OS ESPIÕES

Que acontece quando um grupo de homens desencantados da vida se entrega à bebida e aos mitos da tragédia grega? O bar do Espanhol é o primeiro palco deste romance de Luis Fernando Veríssimo*, onde as acaloradas discussões literárias e gramaticais dos frequentadores habituais vão sendo substituídas pelas palavras da misteriosa Ariadne. Essas chegam pelo correio da editora onde um deles trabalha, pretendendo futura publicação em livro - como alegada vingança da morte do seu "Amante Secreto" e um anunciado suicídio no capítulo final. Ao tecer esses fios, a potencial escritora cativa e estimula a imaginação de todos...

Entusiasmados, congeminam um plano, que designam de "Operação Teseu", e lá vai o primeiro "espião" rumo a Frondosa - uma pequena cidade do interior, que deve o seu nome a uma árvore centenária que foi cortada e substituída por um círculo de cimento na praça principal - o local de onde são enviadas as cartas. Mas a informação não chega com a celeridade necessária aos ansiosos clientes do bar e, tal e qual heróis a salvar a mocinha, acabam por partir todos em debandada para a "santa terrinha".

171 páginas delirantes e hilariantes, com um final insuspeito de ser previsível, que gerou unanimidade (e muita risota) no Clube de Leitura: GENIAL!

CITAÇÕES:

"Não demorei para deduzir que o homem lúgubre era o Fúlvio Edmar, com quem eu trocava cartas desaforadas porque nunca tínhamos pago os direitos que ele reclamava do seu livro 'Astrologia e Amor'. Pelo menos estava falando comigo, em vez de puxando os meus testículos por dentro para substituir minhas amídalas, como ameaçara fazer numa carta."

"O professor contou que iniciara a moça do ônibus no sexo tântrico, no qual ele fora um pioneiro no estado, e a levara ao delírio várias vezes por dia. No fim de três dias surgira um desentendimento quanto a dinheiro, que a moça mal-agradecida insistia em receber apesar dos seus orgasmos múltiplos, enquanto a tia Loló ameaçava chamar a polícia, e o professor se vira obrigado a pagar e sair."

"A maioria não vai para se confessar, vai para ouvir as confissões dos outros. Como padre Bruno é surdo, os fiéis são obrigados a gritar os seus pecados [...] Lúcio Flávio mantém uma informante de plantão na igreja durante as confissões. Ela senta perto do confessionário e faz anotações, compilando os pecados dos fiéis da cidade."

* Luis Fernando Veríssimo é filho de Erico Veríssimo e nasceu em Setembro de 1936. Além de escritor e de cronista em vários jornais brasileiros e no semanário português "Expresso", também toca saxofone no sexteto Jazz 6, que tem a particularidade de já ter variado entre 9 e 5 membros...

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A próxima sessão do Clube ficou agendada para dia 10 de Julho, com o livro "Somos o Esquecimento que Seremos", de Hector Abad Faciolince.