De férias em Islantilla, num dia que acordou cinzento, passeava pela praia a apanhar conchas que a maré espalhara pelo areal, enquanto conjuntamente com o filhote e uma das sobrinhas construíamos uma sereia na areia, que enfeitávamos com as ditas e alguns limos. Os miúdos, então com 9 e 6 anos, depressa se cansaram e decidiram que era mais divertido ir dar uns mergulhos na companhia da minha irmã, naquele mar chão e sereno. A praia estava quase deserta, por perto só uma espanhola estendida na toalha, enquanto folheava uma revista e ouvia rádio nos fones. Continuava entretida com a minha "escultura" junto à areia húmida, quando o meu marido se acercou e comentou que a mulher lhe tinha dito que a rádio noticiara que houvera um ataque terrorista em Nova Iorque, que dois grandes aviões tinham embatido nas torres gémeas. "Pois, os americanos gostam tanto de fazer guerras em territórios alheios, que algum dia lhes havia de tocar à porta!", foi o primeiro pensamento que exprimi em voz alta. Claro que depois me pareceu de uma insensibilidade tremenda, face ao enorme número de vítimas civis que pereceram no atentado. Sem culpa nenhuma!
A primeira impressão existia (e existe), pois vinte e oito anos antes - mais precisamente a 11 de Setembro de 1973 - um golpe militar comandado por Pinochet, com o apoio financeiro e logístico dos EUA, derrubou e assassinou o Presidente Salvador Allende, eleito pelo povo chileno. Como Isabel Allende ou Luis Sepúlveda (dois grandes escritores, no meu modesto entender) não se cansaram de denunciar ao longo de décadas. Nem sequer há dados que permitam estabelecer o número de torturados, desaparecidos ou mortos durante o regime imposto à força - sabe-se que foram milhares, muitos mais que os infelizes que se encontravam nas Twin Towers quando se deu o atentado em Nova Iorque -, mas o ditador morreu de velhice, antes de ser condenado pelos tribunais.
Deixo aqui o longuíssimo (quase 11 minutos) vídeo* do chileno Pablo, com a sua versão dos acontecimentos, impróprio para pessoas mais sensíveis - estou a avisar que tem bolinha vermelha - para que ninguém se esqueça também das vítimas chilenas:
A primeira impressão existia (e existe), pois vinte e oito anos antes - mais precisamente a 11 de Setembro de 1973 - um golpe militar comandado por Pinochet, com o apoio financeiro e logístico dos EUA, derrubou e assassinou o Presidente Salvador Allende, eleito pelo povo chileno. Como Isabel Allende ou Luis Sepúlveda (dois grandes escritores, no meu modesto entender) não se cansaram de denunciar ao longo de décadas. Nem sequer há dados que permitam estabelecer o número de torturados, desaparecidos ou mortos durante o regime imposto à força - sabe-se que foram milhares, muitos mais que os infelizes que se encontravam nas Twin Towers quando se deu o atentado em Nova Iorque -, mas o ditador morreu de velhice, antes de ser condenado pelos tribunais.
Deixo aqui o longuíssimo (quase 11 minutos) vídeo* do chileno Pablo, com a sua versão dos acontecimentos, impróprio para pessoas mais sensíveis - estou a avisar que tem bolinha vermelha - para que ninguém se esqueça também das vítimas chilenas:
BOM FIM DE SEMANA A TODOS!
(preferencialmente só com boas "ondas"!)
(preferencialmente só com boas "ondas"!)
* Recebido por mail há alguns meses, agradecendo a quem o enviou!
Obrigada por partilhares, Teté. Não conhecia. Fiquei comovida e arrepiada. Não que não soubesse, claro, mas é bom lembrar, é bom não esquecer.
ResponderEliminarLiberdade, que palavra...
Muito obrigado pelas recordações todas Teté...
ResponderEliminarÈ sempre bom recordar e lembrar as pessoas que é nesse momentos dificeis que nos lembramos que somos seres humanos e que devemos estar unidos, porque a união faz a força e quando um povo quer consegue, paesar de todo o horror de uma guerra.
ResponderEliminarE eu que o diga!!!!!!
Beijokitas
Há erros cometidos em política que se paga caro. No entanto, vale a pena distinguires os assuntos que referes:
ResponderEliminarNo caso chileno, o governo da Frente Popular (PC, PS e MIR (radical)de Allende, embora legitimado por voto popular, realizou uma política suicida, ao pretender socializar toda a sociedade afrontando, a classe média e a burguesia chilena, além dos interesses económicos norte-americanos (nacionalizações de multinacionais). Naquele contexto da América Latina, era inevitável o que aconteceu. Numa democracia deve-se realizar reformas tendo em conta os legitimos interesses de todas as classes sociais. Isso não aconteceu no Chile. Claro que o que veio a seguir não foi melhor. No entanto permitiu ser hoje o Chile uma democracia estabilizada e uma das economias com mais sucesso na América Latina. Claro com a ajuda do MFI (esses malandros dos americanos).
Portanto, ao recordar o 11 de Setembro, e fazer um paralelismo com a ditadura de Pinochet, não faz sentido. Como quem diz...estavas a precisar!
Somos todos muito humanos, mas é quando os nossos interesses não estão em jogo.
Um abraço
Bom fim-de-semana
mais logo volto para ler tudo e comentar :)
ResponderEliminarpassei só para te dizer que tenho lá uma prenda para ti ...espero que gostes
beijinho
teresa
Vinha para brincar contigo, na continuidade da resposta a um teu comentário no Blogue da Pascoalita, mas perante tema tão sério, té fiquei :b :( :n
ResponderEliminarNão entendo nem quero entender a política, mas muitas atrocidades se cometem em nome nem sei de quê e só lamento que sejam sempre os inocentes a pagar pelos crimes de outros.
Bom fim de semana :-x :x
os americanos têm um bocado esse chauvinismo de que os mortos deles valem mais que os dos outros... não tenho pena nenhuma dos EUA em geral, embora simpatize com as famílias das vítimas
ResponderEliminarGaranto que também me arrepiei, SUNZINHA, quando vi o clip pela primeira vez. Lembro-me igualmente de ter ficado arrepiada com o filme "Chove Em Santiago", já há muitos anos, mas facto é que as pessoas tendem a esquecer...
ResponderEliminarE sim, muitas vezes a Liberdade não passa de palavra vã, mesmo que repetida até à exaustão pelos que julgam ser seus grandes defensores! (`_´)
Recordações que não se esquecem, CONDADO, embora por vezes estejam lá adormecidas num recanto do nosso cérebro... ;)
Nem imagino o sofrimento destas vítimas, nem de todos os seus familiares e amigos que os viram desaparecer assim de repente, PARISIENSE! Uns e outros, se bem que qualquer que seja a forma de terrorismo, parece-me sempre abominável e sem sentido! Como em guerras!
Beijokitas, nina!
Oh, CARLOS, os factos históricos são uma coisa, a sua interpretação (causas, efeitos, etc. e tal) são outra.
ResponderEliminarSó sei que as vítimas não tiveram culpa nenhuma, num caso ou noutro. Teve a ver com políticas internacionais seguidas pelos norte-americanos e outros países? Certamente!
E bem deves saber que o Chile não foi o único país onde os americanos meteram o nariz na política interna, por recearem pelos seus interesse económicos, sem respeito algum pelas vidas humanas que se perderam em guerras, ditaduras e confrontos, muitas vezes usando e abusando de mentiras óbvias, sustentando uns e outros conforme as conveniências. O golpe do Chile só calha na mesma data...
Como comenta o Moyle mais adiante, aquele egocentrismo americano faz com que suponham que as vidas humanas do seu povo valham mais do que as dos outros povos!
Abraço!
Obrigada, TERESA, já agradeci também lá no teu canto! :)
ResponderEliminarBeijinho!
Pois é, CUSQUINHA, hoje não houve brincadeira por aqui...
Mas pronto, amanhã... quer dizer... hoje será outro dia!
Depois passo por lá para ler os comentários, ainda não passei pelo da Susana, só espreitei e vi que tinha MUITO para ler... ;)
Mas também não estava a falar de política, mais das muitas vítimas que estas politiquices de conveniência acarretaram ao longo dos anos!
Beijocas para ti!
Olha como me entendeste tão bem, MOYLITO! :)
Sim, os mortos deles merecem toda a compreensão do mundo inteiro (e merecem, assim como os seus familiares e amigos que os perderam no estúpido atentado), os outros são "baixas" em guerras que consideraram inevitáveis, para defender a democracia (?!) no mundo e, de caminho, os interesses económicos norte-americanos. Mais iguais que os outros... :p
o estar na praia...
ResponderEliminaro ver se vem uma garrafa a pedir socorro...
sereias...
conhas...
o azul...
11 de setembro... nem me lembrei dele e eu que o vi em directo...
sinal que tudo voltou ao normal...
abrazo serrano
Menina,
ResponderEliminarQuase chorei a ver o vídeo e nem cheguei àquela parte onde a "bolinha vermelha" ficava mais evidente.
Já quase nem lembrava disso e seria bom que o mundo não tivesse memória tão curta e que que os erros de uns servissem de aprendisagem para outros. Mas infelizmente parece que a história se repete uma e outra vez e o HOMEM não aprende nada.
Bom fim de semana
jinhos
Teté,
ResponderEliminarOs factos históricos tem as suas justificações. Interpretações, cada um faz as suas conforme o ângulo (ideologico)onde estiver. É diferente.
A política norte-americana não pode ser generalizada. Depende dos contextos históricos. A América de Nixon não é igual ao de Bush ou de Clinton. Porque as épocas são diferentes.
Ainda no concerne ao Chile:
Imagine em Portugal na Comunidade Económica Europeia, um governo, Partido Comunista e Bloco de Esquerda com apoio da CGTP e uma consequente política contrária aos interesses económicos daquela comunidade. O que aconteceria?
Ninguém, mas ninguém de bom senso gosta de guerras e de mortandade. Mas elas são inevitáveis quando está em jogo a nossa cultura, os nossos interesses pessoais ou colectivos. A guerra é o prolongamento da política quando pela forma diplomática não se consegue resolver as questões em conflito.
É pena, mas é assim!
Não sabia que fora na mesma data!
ResponderEliminarHá datas mesmo fatídicas!
MIXTU, mais tarde ainda pensei nisso: ali tão calma a apanhar conchas e, no outro lado do oceano, um sofrimento imprevisível, sem sequer a tal garrafinha que os náufragos utilizam para pedir socorro. Neste dia 11, porque o de 73 nem entendi, adolescente e pouco informada... os relatos "chegaram" depois!
ResponderEliminarMesmo que o tempo passe, suponho que é útil não esquecer...
Abraço citadino!
Tens razão, PASCOALITA, o Homem aprende pouco com os próprios erros! Mas que muitos dirigentes políticos se estão nas tintas para as vidas humanas, tenho a certeza!
Liberdade ou democracia são palavras vãs nas bocas deles, essencialmente interessados nos seus interesses económicos, políticos, pessoais, nem sei que mais.
E sim, também me comovi com o vídeo!
Jinhos, nina!
CARLOS, inteiramente de acordo que entre 1973, 2001 e até o actual 2009, muita coisa mudou na política nacional e internacional. Torço até que o actual presidente dos EUA consiga levar a bom termo as suas negociações diplomáticas, para bem da PAZ e descanso de todos!
ResponderEliminarMas facto é que os dirigentes americanos sempre foram amigos de coboiadas, se não vai a bem, vai aos tiros, doa a quem doer! E enquanto é em territórios alheios, mesmo que tenham algumas baixas nas suas tropas treinadas, nem se ralam por aí além. Quando lhes toca à porta já a ideia é diferente, que os mortos deles são mais importantes do que toda a mortandade que já causaram no mundo - japoneses, vietnamitas, chilenos, iranianos, afegãos, iraquianos, etc. e tal, que a lista é longuíssima!
Tenho pena de todas as vítimas apanhadas nestes palcos de guerra, conflitos e atentados, não me parece que a cultura multifacetada norte-americana alguma vez estivesse em causa, no seu território!
É assim que penso, espero que Obama consiga ultrapassar a política do faroeste. Por eles e por todos nós!
Abraço!
Também não sei se foi coincidência, RODERICK, mas a data é a mesma, com um intervalo de 28 anos... ;)
ResponderEliminarÉ o que resulta, meter o bico na vida alheia e tentar ser o xerife do mundo. Lamentável, como disse, é o número de vítimas inocentes.
ResponderEliminarTenha um bom Domingo.
Um beijo!
Nunca é demais lembrar...rezando que não se repita!
ResponderEliminar(sonhando...eu sei!)
beijocas
Os xerifes são giros, OLIVER, nos filmes de coboiada...
ResponderEliminarMas um filme (ou livro) é ficção, a realidade é outra!
Qualquer vítima inocente é demais, em qualquer parte do mundo...
Beijo!
Não rezo, GATINHA. só espero que os dirigentes tenham mais bom-senso!
Talvez algum dia se consiga, sei lá... :)
Beijocas!