Era apenas um café de bairro, pequeno, estreito e escuro. Foi obrigado a modernizar-se por um qualquer antepassado da ASAE, tornando-se um pouco mais iluminado. Já não existe, mas no toldo de entrada ostentava o pomposo título de “pastelaria”.
Os proprietários / balconistas costumavam ser simpáticos com os clientes, em estilos bastante diferentes – um com alguma prosápia de pseudo-intelectual, outro mais o homem lá da sua terra, com pronúncia axim - mas eram verdadeiros esclavagistas para os empregados. Resultado: semana sim, semana não, aparecia uma cara nova a servir às mesas. Contavam-se histórias mirambolantes, de um que fugira tão esbaforido dos patrões, que até lá deixara o próprio relógio...
A pastelaria era encomendada fora e muito má. Ríamos! Era como o bolo-rei, trazia “brinde”, nem sempre identificável. As sandes de pão com pão denunciavam um ténue vestígio a queijo, fiambre ou presunto, fatiados no mais transparente possível. Um cliente ocasional voltou lá a queixar-se que os chocolates que tinha comprado tinham bicho. Os preços praticados eram iguais aos das grandes e boas pastelarias da zona (que as há e essas ainda têm clientela!) Afinal eram ou não eram uma pastelaria fina? Hummm... Bom, adiante!
A frequência não podia ser mais variada: estudantes de todos os anos e cursos, donas de casa, vizinhos que passavam para beber um cafézinho, pessoal das barracas, homens que não prescindiam do seu fim de tarde, a discutir política e futebol, diante de uma imperial. Áquele antro chamávamos carinhosamente... o “entulho”!
Foi o local onde estudei e convivi com amigos, onde festejámos alegrias e partilhámos tristezas. E não é que o “entulho” deixou saudades em alguns de nós?
Os proprietários / balconistas costumavam ser simpáticos com os clientes, em estilos bastante diferentes – um com alguma prosápia de pseudo-intelectual, outro mais o homem lá da sua terra, com pronúncia axim - mas eram verdadeiros esclavagistas para os empregados. Resultado: semana sim, semana não, aparecia uma cara nova a servir às mesas. Contavam-se histórias mirambolantes, de um que fugira tão esbaforido dos patrões, que até lá deixara o próprio relógio...
A pastelaria era encomendada fora e muito má. Ríamos! Era como o bolo-rei, trazia “brinde”, nem sempre identificável. As sandes de pão com pão denunciavam um ténue vestígio a queijo, fiambre ou presunto, fatiados no mais transparente possível. Um cliente ocasional voltou lá a queixar-se que os chocolates que tinha comprado tinham bicho. Os preços praticados eram iguais aos das grandes e boas pastelarias da zona (que as há e essas ainda têm clientela!) Afinal eram ou não eram uma pastelaria fina? Hummm... Bom, adiante!
A frequência não podia ser mais variada: estudantes de todos os anos e cursos, donas de casa, vizinhos que passavam para beber um cafézinho, pessoal das barracas, homens que não prescindiam do seu fim de tarde, a discutir política e futebol, diante de uma imperial. Áquele antro chamávamos carinhosamente... o “entulho”!
Foi o local onde estudei e convivi com amigos, onde festejámos alegrias e partilhámos tristezas. E não é que o “entulho” deixou saudades em alguns de nós?
Estudavas numa pastelaria?!
ResponderEliminarNão me digas que te tornaste pasteleira!
OK, OK, não digo mais nada...
de certeza que a confiança com esses donos era muito maior que com quaisquer outros pasteleiros das redondezas.
ResponderEliminarjá o cafe/tasco que frequento em abrantes é mais ou menos assim, vende minis, moscatel e pouco mais, mas toda a gente se encontra lá porque tem bom ambiente. toda a gente ri e os preços sao aceitaveis (os mais baixos da zona)
la de vez em quando tem aguas de sabores marca pingo doce a venda, mas nada a que nao estejamos habituados ;)
arca da ola? so para por mais cerveja que gelados nao ha :P
para ires para essa "pastelaria" era porque o ambiente te agradava :)
Ihihh, pois, temos todos os nossos entulhos de estimação! =)
ResponderEliminarNão, Capitão! Estudava num café de bairro, porque em casa dava-me o sono e com a cama ali tão perto... ó-ó com ela, eh, eh, eh!
ResponderEliminarAqui podes dizer sempre o que quiseres, mas não, também não me tornei pasteleira. Pastelona... às vezes!!!
Pois é Fausto, o ambiente do café é que era curioso, fartávamos-nos de rir com o que lá se passava... de caricato! Além que servia de ponto de encontro para vários grupos de pessoas. Bastante heterogéneos, diga-se a verdade!
Vanadis, quando ia lá alguém de fora, amigos de amigos ou coisa, perguntavam espantados: "Mas porque é que vocês vêm AQUI?" Bom, para além de se poder estudar - que na época já poucos cafés permitiam - aquele ambiente era assim meio... surrealista! Mas muito divertido!
Eu só tenho a 2.º classe, mas sempre fui um estudioso de tascos...
ResponderEliminarEhhh, entro aqui a rir depois de ler o que prá qui vai...
ResponderEliminarÉ verdade deixam saudades os lugares onde abancamos sempre com os amigos, os meus era lá na ilha nas noites lindas que Luanda nos dava, iamos primeiro para a praia depois para o café e restaurante com mesas cá fora com palhotas a fazer de guarda sóis. Aquela recordação não sairá de dentro de mim, nunca mais, porque eram bons momentos cheios de camaradagem. de belas noites a correr pela praia a ver quem chegava primeiro e levando um pau na mão enquanto se corria, o pau riscava na areia e dava fósforo..era lindo aquele brilho que nos dava tanta alegria...
Credo que patrões aqueles, rios eu sempre detestei ques e tratasse mal fosse quem fosse e empregados muito menos, mas há gente para tudo, e carotes ehhhhhhh.
Beijinho a ti querida...
Gosto de ler as crónicas da tua memória.
ResponderEliminarFizeste-me lembrar do "Piolho", aqui no Porto, onde, por uns tempos, fingia sempre que era dessa vez que conseguia estudar.
Nunca consegui mas era um sítio engraçado. Naquela altura.
Um dia BOM, Teté. E um GRAAAANDE fim-de-semana.
:)
Olá!
ResponderEliminarÉ verdade todos temos, uma pastelaria, que ficou na nossa memória...a pastelaria do nosso bairro, eu vivia em Campo de Ourique e gostava de ir ao "Gigante" ( agora é um banco)...
Beijos
Bom fim de semana
a minha ainda existe!
ResponderEliminarbem pertinho da estação e do liceu de Oeiras!
estudavas? estudavamos?... boas recordações temos, isso sem dúvida!
Eu frequentava um café no Barreiro onde o empregado era do mais estúpido que existia, não podendo ver uma única coisa vazia em cima da mesa que lá vinha ele, Zuuuuummmm! Um dia resolvi tramá-lo, despejei a garrafa e deixei dois dedos no fundo. Lá veio ele, zuuuuummmmm. Ao ver que ainda tinha, não quis perder a viagem, pegou na garrafa e despejou no primeiro copo que viu... mas continuei lá a ir! Beijo e bom FDS!
ResponderEliminarAcredito que sim!!
ResponderEliminarUm bom fim de semana :)
Ah sim, Rei da Lã? E licenciaste-te ou doutoraste-te em que tasco?
ResponderEliminarPois é Laurinha, há lugares que nunca morrem, mesmo que só nas nossas recordações. Mas aqueles patrões eram do piorio. Uma vez um desgraçado foi lavar os vidros da montra. E o coitado, rapaz novo e sem experiência, esfregava, esfregava e os vidros ficavam cada vez mais sujos e embaciados. Ao fim de sei lá mais de meia hora naquilo, foi lá o patrão axim, para o tentar ensinar, mas não estava a resultar. Sabes porquê? Porque dentro da embalagem de limpa-vidros estava... óleo! O rapaz ainda levou uma rabecada, por não ter percebido, pelo cheiro, que não era limpa-vidros...
Eduardo, como diz a Vanadis, todos temos lugares desses que recordamos. Mas eu conseguia estudar bem ali, porque a meio da manhã ou da tarde só havia lá estudantes. Alguns até mandavam calar os outros, que queriam conversa, eh, eh, eh!
Mjf, pois este virou casa de artigos eléctricos. Não era suficientemente espaçoso para ser banco. Nem sequer era pastelaria...
ResponderEliminarInês, não adiantava muito que ainda existisse, pois a malta que lá parava na época há muito tinha debandado. Mas que era divertidíssimo, lá isso...
Rafeirito, por aqui também iam passando uns cromos, o que ainda dava mais ambiência à casa. Um deles, dos que parou lá mais tempo, até fazia umas magias pró pessoal, eh, eh, eh!
Conchita, acredita que é verdade!
UM ÓPTIMO FIM-DE-SEMANA PARA TODOS!
ResponderEliminarFrequentei duas, em duas fases distintas claro, que ainda existem. Provavelmente continuarão a existir depois de eu cá já não estar, de tal maneira que são enraizadas nesta Lisboa onde vivo.
ResponderEliminarMas estudar, e aqui que ninguém me ouve, não. Ia para lá quando não me apetecia ir a uma aula, ou quando havia um "furo", mas estudar numa pastelaria nunca fui capaz...
As coisas que me vieram à memória com a leitura deste post... obrigada! :)
Pois é Inês, mas este não era uma pastelaria, era apenas um pequeno café de bairro. Que têm alguma tendência a desaparecer, face à concorrência das boas e grandes pastelarias...
ResponderEliminarEstudávamos sim, mas também nos divertíamos imenso!
Tem um bom fim-de-semana!
Acho a má qualidade da comida uma maneira de marcar a diferença. Se fosse bom em todo o lado, tornava-se aborrecido :)
ResponderEliminarDoutorei-me, sim, mas "honoris causa"!
ResponderEliminarFartei-me da escola muito cedo. Com 13 anos já eu dava ao cabedal para ganhar o pão...
Isto é uma pista para algo...
ResponderEliminarLi o teu post e fiquei a recordar os cafés onde estudei.. ou antes, os cafes para onde levava os livros e me juntava com os colegas... Nao sei se alguma vez estudamos alguma coisa.. mas aprendiamos muito! E esses lugares deixam-nos saudades... e estarão sempre nas nossas memórias, fossem ou não boons cafés, boas pastelarias.. mas não era isso que nos interessava, era sim a boa companhia! Ainda hoje é isso que prefiro.. boa companhia mesmo que os locais não sejam os mais bem frequentados...
ResponderEliminarBom fim de semana
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarPois, Crestfallen, que tédio ter sempre de comer coisas boas, eh, eh, eh!
ResponderEliminarRei da Lã, não entendi a pista, mas também comecei a trabalhar aos 17, em empregos pouco ou não remunerados. No conjunto, dava para o tabaco e para as bicas... E na faculdade também tirei um curso "honoris causa": o de matrecos! Para que fiques a saber, não me interessa nada as habilitações, as profissões, as idades, as cores, as religiões, os partidos políticos ou até os clubes futebolísticos das pessoas que por aqui passam (e sou benfiquista ferrenha). Quem vem por bem, é sempre bem-vindo!
4ever... or never, estás coberta de razão! O que interessa mesmo foram e são as companhias BOAS que temos ao longo dos anos...
Olá, mas que frrrrriiiiiooooo, estava no quentinho na cama do filho, que o chefe está a ver futebol e eu nem gosto, assim entro aqui, vejo tv e sorno...
ResponderEliminarSaudades dos nossos lugares onde a saudade ficou presa...e só sai de lá se a deixarmos... Eu sou nostálgica de tudo dos meus belos tempos de jovem... e quando for bisavó vou ter saudades dos meus cinquentas...
Beijinho a ti moça linda...
“As sandes de pão com pão denunciavam um ténue vestígio a queijo, fiambre ou presunto, fatiados no mais transparente possível.”
ResponderEliminarRi-me com esta :p Por estes lado também há umas tantas pastelarias assim (:
Mas quando o pão com pão é acompanhado da boa companhia dos amigos, ninguém se importa!
Bem-vinda, Nieh! Tens razão, na companhia dos amigos, quase todos os locais parecem agradáveis...
ResponderEliminarHá cantinhos que fazem parte de nós e que depois deixamos de pertencer a eles, porque seguimos outros rumos e quando voltamos sentimos um aperto dentro de nós... será então isso saudade?
ResponderEliminarTambém tenho uma pastelaria dessas. :)
Pelos vistos, Tons de azul, todos temos o nosso "entulho"... com as devidas diferenças de local e qualidade, claro!
ResponderEliminarÉ tudo verdade, posso garantir que também por lá andei anos. E a verdade é que nos divertimos imenso por lá. Não sendo lamechas, muita coisa importante das nossas vidas aconteceu ou passou por ali, ainda me lembro com muito carinho de algumas!. beijinhos! Teresa
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