terça-feira, 1 de setembro de 2009

POST(E)S SIMBÓLICOS!

Já olhei de um lado,

do outro...

... e de frente!

Não tem ar de estátua, como é evidente!

A incapacidade de compreender o que esta obra está a fazer na "varanda" de Lisboa, com uma vista privilegiada sobre o Tejo, não é total. Machadada na estatuária do Estado Novo, que ali, no alto do Parque Eduardo VII, continua firme e fortemente implantada. Nunca ninguém a tentou remover, por sinal, que a história não se apaga com a remoção de estátuas - coisas que acontecem só lá para o Afeganistão ou Iraque. Mas num país europeu e civilizado?! OK, uma ou outra, naqueles arroubos do PREC, sem se saber bem por quem...

Eis uma versão possível, se bem que imaginária:

Inconformada com a situação de tantos turistas e lisboetas apreciarem a estatuária do local, reuniu-se a pequena elite intelectual cá da praça, numa reunião camarária de emergência. Seis horas depois, com discursos mais ou menos inflamados entre bota abaixo ou deixa de pé, alguém acotovelou um urbanista que já ressonava. Não se sabe se devido a esse sono reparador, engendrou um plano sábio: "Não vamos destruir: vamos construir!" No silêncio que se seguiu, acompanhado de um enorme "Ahhh!" dos restantes participantes, adivinhava-se alguma ponderação sobre o assunto e a expectativa de mais detalhes. Como não surgiram, um jovem engenheiro de 42 anos, ainda pouco habituado àquelas lides, atreveu-se a indagar: "Mas onde, como e quem?" As casquinadas dos companheiros foram interrompidas pela voz autoritária do presidente da mesa: "Vamos votar! Quem é que aprova esta moção?" Todos ergueram o braço em sinal de aprovação. "A sessão está encerrada, para reapreciação!" Meia hora depois, ficou estabelecido que a nova reunião teria lugar daí a oito dias, no mesmo horário, compatível com todos: onze da matina!

No local e hora aprazada, um dos intervenientes fez-se acompanhar de um escultor, amigo de seu pai desde os tempos do MUD juvenil - movimento que, infelizmente, agora, já ninguém sabia explicar a importância, como fez questão de salientar durante cerca de uma hora, desenrolando minuciosamente todos os feitos e méritos do referido movimento em tempos idos - o homem ideal para erigir a estátua que faltava em Lisboa: surrealista, experimentalista e com vários prémios no estrangeiro, a sua obra iria arrasar todas as que existiam em redor, com a vantagem de não ter de se proceder a nenhuma demolição. Antes da necessária votação, já todos aplaudiam de pé...

E assim, em 1997, Lisboa ganhou um novo "símbolo" para a posteridade! (as más línguas afirmam que tem uma forma fálica, mas se era essa a intenção, no mínimo, parece esculpido... à marretada!!!)


Post-scriptum
- Como já referi, qualquer semelhança entre esta história e a realidade é pura coincidência!

Ps 1 - Parabéns a João Cutileiro, que convenceu uns dirigentes intelectualóides da sua arte estatuária; mas partir pedra (ou serrar?!) é uma coisa, amontoar umas quantas como se fosse uma genial obra de arte é outra... e esse, foi um golpe de mestre!

Ps 2 - Este é o 500º post(e) do Quiproquó! Carregado de simbologia...

22 comentários:

  1. Aprovado o texto, Teté! Francamente a mim há coisas na "arte" que me fogem. Quer dizer, eu que nem uma linha sei desenhar com jeito, pude dar uma grande artista plástica se tivesse o único que para isso é preciso: cara dura (ignoro se esta expressão se usa em português, mas acho que dá para perceber). Estas coisas sempre me lembram o conto do imperador nu. (E atenção, não estou a falar da arte contemporánea em geral, só de certos "coisos").

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  2. Gosto especialmente quando aquilo ejacula, perdão, jorra água. É, decididamente, um monumento do...

    Beijocas!

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  3. Eu, como má língua me assumo: é um simbolo fálico!
    (Um falo pode servir para... pois... não deixa de ser simbólico como "machadada" à estatuária do Estado Novo...)

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  4. Sinceramente, a mim parece-me uma obra que foi começada e ficou-se por aí... Lol!

    Beijinhos!

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  5. ora, ora, aquilo é uma pedra antiga, desde o tempo do último dilúvio, escorada por outras tantas. E se aponta para o céu é porque nos quer prevenir de alguma outra catástrofe que possa vir a acontecer

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  6. Acho que com aquelas pedrarias todas, construiriam alguma coisa mais interessante, parece que os simbolos fálicos servem para mostrar que o Povo tem muito disso, mas cá pra mim, ahhhhhhh, que publicidade enganosa!...ah, pró que me deu...mas é o que parece, o simbolo fálico ainda precisa de estacas para se manter de pé, é o que é...beijinho meu..não me batam...

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  7. Coisa fea. Por aquí diríamos: Mátame camión!

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  8. Anónimo9/02/2009

    OLha um destes no meio do meu gado!!! Desculpa, uma estátua destas no centro da minha quinta ía ficar linda!

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  9. Olá, Teté

    Uma boa forma de festejar:)))

    Como não sou de Lisboa só posso dizer: também queremos um símbolo fálico no meio da destruída avenida dos aliados. Mandem-na (a escultura) para cá!

    Beijinhos
    Isabel

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  10. parabéns, em primeiro lugar.

    em segundo lugar uma fugaz memória. na noite da má língua - se não estou em erro - saudoso programa da SIC dos pimórdios, alguém disse, com uma gigantesca clarividência, que tinha sido muito bom os canteiros terem partido as pedras como o Cutileiro mandou.

    finalmente, esse monte de pedras é tão importante na escultura portuguesa que tudo o que é rotunda em tudo o que é vilarejo tem um monte de pedras no meio, pelo que acho esta obra fundamental por ter inaugurado esse novo movimento estático, quer dizer, estético.

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  11. Fogem-te a ti e a mim, SUN! Não consigo fazer igual, melhor ou pior, porque tal como tu não tenho esses dotes artísticos. Nem a cara de pau (ou dura) ou a lata de vender um monte de pedras empilhadas como grandiosa obra de arte!
    Por acaso, sempre que olho para esta "estátua" também me lembro sempre desse conto...
    Beijoquitas!

    Acho que a EPAL já cortou o jorro dessa ejaculação permanente, RAFEIRITO! Se por falta de pagamento da conta, não sei! ;)
    Ficou o amontoado de pedregulhos sem nexo ou o falo sem sexo... (ou impotente?)
    Beijocas!

    A historieta é inventada, PAX, mas a ideia era mesmo avacalhar as estatuetas 'lambidinhas' em redor, segundo o próprio artista. Traumas juvenis, às vezes é pró que dá... ;)

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  12. Compadrios... e sei lá que mais, TERESA QUEIROZ! ;)

    Por acaso aquilo também me parece o que resta de um estaleiro, no fim da obra, MATCHBOX32! Sem que ninguém queira saber dos restos de pedra que sobraram nos cortes... :))
    Beijinhos!

    Ah, muito me dizes, TERESA DURÃES: é sinal que devemos começar já a construir a nossa própria arca? Hummm... acho que vou esperar pelas primeiras chuvadas! :)

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  13. É isso mesmo, LAURINHA! (até é suposto ser um "monumento" ao 25A)
    As pedras lá no topo e os escravos a sustentar os pedregulhos! Muito simbólico, mesmo! ;)
    Aqui ninguém te bate, que eu não deixo!!!
    Beijinhos, nina!

    O que mais me chateia, CONDADO, não é que a coisa seja feia (que é)! São as risadinhas dos estrangeiros a olhar para aquilo, e uma conclusão que todos tiram, como já ouvi "chapado" num programa da BBC: "Aqui para nós, os portugueses têm um gosto duvidoso em relação às estátuas!"
    Estátuas horrorosas pelo país fora há muitas, mas não são o "gosto" dos portugueses, que é coisa decidida lá nas elites, tachos e panelinhas dos dirigentes! E quem contesta que seja obra de arte, ainda é chamado de "saloio", por não perceber nada do assunto...
    Enfim, já me alonguei... :)

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  14. Oh, oh, INÊS, não nos queres fazer esse favorzinho?! Aposto que na tua quinta ficava lindamente... :))
    Beijooooocas, nina!

    ISABELINHA, como não mando em nada, a "pedraria" fica aqui! Com muita pena minha...
    Mas, a bem dizer, não a enviava para embelezar lado nenhum! Forma fálica ou não, continua a parecer-me os restos de pedra num estaleiro... ;)
    Beijinhos!

    Ah, MOYLITO, se não foram bem como o Cutileiro mandou, o mais ou menos ninguém nota. Aliás é o benefício daquilo, se alguma pedra cair entretanto, ninguém repara na diferença...
    Adorava essa noite da má-língua! As primeiras, porque depois aquilo descambou!
    Mas concordo contigo, depois daquilo, qualquer canteiro começou a florir "obras de arte"... ;)

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  15. É o peso de um nome, que até tem obras bonitas.

    Fosse eu a apresentar o projecto "pedras amontoadas", nem que fosse ofertado à CML, todos se ririam da "artista", mas sendo Cutileiro, é só "ahhhhhhhhhs" e "ohhhhhhhs", daqueles papalvos que, não por acaso, até são eleitos por nós!

    E se houvesse um dia em que, não houvesse ninguém que votasse? Isso é que era um protesto.

    enxofre

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  16. O que não se faz apelando de arte moderna?????
    Infelizmente é tanta a ignorância que não precisas ser muito inteligente para perceber que com um bom padrinho vendes gato por lebre.

    Mas olha que a terceira foto levou-me o pensamento para outro lado.....essa pedra meia arredondada na ponta!!!!!hihihihi

    Beijokitas

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  17. Quem gosta de literatura, como tu, Teté, tem de aceitar o selinho "Literatura é Arte"!!!

    Ontem à noite, mas já mais madrugada, li este texto sem deixar comentários. Hoje, ainda ensonada, só digo, que aqui há obras muito piores... e que custaram muito dinheiro!!!

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  18. Então se é um post carregado de simbologia, então toca a a arranjar mais simbolos. Tá?
    É apenas um qui pro quo
    Beijinhos

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  19. Não digo que não tenha obras bonitas, DIABBA, mas esta é de gosto muito duvidoso! Estou convencida que mesmo artistas conceituados eram capazes de levar uma corrida em osso, com uma obra deste género, se não tivessem amigos e cunhas bem posicionadas... junto aos políticos que temos! :p
    Esse apelo à não votação era muito giro, se o povo português cumprisse com o que diz. Há última hora iam lá sempre uns quantos votar no primo, no amigo da primária, naquela que lhe prometeu um televisor ou um projecto aprovado na Câmara! :e
    Beijocas enxofraditas!

    Pois é, PARISIENSE, mas facto é que se alguém critica, é logo apelidado de saloio, ignorante ou pior! :p
    É assim mesmo, e até jorrava água lá da ponta, mas cortaram. Nem estou a ver porquê... :))
    Beijokitas!

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  20. Ah, e aceito sim, EMATEJOCA, depois publico, OK?
    Não sei quanto esta obra custou, mas suponho não foi dádiva à Câmara... longe disso!
    Há outros "monos" aí espalhados que até foram, por os artistas já não terem espaço para trabalhar no seu atelier, ou coisa, e ninguém se interessar por elas. Enfim... politiquices camarárias! :(

    Quiproquó ou não, KIM, certo é que depois de instaladas estas "obras-primas", ninguém tem coragem de as remover para outro local! Mesmo estando completamente desfasadas da estatuária local e do gosto daquilo ser muito duvidoso! :-/
    Beijinhos!
    ps - não sou grande apreciadora de arte contemporânea, mas reconheço que há algumas que agradam a muitos, o que não é o caso desta... ;)

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Sorri! Estás a ser filmad@ e lid@ atentamente... :)