sábado, 31 de agosto de 2013

QU' É DELES?

Agosto chega ao fim e com ele o final das férias de muita gente - se bem que alguns ainda vão gozar o merecido descanso nos primeiros dias de setembro - mas os "cientistas" franceses e os "bordas d'água" desta terra sumiram do mapa, depois de terem "previsto" que em 2013 o verão não se faria sentir em Portugal. E como alarmistas existem por aí aos pontapés, o assunto foi amplamente divulgado pelo jornalismo nacional e nas redes sociais (já não se sabe quem anda a reboque de quem!), como se essas previsões fossem a realidade nua e crua. Enganaram-se redondamente, que o verão continua belíssimo, nalguns dias até abrasador demais.

O que a malta gosta de videntes, gurus e afins, especialmente dos alarmistas, é coisa que me transcende e não entendo. Nem me interessa entender pessimismos exacerbados, porque mesmo que este verão não fosse tão bom climaticamente (a nível político foi um non-sense pegado, mas essa é outra conversa...), também não era caso de fim do mundo. Que, aliás, todos os anos vem sendo anunciado por seitas muito veementes, igualmente publicitadas por todos, talvez na ânsia de angariar mais fiéis - ou totós que lhes ofereçam todos os seus bens, para conquistarem o paraíso?

Ah, last but not least, pró ano esses alarmistas "climáticos" regressam, como se fossem realmente os "peritos" que dizem ser, com bases científicas ou conhecimentos ocultos! Até lá, aproveitem mais um...

EXCELENTE FIM DE SEMANA DE VERÃO!

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O SENHOR VENTURA

Miguel Torga (pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha) manteve uma longa e prolífica carreira de escritor, poeta, dramaturgo, ensaísta, contista e memorialista e é sempre uma boa aposta de leitura. Mesmo quando o próprio escritor considera esta sua novela de 1943 "o elo mais fraco" da sua vasta obra:  "Escrito de uma assentada há mais de quarenta anos, na idade em que os atrevimentos são argumentos, nele deixei a nu toda a fantasia descabelada e toda a canhestrez expressiva que se tem impunemente na juventude.  Mas tão embaraçado fiquei, quando na maturidade o reli, que fiz os possíveis por esquecê-lo e por que fosse esquecido. Hoje, porém, nesta vertente da vida em que se olham com lucidez e benevolência os verdores da mocidade, resolvi recuperá-lo. Pacientemente, limpei-o das principais impurezas, dei um jeito aos comportamentos mais desacertados, tentei, enfim, torná-lo legível. Por ele e por mim. Por ele, porque, apesar de tudo, conta uma história portuguesmente verosímil, dado que somos os andarilhos do mundo, capazes em todo o lado do melhor e do pior; por mim, porque nenhum autor gosta de deixar no espólio criações repudiadas." (no prefácio do livro, de maio de 1985)

Nascido e criado em Penedono, no Alentejo, aos 20 anos Ventura é chamado a Lisboa para cumprir o serviço militar. Analfabeto, sempre trabalhou como pastor ou com a enxada, mas é até com um certo entusiasmo que abandona a sua terra - tem sede de aventura na guelra. Corajoso e desenrascado até começa por se dar bem, mas a indiferença a algumas ordens de comando - se não sabe o que escrevem na sua caderneta, porque é que há de preocupar-se? - e as rixas nos bares acabam por lhe dar guia de marcha para Macau. A constante rebeldia de Ventura torna-o desertor, embarcadiço, garagista, criado de mesa numa casa de pasto e sócio da mesma, traficante de armas ou drogas, por terras da China. Embora, infelizmente, o pelo na venta que trouxe da sua terra natal também deixe um rasto de sangue atrás de si, somando aventuras e desventuras num território em conflitos permanentes, na época. Até ao encontro com Tatiana, a mulher da sua vida, e ao nascimento de Sérgio, o filho de ambos...

175 páginas divididas em três partes, cada uma com diversos pequenos capítulos que constituem a história do senhor Ventura, não isenta de crimes e infelicidades várias - o "cor-de-rosa" não condiz com a personalidade viril (para não dizer abrutalhada) do protagonista. Também é óbvio que uma novela dá aquela sensação de romance pouco amadurecido, mas Torga é um mestre como poucos. Ou seja, não será o livro da vida de ninguém, mas de agradável (e rápida) leitura é de certeza!   

Citações:

"Desígnios complicados lá do alto, que o alentejano só entendeu  quando se encontrou de coração a sangrar pela primeira vez."

"A mesma coisa de sempre: vêm, matam, esfolam, arriscam a vida, e acabam nas mãos de uma marafona qualquer..."

"Desde que se conheciam que no Farrobo, do céu, caía apenas chuva e vinha sol."

"Você parece uma borboleta: tinha na sua terra o sol inteiro para se aquecer, e vem queimar-se numa labareda..."

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

CEM ASAS PARA VOAR...

Adorei a frase, que encontrei numa tendinha da Feira de Artesanato do Estoril (FIARTIL 2013)  - tanto que a achei digna de registo. 

Acontece que não voamos todos nas mesmas asas e, depois de ler uns quantos livros volumosos, apeteceu-me "atacar" um mais maneirinho. Por sinal era suposta ter de aguardar em filas de espera - como aconteceu - e também dava jeito não carregar um peso tão grande na mochila. Mas os livros são como os homens: se uns não se medem aos palmos, o interesse dos outros não se medem à páginas... E as primeiras foram uma desilusão, de tal modo que deixei a leitura de lado, para melhores dias.

O autor que se segue, português, escreveu o presente livro nos arroubos da juventude e quarenta anos depois deu-lhe uma volta, para o tornar legível e publicável. Mesmo assim, confessou que não passou de um devaneio da mocidade, que reviu com algum enternecimento, mas tentando expurgá-lo da canhestrez expressiva de outros tempos. Mas, para já, estou a gostar bastante...

Quem será esse escritor?

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O ESTRANHO BICHO HOMEM

Quase sem palavras, mas muito elucidativos, deixo aqui mais uma coleção de cartoons (mais ou menos) humorísticos, versando várias facetas desse estranho bicho homem... Espero que gostem.

Que por vezes começa cedo a tomar opções bizarras!

Pois...

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Este é da banda desenhada de "Hagar, o Terrível", de Chris Browne.

 Nem podia faltar a partidinha sem graça nenhuma, né?

Imagens do facebook.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

FÉRIAS GRÁTIS!

Está bem que é o sonho de qualquer um: passar uma belíssimas férias num local fantástico, sem gastar um tostão. Ou, pelo menos, com custos reduzidos. Mas em plena silly season há sempre algum mais afoito que teima em concretizar o sonho... custe o que custar! 

Foi o caso de John Dubis, que encasquetou na cabeça que havia de ir passar férias à luxuosa mansão de Jennifer Lopez nos Hamptons, Nova York. E se bem o pensou, melhor o fez: mudou-se de "armas" e bagagens para a mansão da cantora, onde se instalou durante uma semana, aproveitando a ausência desta. A propriedade é constituída por um edifício principal e um anexo para hóspedes junto à piscina, sendo neste que Dubis preferiu alojar-se. O que explica o facto dos empregados de J.Lo não terem detetado a presença do homem logo de início, o que facilitou a prolongada estadia....

Consta que o intruso foi tudo menos discreto, deixou o carro alugado parado à porta, foi visto por alguns vizinhos e ainda publicou fotos das "férias" na net.  Finalmente a sua presença foi notada e a polícia tomou conta da ocorrência, levando o homem preso, enquanto aguarda julgamento.

Duro de roer deve ser o salto da mansão para a prisão, mas desconfio que os empregados da cantora também não devem ter um futuro auspicioso!

Imagem da net, suponho que da referida mansão (não sei ao certo, porque ela nunca me convidou para a visitar!), de autoria  de The Grosby Goup.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A FEIRA DE ARTESANATO DO ESTORIL...

... também denominada como FIARTIL, completa este ano os seus 50 anos de existência, facto que até desconhecia. Mas como o passeio até costuma ser agradável - tanto pela diversidade do artesanato, como pelo espaço aprazível  no meio do arvoredo ou pelos múltiplos petiscos à venda nas tendas - lá fomos.

Cedo demais, que o recinto tinha aberto há pouco mais de meia hora e a vontade de petiscar não era muita, após um almoço tardio.

O artesanato representado varia do tradicional até àqueles miminhos para miúdos e graúdos, que não sendo particularmente originais, envolvem o engenho e arte de cada artesão. Fui tirando fotos à medida que percorria o espaço, ninguém reclamou... só encarei uma "cara de pau" pela frente! 

Tal como os putos enfileirados numa espécie de quiosque do Santini, comemos um gelado, demos mais uma volta e acabámos por nos sentar numa esplanada a refrescar a sede. De tudo o que vimos ficámos com algumas ideias, nomeadamente para lembranças de Natal. Toca de fazer o percurso inverso e efetuar essas pequenas compras. Com tanto azar, que uma foi na loja da mulher mal-encarada, nem entendi o porquê de me dar respostas tão desabridas, quando pretendia comprar uma peça. Depois de pagar, disse-me:
- Andou aqui a tirar fotografias, espero que não seja para copiar os desenhos!
- Copiar os desenhos?!? Tirei fotos a toda a Feira...
- Sim, mas os desenhos são originais e estão registados com direitos de autor, blablablá.
- Mas porque é que havia de comprar uma peça, se soubesse fazer igual? - perguntei.
- É bom que saiba que não se podem copiar desenhos registados... - e a converseta parva seguiria por aí, se não a tivesse interrompido e declarado que, por mim, podia ficar descansada! (e para que se saiba, nenhuma das fotos escolhidas pertence lá ao estaminé da dita fulana!)

Nesta tendinha podia ter passado a tarde inteira, que ali não faltam jogos e quebra-cabeças feitos em madeira, com fios e bolas de plástico para dar muito que matutar...

E também gostei da dos bonsai, em que o atencioso lojista aconselhava e ensinava um cliente a tratar e a podar aquelas árvores em ponto pequeno.

De caminho ainda resolvemos renovar o stock de colheres de pau doméstico - entenda lá a ASAE o que entender sobre o assunto - o artesão ainda fez um pequeno desconto. Porque, verdade seja dita, os feirantes com quem conversei foram prestáveis a simpáticos, a sujeita com as tais "teorias da conspiração" foi a exceção que confirma a regra.

O regresso a casa via marginal foi pacato, ainda deu para experimentar fotografar em movimento. A foto saiu tremida, mas melhor do que esperava... 

A FIARTIL estará aberta até ao próximo domingo e merece um passeio de quem viva por perto! 

domingo, 25 de agosto de 2013

CHIADO - 25 ANOS DEPOIS!

Não há imagens que apaguem da minha memória o horror e a emoção que senti ao ver o Chiado a arder, faz hoje 25 anos. Via televisão, já que eu e a minha mãe nos encontrávamos de férias em Caminha. Sabíamos que o dia não ia ser fácil para ambas, pois exatamente 4 anos antes o meu pai morrera na praia, sem que nada o fizesse prever e o desgosto estava longe de "amenizado". Assim, as lágrimas correram-nos cara abaixo e chorámos abraçadas: era a nossa cidade que estava a arder e a sensação de impotência oprimia-nos o peito. 

À exceção das imagens televisivas do incêndio, pouco mais recordo desse dia.

Durante os anos que se seguiram, raras vezes fui à baixa pombalina - as obras de recuperação de todo o espaço carbonizado pelas chamas ficaram a cargo do arquiteto Siza Vieira, mas demoraram cerca de uma década a voltar a uma forma parecida à original. E vontade de ver edifícios esventrados, enegrecidos ou estaleiros de obras  nunca tive nenhuma...

Atualmente passeio de vez em quando pelo Chiado - como qualquer lisboeta ou turista - literalmente renascido das cinzas. Não se pode dizer que a reconstrução não beneficiou a zona, antes pelo contrário, tornou-se mais moderna e aprazível para qualquer visitante. Contudo, para lá das estátuas de Camões, de António Ribeiro "o Chiado" e de Fernando Pessoa permanecerem como ícones locais, do esforço camarário em dinamizar a zona e de novas atrações turísticas, há todo um ambiente de outrora que se perdeu. A começar pela música que pairava no ar na rua do Carmo, mas também nos cheiros e sabores locais, como nas lojas mais frequentadas e populares. Certeza, só a que esse "espírito" e ambiência não se recuperam... Jamais!

sábado, 24 de agosto de 2013

WHEN I FALL IN LOVE

Excecionalmente antecipada para sábado, a rúbrica "Músicas de sempre" de hoje é um dois em um: por um lado Nat King Cole, por outro a artista auto-didata (ou mais ou menos) Julie Doornbos, que aprendeu a desenhar e a pintar... lendo - o desenho a carvão da imagem é da sua autoria e realmente fantástico, no meu entender. Segundo ela, a avó resolveu aprender a esquiar aos 16 anos através da leitura, pelo que gosta de pensar que saiu a ela. Mas podem ver mais sobre Julie Doornbos no seu site, que também indica o blogue onde divulga os seus últimos trabalhos, se eventualmente estiverem interessados em espreitar...

Quanto a Nat King Cole é uma paixão já pós-adolescência, no início da idade adulta - o último disco em vinil que comprei continha os seus maiores sucessos, numa época em que já começavam a aparecer os CD. Nem me recordo exatamente o porquê, mas uma tarde um amigo fascinado por músicas ditas alternativas (nunca me faltaram amigos melómanos, mas nem sempre com gostos coincidentes com os meus) arrastou-me para uma pequena loja de discos no Bairro Azul, onde se entreteve um bom bocado a falar com o empregado. Enquanto isso, descobri aquele álbum duplo a um preço muito convidativo, e comprei na esperança de o conseguir passar para cassette - outra "relíquia" do passado - para ouvir no carro. O que nunca chegou a acontecer, mas o disco ouvi-o de fio a pavio muitas vezes, nos anos que se seguiram. O meu amigo saiu da loja de mãos a abanar, depois de encomendar uma das suas "pérolas".

"When I fall in love", na melodiosa voz de Nat King Cole, aqui numa cena do filme "Istambul" (1957), onde também contracenam Errol Flynn e Cornell Borchers (confesso que desta atriz alemã nem me lembro, mas a carreira dela foi breve, retirou-se no ano em que nasci...):


UM EXCELENTE FIM DE SEMANA PARA TODOS!

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

A PRINCESA DE GELO

A nova Agatha Christie que vem do frio?!? Uau, quero ler! E foi assim que este livro veio parar à minha estante, após uma "happy hour" na Feira do Livro de Lisboa deste ano.

Erica regressa à sua terra natal, Fjallbacka, após um acidente de viação que vitimou ambos os pais, mas acaba por prolongar a estadia, enquanto vai completando a biografia que tem em mãos para entregar à sua editora - afinal de contas, aos 35 anos e solteira, apenas com contatos esporádicos com a irmã Anna e os sobrinhos, sempre mantidos à distância pelo antipático marido desta, não tem nada que a prenda a Estocolmo. Por mero acaso, é uma das primeiras pessoas a encontrar o corpo de Alex congelado na banheira, após um aparente suicídio - a sua melhor amiga de infância, até que aos 12 anos esta se mudou com a família para Gotemburgo, sem que nunca mais trocassem palavra.

Acontece que a autópsia revela que o suicídio foi encenado, para esconder um homicídio. Mas durante a investigação policial Erica também reencontra Patrick, outro velho amigo de infância, agora a trabalhar nas forças policiais locais, sob o comando do prepotente e incapaz Mellberg. Tanto quanto a família de Alex sabe, ela não tinha inimigos: empresária de sucesso, casada com um homem rico e atraente, porque teria? Mas a curiosidade de Erica - que nunca entendeu porque a grande amiga a abandonou sem sequer um adeus - aliada à perseverança de Patrick, vão juntando as peças do intrigante puzzle humano e descobrindo segredos há muito por revelar...

Bom, apesar do disparate publicitário da editora em anunciar Camilla Lackberg como uma nova Agatha Christie - a escritora sueca vai completar 39 anos dentro de poucos dias e, consequentemente, não tem obra que se compare aos mais de 80 títulos da grande mestre da literatura policial - certo é que é um bom livro para os amantes do género: 399 páginas que dificilmente se largam até ao final!

Citações:

"Sabia precisamente qual fora o dia em que a sua vida tinha feito aquela curva infeliz. Conseguia até dizer a que horas acontecera. E não podia recorrer às desculpas habituais. Não podia culpar os maus-tratos, nem a pobreza, nem a fome ou os distúrbios emocionais. A única coisa que podia culpar era a sua própria estupidez e uma excessiva confiança em si mesmo. Claro que também havia uma rapariga envolvida."

"A inocência e simpatia pareciam fazer dele um íman irresistível para as mulheres que comiam homens ao pequeno-almoço e depois cuspiam os restos."

"- Um acidente pode acontecer tão facilmente, não acha? Um candeeiro que tomba, uma cortina a esvoaçar. Pequenos incidentes que, juntos, provocam um grande acontecimento. Por outro lado, pode afirmar-se que é por pura vontade divina que os acidentes acontecem às pessoas que os merecem."