 14 milhões de habitantes dá para entender o sucesso de vendas: dois por cada cidadão, independentemente de alguma iletracia reinante! Mas quem era esse autor tão consagrado, que o mundo não conhecia, já que a sua obra não foi traduzida, nem extravasou fronteiras? Augusto José Rámon Pinochet Ugarte, está claro! Com uma fortuna incalculável em bancos estrangeiros e paraísos fiscais...
"No te calles, Luis!"
Facínora, o Pinochet?!
ResponderEliminarNão será impressão tua, Teté?
;)
o gato tinha algum simulador para as aulas de voo?
ResponderEliminarPode ser, CAPITÃO!
ResponderEliminarMas muito vincada, por sinal! ;)
VÍCIO, o gato SÓ instigou a gaivota a ter coragem de voar... :D
O Pinochet era poeta e bebia cerveja com mistura.
ResponderEliminarCerto?
Essa agora não sabia!!!!!!
ResponderEliminarMas tambem não posso saber tudo, né!!!!!!!
Beijokitas e boa semaninha
Olha lá a Teté crítica literária outra vez!
ResponderEliminar;)
Hoje eu ganhei o livro: A "menina" que roubava livros (Nossa língua é mesmo estupenda,pois não?Lá é "rapariga",cá é "menina".Acho isso "giro"--´que eu digo "massa",hahaha)de uma colaboradora.Vou começar a ler amanhã ou depois.Porém,logo no prefácio já senti uma lagriminha querer escorrer--mas,eu disfarcei,afinal tou no trabalho né?--
E quanto ao Pinochet,o que se sabe dele é o que sempre noticiaram.Se é verdade ou se não é,só opino que
"onde há fumaça,há fogo" e se o maior interessado --ELE-- no caso,nunca se pronunciou para provar o contrário então...
Bem,mas não entendo de política ou afins.Só quis comentar.Se foi um comentário a altura não sei.Mas,gosto mesmo quando escreves sobre o que andas lendo.É um estímulo!
Obrigada! E tenha uma semana bem bonita!
Beijo e cheiro da "Soteropolitana" --Lol lol
:))))))
--
Expliquei abaixo o porque da minha ênfase.
Não me parece que o livro em três tomos - Memórias de um Soldado - fosse de poesia, REI!
ResponderEliminarPena ele nunca ter trincado a língua... ;)
PARISIENSE, não sabias o quê? Que o Pinochet também tinha escrito dois livros (ou 4, dependendo da perspectiva)?
Deixa estar que também foi a primeira vez que ouvi... :)
Jinhos e boa semana para ti também!
Eh, eh, eh, KÁTIA essa fez-me lembrar uma música do Louis Armstrong em que distingue duas maneiras de dizer potatoes em tomatoes...
O Pinochet fez melhor do que isso: para se safar à justiça, arranjou atestados de insanidade, e como já estava velho (ele morreu aos 91 anos) aquilo "colou". Claro que não se esqueceu foi dos números das suas múltiplas contas, abertas com vários nomes diferentes para não dar tanto nas vistas...
Jinhos, nina soteropolitana! :)))
Gosto muito de Luís Sepúlveda, li quase todos.
ResponderEliminarObrigada pela dica
bjocas
Literaturas à parte, coitados dos que morreram às suas mãos ou seja por sua ordem, e nem são assim tão poucos, e claro que os filhos do Pinochet têm lindas contas bancárias pelo mundo...Pobres daqueles que ficaram sem o chefe da familia para ganhar para o pão de cada dia...raios levem o homem, mas agora decerto já está a ser julgado como deve ser, com justiça!...
ResponderEliminarBeijinhos...
Tete, adooooooooooooro a historia do gato e da gaivota e adoooooooooooroooooo o velho que lia romances de amor.... adooooooooro, até fico com um arrepio de me alembrar... :-) são daquelas historias que nos fazem sorrir, quais contos de fadas dos tempos modernos... (ou fábulas!)
ResponderEliminarQuanto ao pinochet, espero q esteja a ter o castigo que merece, porque a morte ficou-lhe demasiado bem e soube a pouco..talvez tenha encontros marcados com aqueles cuja vida destruiu...
JASMIM, também julgava que tinha lido quase todos, mas afinal tem vários que nem conhecia de nome...
ResponderEliminarAdmiro a luta dele, para que não se passe uma esponja a tudo o que aconteceu no Chile e que tantas vidas destruiu!
Jinhos!
Ah, LAURINHA, pois não! Não ando aí a chamar facínora a ninguém à toa! Só gente que "desapareceu" sem nunca mais deixar rasto, a familiares ou amigos, segundo este autor foram cerca de 3 mil.
Tomara eu acreditar nessa justiça divina, que aí o homem certamente viveria no mais profundo dos Infernos!
Jinhos, nina!
É isso mesmo, VAN: histórias de fadas (ou de encantar) dos tempos modernos...
ResponderEliminarCastigo seria ser julgado e punido em vida, que lhe retirassem todos os bens que roubou ao povo chileno e que o enfiassem na prisão até morrer (e isto porque sou contra a pena de morte). Estes ditadores não deviam merecer dó nem piedade dos humanos, por tantas vidas que sacrificaram!
Mas quem nunca viveu esses tempos (cá, lá ou em qualquer outro local do mundo em que tenha reinado um ditador), não consegue compreender... ;)
Que bom é saber que há quem lembre um autor amordaçado...
ResponderEliminarJOÃO VIDEIRA SANTOS, ao Sepúlveda ninguém o conseguiu amordaçar, e ainda bem... :)
ResponderEliminarTenho de falar seriamente com a gataria ´lá de casa. Nunca me encorajam para nada para além de lhes dar comida e mimos. Bando de felinos inúteis! ;)
ResponderEliminarComentário ligeiro, porque a informação que dás no post é demasiado deprimente...filho da mãe. Nem fazia ideia disso.
Beijos
SAFIRITA, a informação é do autor do livro, que tem batalhado imenso para não calarem a voz do povo chileno, que sofreu na pele as agruras daquela ditadura...
ResponderEliminarGataria inútil??? Ná, eles também te ensinam qualquer coisa! Como não és gaivota, não é a voar... :)))
Jinhos!
LOOOOOOOOOOOOOOOOL, ai tete, parti-me a rir com o comentário da safira!!! LOOOOL
ResponderEliminarTambém eu, VAN!!! :)))
ResponderEliminarTambém prefiro os contos dele. Nomeadamente os dois que referiste são os que gostei mais.
ResponderEliminarQuanto a este de crónicas, ainda não li.
As crónicas revelam realidades mais cruas, nem todas bonitas de se ver, TONS DE AZUL!
ResponderEliminarMas gosto que o homem nunca se tenha calado com aquele horrível ditador, que o fez sofrer tanto a ele e ao povo chileno...
Os contos/romances são mais leves, mas dão a transparecer um grande escritor! :)
Jinhos, nina!