segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

OS APANHADORES DE CONCHAS

Penelope Keeling regressa a casa depois de um breve internamento hospitalar. Sente-se insensatamente feliz por estar viva: "Tenho sessenta e quatro anos e, se os parvos dos médicos não se enganam, sofri um ataque cardíaco. Mas sobrevivi e esquecê-lo-ei para sempre." A partir deste prólogo, nos 16 capítulos seguintes desfilam personagens próximas do seu presente ou passado, num encadeamento natural e envolvente.

O quadro pintado pelo pai quando ainda era menina, "Os Apanhadores de Conchas", emoldura a chaminé da lareira da sala e devolve-lhe a ternura dos momentos serenos da infância, quando a II Guerra Mundial ainda não passava de uma suspeita. Confirmada posteriormente. Apanhada nas suas malhas, viveu os tempos de guerra ao minuto, já que não sabia se haveria seguinte... Penelope e o quadro sobreviveram ao confronto, mas depois nada voltou a ser como dantes! Indiferentes ao significado que tem para ela, dois dos seus filhos insistem para que o venda agora (já que o pintor voltou a estar na moda), numa ambição desmedida e pouco subtil de rechearem a própria conta bancária. Mas será que ela não tem outros planos?

Ao longo de 397 páginas, o romance da escritora inglesa Rosamunde Pilcher (que usou igualmente o pseudónimo de Jane Fraser, a acreditar na wikipédia) torna-se numa saga familiar, com o título evidente de "Os Apanhadores de Conchas" ou "The Shell Seekers", no original. Muito bom!

(Mais uma vez, a frase da contracapa - "Olha para trás e recorda a sua vida: uma infância boémia em Londres e em Cornwall, um casamento desastroso durante a guerra com o homem que ela verdadeiramente amou." - denota que quem a escreveu não leu o livro, ou só lhe deu uma vista de olhos, muito em viés...)

CITAÇÕES:

"Olhando pela janela, sentia-se deprimida com o que se lhe deparava. A dimensão da cidade, os milhões de seres humanos que enchiam as ruas, as suas expressões ansiosas e preocupadas, todos apressados, como se receassem chegar atrasados a uma entrevista de vida ou morte. Outrora vivera em Londres. Fora o seu lar, por assim dizer, onde iniciara a sua família. Agora, não conseguia compreender como suportara aquele ambiente durante tantos anos."

"Ele seguiu-a em silêncio, sem deixar transparecer que o cérebro desenvolvia uma actividade frenética, como uma máquina de somar a calcular bens. Sentia-se impressionado com a imponência de tudo o que o circundava."

"Foi bom. E nada que seja bom se perde jamais. Fica a fazer parte da pessoa, integra-se no seu carácter."

"Ela recordava-o sorridente e reconhecia que o grande remédio - o tempo - exercera os seus efeitos. Compreendia que era preferível ter amado e perdido o ente querido a nunca haver conhecido o amor."

14 comentários:

  1. Eu por isso para decidir se vou comprar um livro ou não, não me deixo guiar nunca pelas contracapas (que aliás, estão para nos venderem o produto), mas dou uma vista de olhos pelas páginas e leio algum parágrafo. Quase nunca me engano.

    Beijoquita, boa semana e tal e tal.:)

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  2. Normalmente também faço isso, SUN, mas neste caso não, que me foi oferecido! E gostei da surpresa... :)

    Beijoquita e boa semana para ti também!

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  3. Parece ser uma personagem cheia de força

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  4. embora com alguma dificuldade, por causa do tempo, estou a ler o 333, de um qualquer coisa Lino (Sena Lina, talvez) e é bastante interessante. sobretudo diferente do que eu tenho lido (não deves perder o teu tempo se lhe deres uma vista de olhos:D)

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  5. Esse não conhecia (isto dito assim faz de mim a imagem de gajo culto) na verdade, não conheço quase nenhum, é a verdade!. Mas parece que recomecei a ler, nada tão profundo. Relatos de viagens, é uma especie auto-flagelação.

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  6. Já marchavam umas ameijoas!

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  7. Ops!
    Mas convém que sejam com "chapéu".

    :D

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  8. Comecei a ler novamente. Pelo menos decidi que iria dedicar uma horita do meu tempo antes de me deitar para ler e é isso que tenho feito.
    Mas a pilha que tenho é um bocadito alta.
    Vou esperar para comprar mais...hihihihi

    Mas este parece um romance bem interessante....daqueles que eu gosto.Vou tomar nota.

    Beijokitas

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  9. Tenhoa sensação que será o próximo que vou ler :)

    Besito!

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  10. Simplesmente adorei este livro. Tem tudo o que eu gosto num romance. :))

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  11. Ler!
    Um hábito obrigatório a quem as novas tecnologias roubaram tempo.
    Um beijinho Tété

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  12. É cheia de força, sim, TERESA DURÃES! Acredito que gostes do livro, se o leres... :)

    Confesso, MOYLITO, que não conheço esse escritor! Mas ficou a dica, para a próxima incursão numa livraria! Vindo de ti, fiquei curiosa... :D

    Oh, CONDE, mas é preciso alguém armar-se em culto e ilustrado? Cada um na sua maré, mesmo que relatos de viagens (também) não sejam para todos... Preferível, sem qualquer auto-flagelação! :))

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  13. Amêijoas à "Bulhão Pato" marcham sempre,CAPITÃO, mas se tiveres uma receita melhor, 'tás à vontade... com ou sem chapelinho! :D

    Mesmo com pilha, parece-me que deste vais gostar, PARISIENSE! Garanto que não é por ter sido oferecido, que tenho outra pilha de calhamaços na estante, que nunca vou ler! Não dá para tudo, né? ;)
    Beijokitas!

    Sinceramente, BRANQUINHA, não tenho a certeza se vais gostar... :)
    Besito!

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  14. Bem calculava que já o tinhas lido, TONS DE AZUL, e que o tinhas adorado! Talvez por isso siga bastante as tuas indicações literárias, a par das de mais duas ou três pessoas... :))

    As tecnologias roubaram tempo a muita coisa, KIM, mas não impedem a leitura de quem quer ler! Não são alternativas. cada um traça as suas prioridades... ;)
    Beijinhos!

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Sorri! Estás a ser filmad@ e lid@ atentamente... :)