quinta-feira, 15 de outubro de 2009

CIGARRAS E FORMIGAS HÁ MUITAS!

Elas eram amigas desde os bancos de escola, mas o modo de vida separara-as: enquanto a formiga trabalhava infatigavelmente durante todo o Verão, a cigarra cantava!

Quando chegou o frio do Inverno, a formiga encafuou-se no seu formigueiro, a comer a paparoca armazenada durante a sua longa labuta estival. A cigarra ainda lhe bateu à porta em busca de abrigo e de alimento - como era seu costume naquelas épocas de invernia - mas desta vez ela nem se dignou atender, refastelada no sofá e entretida a ver programas televisivos de alto gabarito cultural. O da Júlia Pinheiro, por exemplo...

Sem admiração, no Verão seguinte constatou que a cantarolante cigarra desaparecera das redondezas. Existiam outras, mas nenhuma delas com a mesma voz maviosa da antiga companheira. Arrependeu-se, vagamente, mas logo voltou à sua faina habitual. Curiosamente, os fardos pareciam-lhe cada vez mais pesados.

Um dia, já velhota e amargurada por uma despensa desfalcada - as formiguinhas mais jovens e dinâmicas tascavam sempre primeiro os pedaços mais apetecíveis - a deitar contas ao racionamento que teria de fazer naquela estação, assustou-se com o retinir do telefone, que raramente tocava. Mas o espanto maior foi ouvir a voz da cigarra do outro lado do fio. "Onde é que tu estás?" - perguntou, com receio de ser um chamamento do outro mundo. E tinha uma certa razão, pois a outra respondeu-lhe, com uma gargalhada: "Em Hollywood, where else?" E, logo de seguida, veio o convite para a visitar na sua grandiosa mansão. "As minhas parcas economias não me permitem essas férias!", adiantou, com um misto de orgulho ferido e de inveja. Mas a cantora lá a convenceu e ela partiu para os States, nas asas de um pássaro que cobrava menos migalhas!

Não voltou! As duas retomaram a velha amizade, decidindo que há cenas do passado que mais vale a pena esquecer...


Imagem da net.

15 comentários:

  1. Estou convencido que esta história encerra uma moral qualquer, mas não estou a ver bem qual...

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  2. um update bem feito :h
    a sociedade tem desses valores! pagam bem a quem produz menos...

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  3. digo-te uma coisa, há coincidências brutais e uma dessas será postada hoje para veres com os teus próprios olhos [está escrito há semanas] :)

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  4. Final felicíssimo!! Hehe a cigarra foi uma bacana lol

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  5. Uma moral da história podia ser: "nem só de pão/trabalho vive o homem", mas ainda há mais...
    Conhecia a versão antiga desta história, e digo como o vício: é um excelente "update".

    Eu cá sou cigarra e formiga ao mesmo tempo - depende do trabalho a fazer. Neste momento vou ser "formiga" à força, pois tenho que ir arrumar a cozinha... mas vou cantar como a cigarra.

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  6. A Cigarra provavelmente já andava metida no submundo da droga, em Hollywwod e arrastou a formiga consigo! Foi a vingança! Fria, mas cruel!

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  7. Parece ser algo que há muito na nossa vida com as amigas ou conhecidas, mas o perdão aconteceu...pois a outra nãos e vingou e nem lhe disse; ai é, agora lixa-te que eu estou bem...beijinhos.

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  8. Sim!
    Que bom seria que todos procedessem assim!!!
    O ser humano guarda demasiado pequenas cenas do passado e com elas constroi ódios e destroi amizades.
    É muito bonita esta hiatória.
    Mais bonita até que a tradicional.

    Beijinhos
    Licas

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  9. Não estás a ver a moral da história, RAFEIRITO? Tem piada que eu também não... :))

    É verdade, VÌCIO! Mas já viste a chatice que era se fossem todos formiguinhas trabalhadoras?! Que tédio... :D

    Eheheh, já li MOYLITO! 'Bora aí engendrar uma teoria esotérica sobre coincidências... =))
    (comento mais logo, que ando aqui "atrapalhada" com algo que não deve ser coincidente!)

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  10. LOL, MIKAS, cada um tira as suas próprias conclusões, de uma historieta que não pretende conter moral nenhuma... :D

    Tens razão, EMATEJOCA, nem só de pão/trabalho vive o homem, quase todos temos as duas facetas de cigarra e formiga, dependendo do momento.
    That's life!

    Hummm... essa é a tua conclusão, RODERICK! Vingança e submundo da droga não entraram na historieta inicial, mas também é um final... :e

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  11. Desilusões acontecem, LAURINHA, mas se todos nos "vingarmos", hummm... quando é que acaba?! ;)
    Beijinhos, nina!

    Aí concordo plenamente, LICAS! As pessoas guardam demasiadas desilusões e rancores, perfeitamente inúteis, perante o que é realmente importante... :)
    Beijinhos!

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  12. Justíssimo final feliz. Afinal, ser cantora também é uma profissão.
    Um beijo!

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  13. Ainda bem, a cigarra lembrou-se da velha amiga. Nem todos quando chegam ao alto conservam a memória, menos quando se ascende com pouco ou nenhum esforço.

    E fora a moral ou imoral da história, o que tem é piada, que é o que nos faz falta. (`_^)

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  14. Eu costumo dizer que no final tudo dá certo...Se ainda não deu certo é pq ainda não é o final :P
    Bjks e bom fim de semana.

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  15. Claro que é, OLIVER! Nunca percebi porque é que a coitada da cigarra morre no final, que afinal de contas sempre houve gente que fez pouco ou nada - nem cantar, note-se! -, dando-se (ou não...) bem com isso! :)
    Estes "moralismos" de outras eras, lembram-me aquela velha máxima: "faz o que eu digo, não faças o que eu faço!", que soa a hipócrita todos os dias... :p
    Beijo!

    Claro que há sempre quem chegue ao topo e se ofusque com o próprio sucesso, SUN, mas não são todos, felizmente! (`_^)
    Moralismo não pretendia conter nenhum, tratou-se de uma mera variação com as personagens de uma velha fábula... :)

    Essa maneira de ver é engraçada, MYLLANA, mas na verdade há montes de livros e histórias que têm um final aberto, em que cada leitor imagina o seu... :))
    Beijocas e bom fim de semana!

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Sorri! Estás a ser filmad@ e lid@ atentamente... :)