quinta-feira, 12 de março de 2009

CRÓNICAS DA GUIDINHA

Fotografia de Ian Britton

"O Luis é um grande amigo meu que pôs as minhas redacções lá no jornal onde trabalhava mas a minha tia Hermengarda diz que não interessa nada ler as minhas redacções que são chatas e ninguém aprende nada com elas mas ela também é muito chata que passa a vida a queixar-se das dores nas cruzes que não sei bem o que é que é mas isso é que acho uma grande chatice com ela sempre aos ais nem sei se ela leu mas também tenho a certeza que não lia as redacções dela se fosse para falar lá nas tais cruzes que doem para caraças não sei porque não as tira das paredes de casa se lhe fazem doer tanto deve ser por ser muito católica e ir todos os domingos à missa ouvir o padre que diz sempre para sermos muito bons e gostar de toda a gente o que é muito difícil que eu não gosto nada da minha professora de português que também passa a vida a chatear-me com as virgulas e os pontos que diz que não sei pôr nas minhas redacções mas o Luis gostava mesmo assim e até as pôs lá no jornal para toda a gente ler ora toma lá que já almoçaste que os seus poemas os jornais não querem que a gente leia porque também devem ser muito chatos e se quer vírgulas e pontos tome lá uns para os espalhar nas minhas redacções,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,......................................
Guidinha"

Bom, OK, este não é um texto escrito por Luis de Sttau Monteiro, nas suas célebres crónicas da Guidinha publicadas no "Diário de Lisboa" entre 1969 e 1970 - segundo informação da Wikipédia. E não é que duvide desse facto, mas suponho que foram editadas mais tarde noutro jornal, porque me lembro de ter lido umas quantas e de constituirem uma risota pegada, pela crítica social e de costumes bastante incisiva que exibiam - do ponto de vista de uma miúda que escrevia conforme falava e da associação de ideias que mantinha ao longo do texto.

Trata-se apenas de um exemplo do estilo de escrita que reinava nessas crónicas, por sinal completamente ignoradas na dita Wiki, que refere que o autor foi advogado durante um curto período de tempo, dedicando-se posteriormente ao jornalismo e à escrita de ficção e de peças teatrais. A Guidinha, coitada, deve ter crescido...

Ah e tal que podia ter procurado melhor e encontrar uma crónica original para demonstrar a dita crítica corrosiva patente? Talvez! Mas fartei-me de ler cópias da Wiki (ou vice-versa?) e desconfiei da credibilidade de outros blogues ou sites. O livro que as compilou está esgotado desde o século passado!

26 comentários:

  1. Deixa-me apanhar ar, Teté. Não suporto textos sem pontuação, mesmo que forem obras sublimes de literatura. Manias. (`_^)

    Beijoquita

    ResponderEliminar
  2. tal como noutras vezes que abordaste temas deste tipo, deves ter reparado que a minha cultura neste campo é muito vaga!
    sempre fui uma pessoa que gostou de "alimentar-se" de imagem em prol da escrita e por isso conheço muito pouco!
    não entendi a admiração da ematejoca em relação a eu ter perguntado quem era Luis de Sttau Monteiro! não sei quem é e não me preocupo por não saber!
    admiro quem escreve bem mas não procuro ler muito para saber que escreve melhor!

    a wikipédia diz que ele era escritor e dramaturgo... é capaz de ser (ou ter sido, sei lá...)

    ResponderEliminar
  3. Pr isso é que eu não consigo ler Saramago, pois o livro que comecei a ler não tinha pontuação e eu recomecei várias vezes para ver se entendia, até que desisti.....era cansativo demais.
    Aprendi pontuações, por isso gosto de ler com elas.....ahahahahh

    Beijokitas

    ResponderEliminar
  4. só pela amostra é uma preciosidade :D

    ResponderEliminar
  5. Hummm... estou a entender que és uma "fãzoca" do Saramago, SUN?! (`_^)
    Beijocas!

    Epá, VÍCIO, nem me parece que devias conhecer, que o homem morreu há cerca de 16 anos e nos anos anteriores dedicou-se mais aos vinhos e à gastronomia do que à escrita... (o que não consta na wiki) ;)
    Sempre achei mais piada à Guidinha do que a tudo o mais que ele escreveu (se bem que longe de ler tudo, está claro)! :D

    Ui, PARISIENSE, já somos duas!!! :)))
    Também nunca li nada do Saramago, que um livro sem pontuação também me chateia.
    Mas nas crónicas de uma miúda que escrevia como falava tinha a sua graça...
    Beijoquinhas, nina!

    ResponderEliminar
  6. Amostra, dizes bem, MOYLITO! :)))

    ResponderEliminar
  7. O pessoal tem a mania de confiar cegamente no que encontra na net, wikipedia incluída, menosprezando os livros. Assustador...

    Beijoca!

    ResponderEliminar
  8. Ó Guida, tira os putos da barraca, mula!

    Foi isto que me fizeste lembrar...

    :D

    ResponderEliminar
  9. Ermengarda? Mas é o nome que tenho num personagem de um conto!!! Já não se consegue ser original! Bolas!!!!

    ResponderEliminar
  10. É mesmo giro.
    Comprei no século passado, (parece que foi há muito tempo)e de facto é difícil de encontrar algum exemplar. Talvez na feira do livro.

    Evidentemente, que ao escrever as crónicas da Guidinha, o escritor não estava a pensar no Nobel. São textos engraçados na esteira de um Mário-Henrique Leiria com os Contos do Gin-Tónico, nada mais.

    Boa ideia para lembrar.

    ResponderEliminar
  11. e procurando na Biblioteca Nacional Digital http://bnd.bn.pt ou directamente às obras digitalizadas http://purl.pt?

    (cerac de 15000 obras digitalizadas)

    ResponderEliminar
  12. Ta bem como exercício... O que não entendo e como alguém não gosta de Saramago, de tudo Saramago?, não entendo...

    ResponderEliminar
  13. Faço a mesma interrogação que o Condado!

    ResponderEliminar
  14. Por acaso, não tinha conhecimento dessas crónicas. Deviam ser interessantes.

    Beijinhos!

    ResponderEliminar
  15. Gosto muito dalguns livros do Saramago, Teté. Aliás, foi um dos primeiros escritores portugueses que li, há mais de vinte anos, e abriu-me mesmo olhos e o coração à vossa literatura. Mas ultimamente não tenho lido nada dele (do Ensaio sobre a cegueira desisti, não gostei). Também o Gabriel García Márquez (de quem gosto imensimissíssimo) escreveu uma obra sem pontuação que ficou sem ler. Não posso. É superior a mim. Quando trabalho de correctora (nem tudo é traduzir, he!) é uma das coisas que mais mimo num texto: o resto pode ir como se quiser, mas pontos e vírgulas, isso é sagrado para mim.

    ResponderEliminar
  16. Ei, Teté, o Saramago tem obras com pontuação, certamente do século passado e magníficas. (`_^) O Memorial do Convento e A Jangada de Pedra são duas que vêm agora à memória.

    ResponderEliminar
  17. Eu penso que tens razão Tété, quanto à (re)publicação das redacções da Guidinha. No suplemento "A Mosca" do DL era eu puto quando as lia mas já não me lembro muito bem. No entanto, salvo erro ou omissão, mais tarde foram republicadas no semanário "O Jornal".
    Quanto ao Luis de Sttau Monteiro, tirando os meios mais letrados e os leitores de A Mosca, uma o outra incursão dos portugueses no teatro principalmente através de "Felizmente há Luar" poucos conheceriam ao Luis de Sttau Monteiro não fosse A visita da Cornélia, uma criação(?) se não criação uma obra em portugal pela mão dos grandes Zé Fialho Gouveia e Raul Solnado, onde Sttau Monteiro foi membro do juri e aliás um dos mais populares.
    Já agora, a talhe de foice foi a visita da Cornélia quem projectou outros mediáticos (mais ou menos uns que outros) como o Tozé Martinho que escreve grande parte das telenovelas portuguesas e o poeta José Fanha.

    ResponderEliminar
  18. Também me lembra das crónicas da Guidinha. É pena o livro estar esgotado.

    Vício, quando eu era menina e moça, o Luís Stau Monteiro e o seu
    "Felizmente há luar" eram conhecidos como os tremoços.

    Teté, aceita lá, o desafio da vizinhança, e diz-me o que há pior do que eu querer dormir e os meus vizinhos portugueses lavarem a roupa durante toda a noite. Vim, então a saber que a energia é mais barata.

    Boa noite, Teté!

    ResponderEliminar
  19. É, RAFEIRITO, a Wikipédia e a net estão cheias de imprecisões e de erros, mas a malta confia...
    Quanto aos livros, pois, muitos também são subjectivos, mas pelo menos conhecemos a sua autoria!
    Beijocas!

    Ah, REIZÃO, a frase que conheço é: "Oh Ilda, põe os putos na barraca, que vai haver merda no beco!"
    :D

    Querias a exclusividade do nome para os teus contos, RODERICK??? :))) Quanto se pensa nos mais esquisitos, Hermengarda (que suponho que se escreve com H, mas talvez também se possa escrever sem) é sempre dos primeiros a surgir.... O que não retira nada à originalidade dos teus contos, certo?! :D

    ResponderEliminar
  20. Sim, é possível, CARLOS, que se encontre na Feira do Livro, mas deve ser o mesmo que encontrar "agulha em palheiro"!
    Claro que ele não estava a pensar no Nobel, mas que eram bem divertidas, lá isso... :)
    E também li os "Contos do Gin-tónico" do Mário Henrique Leiria, mas esse ficará para outra conversa! :D

    Obrigada pelos links, TERESA DURÃES! Já dei uma espreitadela por lá mas ainda não encontrei, talvez amanhã com mais calma... :D

    Ah, CONDADO, comecei a ler o "Memorial do Convento" e confundi-me logo nas primeiras páginas, a falta de parágrafos não ajuda... Longe de mim dizer que é mau, até porque foi essa a única tentativa que fiz, mas digamos que não me entusiasmou por aí além! E quando não me entusiasma, não leio... :)

    Repito, CAPITÃO: quando não me entusiasma, páro e não leio mais! :D

    ResponderEliminar
  21. Eram divertidas, MATCHBOX32! Nada de grandes intelectualidades, como é óbvio... :)
    Beijinhos!

    Não me posso pronunciar sobre as obras do Saramago, SUN, porque nunca li nenhuma. Apenas tentei ler uma e simplesmente não me entusiasmou. Que é que queres, fora as muitas revisões de texto que já fiz (ah, julgavas que eras só tu?!), só leio o que me dá prazer... (`_^)
    E também prefiro textos com a pontuação no devido lugar, mas as crónicas da Guidinha eram (são, se as encontrar!) a excepção!

    ResponderEliminar
  22. Ah, deve ter sido por aí, pelo "O Jornal" que as li, PREDATADO! Isto porque aos 10/11 anos de idade ainda não lia jornais...
    E sim, o "Felizmente há Luar" e a "Angústia para o Jantar" foram levados ao palco pós 25 de Abril, mas o que o tornou mais conhecido foi mesmo esse concurso da "Cornélia", em que era membro do júri, que por sinal foi dos mais criativos da RTP. Fora dos meios teatrais e literários, evidentemente, e das ditas crónicas que eram mais populares!
    Enfim, talvez um dia surja uma reedição das ditas crónicas ou redacções em livro... :)

    Bom, EMATEJOCA, li-o como leitura obrigatória no liceu, mas nessa altura o Vício ainda era muito pequeno, de modo que é normal que não conheça! O homem morreu em 1993, mas suponho que a última obra dele é de 1978 ou assim, tirando crónicas ou artigos de jornal! E o tal concurso da vaca Cornélia, onde foi júri, mas também desses finais de 70... ;)
    Quanto ao desafio, aceito sim, tenho de verificar o que já escrevi sobre más vizinhanças!
    Boa noite também para ti!

    ResponderEliminar
  23. Anónimo9/30/2009

    Pensava que Ermengarda era com H no inicio. Se encontrarmos falhas no wikipédia não custa melhorar essa informação. Pelo menos é um local com muita informação e que dá alguma segurança embora deva comparar-se com outras fontes para assegurar da veracidade. Mas para uma enciclopédia ligeira não está mal.

    ResponderEliminar
  24. Anónimo6/28/2012

    A Guidinha sou eu...só agora descobri as minhas redações do tempo da escola compiladas em livro parabéns à editora pela iniciativa como não percebo muito de computadores porque no tempo em que eu andava na escola não ensinavam este comentário vai sem endereço de mail

    Guidinha

    ResponderEliminar
  25. ANÒNIMO: longe de mim atacar a melhor fonte de informação a que (quase) todos temos acesso! Uma ferramenta indispensável, nos dias que correm, mesmo para quem tenha enciclopédias em casa (por vezes já um bocadinho desfasadas no tempo)... :)

    ResponderEliminar
  26. Ah, GUIDINHA, afinal eras tu que inspiravas o Luis?!? Parabéns, ó musa inspiradora... =))

    ResponderEliminar

Sorri! Estás a ser filmad@ e lid@ atentamente... :)