sexta-feira, 19 de outubro de 2007

DO QUE NÃO SE LEU

Na crónica de António Mega Ferreira, na Visão de 2 de Agosto de 2007, intitulada “Do que não se leu”, ele afirma: “A maior parte dos originais enviados para as editoras pura e simplesmente não é lida”.

Para justificar esta afirmação um tanto polémica, relata uma notícia recente, em que um “hábil provocador” montou um texto a partir de três romances de Jane Austen e enviou-o a 16 editoras britânicas. Em 15 este foi recusado, só o 16º “...atento, o remeteu para a obra de Jane Austen com a indicação que a obra ‘nova’ era, afinal, velha de quase dois séculos.”

Como é difícil acreditar que 15 editoras britânicas sejam tão “distraídas” que desconheçam Jane Austen, a probabilidade é que o “original” nunca tenha sido lido por um consultor qualificado, conclui o cronista, explicando o facto pela numerosa quantidade de originais que chegam diariamente às mesmas. Assim, sem serem lidos, uns tempos depois os autores recebem uma simpática cartinha onde se explica que a publicação “não se integra no planeamento editorial”.

Mega Ferreira acrescenta ainda: “E o procedimento não é sequer muito diferente do adoptado pelos jurados de concursos literários onde está em causa premiar inéditos: quem é que, humanamente, é capaz de ler 150 manuscritos, dos quais, possivelmente, nem cinco se aproveitam?”

Tirando a presunção patente no fim deste comentário – se os jurados não leram, como é que sabem se se aproveita? – de que vale a um ilustre desconhecido enviar os seus textos para editoras ou concursos literários? E se é assim no Reino Unido, que usufrui de um mercado editorial muito mais amplo do que o português, como é que será cá?

A resposta está à vista de todos os que frequentam livrarias: saem livros de futebolistas, treinadores, apresentadores de televisão, actrizes/actores, elementos do jet set, políticos, familiares (ou ex) destes e claro, de jornalistas, poetas e escritores já com provas dadas. Ou seja, o critério literário tem pouco a ver com o assunto. Interessa é vender!

22 comentários:

  1. Não comento um "post" em que surge o nome do Mega Ferreira...

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  2. O que interessa é quantidade que é vendida e não a qualidade produzida. As pessoas querem saber sobre a vida deste ou daquele, principalmente se meter esquemas estranhos ou coisas 'macabras'. Ninguem quer saber de finais felizes e romances todos pomposos, mas sim sobre aqueles que idolatram muitas vezes e saber das suas vidas e todos os seus podres.

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  3. Uma palavra. Dinheiro.

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  4. e para provar o que digo aqui fica o link que vi quando fiz refresh ao google:

    http://feeds.feedburner.com/~r/iol/portugaldiario/~3/172443292/noticia.php

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  5. A modos que diz isto no titulo:

    José Rodrigues dos Santos lança novo romance

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  6. Aqui só se fores uma carinha laroca conhecida é que te safas!!!

    Bom fds

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  7. Pois olha, Capitão, fizeste mal. O que o dito "intelectual" tem a cara de pau de dizer, é que os editores e os júris de concursos literários não se dão ao trabalho de ler as obras inéditas que lhes enviam... Até concordo, que não é preciso ler um livro até ao fim, para saber que ele é mau. Para isso, as primeiras 20 páginas devem chegar! Mas mesmo que editores e livreiros só tenham o lucro em vista, já para os jurados dos concursos (que só aceita quem quer ou pode) é escandaloso!

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  8. Psycho_mind, a J.K.Rowling, escritora dos livros do Harry Potter, viu-se grega (que é como quem diz, britânica!) para conseguir a publicação do seu primeiro livro - independentemente de se gostar ou não, foi um enorme sucesso! - quando qualquer trolaró que escrevesse uma suposta biografia da Lady Di tinha as portas todas abertas...

    Fausto, dinheiro, sim, preferencialmente com muitos zeros à direita. O José Rodrigues dos Santos ainda é dos que me faz menos confusão, porque esse, pelo menos, sabe escrever...

    Gatinha, é verdade! Com honrosas excepções, é evidente... Um amigo meu, que já ganhou vários prémios de poesia e contos em concursos camarários, anda há anos a ver se consegue publicar uma colectânea de uns e/ou outros, só recebe respostas... chapa 5!

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  9. BOM DOMINGO PARA TODOS!

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  10. Olá tété, claro que é assim...
    Por isso me disseram quando eu falei em publicar um livro, que difícilmente passaria, as editoras aqui são cheias de manias e que nos mandam tirar algo com que não concordem, nem que sejam virgulas etc etc frases, mas que para não terem trabalho que nem lêm , mas nem acredito que seja assim...Tenho amigas que já quiseram publicar e têm tudo armazenado, enfim, muita coisa tem de mudar...Porque há quem bem escreve ver os seus trabalhos recusados e há os que mal escrevem e ..já têm livros publicados, enfim....
    Beijinho de dia Santo...

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  11. Na proporção insignificante que me é devida, sei muito bem o que isso é...

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  12. Oi. Voltei para te responder. Eu normalmente não como cozido,mas este é mais seco e sabe a enxofre.
    Mas como gostos não se discutem acho que deves provar.

    Beijocas e boa semana.

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  13. Laurinha, pois com toda a sua cara de pau, o homem não está a dizer mentira nenhuma. Agora ele pode achar aceitável, eu nem por isso. No caso dos concursos, em que às vezes estão envolvidos prémios monetários significativos, acho mesmo escandaloso!
    Espero que tenhas tido um óptimo Domingo, na companhia da tua amiga...

    Pois Rafeirito, imagino que deves saber dessas andanças. Mas vá que às vezes alguém passa no crivo. E ainda bem!

    Gatinha, um cozido a saber a enxofre? Hummm, cheira-me a esturro... Bem, também não tenho nenhuma viagem programada a São Miguel, quando lá for penso no assunto...

    Jinhos e boa semana para todos!

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  14. O trabalho (porque é um trabalho!) de publicar um livro passa por diversas fases, desde a da oportunidade, do conhecimento, da leitura real do produto, o acompanhamento...isto quando falamos de editoras que se empenham a sério...há várias atitudes por parte das mesmas consoante os seus objectivos e interesses...e neste mundo há um pouco de tudo.

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  15. Teté:
    Achas que o que o fulano disse é novidade?
    Há anos que se fala disso.
    Recordo, a propósito, que a Agustina já contou um episódio desses passado cosnigo própria...

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  16. Pois é Su, o problema está nisso mesmo: é que parece que várias editoras só se empenham nos lucros. Mal seria se fossem todas e as generalizações têm esse perigo, mas 15 em 16 não lerem um livro, parece-me uma percentagem bastante significativa, não te parece? Isto em Inglaterra... Mas acho que o cronista se estava até a referir ao mercado nacional, que deve conhecer melhor...

    Capitão, novidade não será, mas achei piada à cara de pau do gajo vir dizer isso assim, como se fosse normal...

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  17. E de facto parece ser prática normal...
    É triste mas é verdade!

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  18. este artigo tem palavras de Mega Ferreira!
    (viste como estava atento?)

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  19. Pois é Capitão, desta vez parece que o homem disse uma verdade...

    Oh Vício, vê lá se tanta atenção não te prejudica o bichinho residente, eh, eh, eh!

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  20. Olaré, Tété!

    Gostei bastante deste post! Tudo por conhecer quem queira publicar e não consiga competir com os Mantorras, Mourinhos e Carolinas deste país. E, claro, por não terem os mil ou dois mil euros (depende da editora) que têm de pagar para a editora fazer o obséquio de te publicar.
    Euzinha tinha o sonho de um dia escrever um livro. Mas euzinha já tirou o cavalinho da chuva.

    Fausto!!!!!!!!! Sacrilégio!!!!!!!!!! Sorry lá, mas o José Rodrigues dos Santos pode ter a seu favor o facto de ser uma cara muito conhecida, mas não é uma cara qualquer!! Não é um nobel da literatura, mas é um excelente investigador e, acima de tudo, um excelente comunicador. Já leram a Fórmula de Deus?? Já viram a quantidade de calhamaços de Física, Astrofísica e o caneco que o homem andou a ler?? E o mais surpreente é que o gajo percebeu o que leu e soube explicar conceitos cientificos, que muitos cientistas não entendem, em língua de gente normal! Sorry, lá, mas eu adoro o homem... ;-p

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  21. Pensava que "essas coisas" só aconteciam por aqui...

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  22. Vanadis, tenho dois livros (oferecidos) do José Rodrigues dos Santos - esse que mencionaste e Codex 632 - mas ainda não tive coragem de começar... Sei que o homem sabe escrever, que ele não entrou propriamente por cunha para a RTP (quer dizer, mesmo que tivesse...), era um dos melhores alunos do curso de Comunicação Social daquela época. Mas é mais por essa parte "científica" da coisa, que não me apetece muito ler. Quanto a cientistas que não sabem explicar conceitos de modo a que um leigo os entenda, pois, tenho de concordar, é mato!

    Pois é, Kátia, é aqui, é aí e até na "civilizadíssima" velha Albion...

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Sorri! Estás a ser filmad@ e lid@ atentamente... :)