terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

O MOCHO

Um dia de Verão, enquanto procurava um livro na marquise em casa da minha mãe, encontrei um bibelot extremamente original: um mocho! Tão bonito e perfeito, que estranhei que ela o tivesse colocado lá no topo de uma prateleira. Ainda a admirar a peça, vi-a piscar os olhos... Que susto!

O cenório que se seguiu foi indescritível, mas por fim lá se conseguiu agarrar o bicho, que ficou temporariamente alojado na gaiola da porteira, conhecida por ser grande amiga da bicharada, em geral, e de aves, em particular. A mulher avisou logo que o mocho ali não sobreviveria muito tempo, tinha de se encontrar uma melhor solução. Na época, os poucos contactos possíveis eram via telefone, mas não resolveram!

Entretanto, lembrei-me de uns jovens ligados à ecologia que paravam no mesmo café de bairro onde costumava ir (o “entulho”, pois claro!), que perdiam horas a fio a falar entusiasmados da raposa do rabo prateado, do lince da Malcata ou dos lobos não sei donde, para tédio de todos os habituais frequentadores, que pretendiam estudar sossegados.

Enchi-me de coragem e abordei um deles:

“- Não és tu que gostas muito de animais?”

“- Sou! E tu, não?!”

“- Sim...”

Apesar da introdução não ter decorrido particularmente bem, desenrolei a história toda. Entusiasmo é pouco, para relatar a reacção do indivíduo! Vi-me dentro da carripana dele, a guiar esgroviado até ao meu prédio, depois de um sucinto xau aos restantes ambientalistas, para gáudio das minhas amigas, que riam que nem perdidas...

Afinal o mocho era uma coruja juvenil, a precisar de tratamento veterinário por ter uma asa magoada, que o ecologista se encarregou de proporcionar.

Uns meses depois, disse-me que a ave já tinha sido liberta num habitat natural daquela espécie. As piadolas continuaram, mas aí já me estava nas tintas...

34 comentários:

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  2. Estiveste bem, Teté!

    P.S. - Tinha havido um erro de interpretação...

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  3. Oh que lindo!!! Uma corujinha...
    O mais estranho que tive foi um morcego, mas infelizmente não o consegui salvar.

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  4. cONCORDO COMMO CAPITÃO: estiveste bem! Só agora é ue me apercebi do caps lock! Ando mesmo extenuada!
    Gosto das corujas e mochos...mas a minha família lá do norte está habituada a associá-los a maus prenúncios...e a verdade é que em certas circunstâncias, acontece geralmente qualquer coisa, estranho!
    Beijinhos grandes.
    P.S. Ainda não viste a EXPIAÇÃO?

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  5. Anónimo2/12/2008

    Ih, que fantástico!! Mochos nunca me aconteceram. Mas já me entrou um piri domesticado pela janela, foi quando me virei para as aves, ;-). Tb já tive gatinhos atrás de mim, =(. E uma vez dei com uma data de caezinhos abandonados na universidade, eram tão fofos! levei-os até ao pé do bar onde costumo parar e as empregadas deram-lhes logo de comer. Ao fim de um dia já não havia nenhum, já tinham sido todos adoptados! =)

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  6. ora aí está uma boa-acção...

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  7. Ah, eu tenho um mocho de pedra da africa do sul, e tive um feito em macramé, com a spata snum tronco de arvore, o bicho até era interessante, mas um dia fui levar as chaves à nina africana que me foi visitar com o marido e o filho, esqueceram-se delas, e para não ter de chamar o elevador d enovo, fui até lá e fechei a porta de casa ao Nuno que ficou sozinho um minuto, chorava desconsoladamente enquanto olhava para o mocho de macramé e dizia, ó bicho, ó bicho, mamã mamã, ele tinha um anito e pouco, arre, que lembrança, lá lhe disse que aquilo não fazia mal era um passarinho a fazer de conta, mas era um mocho..bolas coitado do nino...

    Fizeste bem em pedir ajuda para ele, assim mais uma ave que se salvou...

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  8. CAPITÃO, talvez não! Algumas amigas eram ainda muito miúdas... :)

    SAFIRA, uma amiga minha costumava ter camalões... Confesso que não são uns bichinhos que me seduzam por aí além, assim como os morcegos... No caso, a coruja só esteve umas horinhas à espera que o outro a fosse salvar!

    SU, a minha avó também tinha umas superstições dessas com os mochos, mas eu não sou muito de acreditar nessas coisas. Quanto à Expiação, quero ver se neste próximo fim de semana, que o passado não deu...
    Jinhos, amiga!

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  9. VANADIS, não é assim tão frequente entrar uma coruja pela janela de um quarto andar, num prédio em Lisboa... :) Periquitos e canários, sim, normalmente fugidos de gaiolas da vizinhança.

    RSM, tens razão, fiquei com mais admiração por aqueles "chatinhos" que tinham conversas tão enfadonhas. Pelo menos, sabiam o que fazer numa situação daquelas... :)

    LAURINHA, pois, mas aquela não metia medo a ninguém: era pequenina, com a penugem bege e a coitadinha nem se mexia (só piscava os olhos). Depois, assustada, lá esvoaçou um bocado, quando a tentámos agarrar.
    Sem o fulano, dificilmente a bicha se salvava!

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  10. Eu já tive o prazer de ter várias corujas a viver... sobre o meu tecto. Ouvia a respiração delas e tudo!
    Assim como, noite dentro, as via entrar ou sair pelas fissuras do telhado.

    Pois...
    Vivia numa casa enorme - e antiga, no mínimo séc. XIX...

    Já sei que ninguém me leva a sério, mas garanto que não estou a brincar.

    Que saudades de tal casa...

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  12. Ah...
    Quando estiver bem-disposto, sou homem para publicar (n'Os Dedos...) fotos da referida casa.
    Casarão, melhor dizendo.
    Hoje infelizmente em ruína...

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  13. Olá!
    Cá em casa entrou um pardalzito...coitado, o gato Baltazar, brincou com ele até que...um... desistiu.

    Beijos

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  14. eu vi uma raposa aqui ha dias, e ia atropelando um mocho/coruja... como é bom viver no campo :)

    ja me entrou um pombo pela janela da marquise que andava perdido. o meu pai ligou para o centro columbofilo da zona e descobrimos que era de um senhor la da zona (foi busca-lo pouco depois).

    fizeste bem em procurar auxilio para o passaroco :)

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  15. As corujinhas são aves que não fazem mal nenhum e são bonitinhas.As pessoas dizem que são agourentas,eu não acho.
    Ai,ai devagar vou retornando viu Teté?
    :))))
    Beijinhos e cheirinhos.

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  16. Lá me vais pôr a fazer pesquisa para descobrir a diferença entre mocho e coruja! :))

    É sempre preocupante quando nos vem parar às mãos um ser do qual nada percebemos. Tiveste ou teve ela sorte de frequentares o 'entulho'.
    Depois dum desfecho desses só te podes sentir orgulhosa, parabéns!

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  17. É caso para dizer “I love happy endings…“ ou recordando uma série antiga (the A team) “ I love it when a plan comes together! “;)

    FATifer

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  18. Pois, REI, eu nem sequer distingo mochos de corujas, como se nota...
    Vou ficar atenta à postagem desse casarão! :)

    Xi, que mau, MJF! Mas assim como assim acaba por ser instinto animal, não é? Jinhos!

    FAUSTO, viver "no campo" tem vantagens e desvantagens! :) Essa de encontrar o dono de um pombo aqui em Lisboa... digamos que... ia ser muito complicado!!! ;)
    Foi sorte da corujinha aquele ecologista saber o que fazer com ela...

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  19. KÁTIA, aquela era pequenina e eu nunca fui muito de ligar a agouros. Pois custa entrar na engrenagem depois de férias, né? Jinhos para ti também! :)))

    AHLKINHA, a corujinha é que teve sorte do outro fulano saber onde levar um animal daqueles, a necessitar de cuidados. Coitada da bicha, de certeza não sobreviveria nas nossas mãos...

    Eh, FATIFER lembro-me bem dessa série, com o George Peppard e o Mister T. Um pouco violenta, não???
    :))) Não sei se tem alguma coisa a ver com a coruja, mas OK! :D

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  20. e no forno com batatinhas, não ocorreu?

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  21. Não, MOYLE, nem por isso! Mas é deixá-la crescer, que talvez ocorra a alguém... ?!

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  22. Ahaha Lindo... surreal!
    Foi a minha primeira visita!! espero voltar! Gostei.
    Abraços

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  23. Bem-vindo, RP!
    Volta sempre que quiseres!
    Abraços para ti também!

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  24. Ó, Teté, eu também resgatei uma cria de mocho que encontrei perdida num caminho sem saber voar ainda. Foi da outra margem do rio e trouxe para esta, para uma associação ecologista, que tomou conta dele. Nunca mais soube, mas sempre pensei que ele cruzara de novo o rio quando a aprendeu a voar, sem entender de línguas nem fronteiras.

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  25. Cá para mim fez foi um refogado de coruja...

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  26. Olá téte hoje tenho um bocadinho mais de tempo e vim aqui espreitar e gostei do tema.
    Sabes cá em cima nesta linda Serra onde vivo temos corujas a cantar ao anoitecer.......é um sonho espectacular que entoa em todo o vale...
    Mas é um animal para o qual me custa olhar "olhos nos olhos".....não me perguntes porquê, pois não fazem mal a ninguem.......mas eles fixam o olhar em ti de tal forma que te sentes incomodado....
    Beijokitas grandes e voltarei.

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  27. Ehehe
    Engraçada esta tua história e com direito a final feliz! :)
    Apesar de os achar engraçagos (mochos e corujas) não os posso ouvir nem perto, pois senão a minha mãe começa logo a dizer "Boas notícias não são de certeza!"

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  28. eu também já tive a sorte de soltar uma que encontrei presa num recinto vedado com rede!
    e apesar de ainda ter 4 marcas das garras dela numa mão, posso dizer que foi mesmo sorte porque nunca tinha visto tão de perto uma ave daquelas! das mais lindas que eu já vi!

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  29. quais sao as desvantagens de morar no campo?

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  30. “Eh, FATIFER lembro-me bem dessa série, com o George Peppard e o Mister T. Um pouco violenta, não???
    :))) Não sei se tem alguma coisa a ver com a coruja, mas OK! :D”

    Pois, por vezes esqueço-me que os outros não pensam da mesma forma (tortuosa) que eu mas deixa-me explicar pois a série tinha a sua violência (nada comparável em realismo ao que se assiste nos dias de hoje) mas não tem nada a ver com o que disse. Apenas fui buscar a frase que citei porque a tua história acabou bem foi apenas isso (se te lembras da série o personagem interpretado pelo George Peppard – Hannibal Smith – dizia quase sempre a frase no fim de cada episodio porque tudo acabava bem mesmo quando fugindo ao inicialmente planeado)

    FATifer

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  31. SUN, suponho que as aves terão esse instinto de voltar ao local de onde vieram. Como tu dizes, sem conhecer línguas ou fronteiras... :)

    Ná, RAFEIRITO, era mesmo um jovem entusiasta... Eu é que julgava que não sobrevivia do curto trajecto na carripana! :P

    PARISIENSE, ela estava tão quietinha, que até a confundi com um bibelot... Daí o susto! Medo, eventualmente, tenho dos olhos de alguma gente. De animais, nem por isso (pronto, tá bem, nunca me apareceu um crocodilo à frente!) :)
    Jinhos, nina!

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  32. TONS DE AZUL, a minha avó também tinha essas superstições, mas eu já não alinho muito nisso. Embora continue a não gostar de trovoadas... :)

    VÍCIO, embora me tivesse assustado da transição de bibelot para ser vivo, também achei a corujinha um encanto! ;)

    FAUSTO, assim à partida, só vejo uma: há menos cinemas, teatros e livrarias por perto ('tá, esta última pode parecer-te exagero!) :)))

    FATIFER, a frase era gira (longe de ter visto todos os episódios) e sim, aquilo fugia sempre ao planeado, mas como americanice pura, os "bons" - não é que eles fossem assim um gaijitos particularmente agradáveis de conviver - venciam sempre os maus (que esses, eram comáscobras). Mente tortuosa, tu? Ná, não me estava a gabar a mim própria, antes o jovem ecologista, mais novo, que já se preocupava com essas coisas e eu ainda andava a anos-luz dessas preocupações... ;)

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  33. Ehehe
    Bem... Confesso que as trovoadas só não me assustam quando estou em casa.

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  34. tambem so demoro uma hora e meia daqui a lisboa (menos se for eu ao volante). quando se quiser ir "passear" à cidade é um instantinho

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Sorri! Estás a ser filmad@ e lid@ atentamente... :)