domingo, 17 de agosto de 2014

UM ELÉTRICO CHAMADO... 28

O passeio turístico estava planeado há anos, mas com aquela história do é amanhã, depois ou qualquer dia, estava mesmo a ver-se que tinha encalhado na terra do nunca - porque está frio, calor, chuva ou vento, porque imperam outros compromissos ou há bola ou não apetece, enfim, um adiamento constante. Até ontem, em que o único contratempo era uma Lisboa deserta de lisboetas, mas cheiinha de turistas. Vem algum mal ao mundo se também fizermos turismo na própria cidade?

Como ponto de partida, o terminal junto ao cemitério dos Prazeres - para garantir um lugar sentado à janela, que permitisse tirar algumas fotos. Escusado será dizer que o horário está lá fixado na paragem, mas só serve "para inglês ver": os cerca de 15 minutos de intervalo previsto entre partidas prolongou-se para os 25. A bicha dos utentes engrossou, mas facto é que ninguém protestou. E a viagem começou...

A primeira paragem foi próxima da igreja de santo Contestável, em Campo de Ourique. Porém, virar a máquina fotográfica em direção ao Sol nunca foi grande ideia, eventualmente ao alvorecer ou entardecer podem conseguir-se boas imagens.

Um dos portões do jardim da Estrela. Escusado será dizer que a Basílica, mesmo em frente, não era "alvo" a que pudéssemos apontar, já que o elétrico ia repleto de gente - turistas e não só.

A Assembleia da República. Com o poste de um semáforo pela frente, mas à vertiginosa velocidade de 40 ou 50 km/hora alcançada pelo veículo, não se pode programar atempadamente estes "imprevistos". Ou a câmara tem de possuir outras capacidades/qualidades.

A estátua de Camões mal se via devido às árvores, mas a igreja de Nossa Senhora do Loreto não sofria do mesmo problema.

No Chiado cruzámo-nos com outro elétrico no sentido contrário. Nem dá para verificar a multidão que por ali pairava...

Depois da descida à baixa, o elétrico recomeça a subida de uma nova encosta, cuja primeira paragem se situa frente à Sé de Lisboa.

O miradouro de santa Luzia não dá para espreitar, mas já estamos próximos da Cerca Moura e rumo à Graça. 

Se pelo caminho já tínhamos passado por ruas estreitas e de sentido único, de onde saem vielas e escadarias, onde quase podemos tocar nas paredes das casas, com roupa estendida nos varais, gente a espreitar a rua da janela ou varandas de ferro forjado, mais ou menos ornamentadas de flores e plantas, na Graça não é muito diferente. Numa e noutra colina também existem prédios degradados e/ou em ruínas, aparentemente ignorados pela população e pelas entidades competentes para resolver esses problemas - que não são recentes, dado o estado escaqueirado dos edifícios.

Na descida para a avenida Almirante Reis o elétrico ganhou velocidade, pela avenida fora ainda mais. Nem consegui "apanhar" o antigo cinema Lys, posteriormente denominado Roxy, ainda menos  uma foto decente da fábrica de cerâmica viúva Lamego - seria o motorista a tentar recuperar o atraso inicial? Com (muita) sorte, ainda captei o castelo de São Jorge, entre as árvores do Martim Moniz.

Após os passageiros saírem do elétrico ainda lhe tirei uma fotografia para a posteridade (a primeira deste post). No palco do Martim Moniz atuavam um jazzista e um DJ, de modo que foi aproveitar a onda musical para sentar na esplanada e beber uma imperial. Naquele que deve ter sido o primeiro dia do ano com sabor a verão de agosto. O regresso ao ponto de partida é que já não foi efetuado de 28, dada a fila enorme que se gerou, com pelo menos uma excursão à mistura. Sobre o (relativamente novo) Martim Moniz escreverei noutra altura... se estiver prái virada.

Já anoitecera, quando decidimos jantar por outras paragens: um preguinho com batatas fritas, no sítio do costume. Ou melhor dizendo, na respetiva esplanada, já que a noite continuava amena...

FELIZ DOMINGO!
(com ou sem férias...)

25 comentários:

  1. Anónimo8/17/2014

    Já fiz a viagem e gostei muito!
    Quero repetir!
    Atenção aos carteiristas!!

    Abraço

    Rosa dos Ventos

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    1. Pessoalmente, ia alertada para os carteiristas, ROSA! Até desconfiei de um casal de "tios" que ia com 5 filhos pequenos passear de elétrico - a malta tatuada pareceu-me óbvia demais! :)

      Tenho de fazer a viagem ao contrário.

      Abraço

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  2. Gostaste do passeio! Finalmente, Teté, conseguiste fazer turismo na tua própria cidade!
    Tb não foi há muito tempo que entrei no 28 (em S. Bento) e parei no Miradouro. Naquela tarde não tinha mais tempo para fazer todo o percurso. Pedi ao condutor se poderia ficar ao seu lado para melhor tirar as fotos e ele concedeu-me esse privilégio. Naquele dia os carteiristas não foram detetados. Ou se lá estiveram, não atuaram.
    Há muitos anos que não vou a Campo de Ourique e tb lá estive hospedada quando andava a estudar. Na Estrela (onde tb morei) passo sempre... mas não Campo de Ourique. : (( Fica para a próxima. Tem que ser.
    As fotos – apesar de tudo – ficaram muito boas. A mim ajudaram-me a recordar bons momentos/dias!
    Bom domingo, Teté!
    Bjos

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    1. Adorei o passeio, CATARINA! E, se bem te lembras, foste tu a chamar-me a atenção para ele, porque há muitos anos que os elétricos deixaram de existir por estas paragens, nem sabia que podia "visitar" Lisboa antiga desta maneira... Valeu a pena! Mas para garantir o ir sentadinha, pois, tem de se partir de um dos terminais. Mas também não tive problemas com os carteiristas... :)

      Campo de Ourique continua a ser um dos bairros mais típicos de Lisboa.

      Dadas as circunstâncias, também acho que as fotos não ficaram muito más. Mas claro que excluí as com tremidite aguda...

      Beijocas

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  3. :) :) :) Como te compreendo : esse drama de tirar fotos do interior de veículos em movimento é o meu pão-nosso-de-cada-dia !!

    Mas fizeste uma boa reportagem e contada com muito humor, sim senhora , rrsss

    Bom domingo e beijinhos, Teresinha

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    1. Se todos os dramas fossem esses, SÃO, não vinha mal o mundo. Mas que é chato ver e não conseguir fotografar decentemente, com o pára-arranca-e-chia do "bicho", lá isso... :)

      Obrigada e beijocas

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  4. Embora já tendo parado em praticamente todos os cenários que mostras, nunca andei no 28. Fica a ideia anotada na minha lista de passeios por fazer. Bom domingo!

    Ah... e claro, eu sou uma fervorosa adepta do turismo na nossa própria cidade, aldeia... ou o que for. de local... :)

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    1. A ideia deve constar nos roteiros turísticos, LUISA, já que turistas não faltam. Também não deve ser por acaso que a primeira vez que ouvi falar do "passeio" foi à Catarina, e já que aquelas não são as bandas em que habitualmente me movo... Mas vale a pena!

      Também sou adepta do turismo na nossa cidade, vila ou aldeia. Em Lisboa sinto que ainda tenho muito por explorar,.. ;)

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  5. Parece que finalmente o passeio aconteceu! :) Gostei das fotos, mesmo com alguns imprevistos à mistura. ;)
    Beijoca

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    1. Suponho que deve ser difícil não encontrar imprevistos, com o elétrico em andamento, TONS DE AZUL. Mas pronto, foi o que se pôde arranjar... )

      Beijocas

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  6. É muito interessante essa viagem no amarelo 28 ! Boas Fotos Teresa !

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    1. Também achei, RICARDO, mas as fotos foram as melhores possíveis, de uma amadora, num elétrico em andamento! ;)

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  7. Olá, querida Teté
    Gostei muito e me deu uma vontade de estar sentada neste bonde vendo os lugares mostrados... passear muito e demorar a voltar à realidade do Brasil...
    Bjm fraterno de paz e bem

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    1. ROSELIA, por vezes também tenho vontade de passear num bonde de uma (qualquer) cidade brasileira, esquecendo a realidade de Portugal. Há que não confundir o país com os políticos (e congéneres) da treta que nos governam...

      Beijocas e tudo de bom! :)

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  8. Adoro passear de eléctrico. Muito bom mesmo.

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    1. Ui, nem te conto como é que era, quando os elétricos passavam aqui à porta, TIMTIM TIM! :)

      Sou fascinada por elétricos!

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  9. Ficaram excelentes, gostei.
    A última vez que andei e também foi no 28 em Lisboa depois de uns kms a pé numa manifestação!

    Boa semana Teté.

    Beijinho e uma flor

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    1. As fotos foram as possíveis, perante a minha capacidade e máquina. FLOR DE JASMIM! Mas como os elétricos (já) não passam há muitos anos à minha porta, pois, há muito que não andava... :)

      Beijocas floridas

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  10. Fico sempre com um nó na garganta quando vejo estes eléctricos, Teté.
    O mau avô materno, o gajo mais porreiro que conheci, conduzia um em Coimbra, o 7 do Tovim.
    E está até exposta a fotografia dele e do revisor no tecto de um grandes centros comerciais de Coimbra (Fórum, 4º piso).
    Beijinhos, votos de boa semana

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    1. Quando for a Coimbra, cidade que não conheço, não me hei de esquecer de ir lá ver a foto do teu avô. Curiosamente, o elétrico em que fomos era um homem a conduzir. quase todos os que cruzámos eram conduzidos por mulheres. Os revisores é que desapareceram do mapa há muito, é o condutor que cobra os bilhetes à entrada de quem não tem título de transporte válido, que esses são passados numa maquineta que lê o "código" dos cartões (e lhe deduz a respetiva quantia). Outros tempos... ;)

      Beijocas e boa semana para si!

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  11. Morei muitos anos na Calçada da Estrela (quando o 28 era: rua da Conceição/Prazeres -ou só Estrela), percorrendo vezes sem fim o Jardim da Estrela (ou Guerra Junqueiro), o jardim da assembleia, Campo de Ourique e a Lapa (quando ainda só era "a lapa"), a calçada do Combro, Stª Catarina a Bica e o bairro alto (também antes de ser O Bairro Alto), o Chiado e depois... nunca mais terminaria se dissesse tudo!
    E por tudo isso a carreira 28 era a "minha carreira". Este teu passeio recordou-me as muitas ruas, becos e vielas que percorri pelos diversos bairros de Lisboa, os que mencionas mas também outros, por querer ver (mais do que somente olhar), onde eram mas sobretudo como eram.
    Agradeço-te a viagem que me proporcionaste. Uma viagem simples é verdade mas que "nos vai passando ao lado" porque outros destinos nos vão envolvendo.
    Deixo-te beijokas viajando entre sorrisos!

    §-havia uma carreira desde o largo do Carmo até ao Campo das Cebolas, passando por Rato/Amoreiras/Campolide/S.Sebastião/Chile/Alto S.João/Camhº de Ferro; conheceste esta carreira ou sou assim tão mais velho do que tu? :))

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    1. Não se trata de ser mais velho ou mais novo, KOK, o metro foi inaugurado em 1959, o ano em que nasci. Daí que a maior parte das carreiras deixaram de existir, pois os que viviam em Benfica tinham a estação de Sete Rios - ficou só a carreira nº 1, que ligava Benfica até à Praça do Chile. E era nessa que eu costumava andar. No entanto, a estrada de Benfica era sempre um caos de carros elétricos, autocarros e veículos privados, pelo que fizeram outra estrada paralela à linha de comboio, ficando a estrada de Benfica reservada aos transportes públicos, sendo os elétricos totalmente substituídos por autocarros. Nessa altura eu teria os meus 13 ou 14 anos, de modo que o único percurso que conhecia bem era o da Praça do Chile,onde ia com a minha mãe e avó comprar sapatos... :)

      Resumindo: com essa idade fazia quase só os percursos de elétrico no 1, os outros para a baixa ou cais do Sodré eram nos autocarros ou no metro. Ainda não era uma verdadeira "exploradora" dessa Lisboa antiga...

      Beijocas sorridentes!

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  12. Anónimo8/18/2014

    Ano passado fiz essa viagem, mas desci em Santa Luzia, para ir ao Castelo de S. Jorge. Na subida, perto da Sé, ia arranjando um problema, porque avisei uns turista de que estavam prestes a ser roubados. os fulanos desceram com o electrico em andamento, mas vociferaram diversas ameaças.
    Beijinhos

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    1. Se o elétrico não estivesse tão a abarrotar, também teria saído em Santa Luzia, para tirar umas fotos no miradouro. Mas estava, e se perdesse o meu lugar sentadinho à janela já não ia conseguir tirar fotofrafias do restante percurso, CARLOS! :)

      Se existiam carteiristas no elétrico ou não, não sei, ia com a mochila ao colo e agarrada à máquina, além do maridão sentado ao lado! Ou seja, não seria fácil chegar à mochila, a não ser de puxão, mas depois o meliante também teria dificuldade em sair logo do elétrico... ;)

      Beijinhos

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  13. Excelente reportagem! Ainda noutro dia também me deu para levar a máquina e tirar umas fotos a bordo deste eléctrico que adoro mas que anda cada vez mais cheio de turistas!

    Beijinhos,
    FATifer

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Sorri! Estás a ser filmad@ e lid@ atentamente... :)