domingo, 23 de setembro de 2007

ORELHAS DE BURRO

No tempo dos meus avós, criança que não soubesse a lição, era sentada num banco bem em exposição, com uma bela “coroa” de orelhas de burro.

Quando comecei a estudar, esse método já era considerado “arcaico”, a professora (e como ela muitos outros) resolvia tudo ao estalo, reguada e ponteirada.

Nos dias que correm, já se reconhece que existem vários factores que contribuem significativamente para que algumas crianças tenham mais dificuldades de aprendizagem que outras. Dislexia, hiperactividade, incapacidades auditivas (parciais ou totais), distúrbios de fala, entre outros, exigem que essas crianças sejam acompanhadas de um modo mais atento, para corrigir e ultrapassar esses problemas. Até aqui, suponho que todos concordam.

Na prática, ainda está longe de se ver luz ao fundo do túnel! Isto porque a grande maioria dos professores denota um grande desconhecimento, ou até ignorância, decidindo à partida que o aluno é preguiçoso, mal comportado, pouco participativo, isto quando não aludem mesmo à sua pouca inteligência...

Auxílios eficazes, exigem disponibilidade de tempo e dinheiro, em centros especializados!

Algumas escolas públicas têm aulas especiais para estes alunos. Uma das minhas sobrinhas é disléxica e assistiu a todas, sem problemas, no 5º ano. No ano passado, desistiu de ir a meio do ano (não são obrigatórias). Segundo ela, o professor passava o tempo a berrar que eram todos um bando de burros e estúpidos. Numa conversa com a directora de turma, esta acabou por concordar que aquele professor não “tinha o perfil mais indicado para aquele tipo de ensino”. Ah, entendi, fazem aulas especiais (45 minutos não é muito, mas pelo menos parece revelar alguma boa intenção) e depois colocam lá um idiota – a palavra até é um pouco branda, para aquilo que penso sobre um professor desta laia – a leccionar? Adeus intenções, bem-vinda hipocrisia!

Não sei quem é que premiava com as ditas orelhas de burro, mas de certeza que não eram os miúdos...

28 comentários:

  1. Concordo totalmente contigo tete, aliás, é outro assunto que me empolga e toca pessoalmente. Na própria universidade fui apelidada de burra por uma professora, apenas pela razão de eu me fartar de fazer perguntas que preenchessem as lacunas do que não conseguia apanhar. Quando ela me chamou burra, eu acusei-a de ser discriminatória e não saber fazer o trabalho dela. Vim a saber, mais tarde, que ela não gostava de mim porque fazia demasiadas perguntas...na universidade...
    Na escola, primária, básica e secundária, tive sempre imenso apoio (e uma mãe e uma tia -a tete!- sempre em cima dos professores). Mas agora vejo o meu sobrinho, surdo parcial, a nem sequer saber escrever convenientemente aos 13 anos...e com uma caderneta de notas cheia de observações como fraca compreensão oral. Claro que é fraca, O MOÇO É SURDO!!! Estas e outras coisas irritam-me sobejamente...
    Fez-me lembrar outra cena...certa vez tive um exame de música que consistia em tocar flauta. Chumbei. E porque chumbei? Porque, POSSA, EU NÃO OIÇO A PORRA DA FLAUTA!! Mas tive de fazer o raio do exame à mesma...
    Mais outra história? Olha, o meu exame de condução, há dois anos e meio, acabou numa grande discussão entre mim e a estupida frustrada da examinadora. Acusei-a de discriminação e ameacei com um processo. Porquê? Porque sua excelencia, quando confrontada com uma examinanda surda, passou-se e RECUSOU-SE a indicar-me o caminho por gestos...quando o desastroso exame, pautado por virar em ruas que ela não queria e afins (AH?! QUERIA O QUE??), acabou, voltei-me para ela e disse-lhe, simplesmente: se me chumbar, acuso-a de discriminação. Rebentou uma enorme discussão (com o coitado do instrutor atrás a pedir-me calma), disse-lhe todas e mais algumas e voltei a repetir: se me chumbar, terá sido por eu ser surda; se o fizer, terá um processo em cima por discriminação. Moral da História: passei!! LOL!

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  2. Os professores não têm formação suficiente para trabalhar com crianças. Eu trabalhei com crianças dos 4 aos 8 anos. De escolas com pouco aproveitamento, crianças de familias pobres, mal educadas e rebeldes. Os professores não conseguiam fazer nada delas. Eu encontrei crianças doces e carentes. Tudo o que elas queriam, de maneira a respeitar o adulto, era que o adulto não gritasse e não lhes batesse. Castiguei muitas delas, mas castigos psicológicos, como ficar de castigo durante um jogo. Nunca na base da humilhação.

    O principal problema é que a maioria dos professores não segue o ensino por amor à profissão ou às crianças, seguem o ensino, por último recurso, pois não conseguiram outro tipo de trabalho com os seus estudos.

    O meu irmão foi considerado burro, pela sua professora de Português no 8° ano, ele chegou a querer deixar os estudos. Em casa vim a perceber o problema dele. Ele tinha disléxia, ainda por cima a mais vulgar de todas, que é trocar o "J" pelo "ch", escrevendo "chanela" em vez de "Janela". Fui pessoalmente à escola, conhecer tão bem formada pessoa e encontrei uma idiota à qual acabei por dizer, que duvidava do diploma dela, pois nem Português sabia falar.

    O escola depois de informada, colocou o meu irmão 2 vezes por semana a receber apoio da psicóloga dessa escola. Esse apoio durou 4 horas, duas semanas.

    É incrível. A disléxia é fácilmente corrigível. Hoje o meu irmão está curado, por trabalho realizado em casa. Pois na escola, cada vez se aprende menos. Até nos livros de Português encontro erros vergonhosos, que passam de edição para edição, apesar dos alertas...

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  3. Vanadis, nem te sei responder muito bem, porque nem sequer fazia ideia que tivesses passado por essas peripécias todas.

    E sabes, quando nos dizem "eu sou surda", levamos para o sentido que querem fazer orelhas moucas, para as vozes de burro não chegarem a lado nenhum...

    Não sou do tempo de ter de tocar flauta, nem fazia ideia do pormenor de ser obrigatório também para alunos com incapacidades auditivas??? Surrealista, no mínimo!!!!!

    O que alguns colegas da minha sobrinha não entenderam - não expliquei que eram miúdos com toda a espécie de dificuldades, cerca de 10 ou 12 numa mesma sala de aula? - ela ouviu perfeitamente... Que respeito é que se pode ter por uma avantesma daquelas?

    Mas sim, são extremamente discriminatórias todas as situações que referes, pôr essa gaija-examinadora na ordem também era preciso!

    Jinhos, amiga!

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  4. Concordo mais uma vez contigo, Crestfallen: os professores não têm formação para acompanhar crianças com dificuldades de aprendizagem. Mas nem por isso as podem varrer para debaixo do tapete, como se fossem só uns grãozitos de pó...

    A injustiça porque cada um passa no mercado de trabalho não deve, nem pode, ser atirada como arma de arremesso a miúdos, tenham dificuldades ou não.

    Continuo a achar que todo e qualquer professor devia seguir essa carreira profissional por gosto e com formação adequada, mesmo que não conseguisse auxiliar os alunos especificamente, pelo menos não contribuía para o mal-estar deles na escola...

    A dislexia tem vários graus, normalmente dá para notar logo de início, que os putos demoram imenso tempo a aprender a ler e a escrever. Essa dislexia do teu irmão deve ter sido num grau mínimo, provavelmente só notória tardiamente. Mas não, não se cura assim rapidinho... vai atenuando com o tempo! Os esquerdinos têm mais propensão para isso, sabe-se lá se por tudo estar mais preparado para os destros. O teu irmão era canhoto?

    Quanto aos livros escolares, pois, também concordo e muito mais haveria a dizer...

    Bom dia para ti!

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  5. Não podia estar mais de acordo com as tuas palavras.
    Infelizmente a educação em Portugal ainda está muito, mas muito atrasada em muitos aspectos e este é um deles! Lembro-me que na minha escola costumava haver aulas de compensação, mas depois o professor que ficava a substituir não nos dava nada para fazer. Ficavámos 24 alunos dentro de uma sala a olhar uns para os outros à espera que os 45 minutos passassem...
    Há outras prioridades... é pena...

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  6. A ideia errada começa ainda antes de se ir ser professor. Tenho um amigo, cuja namorada dá aulas ao 1º ciclo, que diz que ele, se soubesse o que sabe hoje, também tinha ido para professor. Porque não se ia chatear nada e nem trabalho tinha.

    Provavelmente seria mais um com falta de aptidão para o ensino.

    Ser professor está, para mim, ao nivel de ser médico. Não é porque se quer, é porque se é! Não vamos ter um cirurgião que desmaia quando vê sangue, não é?

    Eu, por acaso, nunca fui considerado burro. Os professores sempre disseram, mesmo aos meus pais, que eu devia ter alguma doença chamada preguicite aguda.

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  7. Como em tudo, em todas as profissões e em todas as pessoas e personalidades, neste caso há professores e professores. Há políticas e políticas, há escolas e escolas, há encarregados de educação e encarregados de educação. Tudo diz respeito a um todo e as partes envolvidas ou são todas culpadas ou não, porque resulta tudo de um processo contínuo.
    A culpa não é dos professores única e exclusivamente. A questão da formação tem muito que se lhe diga. Um professor não é formado na Educação ou Ensino Especial. Hoje em dia há um curso especial que forma pessoas competentes para lidar com situações de crianças com problemas. Essas pessoas deviam acompanhar esses alunos em situações de aula, para além da figura do professor. Infelizmente, o nosso estado não tem, ou diz não ter, ou finge não ter, capacidade económica suficiente (apesar de abrir os cursos!)para colocar essas pessoas competentes a acompanharem os ditos meninos. Então, colocam crianças com graves problemas numa turma de vinte e tantos alunos. O professor não pode dar um ensino personalizado a esas crianças com problemas. Depois, como ficaria a restante turma? É impossível. São situações complicadas que tocam a todos. mas não podem culpar unicamente o professor...como disse, não são estes que escolhem as turmas que têm, de acordo com as profissionalizações e estudos académicos que obtiveram.
    As aulas de compensação são outro caso absurdo das escolas, em que lançam professores assim sem mais nem menos para horas de substituição em turmas que não conhecem, em disciplinas que não são as suas e na maior parte das vezes sem saber o que têm de trabalhar com eles. As aulas de compensação, ou aulas de apoio, se de facto houver empenho de ambas as partes (professor e aluno) existem coisas que conseguem ser corrigidas...mas concordo que 45m não chegam para quase nada...políticas e mais políticas!

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  8. Pois, tons de azul, já para não falar de aulas que não interessam para nada, que dependendo dos professores, podem ser aproveitadas para alguma coisa ou não. E os ditos "trabalhos de grupo" de Área Projecto, são na sua maioria uma grande banhada.

    Mas quer dizer, isso já faz parte da política ministerial...

    Quanto às aulas de compensação, pois, agora há as de substituição, mas como professores e alunos não as desejam, suponho que deve ser também um grande fiasco...

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  9. Fausto, quase todos os miúdos actuais têm essa tal preguicite aguda, que nem é propriamente preguiça, têm outras coisas que preferem fazer em vez de estudar...

    O teu amigo não sabe do que fala. A namorada não faz nada a dar aulas ao 1º ciclo? Nem ele imagina a estafa que é dar aulas a crianças dessa idade. Está quieto, senta-te, cala-te, o que é que estás a fazer, parem imediatamente, aqui não quero lutas, etc. etc... em doses contínuas.

    Mas concordo contigo: ensinar é uma vocação que nem todos têm. E o pior ainda é que bons alunos que vêm as suas perspectivas goradas no mercado de trabalho, acabam a dar aulas, por vezes um pouco frustrados também por o fazerem... E ter boas notas não é sinónimo de ser bom professor ou de ter vocação para tal!

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  10. Eu não disse que a culpa era só e exclusivamente dos professores. E estas generalizações são bastantes vezes até injustas para muitos que realmente se esforçam.

    E sim, também percebo que um professor não tem formação adequada para lidar com crianças que precisam de apoio especial. Mas quer dizer, numa aula para crianças dessas põem um qualquer a leccionar? É um bocadinho demais, não achas? E segundo tu dizes até já alguns professores seguem cursos específicos para o efeito. Claro que o ideal era um apoio paralelo ao do professor da turma, mas até aí ainda percebo que seja difícil de concretizar.

    Tive professores bons, maus e assim-assim. Não me parece que isso com o tempo vá mudar, suponho que todos os alunos actuais e futuros passarão por isso. A todos os níveis, mesmo na universidade. E mais, o poder que um professor tem de dar notas aos seus alunos, transforma-os às vezes em autênticos ditadores... com tudo o que isso acarreta dentro de uma escola!

    Conheci uma médica que teve um professor na universidade que lhe disse na cara: enquanto eu for professor, você escusa de sonhar em acabar o curso. Ela foi não sei quantas vezes fazer a cadeira, até que um dia teve a sorte de ele estar doente e ter sido substituído por outro professor e lá conseguiu acabar...

    Jinhos, amiga!

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  11. Amiga, percebi que não distribuias as culpas unicamente pelos professores. Alguns dos comentários é que me pareceram fazê-lo. Como disse, há de tudo em todas as profissões e na dos docentes não há excepções. Quando se elaboram as turmas, as crianças com alguns problemas e que estão inseridas no ensino "normal" (de modo a sentirem-se integradas, independentemente de terem ou não um currículo diferente) são escolhidas em termos de serem umas três ou quatro por turma (aí nesses caos, diminuem um pouco a quantidade de alunos por turma) e geralmente tentam elaborar para esses alunos e respectivas turmas, horários de manhã (apesar de cada vez mais serem horários mistos). Já são tantos os alunos que têm essas carências especiais que é quase raro existirem turmas de crianças de currículo normalizado. O processo seguinte é a colocação dos professores com os horários e as turmas e é impossível estar a ver perfis de professores para cada turma. São muitas e são muitos. Muitas vezes alguns professores são novos. E, como já dissse, cada vez mais há mais turmas com alunos de ensino especial. Já estive numa escola que conseguiu ter alguns técnicos de apoio para casos de alunos assim. Eles acompanhavam as crianças dentro da sala de aula, enquanto a aula decorria, inseridos na turma e com o professor da disciplina. E resultava muito bem. mas isto é ainda uma realidade que só algumas, muito poucas, escolas conhecem, ou conseguem obter.

    Eu tive professores como esses que descreves...na faculdade tive um que toda a gente conhece: o Rui Zink. dava-nos aulas de Introdução às Ciências da Cultura. Começou logo por nos apelidar de vermes estúpidos, que se pensávamos que iriamos ter as mesmas notas que tinhamos no liceu estavamos bem enganados. Na faculdade existiam fasquias de atribuição de notas para um dia não virmos a suplantar os próprios docentes daquela instituição. Gritava-nos, tratava-nos muito mal. Um método completamente absurdo, injusto de dar aulas (e que nem era dar aulas!)...e este é, de facto, apenas um exemplo. mas contra os "grandes" e famosos parece que nada se pode...e contra os "pequenos" desconhecidos e incógnitos só falta a expulsão...
    Tem de se ver sempre todas as perspectivas da questão...e tentar perceber a razão ou o porquê.

    xxx

    Como podes ver, esta é uma questão que me é muito querida...já vi de tudo nos vários lados desta problemática. Mas encontro sempre um denominador comum nisto tudo: os MEIOS. Ou a ausência deles.

    xxx

    Beijinho grande.

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  12. Eu sei que não sei ensinar nem tenho paciência para tal. Não me vejo de modo algum a dar aulas a putos como eu. É verdadeiramente impossivel.

    Quanto aos maus professores... Há mais maus que bons e a tendência dos maus nunca é para melhorar mas sim para piorar.

    Este semestre consigo ter (até ver) apenas 2 maus professores. Um completamente desleixado e outro que tem a mania que manda em tudo e todos.

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  13. Infelizmente ainda existem pessoas que se intitulam de "educadores" e chamam os pequenos de "burros" e outrs bichos.Eu amo a área de Educação e atendo em meu espaço justamente crianças e adolescentes(alguns adultos tb) oriundos desses 'monstrinhos castradores' que se dizem professores,e não possibilitam a construção --a seu tempo--da aprendizagem que cada um tem em particular.É triste,mas acontece.

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  14. Mto sinceramente, há anos que venho dizendo que o enorme insucesso escolar não pode ser atribuído de todo aos alunos.

    Os meus filhos foram crianças privilegiadas. Fizeram uma excelente primária num colégio privado que bons professores (não um daqueles colégios famosos) e na minha opinião, o primeiro contacto com a escola é duma importância vital. Foram sempre excelentes alunos!!!
    O "estado de saúde" do ensino, a par da saúde e da justiça dizem tudo sobre um país e o nosso está enfermo há muito.
    Ensinar crianças deve ser um trabalho mto extenuante. Fazê-lo nas condições e sob o stress actual, deve ser um pesadelo. Daí o estado em que as coisas estão.

    Tenho enorme admiração pelos professores que se dedicam de corpo e alma a esta profissão, tal como a medicina é quase um sacerdócio, mas infelizmente é cada vez mais raro encontrarmos profissionais assim.
    Acredito que havendo liderança e estabilidade, os bons Elementos depressa sobressairiam, tal como aconteceria no resto da administração central.

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  15. Su, tens de concordar que normalmente só os casos de professores realmente muito maus é que costumam vir à baila.

    Esse Zink é maluco, o que deve ser engraçado numa mesa de café, mas não tem piada nenhuma dentro de uma sala de aula. E na minha faculdade também existiam essas fasquias, havia até um que dizia 20 só Deus, eu tive 17, portanto... nem 16 ele dava! Mas professores que não davam aulas, ou que falavam de tudo menos da matéria, também tive uns quantos, especialmente universitários.

    Agora também tive excelentes professores. Um que ficava tudo preso no que ele dizia era o Borges de Macedo. Outro também fantástico era o Virgílio de Carvalho. O Doc Comparato, um espectáculo. A Magalhães Collaço. Entre outros. E no liceu também uns quantos, Laura Galo que me fez gostar de Matemática, a profª Cremilde, de Português. Esses a gente não esquece. Os muito maus, também não! Devo confessar que a maioria me pareceu bom ou pelo menos razoável para transmitir os conhecimentos que deviam ensinar.

    O meu filho teve e felizmente continua a ter, pelo 4º ano consecutivo, um professor de Português, que os miúdos dizem que ele é um cromo, porque vai de transportes públicos para a escola, carregado com a pasta, não sei quantos dossiers, uma tela em canudo, tudo a escorregar por todo o lado, mas que no fundo respeitam imensamente, porque sentem que o homem tem um enorme prazer em ensinar, daqueles que sempre quis ser professor, que não foi lá parar por acaso.

    Só falei daquele caso aberrante, mas também sei que há excelentes professores...

    E sim, também me parece que a ausência de meios torna tudo ainda mais complicado.

    Jinhos!

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  16. Fausto, não querias dar aulas a putos como tu? Ah, ah, ah!

    Não te iludas com o do ar desleixado, que às tantas podes ter uma surpresa. Eu tive um na faculdade, um professor normalíssimo, dava as aulas, nada de especial a não ser que andava bronzeado todo o ano. Fizemos o exame em Julho, a excelência vai bronzear-se para a praia com os nossos exames atrás. Olha, perdeu parte deles... Eu fui das sortudas que não calhou na rifa!

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  17. Oh, Kátia, que bom ver-te, que tens andado aí desaparecida... E a Primavera começou ontem, né?

    Pois, como já referi à Su, normalmente é dos casos mais caricatos de absoluta incompetência que se fala, o que está longe de significar que a maioria dos professores sejam assim. Não ter preparação para lidar com crianças com dificuldades de aprendizagem é uma coisa - que é verdade que não existe nas Faculdades essa componente de pedagogia - outra é ser tão francamente inepto para o cargo e acabar a insultar os miúdos...

    O que acarreta novos problemas a esses alunos, nomeadamente a nível de auto-estima. Felizmente, não é o caso da minha sobrinha, que tem tido outros apoios exteriores à escola...

    Jinhos grandes, soteropolitana!

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  18. Pascoalita, também acredito que uma boa base inicial é um trunfo para a vida.

    Aqui o filhote também teve sorte nesse aspecto. E claro que os miúdos nestas idades são todos um pouco preguiçosos, têm tanta coisa boa para se entreter, olha que chatice ir estudar. Mas vão acabando por atinar, mais cedo ou mais tarde...

    É, também não me parece que isto vá lá com remendos, aqui e ali, que andamos há anos nisto e os problemas de fundo não se resolvem.

    Jinhos, nina!

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  19. : )
    Pronto, desta vez não para voltar a falar do mesmo tema (apesar de me ter rido um pouco com os exemplos que apresentáste!), só para te dizer que já actualizei o prémio que atribuiste e deixei um desafio para ti que provavelmente já respondeste...
    Beijinhos grandes.

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  20. Ó minha querida como entendo tudo isso...Eu já tive a minha dose de professoras até aos seis anos, e no fim, só me fizeram mais mal que bem. Andor , os anos sºão muitos e ainda não perdi a esperança de encontrar o stora que me desajudou, senão morreu ainda...mas agora é a mesma,
    Tenho um vizinho da minha mãe, menino inteligente e de uma sensibilidade extrema, a minha mãe vive só e a avó dela mora ao lado, falam-se quase todos os dias e ele habituou-se de pequenino a ir à d celeste..tomar o leitinho dele a torradinha, a minha mãe fica parva com as demonstrações de afecto da parte dele, tem 7 anos, na escola a professora diz que ele não aprende, a mãe chora a avó chora e vão levá-lo a um psicólogo, a professora teima e realmente ele não gosta e detesta a escola por causa dos numeros e das palavras..fala muito bem, muito mesmo...e a professora a teimar que o nino é burro..agora h´-ade ir a algum lado e a ver se o ensinam com calma que nem todos reagimos na escola da mesma maneira...
    Haja ajudas qualificadas porque a maioria nem sabe como proceder, e como t m mais alunos, tem mais que fazer, e essa parte pertence a outra vertente escolar..Mas colocar professores brutos num lugar que já de si deixa a desejar..caramba...

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  21. Pois é Laurinha, pelos vistos todos têm casos próprios ou alheios para comentar.

    Agora é óbvio que miúdos desadaptados ao ambiente escolar -qualquer que seja a razão - se levarem com um prof (nem vale a pena terminar a palavra, que até é um insulto para a restante classe profissional) destes em cima, não se vão adaptar nunca!

    E sim, percebo perfeitamente que há imensos professores que arregaçaram as mangas e andam há anos a trabalhar para que o sistema de ensino não desmorone completamente. Achas que são os políticos, ou aqueles gaijinhos fechados no gabinete a inventarem umas coisas no ministério, que fazem alguma coisa, por estas e todas as outras crianças?

    Bom, mas vou partir para outra onda mais suave...

    Jinhos, nina!

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  22. Crestfallen, estou contigo.
    Pois, tete, injustiças destas há por todo o lado, visto o sistema não estar desenhado para quem realmente tem determinados handicaps, facilmente resolvidos. Deixa estar, safei-me melhor que muitos colegas meus que de surdos não tinham nada LOL!
    Mas tb há miúdos que se fazem de mais parvos do que o que são. Se bem que eu pense que um professor deve saber discernir isso...enfim.

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  23. Tons de azul, pois, ainda no outro dia o meu sobrinho veio do chamado estudo acompanhado dizendo que a professora os mandou ouvir música e fazer uma ficha, ficha essa que ela não auxiliou a resolver, não corrigiu, nem levou para casa, nada...

    LOL, Fausto, tb sofri desse mal por um tempo, preguicite aguda. Mas depois converteu-se em histeria aguda pelos 20s...

    Su, concordo ctgo, cada caso é um caso. Por acaso nunca tive problemas de maior no secundário, com os professores. Sempre fui acompanhada, eu e uma amiga surda profunda. Mas foi um acompanhamento conjunto, da parte dos professores, colegas e pais. Tivemos aulas de compensação com os professores que já nos conheciam, muito apoio mesmo. E a coisa correu bem, ambas somos pós-graduadas hoje...portanto, pode funcionar. Mas não depende só do professor...se os pais e a pessoa se convencem que são uns desgraçadinhos que nunca hão-de fazer nada na vida...esquece.

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  24. Ai tete, agora deu-me para comentar tudo e todos...LOL...e dizes tu, é uma estafa dar uma aula a miúdos do 1º ano? Não é só a esses... eu apanho tudo o que é preguiça e má educação... e passo o dia a gritar cala, senta, quieto, sossegado, atenção, isto sai no teste, cala-te, já prá rua, pára de bater no colega, pára de tirar fotos, larga, devolve...!!!! aaaaaah!!! ali não sou formadora, sou disciplinadora...enfim. Mas entre um cala e um senta, acho que consigo passar alguma coisa. Espero.

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  25. pois, eu tive um miudo extremamente problematico com um grave disturbio psicologico, que passava por me aparecer completamente drogado com calmantes nas aulas...tive de mandar chamar a mãe duas vezes. Incentivei-o a voltar ao liceu, porque o moço é inteligente, mas está um farrapo que não o deixa concentrar-se, e tive de ralhar várias vezes com os colegas que o apelidavam de doido.
    Soube que voltou ao liceu, mas está pior do que nunca (a minha tia tete é professora dele), e inclusive enviou mails a toda a gente dizendo que iria aparecer no liceu com uma espingarda e matar toda a gente...como se lida com alguém assim tão perturbado, que nem pais nem professores por mais que tentem conseguem ajudar?
    Durante um tempo pensei que estava a conseguir ajudá-lo, mas depois ele fixou-se em mim...perguntava-me se eu o achava bonito, se eu tinha namorado...maumau, tive de ser brusca nesse aspecto, e aí desmoronou-se toda a conversa que ja tinha tido com ele. Nunca conheci miúdo com uma autoestima tão fraca e tão perturbado. =(((

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  26. O meu irmão é de facto canhoto e a disléxia era miníma.

    Aprendeu a falar muito mais tarde e sempre teve dificuldades de aprendizagem.

    No entanto isto não quer dizer que se seja burro. Na escola ainda se ensina a estudar, pelo método de decorar.

    Após ter ensinado diversos métodos de estudo e o ter deixado escolher o mais indicado para ele. Passou de um aluno fraco de média 10, para um aluno de média 13. Pelo menos acabram-se as loucas lutas para passar de ano.

    Se o caso dele tivesse sido atacado desde a primeira classe, o resultado teria sido diferente.

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  27. Oh Vanadis, tu comenta à tua vontade... Ah e aquela história de tu a dares formação, hummm... já a tinha lido em qualquer lado...

    Crestfallen, claro que essas crianças não são burras, são iguais às outras, algumas também preguiçosas, irrequietas, etc. Mas quer dizer, como é que se faz um teste de matemática, se não se sabem ler as perguntas? É quase um tiro no escuro... Quer dizer vai atenuando com o tempo, porque eles depois acabam por aprender a ler. Mal conseguem dominar mais ou menos a situação do português, vem o inglês (para a desgraça) e depois o francês (que é outra desgraça). E claro, aqui só estou a falar de dislexia...

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  28. Ah, Su, desculpa lá mas saltei o teu comentário inadvertidamente.

    Sim, já vi e já comentei, seguirá dentro em breve... o tal do desafio!

    Jinhos, amiga!

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Sorri! Estás a ser filmad@ e lid@ atentamente... :)