segunda-feira, 6 de agosto de 2007

COINCIDÊNCIAS

Um dia, numa época recôndita lá para o início do meu liceu, vi uma rapariga com uma pasta às costas, daquelas de carneira, onde ostentava todo o seu nome completo, muito idêntico ao meu. Estava a namoriscar um rapaz, que conhecia bem da minha rua, mas que obviamente fingia desconhecer-me, sendo uns dois ou três anos mais velho. No bar. Para comprar uma borla de berlim ou coisa. Arrisquei-me e dei-lhe um toquezinho nas costas e timidamente perguntei:
- Esse é o seu nome? – disse, apontando para a pasta.
A rapariga olhou-me de soslaio, o namoradinho ainda pior, sei lá, talvez com a suspeita que tivesse uma paixão assolapada por ele e lhe quisesse estragar o namoro. Por acaso, nem gramava nada o gajo, que a superioridade para mim era só devida à idade, mas para o restante pessoal da rua era porque ele nunca tinha chumbado nenhum ano e havia por lá um grande lote de repetentes a quem tratava da mesma maneira. Pensando bem, também são as sensações que se têm nessas fases juvenis.
- Sim, porquê? – respondeu ela.
- Nada, nada – e fugi dali a grande velocidade.
Mas nunca mais a vi, ou só de relance!
Convém acrescentar, que na lista telefónica de Lisboa e arredores existiam somente meia dúzia de pessoas com um apelido igual ao meu.
Quando casei, fui viver fora da zona de Benfica, nos arredores. Aí, um dia, recebo um telefonema de um tio desconhecido:
- Olá, então estás boa?
- Hem? Com quem quer falar?
- Não me digas que já não reconheces a voz do teu tio?
- Ahn?
Escusado será relatar o diálogo de surdos que se seguiu, queria falar com a minha quase homónima, lá lhe expliquei a historieta de liceu. A mulher telefona quase a seguir, além do nome está a viver numa rua ao lado, tirou o mesmo curso que eu, tem um único filho uns anitos mais velho que o meu, ainda rimos com as coincidências. Exerce a profissão, mas já está divorciada (nem sei se era daquele namorado, que isso não tive coragem de perguntar), eu nunca exerci, espaireci para outras bandas. Tudo bem, e fim de converseta.
Entretanto, nós mudámos de casa, aqui de volta a Benfica. Uns anos mais tarde recebo uma carta a falar “das maravilhosas férias que passámos juntos, no Brasil”. Por sinal, também tinha ido ao Brasil, em trabalho, mas aquela intimidade de tratamento, onde? Às tantas lá percebi que a destinatária era a outra, telefonei para saber onde endereçar a carta, ela reconheceu o remetente como o de um grande amigo. Estava de mudança para Lisboa, felizmente para um local mais distante, lá para a zona da Expo, ou coisa. Sem ter nada contra ela, será que é desta que me livro de confusões? Tios e amigos íntimos que não sabem o número de telefone ou o endereço? Ná, isso comigo não acontece...

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E já agora, soube recentemente que há uma professora de uma escola secundária de Lisboa, que é conhecida como Teté, que tem um enorme prazer em chumbar (quer dizer, reter, numa linguagem actual, menos traumatizante!) os jovens estudantes, por uma questão de vírgulas. 9 vírgula qualquer coisa antes do 5. Toda ou qualquer semelhança com essa criatura, também é pura coincidência! E essa, nunca a vi mais gorda...

10 comentários:

  1. foste tu que escreveu este texto? :D

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  2. Não, vício, vais ver que ainda foi uma outra teté...

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  3. Esotu a falar com a Teté certa? Não chumbas a malta nem coisa do género? Beijoca e obrigado pela visita!

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  4. Anónimo8/06/2007

    Afinal até podem haver mesmo coincidências e coisas destas, quem nem ao Arco da Velha lembram até podem perturbar a questão onde é que começa o sonho e acaba a realidade que deixaste também lá na Teia!!
    Olha, de filmes este fim de semana tentei ver A Vila que deu na Tv...mas do cansaço veraneante...adormeci! : (

    Beijinhos grandes!

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  5. Sim, Rafeiro Perfumado, é a Teté certa. E não, não chumbo ninguém!

    Assim que acabar "A minha vida dava um blog", prometo dizer-te qualquer coisita...

    Jinhos para ti e para a tua jove!

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  6. Oh, Su, estas coincidências foram só de nomes, mas existem muitas outras de encontros e desencontros quase inexplicáveis...

    A Vila não é um daqueles filmes de terror, muito terror? E tu consegues adormecer com um filme desses? Deixa-me adivinhar, foi na TVI, 20 minutos de intervalo para publicidade e zzzzzz...

    Jinhos grandes para ti e para a Teia!

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  7. Anónimo8/07/2007

    A Teté que chumba é gorda, está à beira de um enfarte, desejo dos seus estimados alunos. Esta pelo contrário é magra.

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  8. Oh, Aninhas, quem te leia, deve pensar que sou daquelas modelos escanzeladas, anoréxicas, etc. e tal... E não é bem assim!

    Lá dos desejos dos estimados alunos, sim, pois, imagino...

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  9. Anónimo8/10/2007

    Nada de terror...é aquele suspense misterioso...bem ténue tocando quase o absurdo e por aí, daquele realizador do Unbrokable, A Senhora da Água, O Sexto Sentido...
    Fui hoje entretanto ver ao cinema O Dia de Surf, animada pelas cenas "decalcadas" de alguns excelentes documentários de surf e de vida selvagem...uma história simples, bonita, com uma animação de ondas e de imagens espectacular!

    :)

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  10. Anónimo8/10/2007

    Filme de coincidências que adorei, ' Magnolia'!

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Sorri! Estás a ser filmad@ e lid@ atentamente... :)