DOENÇA CRÓNICA

A hipocondria, actualmente, atinge indivíduos de quase todas as gerações: “Ai que me dói o joelho, esta tosse de cão nunca mais passa, estas palpitações no coração não são normais, que raio de dor de cabeça que tenho hoje”, toca de ir ao hospital a correr, porque deve estar prestes a morrer. Desilusão! Depois de várias horas de espera, o médico só receitou uma pomadita para o reumático, um xarope para a tosse e umas aspirinas para a dor de cabeça, com um ar meio enfadado, que de palpitações não encontrou rasto. E o “paciente” vai afirmando a quem o queira ouvir, que ele não prestou muita atenção aos seus sintomas...

.

Claro que à medida que a idade vai avançando alguns destes achaques passam a ser reais e lá é aconselhada uma medicação mais adequada. Mesmo assim, o verdadeiro hipocondríaco não fica especialmente satisfeito, porque não se sente com a sua plena capacidade (será que alguma vez sentiu?) Até encontrar um clone do Dr. House, que lhe diga cara a cara: “O que é que o senhor quer? Correr a maratona aos 80 anos, como se tivesse 20?” E como o fulano só tem 78 anos, ainda amua, porque o prosaico doutor o chamou de “velho”!

.

Se repararem, os verdadeiros doentes não são particularmente queixosos, enquanto um hipocondríaco constipado geme como se estivesse nas vascas da agonia... Óbvio que é incómodo e desagradável, mas aturar a pormenorizada explicação de maleitas imaginárias, é dose cavalar!

.

Envelhecer não custa! O que custa é saber viver, sem precisar de “muletas” para chamar a atenção...

(desconfio que a publicidade não é alheia à súbita proliferação desta doença)