quarta-feira, 9 de setembro de 2009

CHOQUES GERACIONAIS!

Fotografia de Ian Britton

Por mais que entenda que não se podem comparar gerações, suponho que os putos portugueses de hoje em dia estão muito mal habituados: se o menino quer uma bicicleta, é já a seguir; se a menina quer uma Barbie princesa com o respectivo castelo, idem; gameboys, PlayStations, computadores portáteis, televisão no quarto, telemóvel, o que quer que passe pela cabeça da criança ela tem, abonada por pais, avós, tios ou até aquela prima afastada, que não deve ter mais nada onde gastar o dinheiro.

Mais tarde as exigências surgem com a roupa das marcas da moda, as idas aos concertos ou às futeboladas, as noitadas com os amigos, cinemas sempre que apetece, aulas de inglês ou de fitness para continuar em grande forma, as viagens e as férias com os amigalhaços, a carta de condução, o carrinho para ir para a faculdade, que isto de andar a pé ou de transportes públicos cansa muito. E claro, que ninguém se meta nos seus namoros ou "curtes", que eles é que sabem!

Até ao 9º ano quase nenhum deles reprova ("retido", na terminologia moderna), mesmo que mal saiba ler ou escrever! Depois já estão na área que escolheram, supostamente mais fácil para tirar boas notas e seguir o curso que pretendem - outra enorme indecisão, até acabarem o 12º. Mas, quer dizer, com tantas solicitações, onde é que encontram tempo para estudar?! Conheço vários casos de estudantes universitários (quase todos rapazes, é certo!), em que nem uma cadeira para amostra fizeram, durante um ano lectivo inteiro...

Já todos fomos adolescentes - igualmente com as hormonas aos saltos, né? - com mais ou menos estroinices próprias dessas idades, mas sabíamos que tínhamos de estudar ou trabalhar, para tentar construir uma vida independente. A maioria desta malta nova está completamente refastelada na casa dos pais, não tem a menor intenção de sair de lá tão cedo, enquanto anda a curtir sabe-se lá o quê! Sair porquê, se está lá tão bem?!

19 comentários:

  1. Nós queríamos sair da casa dos pais para levarmos uma vida independente, para fazermos o que na casa não nos estava permitido (isto no melhor dos casos, claro, porque a malta em geral saía da casa porque a economia familiar não dava para manter tantas bocas e havia que trabalhar), mas agora na casa dos pais têm e fazem o que querem: não precisam de lavar a roupa, nem de cozinhar, tem carro à porta, e podem dedicar o pouco que ganham em trabalhos precários em caprichos. A culpa não é deles. Foi a nossa geração que os criou assim.

    ResponderEliminar
  2. Como diz a Son Lou Miou, a culpa não é deles mas desta nossa geração que lhes dá tudo e os deixa tudo fazer.

    Mas olha que comigo a coisa não funcionou assim, talvez porque dentro dos limites os meus pais eram muito liberais e a confiança e franqueza era coisa que havia entre nós.
    Hábitos talvez de Africa.

    Os meus rapazes de 26 anos e 20 aninhos(faz dia 11/09) sempre foram garotos que estudaram e apesar de sair com os amigos, sempre tiveram limites até nas aquesições de roupa ou brinquedos.....e olha que não era porque eu não pudesse, mas sempre aprenderam ter limites.

    Mas vejo até por sobrinhos meus que isso não acontece.
    Por isso a culpa é dos pais de não saberem dizer NÃO.

    Beijokitas

    ResponderEliminar
  3. Então e quando são eles que querem barbies princesas?
    Do piorio, do piorio.
    eheheheh
    Beijocas

    ResponderEliminar
  4. Voltei!

    Espero passar na tua compenhia muitas horas deliciosas.
    Um abraço
    Licas

    ResponderEliminar
  5. Olá :)
    Voltei..e então tá tudo?
    É assim...geração em geração algumas coisas permanecem :)
    Já sair da casa dos papis com essa crise...

    ResponderEliminar
  6. Olha concordo plenamente com o primeiro comentário. o Facto da geração anterior ter passado por alguma privações e ter passado da privação de liberdade para a loucura da democracia acabou por levar a que hoje as permissões e facilidades sejam em demasia. Bijou

    ResponderEliminar
  7. Ana Gu9/09/2009

    Sei de um caso em que o puto já tinha 30's, com emprego bem remunerado, que se mantinha em casa dos pais.

    Um dia após interpelação paterna, respondeu ao pai que só poderia estar louco se achava que iria sair de casa onde tinha tudo o que a Teté menciona.

    Conclusão, o pai deu-lhe um mês para ele organizar a vida.

    Bjs
    AnaGu

    ResponderEliminar
  8. Amiga

    A Isabel foi submetida a intervenção cirúrgica e saíu do recobro às 19 horas. Correu tudo bem. Agora é aguardar.

    Beijinhos dela (e meus) para si.
    António

    ResponderEliminar
  9. Claro que há sempre um choque de gerações, mas acho que nenhum tão grande como este, pois a evolução ao nível dos costumes nunca foi tão grande e tão rápida. Um dia ainda vamos ter de nos unir para dar porrada nesses fedelhos. Década de 70 rules!!!!

    ResponderEliminar
  10. Sabes Tété, nós é que temos a culpa porque queremos dar aos nossos filhos aquilo que não tivémos. Mss há quem exegere. Hoje não existe o sentido de poupança porque o dinheiro não chega para tudo, especialmente para se trocar de telemóvel, play station, computador, Iphone e MP3 a toda a hora. E já para não falar de quem se movimenta em viatura para todo o lado nem que o café mais próximo seja ao virar da esquina. .
    Outros tempos! Pouco do meu agrado!
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  11. o pouco que tenho trabalhei para isso. algo está um bocado errado porque quando andava na escola (apesar de não ser um exemplo de aluno comportamentalmente) sabia que tinha que fazer aquilo e não me ocorria não o fazer. mas talvez não tivesse tantas solicitações como há hoje. quer dizer, também havia o meu acesso a elas é que era limitado.

    ResponderEliminar
  12. Nem estou a atribuir culpas a ninguém, SUN, facto é que os pais se esforçam para dar tudo aquilo que eles próprios não tiveram aos filhos (possivelmente, algumas vezes, com o sentimento de culpa de não lhes darem a atenção devida, por estarem a trabalhar afanosamente), para descobrirem mais tarde que com tudo assim de mão beijada, os putos nem se preocupam em estudar ou trabalhar.
    Mas concordo que não é modo de educar... (`_^)

    Não estava a referir-me ao filhote, PARISIENSE, mas parece-me que quase todos entram na onda das facilidades. Se os outros têm, porque é que eles não hão-de ter também?! E até há pais que se endividam, para o "coitadinho" não ser o pobrezinho do grupo de amigos...
    Enfim, maus hábitos, é o que é! :p
    Beijokitas!

    Ah, pois, essa já é outra onda, RODERICK! ;)
    Beijocas!

    ResponderEliminar
  13. Certamente que teremos, LICAS! Ou assim espero!
    Bom regresso... e beijinhos! :)

    Ná, MYLLANA, a crise não tem nada a ver com a educação da criançada! ;)
    Bom regresso para ti também!

    Pois, em parte poderá ter contribuído para o facilitismo em relação às criancinhas, MIKAS! Mas a democracia não é nenhuma loucura, embora alguns abusem da própria liberdade... :)
    Bijou!

    ResponderEliminar
  14. Pois é, ANINHAS, respostas dessas é o que merecem... e até lhe deu um mês a mais! :))
    Beijocas, amiga!

    Obrigada a ti, ANTÓNIO, pelas notícias da Isabelinha!
    E que se recomponha depressa, é o que desejo!
    Beijinhos a ambos!

    Umas traulitadas nos fedelhos não lhes fazia mal nenhum, RAFEIRITO! A tempo, não 'a posteriori', quando no BI já são adultos e até já votam... ;)
    Para já, a geração de 50 rules!!! :)

    ResponderEliminar
  15. KIM, crescemos entusiasmados com os ideais de liberdade, de tentar dar tudo o que não tivemos aos nossos filhos, certamente que houve alguns exageros, muitos seguem a sua vida sem problemas, mas há quem se acomode com tudo "oferecido" de mão beijada, sem se querer chatear com nada...
    E depois, como é que é? Desata-se ao tabefe?! Não resolve, né? São situações que não agradam a ninguém...
    Beijinhos!

    Se queres que te diga, MOYLITO, o acesso limitado a certas facilidades parece-me incentivar mais os jovens, do que receber tudo de bandeja, bastando pedir! Estou na dúvida se, alguns destes miúdos, com as generosas mesadas que recebem (normalmente com pais separados até duplicam), algum dia vão fazer um estágio de aprendizagem (pago a preços irrisórios, mas esse é outro assunto), se conseguirem finalizar os estudos.
    É esperar para ver... ;)

    ResponderEliminar
  16. Não são só os adocescentes portugueses, que estão mal habituados, penso que em toda a Europa é a mesma coisa.
    Fui sempre muito severa com os meus filhos, enquanto que os primos tinham tudo, eu recusava-me a satisfazer os seus desejos. Mas pensando bem, eu sempre tive tudo o que queria dos meus pais, e não só.
    Tinha eu uns quatro ou cinco anos adoeci, a minha para me consolar comprou-me uma boneca, que custou muito mais do que uma das tais barbies. Bom, também era filha, neta e sobrinha única!!!

    ResponderEliminar
  17. Estive a ler todos os interessantes textos que aqui perdi nas férias e escolhi este para comentar. Recordo-me de ter publicado um poste semelhante no gabinete. Na minha adolescência, a geração dos meus pais dizia "Ai esta juventude está perdida..." Na altura eu achava este comentário muito injusto mas hoje dou por mim a dizer o mesmo desta juventude. Tenho esperança que o meu filho pense e aja de forma diferente, que não faça parte dessa "geração perdida". Concordo com muito do que aqui é dito, não devemos ceder sempre, por outro lado temos de manter a mente aberta para a "actualidade" deles... e é muito complicado.

    ResponderEliminar
  18. Nunca fui muito severa com o meu filhote, EMATEJOCA, mas às vezes é preciso mete-lo na linha! Ele também é filho único e durante alguns anos também foi sobrinho e neto único na minha família, bastava o menino pensar numa bicicleta e já tinha.

    No caso, não estava a pensar nele especificamente, que ainda entrou agora para o 12º ano (antes da faculdade, no sistema português, como suponho que sabes), mas pelo que constato em colegas dele, filhos de amigos e conhecidos. Que saiba, nenhum deles é milionário, se a maioria vai "à luta" (ou tentativa), outros decidem-se pelo "bem bom"...

    Mimo é uma coisa, outra é ficar sempre dependente da família! ;)

    ResponderEliminar
  19. Essa frase "da juventude está perdida" é extremamente injusta e ainda por cima é geracional, passa de avós para pais e filhos, sem que todos tenham a noção que estão a repetir frases que já ouviram dirigidas a eles próprios no passado, PAULOFSKI!

    A complicação dos tempos que mudam reside mesmo aí, muita gente não consegue compreender que não existem comparações possíveis! Daí até alguns miúdos acharem que nem precisam de se esforçar, são outros 5 paus! :-o

    Complicado é sempre, que as crianças não nascem com "manual de instruções" e nenhuma delas é igual... :)

    ResponderEliminar

Sorri! Estás a ser filmad@ e lid@ atentamente... :)