Não li o livro que tornou famoso o diplomata indiano Vikas Swarup - através do cinema, no mínimo - este segundo foi-me oferecido recentemente. Por quem sabe que adoro policiais...
Vicky Rai mata uma jovem empregada de restaurante, Ruby Gill, porque esta se recusa a servir-lhe uma bebida depois do bar fechar. Um caso que seria linear, se Vicky não fosse filho de um poderoso e corrupto político indiano, que exerce grande influência sobre a polícia e outros setores da sociedade, nomeadamente no submundo. Assim, Vicky prossegue a sua vida de playboy e de empresário, enquanto aguarda o julgamento em liberdade. Sete anos depois é absolvido do crime, o que indigna a população. Com a arrogância de alguém que se considera acima de todas as leis, resolve comemorar o facto com toda a pompa e circunstância. E nessa noite de festa é assassinado a tiro.
Por quem? Os suspeitos são seis pessoas que prejudicou direta ou indiretamente e que carregavam armas de fogo assim que a polícia tomou conta do ocorrido. Ente eles, perfilam-se o seu próprio pai, uma famosa atriz de Bollywood, o "turista" americano apaixonado por ela, um indígena em demanda pela pedra-amuleto da sua tribo, um ladrão de telemóveis ambicioso e um ex-burocrata reformado e corrupto, que acredita ser a reencarnação de Ghandi.
486 páginas estruturadas em capítulos que dividem o crime praticado por Vicky e relatado por um jornalista, a vivência de cada um dos suspeitos e a razão porque o odiavam - serão motivo de homicídio? - o dia da festa que terminou com a morte do assassino e a conclusão. Sem dificuldades de maior para entender, se o enredo não decorresse na Índia e numa sociedade culturalmente tão diferente da nossa ocidental... Assim, a leitura sai um pouco prejudicada por demasiadas notas de rodapé a explicar este ou aquele termo intraduzível e as deambulações por várias províncias indianas também não ajudam muito (e talvez um pouco desnecessárias para o enredo).
A caracterização das personagens é minuciosa, o modo como todas aquelas vidas se cruzam bem engendrado e em algumas cenas está patente um requintado sentido de humor, de modo que acaba por ser um bom romance policial. Mas que não é muito fácil de ler, não é mesmo! Por outro lado, tem a vantagem de dar a conhecer a vivência naquelas paragens, numa sociedade democrática onde se multiplicam religiões, etnias e línguas, mas ainda muito subordinada ao sistema de castas e a tradições milenares, onde a desigualdade, a injustiça e a corrupção continuam a imperar. Isto para quem gosta de "viajar" confortavelmente repimpado no seu sofá...
Citações:
Vicky Rai mata uma jovem empregada de restaurante, Ruby Gill, porque esta se recusa a servir-lhe uma bebida depois do bar fechar. Um caso que seria linear, se Vicky não fosse filho de um poderoso e corrupto político indiano, que exerce grande influência sobre a polícia e outros setores da sociedade, nomeadamente no submundo. Assim, Vicky prossegue a sua vida de playboy e de empresário, enquanto aguarda o julgamento em liberdade. Sete anos depois é absolvido do crime, o que indigna a população. Com a arrogância de alguém que se considera acima de todas as leis, resolve comemorar o facto com toda a pompa e circunstância. E nessa noite de festa é assassinado a tiro.
Por quem? Os suspeitos são seis pessoas que prejudicou direta ou indiretamente e que carregavam armas de fogo assim que a polícia tomou conta do ocorrido. Ente eles, perfilam-se o seu próprio pai, uma famosa atriz de Bollywood, o "turista" americano apaixonado por ela, um indígena em demanda pela pedra-amuleto da sua tribo, um ladrão de telemóveis ambicioso e um ex-burocrata reformado e corrupto, que acredita ser a reencarnação de Ghandi.
486 páginas estruturadas em capítulos que dividem o crime praticado por Vicky e relatado por um jornalista, a vivência de cada um dos suspeitos e a razão porque o odiavam - serão motivo de homicídio? - o dia da festa que terminou com a morte do assassino e a conclusão. Sem dificuldades de maior para entender, se o enredo não decorresse na Índia e numa sociedade culturalmente tão diferente da nossa ocidental... Assim, a leitura sai um pouco prejudicada por demasiadas notas de rodapé a explicar este ou aquele termo intraduzível e as deambulações por várias províncias indianas também não ajudam muito (e talvez um pouco desnecessárias para o enredo).
A caracterização das personagens é minuciosa, o modo como todas aquelas vidas se cruzam bem engendrado e em algumas cenas está patente um requintado sentido de humor, de modo que acaba por ser um bom romance policial. Mas que não é muito fácil de ler, não é mesmo! Por outro lado, tem a vantagem de dar a conhecer a vivência naquelas paragens, numa sociedade democrática onde se multiplicam religiões, etnias e línguas, mas ainda muito subordinada ao sistema de castas e a tradições milenares, onde a desigualdade, a injustiça e a corrupção continuam a imperar. Isto para quem gosta de "viajar" confortavelmente repimpado no seu sofá...
Citações:
"Sempre disse que a Não-Violência e a Verdade são como os meus dois pulmões. Mas a Não-Violência nunca devia ser usada como um escudo para a cobardia. É uma arma dos corajosos."
"Uma rapariga de jeans e T-shirt de ar moderno olha-me apreciativamente. Dez minutos antes nem teria reparado em mim. Faz-me perceber até que ponto o hábito faz o monge. E eu sei que não há nada de instrinsecamente diferente nos ricos. Vestem-se simplesmente melhor."
"- Eketi vai-se casar. Lá na terra os velhos casam-se com todas as raparigas. Não tinha esperança de arranjar mulher se ficasse na ilha. Aqui posso ter uma vida nova. Arranjar mulher."
"Na maioria das vezes, no entanto, ficavam calados partilhando uma comunhão silenciosa. A amizade deles não precisava de vocabulário. Crescia entre os seus silêncios."
"Uma rapariga de jeans e T-shirt de ar moderno olha-me apreciativamente. Dez minutos antes nem teria reparado em mim. Faz-me perceber até que ponto o hábito faz o monge. E eu sei que não há nada de instrinsecamente diferente nos ricos. Vestem-se simplesmente melhor."
"- Eketi vai-se casar. Lá na terra os velhos casam-se com todas as raparigas. Não tinha esperança de arranjar mulher se ficasse na ilha. Aqui posso ter uma vida nova. Arranjar mulher."
"Na maioria das vezes, no entanto, ficavam calados partilhando uma comunhão silenciosa. A amizade deles não precisava de vocabulário. Crescia entre os seus silêncios."
Um policial que gostaria de ter do lado de cá.
ResponderEliminarEste não parece nada maçudo, ou será a tua brilhante sinopse?:)
bji
Maçudo não é, NINA, mas tanta interrupção na leitura, para saber o que esta ou aquela palavra significam corta um bocado o ritmo... :)
EliminarBeijocas!
Pois, nem a tua excelente capacidade de fazer resumos me alicia para policiais (e, hoje, comprei mais um livro!!!!!)
ResponderEliminarBom serão, Teté.
Olha que a Feira do Livro está aí a bater à porta, SÃO! :)
EliminarE sim, já sei que não gostas de policiais!
Beijocas!
Julguei que nos ias contar a história toda e pensei: queres ver quie já não leio o livro?:))
ResponderEliminarVá lá, ficaste-te pelos instantes...
Beijinho
Nunca conto a história toda, que isso retira o prazer de ler às outras pessoas, JP! Pelo menos eu detesto que me contem o fim de um livro ou de um filme... :)
EliminarBeijocas!
Parece-me que não ficaste muito entussiasmada!
ResponderEliminarA sociedade indiana faz-me muita impressão: o hinduísmo, as castas, toda uma estrutura baseada na desigualdade de nascença e que se mantém, apesar da democracia formal. Fiz há pouco tempo um curso onde se afloraram esses assuntos e ainda fiquei mais impressionada, embora mais informada!
Bjs
Primeiro foi o ritmo de leitura cortado por tantas notas e rodapés, mas também tem essa nuance da desigualdade chocante naquelas paragens, a pobreza, o analfabetismo e a injustiça que não deixa de nos inquietar, TERESA. Daí o entusiasmo não ser maior... :)
EliminarBeijocas!
Este foi oferecido por quem sabe que gostas de policiais? Então podia ser eu ou qualquer pessoa que te lê aqui...eu não fui, podia ser, mas não fui...quem recusa oferecer um marcador com lacinho colilosa, não merece que eu lhe dê um livro apesar de ter capa colilosa, né mesmo? (assobiando tristemente por não ter um marcador com lacinho colilosa...shuif...shuif)
ResponderEliminarQuer dizer, até mereces porque és boa menina, mas eu sou muito má, principalmente com a falta do marcador do lacinho colilosa :p
Hoje não disseste "Adorei", logo parece que não te entusiasmaste por aí além...não me parece que vá comprar...tenho ali uma lista do tamanho de um comboio de livros para comprar e ontem comprei dois que nem estavam na lista...ando muito desorganizada nas minhas compras.
Seja como e depois do que tinha para te dizer, posso não me entusiasmar com este livro, mas adoro ler os teus resumos :)))
Beijinho :)))
*nunca te ofereci um livro, mas tive quase, quase a ter um que seria oferecido por ti...e mais não digo (assobiando a sério)
Olha, não ando por aí a "adorar" todos o livros, MARIA, tem calhado que os últimos que tenho lido serem muito bons. Na minha opinião, evidentemente! :)
EliminarLivro? Marcador do lacinho colilosa? Ui, ui, nem sei do que tás a falar... (assobiando para o ar) :P
Beijoca!
§ - a sério, a sério, não sei que livro é esse que estive quase a oferecer-te... ;)
ehehhehe agora é que ficaste confusia, não foi????
Eliminareheheheheh beijinho :)
Pois foi, mas já tenho uma vaga ideia ao que possas estar a referir-te, MARIA! :P
EliminarEheheh, beijocas! :)
Não li o livro nem conhecia o escritor, mas gosto imenso de policiais, embora nem todos os enredos me atraiam.
ResponderEliminarEste deve ser interessante, pelo menos tem suspeitos em quantidade suficiente para criar bastante suspense, Teté!
Gostei, especialmente, desta citação:)
"Eketi vai-se casar. Lá na terra os velhos casam-se com todas as raparigas. Não tinha esperança de arranjar mulher se ficasse na ilha. Aqui posso ter uma vida nova. Arranjar mulher."
Ora aí está um bom motivo para matar alguém lá na ilha...:)
Beijinhos, boa semana.
Bom, também não conhecia o escritor, JANITA, que sendo indiano e como autor do livro onde se baseia o filme "Quem quer ser bilionário", não dá para ninguém se lembrar de um nome como Vikas Swarup! :)))
EliminarTem uma enorme quantidade de suspeitos, mas quase de capítulo para capítulo vais mudando de opinião sobre quem pode ter morto o assassino! Não sei se é suspense, mas muita volta e reviravolta do enredo é de certeza... :)
Eketi foi a personagem de quem mais gostei!
Beijocas e boa semana para ti também!
Mais uma sugestão para eu guardar, Teté.
ResponderEliminarEstou à espera de livros que comprei na fnac.
Os portes são incrivelmente caros!!
Beijocas!
Imagino que sim, que são caros, PEDRO. Aqui a partir de determinado montante são gratuitos, só coisas de pequeno valor é que pagam, o que tem a sua lógica. Tanto para esses preços de portes serem caros (tem a ver com os próprios correios, hoje muito na berra), como para estes serem tendencialmente gratuitos... ;)
EliminarBeijocas!
Olá Teté,
ResponderEliminarJá li este livro... e já o esqueci.
Se gostas de policiais lê os livros de David Liss. As histórias passam-se em Inglaterra, no século XVIII e o caçador de criminosos é um extraordinário Benjamim Weaver, um judeu português,antigo pugilista e detective. Depois de leres o primeiro romance "A conspiração de papel" pegarás logo nos seguintes "O mercador português" e "O grande conspirador". As histórias são autónomas, muito bem escritas, com uma excelente descrição da época, enredos arrebatadores e de soltar boas gargalhadas. Não percas.
Bjs.
Acredito que sim, TERESA DIAS! Os policiais são tendencialmente assim, facilmente esquecemos o seu enredo. Mas mesmo assim há alguns da tia Agatha, da tia Ruth, para já não falar na incrivel trilogia do Millennium que dificilmente se esquecem. Neste caso, tenho impressão que daqui a uns tempos só lembrarei Eketi, que para mim foi a personagem mais marcante.
EliminarNão conheço o autor nem os livros, mas agradeço-te imenso a sugestão. Agora que a feira do livro está quase a abrir portas, há que organizar um plano! :)
Beijocas!
Não sou muito de policiais. Mas é talvez falta de hábito. :)
ResponderEliminarAdoro ler policiais, normalmente de permeio de outras leituras mais sérias, LUISA. No entanto, este pareceu-me bastante sério, especialmente por mostrar um país a traços tão negros... ;)
Eliminar"O Silêncio de Deus" de Max Gallo foi um dos últimos livros que li com uma base de investigação policial de crimes com uma componente religiosa que mais gostei de ler.
ResponderEliminarEste não conheço, mas é uma boa sugestão.
Beijocas
Adoro policiais, POPPY, de modo que hei de espreitar esse livro na próxima Feira do Livro. Se bem que essa componente religiosa não me costume agradar por aí além... :)
EliminarBeijocas!