sexta-feira, 25 de setembro de 2009

ANDAVA NA FLORESTA...

Fotografia de Ian Britton

... um cuco a cantar. E esvoaçava alegre pelos céus, quando um castelo não muito distante lhe prendeu a atenção: nem um som, nem um movimento se vislumbrava por ali! "Quem sabe não terá lá ninhos de outros pássaros?", pensou com as suas penas. Contudo, ao chegar ao local deparou com guardas petrificados, cortesãos, aios, nobres e clérigos completamente adormecidos, enquanto a bela Aurora repousava no seu dossel, com um sorriso estampado no rosto. Bateu asas e voou dali para fora sem piar, pensando que só poderia ser feitiço de alguma bruxa de serviço. Já no bosque, encontrou uma menina branca como a neve, perdida no meio do arvoredo, oferecendo-lhe algumas notas do seu cantar para a animar. Só a conseguiu assustar: aprimorava a cantoria, mas ela fugia...

Ouvindo ao longe um choro desconsolado, julgou encontrá-la, até descobrir que afinal era outra donzela, que fechada no alto de uma torre lançava o seu longo cabelo loiro pela janela, na esperança que algum príncipe encantado trepasse até junto do seu coração. Desmoralizada - naquele dia passavam todos muito distraídos (ou talvez não lhes apetecesse o exercício) - entre lágrimas contou a sua triste sina ao cuco, já que não tinha por onde fugir, nem mais vivalma com quem falar. Com pena de Rapunzel, este bem cantou atrás dos jovens varões, mas sem qualquer resultado, que os ditos tinham combinado ir jogar à lerpa, num casino fashion daquele reino longínquo!

Ainda era cedo, mas resolveu voltar à sua árvore e descansar dos insucessos. Porém, numa breve paragem de caminho, encontrou outra pequena com um capuchinho vermelho a conversar com um lobo, bem piou para a avisar dos perigos que corria, seguindo-a em voo baixo e bicando a vidraça no lado de fora da janela do casinhoto, viu-a confundir o lobo com a avó, enquanto gritava, stressado: "vai ao oftalmologista, pá!" Tanto, que um caçador mais atento se aproximou, resolvendo a situação e o pássaro aproveitou para se pirar de fininho "vá-se lá saber o que é que o fulano caçava". Com as energias esgotadas, já bem perto do carvalho que o aguardava serenamente, numa casa de aldeia, encontrou uma rapariga de gatas a esfregar o chão da cozinha. Cinderela, assim se chamava ela, suspirava e sonhava com um baile, no qual tinha sido proibida de dançar ou sequer de participar. "Cucu, cucu", cantarolou o passaroco. Ela ainda levantou os olhos do pavimento, mas, repentinamente, no meio de uma nuvem mágica, surgiu uma fada madrinha, decidida a transformar abóboras em coches, ratos em cavalos e outras coisas que tais. O cuco nem precisou de nada mais: asas sem relógio, para que vos quero?!

E teria adormecido feliz e descansado, não fosse deparar com uma cuca pestanejante no ramo preferido da sua árvore...

Acordou a cantar, só com dois pios: PARABÉNS, Roderick!!!

20 comentários:

  1. ... e é o mundo dos contos de fadas...

    Parabéns e beijos, a ti e ao Roderick!

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  2. E hoje à noite vai tudo para os copos ;-)

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  3. Mas o gajo faz hoje anos? bolas e eu que nem fazia ideia, mas, parabéns pró moço...e a tua história parece a escrita dele...hum..Beijinhos aos dois, mais meia dúzia ao aniversariante..laura

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  4. Olá Teté,
    penso que ainda não tinha feito cá a visitinha:-) mas voltei e cá estou eu a escrever umas letritas.
    Gostei deste conto e inspirando-nos em contos tradicionais podemos escrever outros fantásticos e hilariantes também.
    Tenho o meu conto Cinderela mas diferente. Um dia partilharei.
    Beijinhos

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  5. Cara amiga, não a conheço e creio que é a primeira vez que visito o seu blog. Como sei que é amiga da Isabel vim com o propósito de lhe dizer que lancei uma corrente de energia e oração. Se quiser participar será mais uma elo muito importante nessa cadeia.
    Um beijinho,
    Maria Emília

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  6. Tal e qual um verdadeiro príncipe, VÍCIO?! :D

    É, PAX, o Roderick gosta de contar histórias de fadas, daí a retribuição... :)
    Beijos para ti também!

    Oh, oh, eu, o Andersen, o La Fontaine e os irmãos Grimmm, MOYLITO! :))

    Não sei se foram, MIKAS! Cá por mim, fiquei em caselas... ;)

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  7. Fez anos, sim, LAURINHA! E a ideia era mesmo essa, escrever um conto algo parecido aos que ele escreve! Sem plagiar, evidentemente... :a

    Bem-vinda, LISA B!
    Há sempre muitas histórias para contar, reais ou imaginárias. No caso, peguei numa vertente que o aniversariante tem "explorado", no bom sentido... :)
    Beijinhos!

    Cara MARIA EMÍLIA: não é a primeira vez que me visitas, também já visitei o teu cantinho e comentei!
    Sem ter nada contra a religiosidade de cada um, lamento não pretender (com)partilhar essa corrente de energia e de oração. Mantenho não ter nada contra quem o faça, por ser crente e ter fé, provavelmente os objectivos são louváveis. Mas também mantenho a esperança em dias melhores para todos nós, para o País e para o Mundo!
    Beijinhos! :)

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  8. E se tivesse adormecido, teria sido comida pelo lobo e a "estória" acabava mal.
    Muito bem Tété. La Fontaine não faria melhor!
    Beijinhos

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  9. Pois foi, o miúdo nem me disse nada e assim, passava o dia em branco...
    Lá que ele tem um jeitão para inventar histórias, isso tme, e mais uma razão para escreve runs livros, diz que ainda não está preparado, enfim...vamos lendo os contos dele. Beijinhos a ti e bom domingo, já fui a votos ehhhh espero que sejamos melhor servidos desta vez..laura

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  10. Adorei, Teté, este percorrido em asas de cuco pelos contos tradicionais. Não conheço o Roderick, mas deve ficar bem orgulhoso deste presente que lhe ofereceste.

    (Bom resto de domingo eleitoral e beijoquita)

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  11. marco no pais das maravilhas!

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  12. Eu escrevi um texto há uns tempos, que ainda não postei, e que terá alguma coisa a ver. vais compreender quando o puser lá :D

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  13. Eheheh, KIM, La Fontaine fez muito melhor, por isso é que estas "estórias" são recontadas e modificadas até à exaustão... :)
    Mas assim para "festejar" um aniversariante não ia acabar o "conto" com uma mortandade dessas! :D
    Beijinhos!

    Também fui a votos, LAURINHA, mas não sei que milagre estavas a esperar, cá por mim não tinha nenhuma ilusão! ;) Claro que ele tem um jeitão para escrever contos, mas um livro requer mais tempo e disponibilidade. Algum dia ele acerta essas agulhas.
    Beijinhos e boa semana para ti!

    Gracias, SUN! (*_*)
    O Domingo eleitoral não trouxe grandes novidades... ;)

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  14. Bem-vindo, MARCO!
    Não sei se estas "maravilhas" são muito a tua onda... :))

    Obrigada, LOPESCA! :)

    Fico à espera desse texto, MOYLITO! :D

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  15. Que bela história outunal Teté. Gostei. Faxabôre de endereçar os meus parabéns ao Xôr Roderick.

    Beijo

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  16. História original e engraçada. O cuco é uma ave rara por aqui. Tenho um relógio de cuco, o qual pertenceu ao meu bisavô. Tudo funciona bem - marca as horas de maneira correta, o pássaro sai da casa para anunciar cada hora - exceto pelo som emitido pela ave, justo a maior atração. Já enviei a alguns especialistas e nenhum deles conseguiu resolver o problema da mudez do cuco. Uma pena.
    Um beijo!

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  17. Obrigada, PAULOFSKI! Os parabéns lá chegarão ao xõr Roderick! :))
    Beijoca!

    Bom, OLIVER, também não encontro aqui cucos por todos os cantos... :D
    Mas a história do cuco a cantar vem de uma canção infantil, não dos relógios. Que esses, há quem os prefira parados, para não assustarem o pessoal durante a noite com os seus CU-CU's bem audíveis. Há gente para tudo, não há?! :))
    Beijoca!

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Sorri! Estás a ser filmad@ e lid@ atentamente... :)