sábado, 6 de outubro de 2007

UMA BOA ESTRELA

Ontem fui ao cinema ver “Stardust”, uma espécie de conto de fadas, que nos envolve numa deliciosa aventura de príncipes e princesas, bruxas más, piratas, fantasmas, estrelas cadentes, segredos e mistérios, enfim, tudo o que condimentava as nossas histórias de infância. De repente, senti-me menina novamente, só me faltou gritar na cadeira: “Olha a bruxa!”

De regresso a casa, a sensação não me abandonava, havia uma peçazinha que faltava, não estava a perceber qual. Até que me lembrei: era a tia Marita, que me fazia sentir assim, em criança! Não que ela tivesse tido uma vida de conto de fadas, antes pelo contrário... Espanhola de nascença, presa a uma educação básica para menina casadoira, viu quase todos os seus muitos sonhos negados ao longo dos anos. Nunca casou, nem teve filhos, a Guerra Civil Espanhola (1936-1939) dispersou ainda mais a sua família. Adorava crianças, ajudou a criar irmãos e sobrinhas, do mesmo sangue ou de outro. Pertenço ao último caso. Foi um extraordinário privilégio ouvir da boca dela inúmeras histórias de encantar, às vezes baseadas em fábulas, textos bíblicos, filmes que via ou, pura e simplesmente, imaginadas no momento. Que sabia contar como ninguém, com a pronúncia espanholada que nunca perdeu.

Nem por isso correspondia à imagem de uma velhinha muito doce e resignada. Não, mesmo! A idade e uma cirurgia de “outros tempos”, tinham-lhe tornado o corpo disforme. Orgulhosa, teimosa, firme, com resposta na ponta da língua a quem a pretendesse confrontar. Aceitava trabalhos simples, mas nunca a quem se dispusesse a pisar. Levou uma vida em vão? Suponho que não! Quando o tema é sonho, magia e encantamento, ela renasce... num cantinho do meu coração!

Para quem gosta deste género fílmico, a não perder!

*****
Faz hoje oito anos que Amália Rodrigues morreu. Nunca fui grande apreciadora de fado, mas ela foi, sem dúvida, um símbolo nacional. Contudo, só me lembrei dela porque hoje fui passear para o jardim que lhe roubou o nome. Um local ameno, simpático, pacato e aprazível. Onde se pode ler, estudar, namorar, passear o cão, atirar umas migalhas aos patos, fotografar aquele vale entre duas colinas que desagua no Tejo. Digam-me lá, porque é que as pessoas se encafuam nos Centro Comercais aos fins-de-semana?

18 comentários:

  1. as pequenas grandes coisas da vida que fazem toda a diferença.
    por que há pessoas que nunca se esquecem mesmo com o passar do tempo
    e que marcam toda uma vida.

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  2. Engraçado, estava a ler-te e a pensar na minha tia.
    Com a diferença que a minha nasceu cá e virou-se para Espanha depois do irmão casar com uma espanhola refugiada da guerra.
    Nada meiga essa tia, quando comparada com outra tia solteirona (mas do lado paterno)era um pedaço de gelo, mas penso que lá tinha a sua forma de amar...Mesmo assim, sinto saudades dela e foi dela que me lembrei ao ler-te :)

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  3. Bonita a estória dessa tua tia.
    A abordagem dela à vida é correcta. Aceitar as contrariedades da vida mas sem se conformar com tudo. Viver a vida com um pedacinho de sonho e fantasia.

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  4. Adorei o ultimo paragrafo da historia da tua tia. Adorei mesmo!

    Quanto ao centro comercial. Porque é das poucas alturas em que se pode recorrer à veia consumista e comprar aquela peça de roupa que faltava no roupeiro. (falo de quem trabalha, está claro)

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  5. Deixa lá eles se encafuarem e fique mais espaço para nós-outros. Sempre digo: é bom que haja cidades para os outros viverem neles (`_^).
    Linda a história da tia: nem toda a gente tem alguém assim que lembrar.

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  6. Linda mesmo, a senhora tua tia. Gostava de ter alguém assim a quem lembrar. =) Lógico que tenho a quem admirar, a minha mamicita. E ainda me lembro do alto da montanha aonde o rei viveu... =) ela fartava-se de cantar para mim e para a minh irmã. =)

    O crestfallen tem razão, a abordagem mais correcta à vida é a aceitação das suas contrariedades, sem no entanto se entrar em conformismos. Mas é muito dificil, especialmente no dia em que se descobre que os contos de fadas não existem.

    É bom, contudo, que ainda existam filmes que lembrem o imaginário infantil e que nos façam contactar com a criança ingénua que já fomos. Talvez nos lembrem que ela ainda cá está dentro, quando não a conseguimos encontrar...

    Hei-de ver o filme e depois digo-te se a encontrei ou não... =)

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  7. talvez vá ver esse filme!
    eu fui no sabado ver o 1408
    há muito tempo que não saltava na cadeira 5 vezes num filme nem me arrepiava com 1 ou 2 cenas!

    (acho que não devias denunciar esse jardim em publico! roubo ainda é crime!)

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  8. Uma senhora encantadora que faz sorrir a nossa memória. São pessoas assim que dão bom nome ao passado que carregamos e nunca morrem porque as relembramos em vários momentos, como o fizeste agora...
    É bom termos sempre a capacidade de nunca esquecer a estrela da nossa vida que brilhou num determinado momento do nosso passado.

    Fim-de-semana é sagrado não entrar num centro comercial! Durante a semana, por isto ou por aquilo, para ir a um cinema ou a uma Fnac, ainda vá...agora fim-de-semana...SAGRADO!!

    Beijinho grande!

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  9. Bem-vindo, Psycho-mind! Tens razão, há pessoas que nunca se esquecem...

    Ahkla, claro que as pessoas têm diferentes formas de amar ou até de demonstrar...

    Concordo, Crestfallen! As contrariedades existem, mas o sonho e a fantasia também!

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  10. Fausto, secalhar parte do que está mal é essa febre consumista...


    Sun Iou Miou, também é verdade, enquanto andam todos nos centros comerciais, ficamos nós mais à vontade em lugares mais aprazíveis...


    Vanadis, talvez seja ingenuidade da minha parte, mas acho que a criança que existe dentro de mim me vai acompanhar para o resto da vida. E mesmo que já não acredite em contos de fadas, é sempre bom relembrar a criança que acreditava. Conformismo, também não é assim um grande predicado que tenha!

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  11. Vício, aproveita, se gostas de relembrar contos de fadas. 1408 é um filme meio de terror, não?
    O "roubo" ali é perdoado, que foi mais para homenagear a Amália...

    Su, nunca me esqueço de ninguém que foi ou é importante para mim. Mas história de encantar é realmente sinónimo de tia Marita, que a minha mãe e avó também contavam, mas jeito mesmo era ela que tinha...
    Sagrado, não direi, mas o mais de evitar possível, lá isso...

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  12. 1408 tem a mão do Stephen Lynch na escrita da história.
    o seguimento da história é totalmente imprevisivel!
    gostei bastante!

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  13. errata: a história é do Stephen King

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  14. LOL, Vicio, pois, eu estava a estranhar esse stephen lynch...acaso serás fã do david lynch???

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  15. Vício, pois, Stephen King é escritor e argumentista do género terror/fantástico...

    Vanadis, claro que o David é outro.

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  16. O 1408 tem um desempenho muito bom para o Jonh Cusak, tendo em atenção que grande parte da acção é passada num quarto de hotel, chega-se a um determinado momento nós próprios estamos já fartos de sofrer com tanto sofrimento da personagem!!

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  17. Su, estou mesmo a ver o género: daqueles que saímos do cinema e estamos tão cansados que parece que corremos a maratona...

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  18. :) Eu gosto deste género de filmes e fui vê-lo esta segunda-feira. Adorei, pois está claro! Saí de lá com aquela sensação de bem-estar e de que tudo é azul no mundo. :)

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Sorri! Estás a ser filmad@ e lid@ atentamente... :)