Fotografia de Ian Britton
O Manel e o Zé já se conheciam há alguns anos quando resolveram montar um pequeno negócio familiar: um restaurante, para precisar melhor! Homens do norte, discutiram durante longas horas o projecto e decidiram que o local ideal para o estabelecer seria na costa algarvia. Turistas durante todo o ano - habituados a pagar bem por umas doses mínimas (nada que tencionassem servir aos futuros clientes, note-se, que as suas travessas seriam abundantes e fariam as delícias de todos aqueles que nunca tinham provado a boa comida tradicional portuguesa) - um clima mais aprazível, nada que os prendesse à sua terra natal, onde o trabalho e o dinheiro começavam a escassear...
Convencer as respectivas mulheres foi a tarefa mais árdua, mas ambas acabaram por aceder. Juliana ficaria a trabalhar na cozinha com o marido Zé, Sueli serviria às mesas, enquanto Manel estaria atrás do balcão, anotando pedidos e tomando conta da caixa registadora. Tudo decidido, pegaram nas maletas e zarparam rumo ao Sol e ao sucesso, económico e gastronómico!
"Cantinhu du Nuorte" (designação escolhida para o futuro restaurante famoso, por já existirem muitos outros com um nome semelhante) situava-se numa rua movimentada daquela cidade, infelizmente sem vista para o mar, de difícil estacionamento e onde a concorrência era feroz. Mas nem isso fez com que esmorecesse o empenho dos sócios, que alugaram dois pequenos apartamentos, frente e frente, no mesmo prédio. Para facilitar idas e vindas do pessoal, concordaram todos, com um sorriso nos lábios.
Nunca se soube ao certo o que correu mal, provavelmente o facto de ambos os homens terem mantido em segredo as suas ambições: "Cum carago, se aquele gaijo aguenta muito tempo atrás do balcão! Ele tem a massa, mas nós é que sabemos cozinhar! Bais ver, não demora muito e desiste e bende-nos a parte dele...", confidenciara Zé à mulher, que acenara com a cabeça, satisfeita. Por seu turno, Sueli (brasileira de nascença), interrogara o marido: "Você tem certêza qué negócio bãom? O cara é meio metido a besta...", ao que ele respondera, com uma sonora gargalhada, "Donte uarri, darrlingue! Tenho tudo sobre contróle - é só ber como o gaijo faz, leva um chuto no cú daqui até sei lá adonde. Ande ai espique inglixe, i donte!"
Ah, claro, as finas paredes meias também devem ter contribuído para a mútua desconfiança...
(qualquer semelhança entre esta historieta e a realidade é pura coincidência!)
Não houve intenção de gozar com ninguém, do norte, centro ou sul do país! São apenas sensações no ar... :)
ResponderEliminarse as paredes eram assim finas, admiro-me que não houvesse comentários sobre a sexualidade dos outros... ah sim! o texto fala apenas do restaurante...
ResponderEliminarE eu lá sou mulher de intrigas dessas, VÍCIO?! :D
ResponderEliminarAmigos, amigos, sociedades à parte ! Diz o povo e tem razão.
ResponderEliminarOutros dizem: Sociedade só com a minha mulher !
... e acho que isso se aplica a gente de qualquer parte do país. :)))
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é uma história portuguesa, com certeza.
ResponderEliminaré com certeza uma história portuguesa...
Heheeh adoro histórias :)
ResponderEliminarPensei que o fim das história fosse um caso claro de canibalismo em que um casal comia o outro... :y
ResponderEliminarO pessoal do Norte não costuma desistir com tanta facilidade mas nem sempre um sapateiro pode tocar rabecão.
ResponderEliminarBeijinho Tété
E, provavelmente, até a outros países, RUI! Mas negócios com familiares ou amigos, pois... sou céptica! :D
ResponderEliminarÉ, MOYLITO, muito tuga mesmo! :))
Mesmo estas de desencantar, LOPESCA?! :)
Suponho que tinham ambos a vaga ideia de se comerem um ao outro por parvos ~xc, SUN, mas assim canibalismo puro e duro não me cheira... ;))
ResponderEliminarDo norte, centro ou sul não interessa, KIM, um queria a massa do outro, o outro queria a experiência do primeiro! Eram ambos sapateiros sem saber tocar rabecão... ~xf
Beijocas!
Pois claro, a ambição é o último refúgio do fracasso e depois o culpado é o vizinho... Hummm, esses gaijos não são do nuorte, carago!
ResponderEliminarCom muita ou pouca ambição, PAULOFSKI, procurar culpados é um exercício nacional frequente e a vários níveis!!!
ResponderEliminarSorry, estes da minha história eram, mas a verdade é que maçãs podres existem por todo o país... ~v
Ehehe Histórias como esta existem realmente muitas! E acabam quase sempre todas assim.
ResponderEliminarA história só é fictícia por acaso, TONS DE AZUL! Ambições deste género existem muitas... :)
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